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Atividades assistenciais e administrativas do enfermeiro na clínica médico-cirúrgica

RESUMO

Objetivo:

Identificar as atividades administrativas e assistenciais mais realizadas pelos enfermeiros nas clínicas médico-cirúrgicas e conhecer as mais e menos prazerosas para esses profissionais.

Métodos:

Pesquisa de campo descritivo-exploratória, com abordagem quantitativa, cuja amostra constituiu-se de 40 enfermeiros que trabalham em clínicas médico-cirúrgicas, os quais responderam a um questionário composto de três partes: dados de identificação e caracterização do profissional; relação de atividades assistenciais e administrativas para o enfermeiro, que deveria enumerar: “0 = não realizo”, “1 = realizo eventualmente”, “2 = realizo moderadamente”, “3 = realizo diariamente”; duas questões semiabertas, nas quais o enfermeiro listou as atividades que lhe eram mais e menos prazerosas.

Resultados:

As atividades administrativas mais realizadas pelos enfermeiros foram: passagem de plantão, escala diária e de tarefas de funcionários e gerenciamento de exames; as atividades assistenciais mais realizadas relacionavam-se às etapas da Sistematização da Assistência de Enfermagem e ao relacionamento com a equipe multiprofissional; as atividades mais prazerosas foram assistência direta ao paciente, avaliação do paciente e implementação da sistematização; as atividades menos prazerosas foram as rotinas administrativas e burocráticas, justificativa de queixas/resolução de problemas e realização de escalas de funcionários.

Conclusão:

As atividades assistenciais foram as mais realizadas, comparadas às atividades administrativas na rotina diária do enfermeiro, sendo também as mais prazerosas, segundo a opinião dos próprios profissionais.

Descritores:
Serviço hospitalar de Enfermagem/organização & administração; Enfermagem perioperatória; Assistência hospitalar; Assistência centrada no paciente; Papel do profissional de Enfermagem

ABSTRACT

Objectives:

To identify the administrative and nursing care activities most performed by nurses in clinical/surgical units and to determine which are most and least pleasant to them.

Methods:

A descriptive-exploratory field study, with a quantitative approach and with a sample made up of 40 nurses working in clinical/surgical units who answered a three-part questionnaire composed of identification data and characterization of the professional; a list of nursing and administrative activities for the nurse to grade according to the numbers: “0 = I do not perform it”, “1 = I perform it occasionally”, “2 = I perform it often”, “3 = I perform it daily”; two open-ended questions, in which the nurse listed the activities he/she enjoyed the most and the least.

Results:

The administrative activities most performed by the nurses were: changing work shifts, preparing employee daily task charts and managing tests; the most performed nursing care activities were related to the stages of the Nursing Care Systematization and the interaction with the multi-professional team; the most enjoyable activities were direct patient care, patient evaluation and implementation of the systematization; the least enjoyable activities were administrative and bureaucratic routines, justification of complaints/problem-solving and preparation of employee task charts.

Conclusion:

Compared to administrative activities, nursing activities were performed most during the daily routine of the nurse, and the most enjoyable activities were those related to patient care, according to the opinions of the professionals.

Keywords:
Nursing service, hospital/organization & administration; Perioperative Nursing; Hospital care; Patient-centered care; Nurse's role

INTRODUÇÃO

A assistência de enfermagem tem como objetivo promover, manter e recuperar a saúde de seus clientes, sejam eles o paciente, a família ou a comunidade. Assim sendo, a ideia de cuidado está implícita na enfermagem, uma vez que a assistência é representada por atividades que devem ser prestadas com qualidade e por um bom profissional, não apenas do ponto de vista ético e humanístico, como também do ponto de vista técnicocientífico(11. Carvalho R. Instrumentação cirúrgica: processo ensino-aprendizagem por alunos de graduação em enfermagem [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2002.).

O enfermeiro deve ter conhecimento, experiência e dinamismo. Deve pautar sua meta de trabalho sobre a qualidade dos resultados e exercer suas funções com eficiência e criatividade. Deve valorizar as qualidades das pessoas e preocupar-se com o desenvolvimento técnico e científico de sua equipe. Além disso, deve manter bom relacionamento com a direção da instituição e com seus funcionários, servindo de ponte entre os dois lados. A dignidade pessoal e o respeito ao ser humano devem ser características visíveis em sua personalidade(22. Marx LC, Morita LC. Manual de gerenciamento de enfermagem. São Paulo: Rufo; 1998.).

