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Fatores associados ao óbito dos casos graves de influenza A(H1N1)pdm09

Factors associated with death of severe cases of influenza A(H1N1)pdm09

Resumo

Introdução

A primeira pandemia de influenza do século XXI ocorreu em 2009, causada pelo novo subtipo de vírus da gripe, o vírus influenza A(H1N1)pdm09.

Objetivo

Analisar os fatores associados ao óbito por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza A(H1N1)pdm09 em residentes do município do Rio de Janeiro.

Método

Análise de dados secundários, incluindo 1.191 casos confirmados para influenza A(H1N1) com critério clínico para SRAG, residentes no município do Rio de Janeiro, em 2009. Análise estatística descritiva e regressão logística para estudo dos fatores associados ao óbito.

Resultados

60,3% ocorreram em mulheres, sendo 185 gestantes; 48,1% em menores de 20 anos; 35,7% tinham comorbidades; 91,4% foram hospitalizados; 7,4% foram a óbito. Observou-se maior chance de óbito associada à baixa escolaridade, à presença de comorbidade, ao padrão radiológico de infiltrado intersticial, consolidação ou misto, à confirmação laboratorial e ao estado vacinal contra gripe ignorado.

Conclusão

Indivíduos com baixa escolaridade, com pelo menos uma comorbidade e com comprometimento pulmonar com um padrão radiológico com infiltrado intersticial, consolidação ou misto tiveram maior chance de evolução a óbito. O melhor conhecimento desse perfil permite um planejamento mais eficiente da assistência à saúde dos pacientes.

Palavras-chave:
vírus da influenza A; vírus da influenza A, Subtipo H1N1; influenza humana; mortalidade

Abstract

Introduction

the first influenza pandemic of the 21st century occurred in 2009, caused by the new subtype of influenza virus, influenza A (H1N1) pdm09.

Objective

to analyze the factors associated with death due to Severe Acute Respiratory Infection (SARI) caused by influenza A (H1N1) pdm09 in residents of the city of Rio de Janeiro.

Method

Analysis of secondary data, including 1,191 confirmed cases of influenza A (H1N1) pdm09 with clinical criteria for SARI, residents of the city of Rio de Janeiro, in 2009. Descriptive statistical analysis and logistic regression for the study of factors associated with death.

Results

60.3% occurred in women, with 185 pregnant women; 48.1% in children under 20 years old; 35.7% had comorbidities; 91.4% were hospitalized, and 7.4% died. There was a higher chance of death associated with low educational level, presence of comorbidity, radiological pattern of interstitial infiltrate, consolidation or mixed; laboratory confirmation; vaccination status ignored.

Conclusion

individuals with low educational level who had at least one comorbidity and had pulmonary involvement with a radiological pattern with interstitial infiltrate, consolidation or mixed had a higher chance of dying. Knowledge of this profile allows for more efficient planning of health care.

Keywords:
influenza A vírus; influenza A Virus, H1N1 Subtype; influenza, human; mortality

INTRODUÇÃO

A primeira pandemia de influenza do século XXI ocorreu em 2009, causada pelo novo subtipo de vírus da gripe, denominado inicialmente influenza pandêmica (H1N1)2009. Em setembro de 2011, a Organização Mundial de Saúde (OMS) padronizou o nome do vírus para influenza A(H1N1)pdm09. Até agosto de 2010, mês no qual a OMS anunciou a transição do período pandêmico para o pós-pandêmico, foram registrados casos confirmados laboratorialmente em 214 países, com mais de 18.449 mortes pela doença 11 World Health Organization. Strengthening Response to Pandemics and Other Public-Health Emergencies: Report of the Review Committee on the Functioning of the International Health Regulations (2005) and on Pandemic Influenza (H1N1) 2009 [Internet]. Genebra; 2011 [citado em 2017 set 25]. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/75235/1/9789241564335_eng.pdf?ua=1.
http://apps.who.int/iris/bitstream/1066...
,22 World Health Organization. Pandemic (H1N1) 2009 – update 112 [Internet]. Genebra; 2010 [citado em 2017 set 25]. Disponível em http://www.who.int/csr/don/2010_08_06/en/
http://www.who.int/csr/don/2010_08_06/e...
. No Brasil, em 2009, foram notificados 88.464 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), dos quais 50.482 foram confirmados como influenza A(H1N1)pdm09, com 2.060 óbitos. No Estado do Rio de Janeiro, foram 5.293 casos de SRAG, com 2.777 casos confirmados 33 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Informe Técnico de Influenza. Vigilância de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), de Síndrome Gripal (SG) e de Internações por CID J09 a J18 1. ed. [internet]. Brasília: Secretaria de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde; 2012 [citado em 2017 set 23]. Disponível em http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/22/informe-influenza-2009-2010-2011-220514.pdf.
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. O vírus influenza possui RNA de hélice única e três tipos: A, B e C. O tipo A, regularmente, sofre modificações em seu genoma e é o responsável pela maioria dos processos epidêmicos.

O objetivo deste estudo foi descrever o perfil clínico-epidemiológico dos casos de SRAG notificados de influenza A(H1N1)pdm09 em residentes do município do Rio de Janeiro, no ano de 2009, e os fatores associados ao óbito.

MÉTODO

Este estudo utilizou os casos de SRAG por influenza A(H1N1)pdm09, com confirmação laboratorial ou por vínculo epidemiológico, notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) em residentes do município do Rio de Janeiro no ano de 2009. O critério de SRAG incluiu indivíduo de qualquer idade com doença respiratória aguda caracterizada por febre, tosse e dispneia, acompanhada ou não dos seguintes sinais e sintomas: aumento da frequência respiratória e hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente. Em crianças, além dos itens anteriores, incluía também batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência. Todos os óbitos com quadro clínico de doença respiratória aguda grave, independentemente dos sintomas apresentados, foram considerados como caso de SRAG 44 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo de vigilância epidemiológica da influenza pandêmica (H1N1) 2009: Notificação, Investigação e Monitoramento 1. ed. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2010 [citado em 2018 mai 18]. 32 p. Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/protocolo_ve_influenza_04_03_10_1269437906.pdf
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/...
. A amostra incluiu 1.198 casos.

Para a análise dos dados, foram utilizados o software Epi Info 7.2.1.0 e o IBM SPSS Statistics 21. Para o estudo dos fatores associados ao óbito, foi utilizada análise multivariada por regressão logística, considerando-se para inclusão no modelo as variáveis que apresentaram associação com o óbito na análise bivariada com p < 0,10 (teste de qui-quadrado) e aquelas com importância clínica. Também se considerou estatisticamente significativo p < 0,05. Foram estimados os odds ratio (OR) e seus respectivos intervalos de 95% de confiança (IC 95%).

