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Barreiras e facilitadores da mobilização precoce na unidade de terapia intensiva pediátrica: revisão sistemática

Barreras y facilitadores de la movilización temprana en una unidad de cuidados intensivos pediátrica: revisión sistemática

RESUMO

O objetivo desta revisão sistemática foi identificar as barreiras e facilitadores para a implementação da mobilização precoce em unidades de terapia intensiva pediátrica. Realizou-se uma busca sistemática baseada em estudos que abordassem barreiras e/ou facilitadores para mobilização precoce em crianças e adolescentes. Foram incluídos estudos publicados até junho de 2019 nas bases de dados MEDLINE®, Physiotherapy Evidence Database, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, Cochrane Library, Scientific Electronic Library Online. A seleção e a avaliação da qualidade metodológica foram realizadas por dois revisores independentes. Dados que pudessem ser identificados como barreiras e/ou facilitadores foram extraídos para análise. Foram encontrados 358 registros nas bases de dados, dos quais foram incluídos 13 artigos. Foram citadas 18 barreiras, sendo as mais citadas o número insuficiente de profissionais, e insegurança da equipe. Dos 11 facilitadores citados, os mais frequentes foram treinamento/educação da equipe multidisciplinar e a instituição de diretriz/consenso. Existem muitas barreiras a serem quebradas para que a mobilização precoce seja efetiva, porém alguns facilitadores já são conhecidos e podem ser implementados, tornando viável a sua implementação para a população pediátrica.

Descritores:
Unidades de Terapia Intensiva; Pediatria; Deambulação Precoce

RESUMEN

El propósito de esta revisión sistemática fue identificar barreras y facilitadores para aplicar la movilización temprana en las unidades de cuidados intensivos pediátrica. Se realizó una búsqueda sistemática de estudios que abordaron barreras y/o facilitadores para la movilización temprana en niños y adolescentes. Se incluyeron estudios publicados hasta junio de 2019 en las bases de datos MEDLINE®, Physiotherapy Evidence Database, Literatura Latinoamericana y del Caribe en Ciencias de la Salud, Cochrane Library y Scientific Electronic Library Online. La selección y evaluación de la calidad metodológica fue realizada por dos revisores independientes. Los datos que se han identificado como barreras y/o facilitadores se extrajeron para su análisis. De los 358 registros encontrados en las bases de datos, se incluyeron 13 artículos. Se mencionaron 18 barreras, y las más citadas fueron el número insuficiente de profesionales y la inseguridad del equipo. De los 11 facilitadores mencionados, los más frecuentes fueron la formación/educación del equipo multidisciplinario y el establecimiento de lineamientos/consensos. Hay muchas barreras que romper para que la movilización temprana sea efectiva, pero algunos facilitadores ya son conocidos y pueden ser aplicados, haciendo su aplicación factible a la población pediátrica.

Palabras clave:
Unidades de Cuidados Intensivos; Pediatría; Ambulación Precoz

ABSTRACT

This systematic review aimed to identify barriers and facilitators for the implementation of early mobilization in pediatric intensive care units. A systematic search was carried out based on studies that addressed barriers and/or facilitators for early mobilization in children and adolescents. Studies published until June 2019 in the MEDLINE®, Physiotherapy Evidence Database, Latin American & Caribbean Health Sciences Literature, Cochrane Library, and Scientific Electronic Library Online databases were included. Selection and assessment of methodological quality were performed by two independent reviewers. Data that could be identified as barriers and/or facilitators were extracted for analysis. 358 records were found in the databases, of which 13 articles were included. 18 barriers were cited; the most cited ones were the insufficient number of professionals and team’s insecurity. Of the 11 mentioned facilitators, the most frequent were training/education of the multidisciplinary team and the establishment of guidelines/consensus. There are many barriers to be broken for early mobilization to be effective, but some facilitators are already known and can be implemented, making their implementation feasible for the pediatric population.

Keywords:
Intensive Care Units; Pediatrics; Early Ambulation

INTRODUÇÃO

A criança internada em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) está sujeita a fatores de risco que se associam à gravidade da doença, ao estágio de desenvolvimento, às intervenções farmacológicas como o uso de corticosteróides, sedativos, bloqueadores neuromusculares, e ao imobilismo no leito. Esses fatores podem culminar em fraqueza adquirida, delirium, maior tempo de ventilação mecânica e, consequentemente, perda funcional e de qualidade de vida da criança11. Batt J, Santos CC, Cameron JI, Herridge MS. Intensive care unit-acquired weakness clinical phenotypes and molecular mechanisms. Am J Respir Crit Care Med. 2013;187(3):238-46. doi: 10.1164/rccm.201205-0954SO.
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.

