Acessibilidade / Reportar erro

No fascículo de abril 2007 de Clinics

EDITORIAL

No fascículo de abril 2007 de clinics

Mauricio Rocha-e-Silva

Editor. Hospital das Clínicas, São Paulo University Medical School - São Paulo/SP, Brazil. Email: mrsilva36@hcnet.usp.br

Neste numero de abril, 2007 de CLINICS destacamos um estudo de Giribela et al, que mediram os efeitos de um anticoncepcional combinado hormonal oral de baixa dose (15 ¼g etinil estradiol / 60 ¼g gestodeno) na função endotelial venosa de 20 mulheres jovens saudáveis através de um estudo caso-controle. A função endotelial venosa foi avaliada em um momento basal e após 4 meses no grupo das usuárias de anticoncepcional oral (11 mulheres) e em um grupo controle (9 mulheres). Foram construídas curvas dose resposta para acetilcolina e nitroprussiato de sódio após a pré-constrição da veia com fenilefrina. Observou-ser uma redução não significativa da venodilatação máxima em resposta a acetilcolina e nitroprussiato de sódio no grupo tratado, enquanto o grupo controle não apresentou variação. Os autores alertam para a necessidade de um estudo complementar para confirmar estes dados preliminares. Publicamos mais 11 artigos originais.

Hayek et al avaliaram a crioterapia percutânea como tratamento primário para o câncer de próstata de alto risco em 21 pacientes com câncer de próstata de alto risco submetidos a 24 crioablações de próstata como tratamento primário. Demonstraram que o procedimento é um tratamento minimamente invasivo da próstata, seguro, com resultados modestos em pacientes com câncer de próstata de alto risco, quando se considera a sobrevida livre de doença em 5 anos. Sugerem que há necessidade de associação de outras modalidades terapêuticas no tratamento deste grupo específico de doentes.

Toledo et al avaliaram a influência do treinamento físico, com e sem ventilação não invasiva com dois níveis de pressão nas vias aéreas (BiPAP®), em 18 pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica, em resultado de treinamento físico associado ou não ao BiPAP®, durante 30 minutos, 3 vezes por semana, por 12 semanas. Ao mesmo nível de esforço, os 2 grupos apresentaram melhora significativa na dispnéia, na saturação periférica de oxigênio, na distância percorrida no teste cardio-pulmonar e na força muscular respiratória. Somente o grupo treinamento físico com BiPAP apresentou melhora significativa de freqüência cardíaca, pressão arterial sistólica, consumo de oxigênio e níveis de lactato sanguíneo, mostrando assim que o treinamento físico associado com BiPAP® aumenta a capacidade muscular oxidativa, e pode ser um recurso coadjuvante da reabilitação física de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica.

Pracchia et al investigaram o valor do estudo com 18F-fluorodeoxiglicose em gama câmara híbrida no estadiamento e na detecção de tumor residual em 38 pacientes com linfoma de Hodgkin, Dezoito foram avaliados com o estudo metabólico durante o estadiamento (Grupo 1), e os resultados foram comparados com os obtidos com o estadiamento convencional, que incluiu tomografia e biópsia de medula óssea. Os 20 pacientes restantes realizaram o estudo metabólico devido à presença de massa residual ou de nova lesão suspeita (Grupo 2). Observaram que o estudo metabólico aumentou o estádio de cinco (27%) dos pacientes do Grupo 1 e pôde detectar mais lesões que os métodos convencionais de estadiamento (45 lesões detectadas com 18F-fluorodeoxiglicose versus 33 lesões métodos convencionais). Nos 20 pacientes do Grupo 2, 11 foram 18F-fluorodeoxiglicose positivos e tumor viável foi confirmado em 9 pacientes. Nos 9 pacientes com estudo metabólico negativo, a probabilidade de recidiva em um ano foi de 11.8%. Concluem que o estudo com 18F-fluorodeoxiglicose apresentou melhor acurácia que os métodos convencionais de estadiamento do Linfoma de Hodgkin e foi útil para o diagnóstico não-invasivo de lesões suspeitas.

Portes et al compararam o torque e a relação de forças entre ísquios-tibiais/quadríceps dos joelhos de atletas corredores de longas distâncias, 9 com e 19 sem frouxidão do ligamento cruzado anterior. Comparou-se o pico de torque dos quadríceps e dos ísquios-tibiais e a relação ísquios-tibiais/quadríceps na velocidade angular constante de 60º por segundo. A conclusão principal foi que a frouxidão do ligamento cruzado anterior não alterou significantemente o pico de torque dos flexores e extensores e a relação ísquios-tibiais/quadríceps dos joelhos de atletas corredores de longas distâncias.

Rezende et al avaliaram prospectivamente o perfil de pacientes, com traumatismo dento - alveolar, atendidos no Pronto-Socorro do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Brasil). O estudo foi realizado através de questionário e concluiu que a incidência de trauma de dento - alveolar diminuiu com a idade e o principal fator etiológico nos pacientes adulto foi acidentes de tráfico e agressão física.