As competências gerais do enfermeiro também estão relacionadas com a área administrativa, que engloba tomada de decisão, liderança e administração. Dentre as funções administrativas, destacam-se o planejamento, a organização, a coordenação, a direção e o controle dos serviços de saúde. A liderança envolve compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões e comunicação de forma efetiva e eficaz(33. Peres AM, Ciampone MHT. Gerência e competências gerais do enfermeiro. Texto & Contexto Enferm. 2006;15(3):492-9.).

Na liderança, o enfermeiro influencia as ações de outros para o estabelecimento e para o alcance de objetivos. Isto implica definir e planejar a assistência de enfermagem num cenário interativo. Para que o enfermeiro exerça liderança, ele precisa dominar e conciliar o emprego de princípios e técnicas de administração com os princípios e as técnicas que norteiam a prestação do cuidado em enfermagem(44. Trevizan MA. Liderança do enfermeiro: o ideal e o real no contexto hospitalar. São Paulo: Sarvier; 1993.).

De acordo com a lei nº 7.498/86, Regulamentação do Exercício Profissional, do Conselho Regional de Enfermagem (COREN), o enfermeiro exerce atividades, cabendo-lhe: dirigir órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde e chefiar o serviço e a unidade de enfermagem; organizar e dirigir os serviços de enfermagem e suas atividades técnicas e auxiliares; planejar, organizar, coordenar, executar e avaliar os serviços de assistência de enfermagem; realizar sistematização da assistência de enfermagem; oferecer cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida; prestar cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas; participar do planejamento, da execução e da avaliação da programação de saúde e participar da elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde(55. Brasil. Lei n. 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências [Internet]. Brasília (DF): Diário Oficial da República Federativa do Brasil; 1986 [citado 2009 Maio 22]. Disponível em: http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp?ArticleID=22§ionID=35
http://www.portalcofen.gov.br/2007/mater...
).

Considera-se a conciliação das funções de supervisão e assistência como pressuposto à construção da identidade profissional do enfermeiro, bem como à prestação de serviços de enfermagem de qualidade ao paciente(66. Martin J, Valentim A. Supervisão de enfermagem x assistência ao paciente: compatibilização como pressuposto à identidade profissional e à qualidade da assistência. Nursing (São Paulo). 2000;3(26):16-7.).

Com a necessidade de conhecermos o contexto das atividades administrativas executadas pelo enfermeiro e a relação destas com a assistência de enfermagem, este trabalho teve a finalidade de levantar as principais funções assistenciais e administrativas desenvolvidas pelos enfermeiros, buscando compreender a percepção dos mesmos acerca das suas ações.

OBJETIVOS

Identificar as atividades administrativas e assistenciais mais realizadas pelos enfermeiros nas clínicas médico-cirúrgicas e conhecer as mais e menos prazerosas, na opinião dos próprios profissionais.

MÉTODOS

Estudo exploratório, descritivo, pois buscou informações apuradas a respeito de um grupo, a fim de caracterizá-lo e evidenciar um perfil(77. Brevidelli MM, Domenico EBL. Trabalho de conclusão de curso: guia prático para docentes e alunos da área da saúde. 2a ed. São Paulo: Iátria; 2008.), de campo, pois o levantamento de dados aconteceu no local onde os fenômenos ocorreram(88. Polit DF, Beck CT, Hungler BP. Fundamentos de pesquisa em enfermagem. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.), transversal, pois a coleta de dados foi feita em um momento particular, específico do tempo(77. Brevidelli MM, Domenico EBL. Trabalho de conclusão de curso: guia prático para docentes e alunos da área da saúde. 2a ed. São Paulo: Iátria; 2008.88. Polit DF, Beck CT, Hungler BP. Fundamentos de pesquisa em enfermagem. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.), e de nível I, pois envolveu a denominação ou classificação de fatos e eventos(88. Polit DF, Beck CT, Hungler BP. Fundamentos de pesquisa em enfermagem. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2004.), com abordagem quantitativa, na qual dados estatísticos representaram fatos empíricos e eventos(77. Brevidelli MM, Domenico EBL. Trabalho de conclusão de curso: guia prático para docentes e alunos da área da saúde. 2a ed. São Paulo: Iátria; 2008.).