Sabe-se que em pacientes adultos, a força muscular diminui de 3 a 11% a cada dia adicional de imobilismo no leito(²). Essa perda acarreta em repercussões na qualidade de vida, que permanecem após 24 meses de alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). (22. Fan E, Dowdy DW, Colantuoni E, Pedro A, Sevransky JE, Shanholtz C, et al. Physical complications in acute lung injury survivors: a 2-year longitudinal prospective study. Crit Care Med. 2014;42(4):849-59. doi: 10.1097/CCM.0000000000000040.
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Diante desses malefícios causados pela hospitalização, a mobilização precoce (MP) tem sido utilizada como importante estratégia terapêutica em UTI. Este termo é entendido como exercícios de reabilitação adequados e com graus variados. Apesar disso, ainda não é definido qual tempo ideal para iniciar a terapêutica. Os estudos não demonstraram um consenso sobre o tempo para iniciar a MP, porém alguns autores descrevem de 48 a 72 horas33. Aquim EE, Marques W, Azeredo SG, Severo L, Alexandre R, Deucher DO, et al. Diretrizes Brasileiras de Mobilização Precoce em Unidade de Terapia Intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(4):434-43. doi: 10.5935/0103-507C.20190084.
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)- (55. Fink E, Beers S, Houtrow A, Richichi R, Burns C, Doughty L, et al. Pilot RCT of early versus usual care rehabilitation in pediatric neurocritical care. Crit Care Med. 2018;46(1):394. doi: 10.1097/PCC.0000000000001881.
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. Aquim et al. (³) recomendam iniciar em 48 horas para paciente em ventilação mecânica e em 72 horas em paciente em respiração espontânea.

Além da diminuição de fraqueza muscular adquirida, a MP está associada à prevenção e redução da polineuropatia e miopatia do paciente crítico, à redução de trombose, à melhora da qualidade de vida, e à diminuição do tempo de ventilação mecânica. Assim, a MP favorece o desmame ventilatório precoce, a redução no período de hospitalização e de mortalidade, tanto na população adulta quanto infantil66. Cuello-Garcia CA, Mai SHC, Simpson R, Al-Harbi S, Choong K. Early Mobilization in Critically Ill Children: A Systematic Review. J Pediatr. 2018;203:25-33. doi: 10.1016/j.jpeds.2018.07.037.
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)- (88. Stiller K. Physiotherapy in intensive care. Chest. 2013;144(3):825-47. doi: 10.1378/chest.12-2930.
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. A utilização da MP em crianças parece ser segura, eficaz e viável, constando como uma das metas de cuidados diários da UTIP 66. Cuello-Garcia CA, Mai SHC, Simpson R, Al-Harbi S, Choong K. Early Mobilization in Critically Ill Children: A Systematic Review. J Pediatr. 2018;203:25-33. doi: 10.1016/j.jpeds.2018.07.037.
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), (99. Choong K, Canci F, Clark H, Hopkins R, Kudchadkar S, Lati J, et al. Practice recommendations for early mobilization in critically ill children. J Pediatr Intensive Care. 2018;07(1):14-26. doi: 10.1055/s-0037-1601424.
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.

A utilização da MP em adultos está associada a menor tempo em ventilação mecânica e, consequentemente, menor tempo de permanência em UTI1010. Lai CC, Chou W, Chan KS, Cheng KC, Yuan KS, Chao CM, et al. Early mobilization reduces duration of mechanical ventilation and intensive care unit stay in patients with acute respiratory failure. Arch Phys Med Rehabil. 2016;98(5):931-9. doi: 10.1016/j.apmr.2016.11.007.
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. Apesar de todos os benefícios conhecidos da MP, ainda existem diversas barreiras na sua implementação na UTIP(¹¹).

Embora alguns estudos citem algumas barreiras, tais quais as dificuldades estruturais, barreiras culturais e limitações relacionadas à equipe de saúde e ao próprio paciente1111. Kayambu G, Boots R, Paratz J. Lactate and venoarterial carbon dioxide difference arterial-venous oxygen difference ratio, but not central venous oxygen saturation. Intensive Care Med. 2013;41(6):1543-54. doi: 10.1097/CCM.0b013e318275cece.
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, estudos prévios não sintetizam, especificamente, quais são as barreiras e a frequência com que estas dificultam a adesão a MP. Ainda, a investigação e síntese de potenciais facilitadores do uso da MP é de fundamental importância e pode contribuir para a implementação desses facilitadores e, consequente, suporte ao uso da MP nas UTIP. Dessa maneira, o o objetivo desta revisão foi avaliar sistematicamente a literatura sobre as barreiras e os facilitadores para que a MP seja efetivamente implementada na prática da UTIP.