Shinjo et al traduziram e adaptaram para a língua portuguesa do Brasil o Bath Ankylosing Spondylitis of Metrodology Index - instrumento de mensuração metrológica de pacientes com espondilite anquilosante - e avaliaram a reprodutibilidade deste questionário. O índice foi obtido em língua portuguesa do Brasil por processo de tradução e retro-tradução. Aplicado a 25 pacientes consecutivos com espondilite anquilosante permitiu concluir-se que não houve conflito quanto à tradução e re-tradução nem necessidade de adaptação cultural, mostrando que o Índice pode ser um instrumento reprodutível para ser utilizado na avaliação do índice de mobilidade de pacientes brasileiros com espondilite anquilosante.

Bonfim et al estudaram o efeito da hemodiálise sobre a pressão intra-abdominal em 5 pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva. Mediu-se a pressão intra-abdominal antes e após a hemodiálise, mantendo os parâmetros ventilatórios exceto a PEEP (positive end expiratory pressure). Demonstrou-se que a hemodiálise reduziu significativamente a pressão intra-abdominal nos cinco pacientes. Esta redução poderia influenciar os demais sistemas orgânicos. A redução está relacionada com a variação de peso pré- e pós-hemodiálise, e com a perda de volume promovida pelo procedimento.

Sugayama et al desenvolveram um sistema de pontuação (Score) baseado nos achados clínicos para auxiliar os pediatras no diagnóstico clínico da Síndrome de Williams-Beuren e na indicação do teste de hibridização in situ por fluorescência para detectar a microdeleção em 7q11.23. O teste de hibridização in situ por fluorescência foi feito em 20 acometidos pela Síndrome de Williams-Beuren, nos quais 42 achados clínicos foram estudados. Para estabelecer quais desses achados estariam associados ao teste de hibridização in situ por fluorescência positivo, realizou-se uma metanálise com 11 trabalhos da literatura em que havia dois grupos, hibridização in situ por fluorescência positivo e negativo. O score elaborado permitiu propor o valor de 20 pontos para a indicação do teste de hibridização in situ por fluorescência nos pacientes com suspeita clínica de Síndrome de Williams-Beuren.

Oliveira et al investigaram o comportamento biológico de osteoblastomas clássicos e atípicos comparados com osteossarcomas. Com base em parâmetros histológicos classificamos um grupo de 30 osteoblastomas nos subgrupos de osteoblastomas clássicos (23/30) e de osteoblastomas atípicos (que apresentam como característica grande celularidade, osteóide azul proeminente e osteoblastos epitelióide - 7/30). Para efeito de comparação dos resultados imunohistoquímicos e análise clínica, foram avaliados 17 pacientes com osteosarcoma de grau avançado. Os cortes histológicos com bloco de parafina fixado em formalina foram imunocorados para p53 e antígeno nuclear de célula em proliferação. Tumores com coloração positiva para p53 tiveram análise molecular para fragmentos do exon 10. Esses resultados validam os osteoblastomas atípicos como entidade real, com imunoexpressão das proteínas p53 e antígeno nuclear de célula em proliferação mais perto do osteosarcoma do que do osteoblastoma clássico. O índice de marcação pelo antígeno nuclear de célula em proliferação e o p53 podem ser úteis fatores de prognóstico da recorrência.

Castilho et al analisaram sistematicamente a eficácia da quimonucleólise no tratamento da hérnia de disco lombar por meio de uma metanálise de 23 ensaios clínicos selecionados de três bases de dados eletrônicas (Cochrane, MEDLINE, e EMBASE). Os dados foram analisados por intermédio do aplicativo STATA, com o comando meta. Os autores concluem que a eficácia da quimonucleólise foi superior à do placebo e semelhante à da colagenase. Os resultados dos estudos referentes à comparação entre quimonucleólise e cirurgia foram heterogêneos, o que implica interpretação não-trivial da medida de efeito.

Cabrita et al compararam prospectivamente 2 métodos de tratamento de infecções pélvicas crônicas em artroplastias, com ou sem um espaçador adicionado a antibiótico em 68 patients (30 com espaçador, 38 sem espaçador) e observaram que o uso do espaçador resulta em melhor controle de infecção e melhores resultados funcionais, sendo portanto superior como tratamento.

Publicamos revisões, uma sobre Proteínas do surfactante e sua importância no desenvolvimento das doenças pulmonares neonatais e outra, sobre Manifestações urinárias e sexuais em pacientes infectados pelo HTLV-I, e 3 relatos de casos.

No número de Fevereiro de 2007, CLINICS publicou um artigo intitulado "Mudanças na cinemática articular em crianças com paralisia cerebral durante o andar com e sem órteses de reação ao solo", de autoria de PRG Lucareli et al. Os autores reconhecem que por falha deles deixou de ser divulgado que a pesquisa objeto deste artigo realizou-se na "Associação de Assistência à Criança Deficiente, São Paulo, Brasil". Uma discussão está em andamento relativamente à autoria completa. O artigo será re-ratificado assim que as partes chegarem a um acordo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Abr 2007
  • Data do Fascículo
    2007
Faculdade de Medicina / USP Rua Dr Ovídio Pires de Campos, 225 - 6 and., 05403-010 São Paulo SP - Brazil, Tel.: (55 11) 2661-6235 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: clinics@hc.fm.usp.br