O estudo foi realizado nas clínicas médico-cirúrgicas do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), uma instituição de grande porte, que conta com cerca de 500 leitos e igual número de enfermeiros, numa relação geral proporcional de “um para um”. A amostra foi constituída por 40 enfermeiros que trabalham nas referidas unidades. Os critérios de inclusão da amostra na pesquisa foram: atuar na clínica médico-cirúrgica há, pelo menos, um ano (não foram inseridos enfermeiros em treinamento e nem na função de enfermeiro júnior); realizar atividades administrativas e assistenciais; consentir participar da pesquisa, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O instrumento de coleta de dados (Anexo 1 Anexo 1 Instrumento de coleta de dados ), construído pelas autoras com base no instrumento de Bianchi(99. Bianchi ERF. Stress entre enfermeiros hospitalares [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo;1999.), constou de três partes. A primeira parte continha dados de identificação e caracterização do perfil do enfermeiro. A segunda parte continha uma relação de atividades assistenciais e administrativas, para cada qual o enfermeiro deveria enumerar com que frequência era realizada, sendo: “0 = não realizo”, “1 = realizo eventualmente”, “2 = realizo moderadamente” e “3 = realizo diariamente”. A terceira parte continha duas questões semiabertas, nas quais o enfermeiro listou as atividades que lhe eram mais e menos prazerosas.

Os dados foram coletados após aprovação do projeto pela Comissão Científica da Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein e pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HIAE, sob protocolo número 0098.0.028.000-07.

Os dados obtidos foram tratados estatisticamente e apresentados em números absolutos e percentuais, por meio de tabelas e quadros.

RESULTADOS

Considerando-se a amostra da pesquisa, composta por 40 enfermeiros, após coleta de dados por meio do questionário (Anexo 1 Anexo 1 Instrumento de coleta de dados ), apresentam-se os resultados divididos em caracterização da amostra, atividades administrativas e assistenciais mais realizadas pelos enfermeiros e atividades mais e menos prazerosas realizadas por esses mesmos profissionais.

A grande maioria dos enfermeiros participantes do estudo (37; 92,5%) era do gênero feminino.

Quanto à idade dos enfermeiros entrevistados, a maioria (25; 62,5%) pertencia à faixa etária entre 25 e 35 anos, sendo que 13 (32,5%) tinham de 25 a 30 anos e 12 (30%) tinham de 30 a 35 anos (Tabela 1).

Tabela 1
Distribuição dos enfermeiros, segundo a faixa etária

Em relação ao tempo de formação acadêmica dos enfermeiros participantes da pesquisa, 77,5% da amostra (31 profissionais) possuíam de 1 a 10 anos de formados, sendo que 17 deles (42,5%) eram graduados no período de 5 a 10 anos (Tabela 2). Consideram-se coerentes os dados relativos à idade e ao tempo de formados dos enfermeiros, pois se tratou de uma amostra composta predominantemente por adultos jovens, que se encontravam no mercado de trabalho entre 1 a 10 anos.

Tabela 2
Distribuição dos enfermeiros, segundo o tempo de formação acadêmica

Quanto ao tempo de atuação na clínica médico-cirúrgica, a grande maioria (34; 85%) trabalhava de 1 a 10 anos na área, sendo que 19 (47,5%) trabalhavam na área de 1 a 5 anos e 15 (37,5%) entre 5 e 10 anos (Tabela 3).

Tabela 3
Distribuição dos enfermeiros, segundo tempo de atuação na clínica médico-cirúrgica

Considerando-se as competências gerais do enfermeiro e tendo como meta alcançar o primeiro objetivo do estudo, destacam-se, nas tabelas 4 e 5, as atividades administrativas e assistenciais mais realizadas por eles, segundo relato dos próprios profissionais que atuavam na clínica médico-cirúrgica.

Tabela 4
Atividades administrativas realizadas pelos enfermeiros da clínica médico-cirúrgica
Tabela 5
Atividades assistenciais realizadas pelos enfermeiros da clínica médico-cirúrgica

Quanto ao segundo objetivo, as tabelas 6 e 7 representam as atividades mais e menos prazerosas realizadas pelos enfermeiros, segundo sua própria opinião.

Tabela 6
Atividades diárias mais prazerosas realizadas pelo enfermeiro da clínica médico-cirúrgica
Tabela 7
Atividades diárias menos prazerosas realizadas pelo enfermeiro da clínica médico-cirúrgica

DISCUSSÃO

Analisando-se os resultados de maneira global, as atividades assistenciais foram as mais realizadas e também as mais prazerosas em relação às atividades administrativas, na opinião dos enfermeiros participantes do estudo.

A atividade administrativa mais realizada pelos enfermeiros foi a passagem de plantão, a única que todos responderam fazer diariamente. A seguir, encontravam-se: escala diária e de tarefas de funcionários e o gerenciamento de exames.