METODOLOGIA

A recomendação Prisma foi utilizada para conduzir essa revisão sistemática, a qual foi prospectivamente registrada na plataforma International Prospective Register of Systematic Reviews - Prospero (CRD42020140379).

Estratégia de busca e seleção dos artigos

A busca foi realizada nas bases de dados MEDLINE® via PubMed®, Physiotherapy Evidence Database (PEDro), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Cochrane Library, Scientific Electronic Library Online (SciELO). Também foi realizada busca manual nas referências dos estudos publicados sobre o tema. A estratégia de busca compreendeu as palavras-chaves “critical illness”, “intensive care units”, “pediatric”, “rehabilitation”, “child”, “adolescente”, “barriers”, “early mobilisation” e suas combinações. Nenhum limite de data foi utilizado nas buscas e todos os estudos publicados em português, inglês e espanhol, desde a incepção das bases até abril de 2019 foram incluídos. A busca, seleção e avaliação dos artigos foi realizada entre abril e junho de 2019.

Critérios de inclusão e exclusão

Uma revisão sistemática de métodos mistos foi realizada incluindo quaisquer estudos experimentais ou não experimentais, sendo estes tanto estudos observacionais quanto ensaios clínicos randomizados e não randomizados (abordagem quantitativa), desde que avaliassem o uso da MP em crianças e adolescentes com idades entre 29 dias e 18 anos e que apresentassem o relato de pacientes, profissionais, cuidadores ou familiares (abordagem qualitativa) de barreiras e/ou facilitadores ao uso da MP na UTIP. Foram excluídos artigos que não citavam barreiras e/ou facilitadores, estudos do tipo revisão, diretrizes e abrangendo a população adulta e neonatal.

Extração dos dados

Os títulos e os resumos dos artigos identificados na estratégia de busca foram analisados por dois revisores independentes, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Na fase seguinte, os mesmos revisores realizaram a leitura completa dos artigos selecionados para a verificação dos critérios de elegibilidade de forma independente. Os artigos com informações insuficientes no resumo também foram selecionados para leitura na íntegra. As discordâncias entre os revisores foram resolvidas por consenso entre ambos.

Para determinar quais são as barreiras e facilitadores do uso da MP e estimar a frequência com que eles aparecem como tais nos estudos, dois autores extraíram as informações e transferiram-nas a um formulário padronizado contendo as seguintes informações: (1) Nome do autor e ano do estudo; (2) Tipo/Desenho do estudo; (3) Diagnóstico principal; (4) Detalhes a respeito da intervenção; (5) Informações a respeito das variáveis de interesse, sendo elas: (1) Barreiras para o uso da MP e (2) Facilitadores do uso da MP. Foram consideradas barreiras e faciltadores qualquer fator citado pelo autor que impedisse/dificultasse e contribuísse para a realização da MP, respectivamente, na UTIP.

Avaliação da qualidade metodológica

A análise crítica da metodologia dos estudos foi realizada por duas autoras (EPS e ACPNP), de forma independente e ambas não eram coautoras em nenhum dos artigos incluídos. Estudos observacionais foram avaliados utilizando a escala Newcastle Ottawa (ENO), por 2 revisores independentes, previamente treinados e qualificados1212. Wells G, Shea B, O'Connell D, Peterson J, Welch V, Losos M, et al. The Newcastle-Ottawa scale (NOS) for assessing the quality of non-randomized studies in meta-analysis [Internet]. 2014 [cited 2021 Sep 27]. Available from: https://bit.ly/3oiavlf
https://bit.ly/3oiavlf...
. A escala Newcastle Ottawa é recomendada pelo Ministério da Saúde em “Diretrizes Metodológicas” para avaliar estudos observacionais em Revisões Sistemáticas1313. Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes Metodológicas: Elaboração de revisão sistemática e metanálise de estudos observacionais comparativos sobre fatores de risco e prognóstico. Departamento de Ciência e Tecnologia. Brasília, DF; 2014. 130p.. Um estudo é avaliado em três grandes perspectivas: a seleção dos grupos de estudo (4 estrelas/pontos); a comparabilidade dos grupos (2 estrelas/pontos); e a determinação da exposição ou desfecho de interesse para estudos de caso-controle ou coorte (3 estrelas/pontos), respectivamente.