RESULTADOS

Entre os 1.198 casos de SRAG, ocorreram 89 óbitos (7,4%). A Figura 1 apresenta a distribuição por semana epidemiológica (SE) de início de sintomas e de notificação do agravo. O primeiro caso foi notificado em 24/06/2009, e o último, em 01/12/2009. A partir da SE 27, houve um intenso aumento do número de casos, com seu ápice na SE 30. O retardo da notificação a partir da data do início de sintomas variou de 0 a 83 dias, com mediana de 3 dias.

Figura 1
Distribuição temporal dos casos confirmados de SRAG por influenza A(H1N1)pdm09 residentes no município do Rio de Janeiro, segundo semana epidemiológica do início dos sintomas e da notificação. Rio de Janeiro, 2009

A Tabela 1 mostra o perfil dos casos segundo as variáveis sociodemográficas. Nota-se que, em relação ao sexo, 60,3% dos casos eram do sexo feminino. Entre 722 mulheres, 408 (56,5%) estavam em idade fértil, das quais 185 eram gestantes (45,3%).

Tabela 1
Perfil dos casos confirmados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza A(H1N1)pdm09 em residentes no município do Rio de Janeiro, 2009

Com relação à idade, 13,6% dos casos ocorreram em menores de 1 ano. A mediana da idade foi de 20 anos. Além disso, 41,7% dos casos ocorreram em crianças até 12 anos de idade.

Quanto à raça/cor de pele, dos 685 com informação, 55% (377) eram referidos como brancos, 35,3% (242), como pardos, 9,1% (62), como pretos, e 0,6% (4), como amarelos.

No que se refere à escolaridade, excluindo-se menores de 7 anos, ignorados e não preenchidos, restaram apenas 246 registros (20,5% do total), dos quais 97 (39,4%) cursaram, no máximo, o ensino fundamental completo.

Entre os 716 casos com informação sobre vacina para gripe sazonal, apenas 12,2% relataram vacinação. Já para a vacina antipneumocócica, dos 667 com informação, apenas 5,1% foram vacinados.

Houve relato de presença de pelo menos uma comorbidade em 35,7% dos casos (428), e a mais comum foi a pneumopatia crônica (16,4%), seguida pela cardiopatia crônica (10,7%).

A grande maioria dos casos foi hospitalizada (91,4%). Com relação ao retardo da internação, excluídos os casos com inconsistência de datas, houve 1.047 casos válidos para análise. O retardo entre início dos sintomas e internação variou de 0 a 63 dias, com mediana de 2 dias.

A Tabela 2 apresenta o perfil dos casos segundo as variáveis clínico-epidemiológicas. Nota-se que, em relação aos sinais e sintomas, observaram-se mialgia (42,7%), coriza (39,1%), dor de garganta (25,4%) e calafrio (24,3%). Febre e tosse ou dor de garganta eram critérios para a definição de caso de síndrome gripal, e dispneia definia a condição de SRAG 33 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Informe Técnico de Influenza. Vigilância de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), de Síndrome Gripal (SG) e de Internações por CID J09 a J18 1. ed. [internet]. Brasília: Secretaria de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde; 2012 [citado em 2017 set 23]. Disponível em http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/22/informe-influenza-2009-2010-2011-220514.pdf.
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4 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo de vigilância epidemiológica da influenza pandêmica (H1N1) 2009: Notificação, Investigação e Monitoramento 1. ed. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2010 [citado em 2018 mai 18]. 32 p. Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/protocolo_ve_influenza_04_03_10_1269437906.pdf
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-55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Influenza pandêmica (H1N1) 2009 - análise da situação epidemiológica e da resposta no ano de 2009 [Internet]. Boletim Eletrônico Epidemiológico. 2010;10(2):1-21 [citado em 2010 nov 2]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf
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.

Tabela 2
Perfil clínico e laboratorial dos casos confirmados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza A(H1N1)pdm09 em residentes no município do Rio de Janeiro, 2009

Nos 649 casos com registro sobre a realização de radiografia de tórax, o padrão mais frequente foi o de infiltrado intersticial (57,6% dos casos com resultado informado), e, em 15,6%, o resultado informado foi “normal”.

A etiologia da influenza A(H1N1)pdm09 foi confirmada em 370 casos em que houve a coleta para PCR (73,3% dos casos com amostra coletada). O intervalo entre data de início dos sintomas e data da coleta de material para PCR variou de 0 a 37 dias, com mediana de 3 dias. Não se observou diferença entre esse retardo e o resultado do PCR.

Em relação ao critério de confirmação do caso, 370 (30,9%) foram confirmados por exame laboratorial (PCR), e 828 (69,1%), por critério clínico-epidemiológico.

A Tabela 3 apresenta a distribuição dos casos segundo óbito.

Tabela 3
Análise bivariada dos casos confirmados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza A(H1N1)pdm09 em residentes no município do Rio de Janeiro, segundo evolução para óbito ou cura, 2009

O tempo entre o início de sintomas e o óbito variou de 1 a 86 dias, com mediana de 9 dias. Ocorreram 86 óbitos em casos hospitalizados. A mediana do retardo do início dos sintomas até a hospitalização foi de 2 dias, variando de 0 a 63 dias. Não se observou associação entre esse retardo e letalidade. Uma vez hospitalizado, a mediana de sobrevida até o óbito foi de 5 dias.

Não houve diferença significativa de letalidade quanto ao sexo, sendo 7,3% nas mulheres e 7,6% nos homens. Em relação às mulheres, entre as que estavam em idade fértil e aquelas que se encontravam fora do período fértil, 7,1 e 7,6%, respectivamente, evoluíram a óbito, também sem diferença significativa. Entre as 185 gestantes, houve 7 óbitos (3,8%), sendo 3 no 2º trimestre e 4 no 3º trimestre gestacional. Assim, considerando apenas as mulheres em idade fértil, 3,8% das gestantes evoluíram a óbito, contra 9,9% das não gestantes (p = 0,0002).

Em relação à raça/cor de pele, o elevado percentual de ignorado (42,8%) limitou a análise. A letalidade em brancos foi de 7,4%, e de não brancos, de 4,9%, diferença não significativa (p = 0,167). A letalidade associada aos ignorados foi de 9%, significativamente maior que nos não brancos e sem diferença significativa em relação aos brancos.

A Tabela 3 mostra que as maiores letalidades ocorreram na faixa de 60 anos ou mais e de 40 a 59 anos, seguidas pela faixa de 6 a 12 anos.

Em relação à escolaridade, apesar do elevado percentual de ignorado (44,3%), a letalidade entre as pessoas com baixa escolaridade (no máximo até a 4ª série incompleta do ensino fundamental) foi significativamente maior (20%). Já a letalidade associada aos ignorados também foi elevada (11,1%).