Por outro lado, as atividades administrativas menos realizadas foram: escala de folga e férias de funcionários, avaliação dos funcionários, previsão, reposição e controle de materiais e equipamentos e elaboração de trabalhos científicos.

De acordo com estudiosos sobre o assunto(1010. Motta ALC. Normas, rotinas e técnicas de enfermagem. 4a ed. São Paulo: Iátria; 2003.1111. Marquis BL, Huston CJ. Administração e liderança em enfermagem: teoria e prática. 4a ed. Porto Alegre: Artmed; 2005.), as atividades administrativas do enfermeiro incluem: assistir a passagem de plantão; controlar assiduidade, pontualidade e disciplina de seus funcionários; elaborar escalas de serviço mensalmente e escala de folga/férias dos funcionários; organizar e participar do programa de educação continuada; realizar avaliação dos funcionários; controlar equipamentos, materiais e medicamentos; promover reuniões periódicas; participar de pesquisas na área de enfermagem; liderar, orientar e supervisionar a equipe de enfermagem. Verifica-se, desta forma, concordância entre as atividades realizadas pelos enfermeiros do estudo e as preconizadas na literatura.

Na prática, verifica-se que algumas atividades, como passagem de plantão e gerenciamento de exames (agendamento, preparo do paciente, certificação de disponibilidade de horário e avaliação dos resultados), fazem parte da assistência prestada diretamente ao cliente, e podem ser caracterizadas como atividades assistenciais. Porém, a literatura pesquisada insere tais ações como sendo administrativas, por fazerem parte do gerenciamento da assistência.

No que se refere às atividades assistenciais realizadas pelo enfermeiro na clínica médico-cirúrgica, verificou-se que todas as que foram descritas eram realizadas diariamente pelo profissional, sendo que a totalidade da amostra respondeu que realizava evolução e prescrição de enfermagem e relacionamento com a equipe multiprofissional diariamente.

Nesse contexto, dados da literatura consideram(1010. Motta ALC. Normas, rotinas e técnicas de enfermagem. 4a ed. São Paulo: Iátria; 2003.) que as principais atividades assistenciais realizadas pelo enfermeiro incluem: histórico, prescrição e evolução de enfermagem; assistência de enfermagem direta aos pacientes mais graves; realização de procedimentos privativos do enfermeiro; supervisão da assistência de enfermagem prestada pela equipe de enfermeiros; identificação e tomada de condutas rápidas diante das situações fora da rotina da unidade; orientação diária dos profissionais de enfermagem na realização de procedimentos.

Os resultados desta pesquisa demonstram que os enfermeiros estavam envolvidos na realização das fases do processo de enfermagem que fazem parte das atividades independentes do profissional e estão instituídas no hospital onde a pesquisa foi realizada. Por outro lado, não se pode deixar de considerar que, apesar de todos os enfermeiros evoluírem e prescreverem diariamente para os seus clientes, dois deles responderam realizar exame físico parcialmente, sendo essa etapa condição sine qua non para a realização das duas anteriores.

Verificou-se que, apesar de o enfermeiro realizar, na sua rotina, atividades assistenciais e administrativas, as atividades realizadas diariamente são, na sua maioria, assistenciais.

Não há dicotomia entre as funções assistenciais e administrativas realizadas pelo enfermeiro, uma vez que elas se complementam. Acredita-se que o enfermeiro seja o administrador/gerente da assistência de enfermagem prestada ao paciente, pois o exercício dessa função é centrado na assistência, incluindo o gerenciamento de recursos humanos, do material e das instalações necessárias ao adequado atendimento ao cliente e à sua família(1212. Melo MRAC, Fávero N, Trevizan MA, Hayashida M. Expectativa do administrador hospitalar frente às funções administrativas realizadas pelo enfermeiro. Rev Latino-Am Enfermagem. 1996;4(1):131-44.).

A realização dessas atividades (assistenciais e administrativas), com dedicação e competência, refletem diretamente a qualidade da assistência prestada a toda clientela que procura os serviços de Saúde.

Atualmente, há um aumento no número de enfermeiros envolvidos com a assistência, porém, na vertente do gerenciamento, cresceu o papel desse profissional quanto à orientação sobre rotinas, normas e atribuições aplicadas à sua equipe(1313. Silva CP, Juliani CM. Funções administrativas do enfermeiro no contexto hospitalar [resumo TC-6]. einstein. 2007;5(Supl 1):S3-S4. [Apresentado no IV Simpósio Internacional de Enfermagem; 2007 Set 26-28; São Paulo, SP].). Esse fato pode ser comprovado pelo alto índice de realização diária de orientações ao paciente e aos familiares e supervisão do cuidado prestado.