Ensaios clínicos randomizados (ECR) foram avaliados usando a ferramenta de avaliação do Risco de Viés da Cochrane, por 2 revisores independentes. A mesma é recomendada pela Cochrane1414. Higgins JPT, Thomas J, Chandler J, Cumpston M, Li T, Page MJ, Welch VA, editors. Cochrane handbook for systematic reviews of interventions [Internet]. Hoboken: Wiley; 2021 [cited 2021 Sep 27]. Available from: www.training.cochrane.org/handbook.
www.training.cochrane.org/handbook...
. A ferramenta inclui 7 domínios a serem avaliados: geração da sequência de randomização, sigilo da alocação, cegamento de participantes e equipe, cegamento na avaliação de desfecho, dados incompletos de desfechos, relato seletivo de desfechos e outras fontes de viéses. Para cada domínio da ferramenta de avaliação do risco de viés dos ECR, classifica-se alto, incerto ou moderado risco de viés.

Análise estatística

Os dados foram resumidos descritivamente em tabelas e gráficos usando contagens, proporções, médias e desvio padrão, ou medianas e variação interquartil, quando apropriado. O programa utilizado para as análises foi o statistical package for social sciences versão 20.0.

RESULTADOS

Foram encontrados um total de 356 artigos em base de dados e mais 2 em referência de estudos, totalizando 358 artigos, sendo que destes, foram removidos 32 por serem duplicados. Após análise do título e do resumo, restaram 27 para leitura na íntegra. Ao final, foram incluídos 13 relatos de 11 artigos (vide fluxograma - Figura 1). O coeficiente de concordância de Kappa entre os avaliadores na seleção dos estudos foi de 0.83. As características destes estudos estão sumarizadas na Tabela 1.

Figura 1
Fluxograma do estudo

Tabela 1
Características dos estudos incluídos

De acordo com os estudos encontrados, foram citadas 18 barreiras para realização da MP, sendo elas: número insuficiente de profissionais (69,2%), insegurança da equipe (61,5%), necessidade de consentimento dos pais/responsáveis e motivação da criança (53,8%), necessidade de ordem médica/prescrição e indisponibilidade de equipamentos (38,5%), falta de comunicação/conhecimento e instabilidade do paciente (30,8%), sedação inadequada e ausência de diretriz/consenso (23,1%), cultura de não aceitação (15,4%). Outras barreiras menos citadas (7,7%): idade e horário de sono do paciente, visitas não esperadas de familiares, paciente fora do leito, baixa gravidade do paciente, função motora basal normal e ordem médica de repouso no leito (Figura 2).

Figura 2
Barreiras para realização da mobilização precoce e frequência em que foram encontradas nos artigos.

Os facilitadores totalizaram 11, sendo eles: treinamento/educação da equipe (76,9%), instituição de diretriz/consenso (69,2%), influência de mudança cultural e diálogo com familiares (30,8%), sedação/analgesia adequadas, engajamento da equipe, protocolos individualizados e auxílio de outros profissionais e familiares (15,4%). Outros facilitadores menos citados (7,7%): uso de materiais de baixo custo, fisioterapeuta exclusivo para MP e autonomia do fisioterapeuta (Figura 3).

Figura 3
Facilitadores para realização da mobilização precoce e frequência que foram encontrados nos artigos.

O risco de viés dos estudos coortes e séries de casos foram avaliados de acordo com a ENO. O escore de qualidade variou de 3 a 5 para os estudos séries de casos, que é considerado de baixa a moderada qualidade. Os estudos coortes apresentaram escore 6 e 7, sendo considerados de alta qualidade. Quanto aos dois ECR, um estudo apresentou baixo risco de viés para todos os domínios, e o outro apresentou alto risco somente nos domínios “cegamento de participantes e profissionais” e “cegamento de avaliadores de desfecho”. Os dados estão descritos na Tabela 2.

Tabela 2
Avaliação metodológica dos estudos incluídos

DISCUSSÃO

Do nosso conhecimento, esta é a primeira revisão a atualizar as evidências sobre a necessidade da MP em pacientes pediátricos críticos, enfatizando as barreiras e os facilitadores para que a mesma seja realizada. Nossos resultados demonstraram que existem mais barreiras (18) do que facilitadores (11) para que ela ocorra de forma efetiva na UTIP.