Em relação à vacina contra gripe, observou-se que foram a óbito 5,7% dos vacinados e 5,4% dos não vacinados, sem diferença estatisticamente significativa. Entretanto, nos casos em que a informação sobre a vacinação contra a gripe era ignorada, a letalidade foi significativamente mais alta (10,4%).

Com relação às comorbidades, houve associação significativa com maior letalidade para cardiopatia crônica, doença metabólica, tabagismo e imunodepressão. Entre outras comorbidades, destacaram-se 19 casos com encefalopatia prévia.

Em relação aos sinais e sintomas não relacionados à definição de caso, dor de garganta associou-se a 4,3% de óbitos, contra 8,6% na ausência (p = 0,041); coriza, a 2,4% de óbitos, contra 10,8% na ausência (p = 0,000); cefaleia, a 3,4%, contra 8% na ausência (p = 0,043); calafrios, a 4,5%, contra 8,4% na ausência (p = 0,060); artralgia, a 3,6%, contra 8,3% na ausência (p = 0,055).

Quanto à radiografia de tórax, 10,6% dos casos que tiveram alguma complicação observada foram a óbito. Os padrões associados às maiores letalidades foram a consolidação e o padrão misto.

A letalidade foi significativamente maior nos casos hospitalizados, com 7,9%, contra 2,9% nos não hospitalizados.

Em relação à data de início dos sintomas, observou-se que as curvas de óbitos e de não óbitos coincidiram no tempo.

Os casos confirmados por critério laboratorial apresentaram maior letalidade do que os confirmados por critério clínico-epidemiológico.

A Tabela 4 apresenta os resultados do modelo multivariado dos fatores associados ao óbito nos casos estudados. Observou-se associação significativa de maior chance de óbito para escolaridade máxima até 4ª série incompleta; presença de pelo menos uma comorbidade; padrão radiológico com infiltrado intersticial, consolidação ou misto; e critério de confirmação laboratorial dos casos. Algumas variáveis que expressavam problemas da informação, como estado vacinal prévio contra gripe ignorado e radiografia de tórax ignorada ou não realizada, também estiveram significativamente associadas ao aumento da chance de óbito. Com relação à faixa etária, apenas a faixa de 60 anos ou mais apresentou uma chance diferenciada de óbito, ainda que não significativa, de aumento de 40%.

Tabela 4
Análise multivariada dos fatores associados ao óbito nos casos confirmados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza A(H1N1)pdm09 em residentes no município do Rio de Janeiro, 2009

Com relação à qualidade do preenchimento dos dados, ressalta-se que, para as seguintes variáveis, os percentuais de ignorados foram elevados: raça/cor de pele, 42,8%; escolaridade, 44,3%; vacina para gripe sazonal, 40,2%; vacina antipneumocócica, 44,3%; radiografia de tórax, 40%. Levando-se em conta apenas os óbitos, a frequência de informação ignorada foi a seguinte: raça/cor de pele, 51,7%; escolaridade, 66,3%; vacina para gripe sazonal, 56,2%; vacina antipneumocócica, 66,3%; radiografia de tórax, 30,3%.

DISCUSSÃO

Com relação à letalidade por SRAG, o percentual de 7,4% observado no município do Rio de Janeiro foi maior do que os 4,6% relatados para o Brasil, mas próximo aos 8,3% da região Sudeste 55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Influenza pandêmica (H1N1) 2009 - análise da situação epidemiológica e da resposta no ano de 2009 [Internet]. Boletim Eletrônico Epidemiológico. 2010;10(2):1-21 [citado em 2010 nov 2]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf
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,66 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Informe Epidemiológico Influenza Pandêmica (H1N1). 9. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2009. 14 p. .

Revisão sistemática de casos laboratorialmente confirmados de influenza A(H1N1)pdm09 comunitários ou hospitalares mostrou taxa de letalidade de 2,9%. A partir dela, os autores estimaram uma taxa de letalidade geral para todos os casos infectados de 0,02% 77 Khandaker G, Dierig A, Rashid H, King C, Heron L, Booy R. Systematic review of clinical and epidemiological features of the pandemic influenza A (H1N1) 2009. Influenza Other Respir Viruses. 2011;5(3):148-56. http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-2659.2011.00199.x. PMid:21477133.
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.

Um estudo brasileiro mostrou letalidade de 11,2% entre os casos confirmados laboratorialmente, com o risco de óbito dobrando nos casos com comorbidade informada 88 Oliveira WK, Hage EC, Penna GO, Kuchenbecker RS, Santos HB, Araujo WN, et al. Pandemic H1N1 influenza in Brazil: Analysis of the first 34,506 notified cases of influenza-like illness with severe acute respiratory infection (SARI). Euro Surveill. 2009;14(42):19362. PMid:19883548. .

Artigo de revisão sobre a pandemia encontrou letalidade geral em torno de 0,5%, com estimativas variando de 0,0004 a 1,47% 99 Bautista E, Chotpitayasunondh T, Gao Z, Harper AS, Shaw M, Uyeki TM, et al. Writing Committee of the WHO Consultation on Clinical Aspects of Pandemic (H1N1) 2009 Influenza. Clinical aspects of pandemic 2009, Influenza A(H1N!) vírus infectio. N Engl Med. 2010;362(18):1708-19. .

Outro estudo de revisão enfatizou que as letalidades informadas na literatura variam muito de acordo com o cenário do estudo e o método da estimativa. Relatou que dados da vigilância epidemiológica tendem a apresentar apenas os casos que preenchem os critérios de notificação e refletem, sobretudo, a letalidade entre os casos sintomáticos e os mais graves 1010 Punpanich W, Chotpitayasunondh T. A review on the clinical spectrum and natural history of human influenza. Int J Infect Dis. 2012;16(10):e714-23. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.05.1025. PMid:22784546.
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.

Revisão mais recente mostrou variação na letalidade desde abaixo de 0,01% a acima de 10%. As estimativas mais elevadas corresponderam a casos laboratorialmente confirmados (variando de 0 a 13,5%). O risco estimado para os casos sintomáticos aumentou substancialmente com a idade 1111 Wong JY, Kelly H, Ip DKM, Wu JT, Leung GM, Cowling BJ. Case fatality risk of influenza A(H1N1pdm09): a systematic review. Epidemiology. 2013;24(6):830-841. . No presente estudo, a letalidade dos casos confirmados laboratorialmente foi de 13%.

