Acessibilidade / Reportar erro

A cordialidade como mal-estar ou a violência como o recalcado

Resumos

Neste estudo problematizamos a constituição da subjetividade orientada pelo discurso que adota o mito do brasileiro cordial como modelo identificatório. Utilizando do referencial psicanalítico, analisamos discursos presentes na história nacional que abordam essa questão, interrogando sobre o recalque da violência e suas conseqüências sobre a subjetividade. Avaliamos que o discurso da cordialidade funciona como forma de controle e de manutenção do status quo, ao gratificar e oferecer uma representação pretensamente valorizada do brasileiro. Ainda, esse discurso produz o recalque da violência e o seu retorno sob a forma de domínio, ou seja, de exercício do controle sobre o coro e o desejo do outro, manifesto nas práticas de dominação social e sexual. Os modelos identificatórios da cordialidade e do domínio, funcionam como extremos complementares, associados ao recalque da violência. Finalizando, perguntamos sobre as práticas psicoterápicas e psicanalíticas desenvolvidas no cenário nacional, a partir da inserção de psicoterapeutas e psicanalistas nesse contexto cultural.

Cordialidade; recalque; modelo identificatório; violência


En este análisis discutiremos la constitución de la subjetividad orientada por lo discurso que adopta el mito del brasileño cordial como modelo de identificación. Utilizando como referencia la psicoanálisis, analizamos discursos presentes en la historia nacional que abordan esa cuestión, interrogando sobre la represión de la violencia en sus consecuencias sobre la subjetividad. Evaluamos que el discurso de la cordialidad funciona como forma de control y de mantenimiento del status quo, cuando gratifica y ofrece una representación pretensamente valorizada del brasileño. Los modelos identificatorios de la cordialidad y del dominio funcionan como extremos complementares, asociados a la represión de la violencia. Finalizando, preguntamos sobre las prácticas psicoterapicas y psicoanalíticas desarolladas en el escenario nacional desde la inserción de psicoterapeutas y psicoanalistas en ese contexto cultural.

Cordialidad; represión; modelos identificatorios; violencia


On étude ici la constitution de la subjetivité orientée pour le discours qui adopte le mythe du brésilien cordial comme modèle de identification. En utilisant de la psychanalyse, on analyse les discours presents dans l’histoire national que abordent cette question, en interrogeant sur le refoulement de la violence et las conséquences sur la subjetivité. On évalue que le discours de la cordialité functionne comme forme de contrôle et de maintenance du status quo, quand gratifie e offre une représentation valorisée du brésilien. Et cet discours produit le refoulement de la violence et son retour sous la forme de de domaine. Les modèles identificatoires de la cordialité et de domaine functionnent comme extrêmes complementaires, associée au refoulement de la violence. Pour finaliser, on demande sur les pratiques psychotherapiques et psychanalytiques développées dans le décor national, à partir de la insertion de thérapeutes et psychanalistes dans ce contexte culturel.

Cordialité; refoulement; functionnent complementaires; violence


This essay deals with the question about the constitution of the subjectivity oriented by the speech that adopts the myth of the Brazilian people’s cordiality as a model of identification. Using a psychoanalytical background, we take from Brazilian history some speeches (related to this question) which are analyzed by interrogating ourselves about the violence repression and its consequences upon the subjectivity. As far as we are concerned, we presume that this speech of cordiality works as a controlling and sustaining frame of status quo, since it gratifies and offers a pretense representation of the Brazilian people. Besides, this speech triggers the violence repression and its return under the guise of domination, i.e., the exercise of the control over the body and the Other’s desire that manifests itself in the pratices of social and sexual domination. These cordiality models of identification and domination act as complementary poles associated with the violence repression. We finally think over the psychoanalytical and psychotherapeutics practices developed out of the national scene since the entering of psychoanalysts and psychotherapists in this cultural context.

Cordiality; repression; model of identification; violence


Texto completo disponível apenas em PDF.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 1999
Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental Av. Onze de Junho, 1070, conj. 804, 04041-004 São Paulo, SP - Brasil - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: secretaria.auppf@gmail.com