As barreiras mais citadas foram número insuficiente de profissionais, insegurança da equipe, necessidade de consentimento dos pais/responsáveis, motivação da criança, necessidade de ordem médica/prescrição, indisponibilidade de equipamentos, falta de comunicação/conhecimento, instabilidade do paciente, sedação inadequada, ausência de diretriz/consenso, cultura de não aceitação. Para reverter isso, os facilitadores mais citados foram treinamento/educação da equipe, instituição de diretriz/consenso, influenciar a mudança cultural e diálogo com familiares, sedação/analgesia adequadas, engajamento da equipe/pesquisa, protocolos individualizados e auxílio de outros profissionais e familiares.

Estudos na população adulta também citam barreiras semelhantes2727. Barber EA, Everard T, Holland AE, Tipping C, Bradley SJ, Hodgson CL. Barriers and facilitators to early mobilisation in Intensive Care: a qualitative study. Aust Crit Care. 2015;28(4):177-82. doi: 10.1016/j.aucc.2014.11.001.
https://doi.org/10.1016/j.aucc.2014.11.0...
)- (2929. Fontela PC, Forgiarini LA, Friedman G. Clinical attitudes and perceived barriers to early mobilization of critically ill patients in adult intensive care units. Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(2):187-94. doi: 10.5935/0103-507X.20180037.
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. O estudo de Fontela, Forgiarini e Friedman2929. Fontela PC, Forgiarini LA, Friedman G. Clinical attitudes and perceived barriers to early mobilization of critically ill patients in adult intensive care units. Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(2):187-94. doi: 10.5935/0103-507X.20180037.
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, com a população brasileira nas Unidades de Cuidados Intensivos, corrobora com os achados do presente estudo ao relatar que as barreiras mais citadas foram indisponibilidade de profissionais na equipe e de tempo suficiente para mobilizar os pacientes rotineiramente, sedação excessiva, indisponibilidade de recursos físicos e sobrecarga de trabalho para equipe multidisciplinar.

Aquim et al. (33. Aquim EE, Marques W, Azeredo SG, Severo L, Alexandre R, Deucher DO, et al. Diretrizes Brasileiras de Mobilização Precoce em Unidade de Terapia Intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(4):434-43. doi: 10.5935/0103-507C.20190084.
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) encontraram barreiras diferentes e específicas em sua revisão com a população adulta, como instabilidade hemodinâmica, disfunção respiratória com uso de posição prona, alta fração inspirada de oxigênio e oxigenação por membrana extracorpórea. Essas barreiras para a MP ainda não foram citadas na população pediátrica, porém, poucos estudos abordaram essa temática.

Alguns critérios de segurança para iniciar a MP em pacientes adultos, sob ventilação mecânica, foram relatados por Conceição et al3131. Conceição TMA, Gonzáles AI, Figueiredo FCXS, Vieira DSR, Bündchen DC. Critérios de segurança para iniciar a mobilização precoce em unidades de terapia intensiva. Revisão sistemática. Rev Bras Ter Intensiva. 2017;29(4):509-19. doi:10.5935/0103-507X.20170076.
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. Os critérios cardiovasculares foram os mais citados, sendo que os paciente hemodinamicamente instáveis, ou seja, que necessitam de altas doses de vasopressores, não estão aptos a iniciar e nem a progredir a MP3232. Minhas MA, Velasquez AG, Kaul A, Salinas PD, Celi LA. Effect of protocolized sedation on clinical outcomes in mechanically ventilated intensive care unit patients. Mayo Clin Proc. 2015;90(5):613-23. doi: 10.1016/j.mayocp.2015.02.016.
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.

Dubb et al. (3030. Dubb R, Nydahl P, Hermes C, Schwabbauer N, Toonstra A, Parker AM, et al. Barriers and strategies for early mobilization of patients in intensive care units. Ann Am Thorac Soc. 2016;13(5):724-30. doi: 10.1513/AnnalsATS.201509-586CME.
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) revisaram este tema na população adulta e dividiram as barreiras de acordo com: pacientes, estrutura e cultura da UTI, e encontraram os fatores relacionados ao paciente como os mais potencialmente limitantes. Segundo o presente estudo, o mesmo não ocorre na população infantil, visto que os fatores relacionados à equipe e à cultura da UTI foram os destaques, já as barreiras relacionadas ao paciente, como instabilidade, foram relatadas em apenas 30,8% dos estudos. Fica claro que a diferença da população infantil para a adulta é uma questão cultural mais comumente relacionada à insegurança da equipe do que com a instabilidade do paciente.