O percentual de 60,3% de mulheres do presente estudo foi semelhante ao nacional (57,2%) 55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Influenza pandêmica (H1N1) 2009 - análise da situação epidemiológica e da resposta no ano de 2009 [Internet]. Boletim Eletrônico Epidemiológico. 2010;10(2):1-21 [citado em 2010 nov 2]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf
http://portal.saude.gov.br/portal/arqui...
, ao passo que estudo chileno descreveu 64% de mulheres 1212 Baehr MF, Morín RG, Del Solar HJA, Olivi RH, Torres TJP. Caracterización clínica de adultos menores y mayores de 50 años hospitalizados por influenza A H1N1 2009 en un centro hospitalario privado en Santiago, Chile. Rev Chil infect. 2010;27(2):139-143 [citado em 2010 Nov 02]. Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-10182010000200007&lng=es.
http://www.scielo.cl/scielo.php?script=...
. Já no Japão, observaram-se 52,1% de homens 1313 Eshima N, Tokumaru O, Hara S, Bacal K, Korematsu S, Tabata M, et al. Sex- and Age-Related Differences in Morbidity Rates of 2009 Pandemic Influenza A H1N1 Virus of Swine Origin in Japan. PLoS One. 2011;6(4):e19409. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0019409. PMid:21559366.
http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone....
, enquanto um estudo no Nepal notificou 69,2% do sexo masculino 1414 Adhikari BR, Shakya G, Upadhyay BP, Prakash Kc K, Shrestha SD, Dhungana GR. Outbreak of pandemic influenza A/H1N1 2009 in Nepal. Virol J. 2011;8(1):133-41. http://dx.doi.org/10.1186/1743-422X-8-133. PMid:21426589.
http://dx.doi.org/10.1186/1743-422X-8-1...
. Artigo de revisão relata que não há evidências sugerindo diferenças significativas na distribuição de sintomas, gravidade ou taxa de hospitalização segundo o gênero 99 Bautista E, Chotpitayasunondh T, Gao Z, Harper AS, Shaw M, Uyeki TM, et al. Writing Committee of the WHO Consultation on Clinical Aspects of Pandemic (H1N1) 2009 Influenza. Clinical aspects of pandemic 2009, Influenza A(H1N!) vírus infectio. N Engl Med. 2010;362(18):1708-19. . Já uma outra revisão sistemática encontrou 50,5% de homens 77 Khandaker G, Dierig A, Rashid H, King C, Heron L, Booy R. Systematic review of clinical and epidemiological features of the pandemic influenza A (H1N1) 2009. Influenza Other Respir Viruses. 2011;5(3):148-56. http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-2659.2011.00199.x. PMid:21477133.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-2659.2...
.

Para os casos de SRAG brasileiros, 17,7% das mulheres em idade fértil eram gestantes 55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Influenza pandêmica (H1N1) 2009 - análise da situação epidemiológica e da resposta no ano de 2009 [Internet]. Boletim Eletrônico Epidemiológico. 2010;10(2):1-21 [citado em 2010 nov 2]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf
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, percentual bem menor do que o do presente estudo (45,3%). Outra pesquisa no município do Rio de Janeiro, que avaliou a letalidade entre 633 mulheres em idade fértil com SRAG, observou 36,8% de gestantes e não encontrou associação entre gestação e óbito 1515 Saraceni V, Nicolai CCA, Toschi WDM, Caridade MC, Azevedo MB, Rocha PMM, et al. Desfecho dos casos de influenza pandêmica (H1N1) 2009 em mulheres em idade fértil durante a pandemia, no Município do Rio de Janeiro. Epidemiol Serv Saude. 2010;19(4):339-46. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742010000400004.
http://dx.doi.org/10.5123/S1679-4974201...
. Oliveira et al. descreveram 23,3% de grávidas entre as mulheres em idade fértil, também sem diferença de letalidade entre gestantes 88 Oliveira WK, Hage EC, Penna GO, Kuchenbecker RS, Santos HB, Araujo WN, et al. Pandemic H1N1 influenza in Brazil: Analysis of the first 34,506 notified cases of influenza-like illness with severe acute respiratory infection (SARI). Euro Surveill. 2009;14(42):19362. PMid:19883548. . No presente estudo, entre as mulheres em idade fértil, 3,8% das gestantes evoluíram a óbito, contra 9,9% das não gestantes.

No presente estudo, menores de 20 anos representaram 48,1% dos casos. A revisão da literatura indica que a pandemia acometeu proporcionalmente mais crianças e adultos jovens do que outros grupos etários na população 1010 Punpanich W, Chotpitayasunondh T. A review on the clinical spectrum and natural history of human influenza. Int J Infect Dis. 2012;16(10):e714-23. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.05.1025. PMid:22784546.
http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.0...
. Khandaker et al.77 Khandaker G, Dierig A, Rashid H, King C, Heron L, Booy R. Systematic review of clinical and epidemiological features of the pandemic influenza A (H1N1) 2009. Influenza Other Respir Viruses. 2011;5(3):148-56. http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-2659.2011.00199.x. PMid:21477133.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-2659.2...
encontraram mediana de idade variando de 12 a 44 anos, além de 64% dos casos entre 10 e 29 anos e 5,1% com mais de 50 anos. No Brasil, a distribuição dos casos de SRAG confirmados foi um pouco diferente: 42,4% com 10 a 29 anos e 5,1% com 60 anos ou mais 55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Influenza pandêmica (H1N1) 2009 - análise da situação epidemiológica e da resposta no ano de 2009 [Internet]. Boletim Eletrônico Epidemiológico. 2010;10(2):1-21 [citado em 2010 nov 2]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf
http://portal.saude.gov.br/portal/arqui...
. No presente estudo, o percentual de idosos com 60 anos ou mais foi um pouco maior (7,6%). Já o percentual de 27,9% de casos de até 2 anos foi bem superior aos 8,1% relatados para o Brasil 55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Influenza pandêmica (H1N1) 2009 - análise da situação epidemiológica e da resposta no ano de 2009 [Internet]. Boletim Eletrônico Epidemiológico. 2010;10(2):1-21 [citado em 2010 nov 2]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf
http://portal.saude.gov.br/portal/arqui...
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Para raça/cor de pele, o percentual de ignorado para o Brasil foi bem menor (9,7%) do que o deste estudo no município (42,8%), e o predomínio da raça/cor branca no Brasil foi bem maior do que na presente pesquisa (31,5%) 55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Influenza pandêmica (H1N1) 2009 - análise da situação epidemiológica e da resposta no ano de 2009 [Internet]. Boletim Eletrônico Epidemiológico. 2010;10(2):1-21 [citado em 2010 nov 2]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf
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Além de febre, tosse e dispneia, os principais sintomas relatados para os casos com SRAG no Brasil 55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Influenza pandêmica (H1N1) 2009 - análise da situação epidemiológica e da resposta no ano de 2009 [Internet]. Boletim Eletrônico Epidemiológico. 2010;10(2):1-21 [citado em 2010 nov 2]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf
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foram: mialgia, calafrio, coriza e dor de garganta, todos presentes em mais da metade dos casos, em percentuais mais elevados do que os encontrados no presente estudo, o qual encontrou mialgia em 42,7%, coriza em 39,1%, dor de garanta em 25,4% e calafrio em 24,3%. Khandaker et al .77 Khandaker G, Dierig A, Rashid H, King C, Heron L, Booy R. Systematic review of clinical and epidemiological features of the pandemic influenza A (H1N1) 2009. Influenza Other Respir Viruses. 2011;5(3):148-56. http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-2659.2011.00199.x. PMid:21477133.
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relataram os seguintes sintomas: tosse (84,9%), febre (84,7%), cefaleia (66,5%), coriza (60,1%), mialgia (58,1%), dor de garganta (49,5%) e dispneia (31,2%). Houve relato de presença de uma ou mais comorbidades em 18,4%, porém este trabalho de revisão incluiu estudos com amplo espectro da doença. Em 2.309 casos hospitalizados, a frequência de dispneia foi de 51,6%, e dor de garganta, de 29,9%. Em 233 casos admitidos em unidades de terapia intensiva, a frequência de dispneia foi de 61,5%.