A presente pesquisa identificou, ainda, que as atividades diárias mais prazerosas realizadas pelos enfermeiros na clínica médico-cirúrgica foram: assistência direta ao paciente, avaliação do cuidado prestado e implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), além de orientação ao paciente e à sua família, treinamento e supervisão de funcionários e discussão de casos com a equipe multiprofissional.

As atividades diárias menos prazerosas realizadas pelos enfermeiros na clínica médico-cirúrgica, segundo sua própria opinião, foram: rotinas administrativas e burocráticas, justificativas de queixas e resoluções de problemas, realização de escalas de funcionários, entre outras.

Verificou-se que a realização das atividades assistenciais foi mais prazerosa para os enfermeiros do que a realização das atividades administrativas na clínica médico-cirúrgica.

Em um estudo realizado com enfermeiras do centro cirúrgico da mesma instituição, constatou-se que, dentre as atividades menos prazerosas, encontravam-se: escala de funcionários, pedido e checagem de material e não realização de assistência direta ao paciente, como punção venosa e curativo. Estas últimas atividades, as enfermeiras relataram que gostariam de realizar(1414. Silva MR, Carvalho R. Atuação do enfermeiro no centro cirúrgico. 7º Congresso Brasileiro de Enfermagem em Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização; 2005 Julho 30-Agosto 2; Anais. São Paulo; 2005.). Observou-se, portanto, que mesmo se tratando de diferentes setores do hospital, as atividades mais e menos prazerosas para o enfermeiro foram similares.

Salientamos a incipiência de estudos relacionados ao tema, especialmente na literatura nacional, visto que o levantamento bibliográfico nos aportou a trabalhos que discutem o papel do enfermeiro como gerente/líder de equipes ou setores, principalmente relacionados a especialidades, e não quanto à atuação em unidades de internação clínicas e cirúrgicas.

Com este trabalho, foi possível conhecer as principais funções desenvolvidas pelo enfermeiro na clínica médico-cirúrgica, constatando-se que, além de mais prazerosas, as atividades assistenciais foram mais realizadas pelos enfermeiros que compuseram a amostra.

Sabe-se que as atividades assistenciais e administrativas fazem parte das competências necessárias para a prática de enfermagem, visando à excelência da qualidade da assistência prestada ao cliente e aos familiares que o acompanham no processo de hospitalização.

CONCLUSÕES

A análise dos dados obtidos por meio dos questionários respondidos por 40 enfermeiros das clínicas médico-cirúrgicas permitiu-nos concluir que:

  • as atividades assistenciais foram mais realizadas em relação às atividades administrativas na rotina diária dos enfermeiros;

  • as atividades administrativas mais realizadas foram: passagem de plantão, escala diária e de tarefas de funcionários e gerenciamento de exames;

  • as atividades assistenciais mais realizadas foram: implementação da SAE (evolução e prescrição de enfermagem) e relacionamento com a equipe multiprofissional;

  • as atividades assistenciais foram mais prazerosas para os enfermeiros do que as administrativas;

  • as atividades mais prazerosas foram: assistência direta ao paciente, avaliação do paciente e implementação da SAE;

  • as atividades menos prazerosas foram: rotinas administrativas e burocráticas, justificativa de queixas/resolução de problemas e realização de escalas de funcionários.

Anexo 1 Instrumento de coleta de dados

REFERENCES

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    Carvalho R. Instrumentação cirúrgica: processo ensino-aprendizagem por alunos de graduação em enfermagem [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2002.
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  • 12
    Melo MRAC, Fávero N, Trevizan MA, Hayashida M. Expectativa do administrador hospitalar frente às funções administrativas realizadas pelo enfermeiro. Rev Latino-Am Enfermagem. 1996;4(1):131-44.
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    Silva CP, Juliani CM. Funções administrativas do enfermeiro no contexto hospitalar [resumo TC-6]. einstein. 2007;5(Supl 1):S3-S4. [Apresentado no IV Simpósio Internacional de Enfermagem; 2007 Set 26-28; São Paulo, SP].
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  • Trabalho realizado no Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2010

Histórico

  • Recebido
    28 Maio 2009
  • Aceito
    12 Abr 2010
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