A presença de comorbidade nos casos confirmados de SRAG brasileiros foi de 45,1%, maior que os 35,7% do presente estudo. As comorbidades mais frequentes no Brasil foram as pneumopatias, seguidas pelas cardiopatias crônicas em ambos os estudos 55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Influenza pandêmica (H1N1) 2009 - análise da situação epidemiológica e da resposta no ano de 2009 [Internet]. Boletim Eletrônico Epidemiológico. 2010;10(2):1-21 [citado em 2010 nov 2]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf
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A literatura tem relatado percentuais de comorbidades que variam de 14,2 a 93%, dependendo do estudo 1010 Punpanich W, Chotpitayasunondh T. A review on the clinical spectrum and natural history of human influenza. Int J Infect Dis. 2012;16(10):e714-23. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.05.1025. PMid:22784546.
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. O grupo de indivíduos de maior risco para complicações por infecção pelo vírus influenza A(H1N1)pdm09 é semelhante ao já conhecido para a influenza sazonal e inclui crianças menores de 5 anos, crianças e adolescentes até 18 anos recebendo tratamento com aspirina, gestantes, idosos com mais de 65 anos, imunossuprimidos e doentes crônicos 1010 Punpanich W, Chotpitayasunondh T. A review on the clinical spectrum and natural history of human influenza. Int J Infect Dis. 2012;16(10):e714-23. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.05.1025. PMid:22784546.
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. Nessa pandemia, alguns estudos sugeriram que a obesidade seria um fator de risco independente 99 Bautista E, Chotpitayasunondh T, Gao Z, Harper AS, Shaw M, Uyeki TM, et al. Writing Committee of the WHO Consultation on Clinical Aspects of Pandemic (H1N1) 2009 Influenza. Clinical aspects of pandemic 2009, Influenza A(H1N!) vírus infectio. N Engl Med. 2010;362(18):1708-19. ,1616 Bellei N, Melchior TB. H1N1: pandemia e perspectiva atual. J Bras Patol Med Lab. 2011;47(6):611-7. http://dx.doi.org/10.1590/S1676-24442011000600007.
http://dx.doi.org/10.1590/S1676-2444201...

17 Ribeiro AF, Pellini AC, Kitagawa BY, Marques D, Madalosso G, Cassia Nogueira Figueira G, et al. Risk Factors for Death from Influenza A (H1N1) pdm09, State of São Paulo, Brazil, 2009. PLoS One. 2015;10(3):e0118772. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0118772. PMid:25774804.
http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone....
-1818 Chang LY, Shih SR, Shao PL, Huang DT, Huang LM. Novel swine-origin influenza virus A (H1N1): the first pandemic of the 21st century. J Formos Med Assoc. 2009;108(7):526-32. http://dx.doi.org/10.1016/S0929-6646(09)60369-7. PMid:19586825.
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Revisão sobre a pandemia de 2009 enfatizou que, de 25 a 50% dos pacientes hospitalizados ou que morreram, não havia informação sobre comorbidades 99 Bautista E, Chotpitayasunondh T, Gao Z, Harper AS, Shaw M, Uyeki TM, et al. Writing Committee of the WHO Consultation on Clinical Aspects of Pandemic (H1N1) 2009 Influenza. Clinical aspects of pandemic 2009, Influenza A(H1N!) vírus infectio. N Engl Med. 2010;362(18):1708-19. .

No presente estudo, houve uma predominância de casos confirmados pelo critério clínico-epidemiológico (69,1%). A logística de distribuição dos kits para a coleta do swab disponibilizados pelo sistema de vigilância, a necessidade de capacitação de profissionais para a coleta e a centralização da análise laboratorial, com consequente demanda de encaminhamento do material para o laboratório de referência, associadas à sobrecarga da pandemia, contribuiriam para esse fato. Outra possibilidade é a de que parte dos exames tenham sido coletados, porém não analisados; adicionalmente, pode ter havido também dificuldade de o sistema de informação recuperar os resultados dos exames. A confirmação dos casos é um grande desafio da vigilância epidemiológica, sobretudo durante epidemias. Outros estudos relataram o mesmo problema 55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Influenza pandêmica (H1N1) 2009 - análise da situação epidemiológica e da resposta no ano de 2009 [Internet]. Boletim Eletrônico Epidemiológico. 2010;10(2):1-21 [citado em 2010 nov 2]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf
http://portal.saude.gov.br/portal/arqui...
,66 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Informe Epidemiológico Influenza Pandêmica (H1N1). 9. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2009. 14 p. ,1919 Schuelter-Trevisol F, Dutra MC, Uliano EJM, Zandomênico J, Trevisol DJ. Perfil epidemiológico dos casos de gripe A na região sul de Santa Catarina, Brasil, na epidemia de 2009. Rev Panam Salud Publica. 2012;32(1):82-6. http://dx.doi.org/10.1590/S1020-49892012000700013. PMid:22910730.
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Em relação aos exames de radiografia de tórax do presente estudo, 84,4% dos casos válidos para esta análise estavam alterados, sendo o padrão radiológico mais frequente o infiltrado intersticial (57,6% dos casos com radiografia informada); entretanto, o percentual de ignorado foi elevado (40%), e em 5,8% o exame não foi realizado. Na análise multivariada, o padrão radiológico com infiltrado intersticial, consolidação ou misto esteve significativamente associado à maior chance de óbito. Estudo em Santa Catarina descreveu 73,4% de alteração radiológica nos casos confirmados em que havia informação sobre a radiografia, e todos os óbitos tinham padrão radiológico alterado 1919 Schuelter-Trevisol F, Dutra MC, Uliano EJM, Zandomênico J, Trevisol DJ. Perfil epidemiológico dos casos de gripe A na região sul de Santa Catarina, Brasil, na epidemia de 2009. Rev Panam Salud Publica. 2012;32(1):82-6. http://dx.doi.org/10.1590/S1020-49892012000700013. PMid:22910730.
http://dx.doi.org/10.1590/S1020-4989201...
. Estudo de casos admitidos em terapia intensiva na Turquia observou padrão radiológico de infiltrado pulmonar bilateral em 90,1% dos casos 2020 Teke T, Coskun R, Sungur M, Guven M, Bekci TT, Maden M, et al. 2009 H1N1 Influenza and experience in three critical care units. Int J Med Sci. 2011;8(3):270-7. http://dx.doi.org/10.7150/ijms.8.270. PMid:21487571.
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.

Estudo de casos fatais na Coreia descreveu que 85,8% tinham padrão radiológico consistente com pneumonia, sem especificar o padrão 2121 Kim HS, Kim JH, Shin SY, Kang YA, Lee HG, Kim JS, Lee JK, Cho B. Fatal cases of 2009 pandemic influenza A (H1N1) in Korea. J Korean Med Sci. 2011;26(1):22-27. . Uma revisão descreveu que, nos casos de influenza A(H1N1)pdm09 com pneumonia, os achados radiológicos relatados incluem infiltrado intersticial difuso, alveolar ou misto 1010 Punpanich W, Chotpitayasunondh T. A review on the clinical spectrum and natural history of human influenza. Int J Infect Dis. 2012;16(10):e714-23. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.05.1025. PMid:22784546.
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Não houve diferença de letalidade entre os sexos, o que está de acordo com outros estudos 88 Oliveira WK, Hage EC, Penna GO, Kuchenbecker RS, Santos HB, Araujo WN, et al. Pandemic H1N1 influenza in Brazil: Analysis of the first 34,506 notified cases of influenza-like illness with severe acute respiratory infection (SARI). Euro Surveill. 2009;14(42):19362. PMid:19883548. ,1010 Punpanich W, Chotpitayasunondh T. A review on the clinical spectrum and natural history of human influenza. Int J Infect Dis. 2012;16(10):e714-23. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.05.1025. PMid:22784546.
http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.0...
. Também não houve diferença significativa de letalidade entre as gestantes e as mulheres em idade fértil não grávidas, o que está em consonância com o observado para o Brasil 55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Influenza pandêmica (H1N1) 2009 - análise da situação epidemiológica e da resposta no ano de 2009 [Internet]. Boletim Eletrônico Epidemiológico. 2010;10(2):1-21 [citado em 2010 nov 2]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf
http://portal.saude.gov.br/portal/arqui...
,88 Oliveira WK, Hage EC, Penna GO, Kuchenbecker RS, Santos HB, Araujo WN, et al. Pandemic H1N1 influenza in Brazil: Analysis of the first 34,506 notified cases of influenza-like illness with severe acute respiratory infection (SARI). Euro Surveill. 2009;14(42):19362. PMid:19883548. e com outra pesquisa no município do Rio de Janeiro 1515 Saraceni V, Nicolai CCA, Toschi WDM, Caridade MC, Azevedo MB, Rocha PMM, et al. Desfecho dos casos de influenza pandêmica (H1N1) 2009 em mulheres em idade fértil durante a pandemia, no Município do Rio de Janeiro. Epidemiol Serv Saude. 2010;19(4):339-46. http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742010000400004.
http://dx.doi.org/10.5123/S1679-4974201...
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Quanto à faixa etária, no Brasil, 75,1% dos óbitos ocorreram com a população adulta entre 20 e 59 anos. Já a maior taxa de mortalidade observada foi na faixa de 50 a 59 anos, assim como a letalidade (9,9%). Além disso, 7,1% dos óbitos ocorreram em idosos com 60 anos ou mais, com letalidade igual a 6,6% 55 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Influenza pandêmica (H1N1) 2009 - análise da situação epidemiológica e da resposta no ano de 2009 [Internet]. Boletim Eletrônico Epidemiológico. 2010;10(2):1-21 [citado em 2010 nov 2]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_eletronico_influenza_25_03.pdf
http://portal.saude.gov.br/portal/arqui...
. No presente estudo, o percentual de óbitos em adultos de 20 a 59 anos foi menor (57,3%) do que o brasileiro, e o percentual entre idosos com 60 anos ou mais foi maior (14,6%), assim como a letalidade (14,3%) nesse grupo foi maior que a nacional. Estudos têm mostrado que a letalidade associada à faixa etária de 65 anos ou mais é a maior, embora a taxa de incidência nessa faixa etária seja a menor, provavelmente por presença de reação cruzada com anticorpos contra outros sorotipos 1010 Punpanich W, Chotpitayasunondh T. A review on the clinical spectrum and natural history of human influenza. Int J Infect Dis. 2012;16(10):e714-23. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.05.1025. PMid:22784546.
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. Na análise multivariada do presente estudo, a faixa etária de 60 anos ou mais apresentou uma chance maior de óbito de 43,4%, ainda que não significativa.

Estudo na Califórnia observou que apenas 1,2% dos óbitos foi em menores de 1 ano e que as maiores letalidades ocorreram em maiores de 50 anos. Ademais, o tempo mediano do início dos sintomas até o óbito foi 14 dias, 90% dos casos que foram a óbito estavam hospitalizados e 80% tinham uma comorbidade associada, sendo as mais frequentes: diabetes, doença renal, pneumopatia crônica, cardiopatia crônica, imunossupressão e obesidade 2222 Louie JK, Jean C, Acosta M, Samuel MC, Matyas BT, Schechter R. A Review of Adult Mortality Due to 2009 Pandemic (H1N1) Influenza A in California. PLoS One. 2011;6(4):e18221. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0018221. PMid:21483677.
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. O referido estudo observou que as maiores taxas de mortalidade (por 100 mil habitantes) ocorreram na faixa etária de 50-59 anos (que representava 12,1% do total de óbitos revistos), seguida por 60-69 anos. Entretanto, uma vez que o indivíduo estava infectado e era hospitalizado em unidade de terapia intensiva, a letalidade era elevada para todos os adultos, sobretudo com mais de 60 anos. O estudo observou que a prevalência da maioria das comorbidades aumentava com a idade, enquanto a prevalência de obesidade, gravidez e apneia obstrutiva do sono diminuía 2222 Louie JK, Jean C, Acosta M, Samuel MC, Matyas BT, Schechter R. A Review of Adult Mortality Due to 2009 Pandemic (H1N1) Influenza A in California. PLoS One. 2011;6(4):e18221. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0018221. PMid:21483677.
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. A associação de faixa etária crescente e aumento da chance de óbito também foi descrita no estudo de casos notificados em Santa Catarina 1919 Schuelter-Trevisol F, Dutra MC, Uliano EJM, Zandomênico J, Trevisol DJ. Perfil epidemiológico dos casos de gripe A na região sul de Santa Catarina, Brasil, na epidemia de 2009. Rev Panam Salud Publica. 2012;32(1):82-6. http://dx.doi.org/10.1590/S1020-49892012000700013. PMid:22910730.
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Estudo na Coreia estimou uma letalidade de 0,016% entre os casos confirmados. Idosos acima de 65 anos, apesar de menor incidência da doença, representaram 43,5% dos óbitos e apresentaram o maior risco de óbito. Menores de 1 ano representaram 4,5% dos óbitos e tiveram menor risco de falecer. Dos óbitos, 72,2% tinham pelo menos uma comorbidade, com tempo mediano entre início dos sintomas e do óbito sendo de 8 dias 2121 Kim HS, Kim JH, Shin SY, Kang YA, Lee HG, Kim JS, Lee JK, Cho B. Fatal cases of 2009 pandemic influenza A (H1N1) in Korea. J Korean Med Sci. 2011;26(1):22-27. . No presente estudo, a letalidade da forma grave da doença aumentou com a idade, atingindo 14,3% na faixa etária de 60 anos ou mais de idade. A letalidade em menores de 1 ano foi igual a 2,5%, e entre aqueles com doença metabólica, de 24,6%.

O tempo mediano entre início dos sintomas e do óbito de 9 dias deste estudo no Rio de Janeiro foi menor do que o relatado no estudo da Califórnia (14 dias) 2222 Louie JK, Jean C, Acosta M, Samuel MC, Matyas BT, Schechter R. A Review of Adult Mortality Due to 2009 Pandemic (H1N1) Influenza A in California. PLoS One. 2011;6(4):e18221. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0018221. PMid:21483677.
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e semelhante ao relatado na Coreia (8 dias) 2121 Kim HS, Kim JH, Shin SY, Kang YA, Lee HG, Kim JS, Lee JK, Cho B. Fatal cases of 2009 pandemic influenza A (H1N1) in Korea. J Korean Med Sci. 2011;26(1):22-27. .

No presente estudo, identificou-se maior chance de óbito entre os pacientes com escolaridade mais baixa (até 4ª série incompleta do ensino fundamental), o que se manteve na análise multivariada. Estudo no Paraná descreveu associação entre níveis maiores de escolaridade e menor chance de hospitalização 2323 Lenzi IL, Mello AM, Silva LR, Grochocki MHC, Pontarolo R. Influenza pandêmica A (H1N1) 2009: fatores de risco para o internamento. J Bras Pneumol. 2012;38(1):57-65. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132012000100009. PMid:22407041.
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. Nesse estudo, a letalidade global foi de 5,6%, sendo igual a 13,5% nos casos hospitalizados, contra 0,5% nos demais. Entre os fatores associados à hospitalização estavam: idade (faixa etária de 20 a 29 anos), etnia negra ou indígena, presença de comorbidades, número alto de comorbidades associadas e alguns sintomas (hemoptise, pneumonia, sibilos, dispneia, dor torácica, vômito e diarreia). Além da escolaridade, o uso precoce do oseltamivir esteve associado à menor chance de hospitalização.

Outro estudo no Paraná identificou maior chance de óbito nos casos hospitalizados, com comorbidades, dispneia, não vacinados contra influenza, faixa etária crescente e retardo no início do oseltamivir 2424 Lenzi L, Silva LR, Mello AM, Grochocki MH, Pontarolo R. Fatores relacionados ao óbito pela Influenza Pandêmica A (H1N1) 2009 em pacientes tratados com Oseltamivir. Rev Bras Enferm. 2013;66(5):715-21. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672013000500012. PMid:24217756.
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No presente estudo, alguns sintomas (dor de garganta, coriza e cefaleia) apresentaram associação significativa, com menor chance de óbito na análise bivariada, o que não se manteve na análise multivariada. O estado vacinal ignorado associou-se à maior chance de óbito na análise multivariada. O baixo percentual de vacinados contra a gripe sazonal entre os casos com essa informação (12,2%) pode estar relacionado ao fato de essa vacina ser indicada apenas para determinados grupos populacionais. A presença de comorbidade também se associou com aumento significativo da chance de óbito, consistente com resultados da literatura 77 Khandaker G, Dierig A, Rashid H, King C, Heron L, Booy R. Systematic review of clinical and epidemiological features of the pandemic influenza A (H1N1) 2009. Influenza Other Respir Viruses. 2011;5(3):148-56. http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-2659.2011.00199.x. PMid:21477133.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-2659.2...
,99 Bautista E, Chotpitayasunondh T, Gao Z, Harper AS, Shaw M, Uyeki TM, et al. Writing Committee of the WHO Consultation on Clinical Aspects of Pandemic (H1N1) 2009 Influenza. Clinical aspects of pandemic 2009, Influenza A(H1N!) vírus infectio. N Engl Med. 2010;362(18):1708-19. ,1010 Punpanich W, Chotpitayasunondh T. A review on the clinical spectrum and natural history of human influenza. Int J Infect Dis. 2012;16(10):e714-23. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.05.1025. PMid:22784546.
http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.0...
,1717 Ribeiro AF, Pellini AC, Kitagawa BY, Marques D, Madalosso G, Cassia Nogueira Figueira G, et al. Risk Factors for Death from Influenza A (H1N1) pdm09, State of São Paulo, Brazil, 2009. PLoS One. 2015;10(3):e0118772. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0118772. PMid:25774804.
http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone....
,2222 Louie JK, Jean C, Acosta M, Samuel MC, Matyas BT, Schechter R. A Review of Adult Mortality Due to 2009 Pandemic (H1N1) Influenza A in California. PLoS One. 2011;6(4):e18221. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0018221. PMid:21483677.
http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone....
,2525 Kumar A, Zarychanski R, Pinto R, Cook DJ, Marshall J, Lacroix J, et al. Critically ill patients with 2009 influenza A(H1N1) infection in Canada. JAMA. 2009;302(17):1872-9. http://dx.doi.org/10.1001/jama.2009.1496. PMid:19822627.
http://dx.doi.org/10.1001/jama.2009.149...
.

Estudos nos Estados Unidos e no Canadá relataram tempo mediano entre início dos sintomas e hospitalização variando de 1 a 4 dias 2525 Kumar A, Zarychanski R, Pinto R, Cook DJ, Marshall J, Lacroix J, et al. Critically ill patients with 2009 influenza A(H1N1) infection in Canada. JAMA. 2009;302(17):1872-9. http://dx.doi.org/10.1001/jama.2009.1496. PMid:19822627.
http://dx.doi.org/10.1001/jama.2009.149...
,2626 Jain S, Kamimoto L, Bramley AM, Schmitz AM, Benoit SR, Louie J, et al. Hospitalized patients with 2009 H1N1 influenza in the United States, April-June 2009. N Engl J Med. 2009;361(20):1935-44. http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa0906695. PMid:19815859.
http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa0906695...
. Na presente pesquisa, a mediana entre início dos sintomas e hospitalização foi 2 dias, e não se observou associação do retardo entre início dos sintomas até hospitalização e óbito. Já no estudo de caso controle em São Paulo, a mediana desse retardo foi maior nos óbitos (5 dias) do que no controle (2 dias; p < 0,001) 1616 Bellei N, Melchior TB. H1N1: pandemia e perspectiva atual. J Bras Patol Med Lab. 2011;47(6):611-7. http://dx.doi.org/10.1590/S1676-24442011000600007.
http://dx.doi.org/10.1590/S1676-2444201...
. Pesquisa sobre pacientes admitidos em unidades de terapia intensiva públicas e privadas no Paraná descreveu mediana de 6 dias entre início dos sintomas e admissão, com uma letalidade de 39,7% 2727 Duarte PA, Venazzi A, Youssef NC, Oliveira MC, Tannous LA, Duarte CB, et al. Pacientes com infecção por vírus A (H1N1) admitidos em unidades de terapia intensiva do Estado do Paraná, Brasil. Rev Bras Ter Intensiva. 2009;21(3):231-6. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-507X2009000300001. PMid:25303543.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-507X200...
. Em um estudo canadense de casos admitidos em unidade de terapia intensiva, a mediana entre início de sintomas e hospitalização foi de 4 dias. Além disso, 98,2% dos pacientes tinham alguma comorbidade, e a letalidade foi 17,3% 2525 Kumar A, Zarychanski R, Pinto R, Cook DJ, Marshall J, Lacroix J, et al. Critically ill patients with 2009 influenza A(H1N1) infection in Canada. JAMA. 2009;302(17):1872-9. http://dx.doi.org/10.1001/jama.2009.1496. PMid:19822627.
http://dx.doi.org/10.1001/jama.2009.149...
. O tempo mediano entre hospitalização e óbito nessa pesquisa canadense foi de 14 dias, enquanto neste estudo foi de 5 dias.

Vários autores têm chamado a atenção para o espectro clínico amplo da doença e para a necessidade de ser cauteloso na análise de diferentes cenários e momentos da pandemia, bem como em diferentes critérios de definição de casos para fins de notificação 77 Khandaker G, Dierig A, Rashid H, King C, Heron L, Booy R. Systematic review of clinical and epidemiological features of the pandemic influenza A (H1N1) 2009. Influenza Other Respir Viruses. 2011;5(3):148-56. http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-2659.2011.00199.x. PMid:21477133.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-2659.2...
,1010 Punpanich W, Chotpitayasunondh T. A review on the clinical spectrum and natural history of human influenza. Int J Infect Dis. 2012;16(10):e714-23. http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.05.1025. PMid:22784546.
http://dx.doi.org/10.1016/j.ijid.2012.0...
. A maioria das pessoas infectadas com o novo subtipo H1N1 evoluiu para uma síndrome gripal não complicada; porém, alguns subgrupos de pacientes evoluíram para pneumonia grave, frequentemente associada com comprometimento de outros órgãos, ou para agravamento importante de doença pulmonar de base, como asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica 77 Khandaker G, Dierig A, Rashid H, King C, Heron L, Booy R. Systematic review of clinical and epidemiological features of the pandemic influenza A (H1N1) 2009. Influenza Other Respir Viruses. 2011;5(3):148-56. http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-2659.2011.00199.x. PMid:21477133.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1750-2659.2...
,99 Bautista E, Chotpitayasunondh T, Gao Z, Harper AS, Shaw M, Uyeki TM, et al. Writing Committee of the WHO Consultation on Clinical Aspects of Pandemic (H1N1) 2009 Influenza. Clinical aspects of pandemic 2009, Influenza A(H1N!) vírus infectio. N Engl Med. 2010;362(18):1708-19. .

As limitações deste estudo se relacionam, principalmente, à qualidade da informação oriunda da vigilância epidemiológica. As variáveis escolaridade, raça/cor da pele, vacinação (contra influenza e pneumococos) e radiografia de tórax apresentaram grande número de casos ignorados ou não preenchidos. No entanto, como a proporção de informação ignorada das variáveis escolaridade, raça/cor da pele e vacinação (contra influenza e pneumococos) foi maior entre os óbitos, possivelmente o viés de informação existente nessas quatro variáveis foi no sentido de subestimar a chance de óbito. Ainda assim, a baixa escolaridade permaneceu no modelo final associada à maior chance de óbito. No caso da vacinação contra influenza, a associação do estado vacinal ignorado com maior chance de óbito pode estar relacionada à presença de um grande número de não vacinados nessa categoria. A maior proporção de ignorados entre os óbitos para as variáveis raça/cor de pele, escolaridade e vacinação contra influenza e pneumococos pode estar relacionada a uma pior qualidade da assistência ou a uma evolução desfavorável mais rápida e a um pior registro. A informação sobre uso de antiviral não estava disponível nesse banco de dados. Embora a maior parte dos casos de SRAG tenha sido classificada por critério clínico-epidemiológico, como o município do Rio de Janeiro enfrentava uma epidemia da doença e esse critério foi bem definido e específico, acredita-se que o diagnóstico clínico-epidemiológico da doença teve elevado valor preditivo positivo.

Esta pesquisa permitiu um melhor conhecimento sobre o perfil clínico-epidemiológico da Síndrome Respiratória Aguda Grave durante a epidemia de influenza A(H1N1)pdm09 no município do Rio de Janeiro no ano de 2009. Indivíduos com baixa escolaridade, com pelo menos uma comorbidade e com comprometimento pulmonar com um padrão radiológico com infiltrado intersticial, consolidação ou misto tiveram maior chance de evolução a óbito. O melhor conhecimento desse perfil permite um planejamento mais eficiente da assistência à saúde dos pacientes.

  • O estudo foi realizado no Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.
  • Fonte de financiamento: nenhuma.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Dez 2018
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    09 Jun 2018
  • Aceito
    30 Ago 2018
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