Assim, estes autores supracitados citam facilitadores semelhantes aos encontrados nesta revisão, como reuniões multiprofissionais para educação e aprimoramento da comunicação da equipe, protocolos para MP, incluindo verificação da segurança do paciente após cada etapa da intervenção. Além disso, é sugerido orientar paciente e familiares, encorajá-los, e, possivelmente, contratar profissional especializado e materiais para prática de MP3030. Dubb R, Nydahl P, Hermes C, Schwabbauer N, Toonstra A, Parker AM, et al. Barriers and strategies for early mobilization of patients in intensive care units. Ann Am Thorac Soc. 2016;13(5):724-30. doi: 10.1513/AnnalsATS.201509-586CME.
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.

Cuello-Garcia et al. (66. Cuello-Garcia CA, Mai SHC, Simpson R, Al-Harbi S, Choong K. Early Mobilization in Critically Ill Children: A Systematic Review. J Pediatr. 2018;203:25-33. doi: 10.1016/j.jpeds.2018.07.037.
https://doi.org/10.1016/j.jpeds.2018.07....
) revisaram MP na pediatria, os protocolos e tempo de início, sem focar especificamente em barreiras e facilitadores. Dentro de protocolos citados foram encontradas algumas barreiras que corroboram com o presente estudo. Entre as principais barreiras estão: limitação de recursos físicos, necessidade de cooperação do paciente, sedação excessiva, e insegurança com MP expressa pelo pessoal de saúde e cuidadores/ familiares.

Dois interessantes estudos realizaram entrevistas com os profissionais de saúde acerca do tema3333. Joyce CL, Taipe C, Sobin B, Spadaro M, Gutwirth B, Elgin L, et al. Provider beliefs regarding early mobilization in the pediatric intensive care unit. J Pediatr Nurs. 2018;38:15-9. doi: 10.1016/j.pedn.2017.10.003.
https://doi.org/10.1016/j.pedn.2017.10.0...
), (3434. Choong K, Koo KKY, Clark H, Chu R, Thabane L, Burns KEA, et al. Early mobilization in critically Ill children: a survey of Canadian practice. Crit Care Med. 2013;41(7):1745-53. doi: 10.1097/CCM.0b013e318287f592.
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. Joyce et al. (3333. Joyce CL, Taipe C, Sobin B, Spadaro M, Gutwirth B, Elgin L, et al. Provider beliefs regarding early mobilization in the pediatric intensive care unit. J Pediatr Nurs. 2018;38:15-9. doi: 10.1016/j.pedn.2017.10.003.
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questionaram sobre as crenças e preocupações em relação a MP na população infantil e obtiveram resultados semelhantes a este estudo, evidenciando preocupações com a sobrecarga de trabalho da equipe, indisponibilidade de equipamento, nível de sedação do paciente, falta de conhecimento, treinamento e interesse da equipe multidisciplinar.

Choong et al. (3434. Choong K, Koo KKY, Clark H, Chu R, Thabane L, Burns KEA, et al. Early mobilization in critically Ill children: a survey of Canadian practice. Crit Care Med. 2013;41(7):1745-53. doi: 10.1097/CCM.0b013e318287f592.
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entrevistaram médicos e fisioterapeutas sobre as barreiras para realização da MP e obtiveram relatos que corroboraram com o presente estudo. Entre eles estão ausência de diretriz prática, ordem médica para iniciar a MP, indisponibilidade de equipamentos, espaço físico inadequado, instabilidade clínica do paciente, risco de deslocamento de dispositivos, atraso no reconhecimento médico sobre a necessidade da MP, preocupação da enfermagem com a segurança do paciente, nutrição e analgesia inadequada, excesso de sedação, comunicação ineficaz entre a equipe, número insuficiente de profissional. Além disso, esses dois estudos citados relataram a instituição de diretrizes e protocolos de MP como facilitadores a serem estabelecidos de forma rotineira na UTIP.

A escassez de recursos físicos e a sedação excessiva são barreiras que podem ser vencidas utilizando-se de recursos de baixo custo financeiro, associados a brincadeiras lúdicas que cursem com entretenimento e o despertar diário da sedação, minimizando o tempo de internação, e a mortalidade do paciente, causando menos abstinência, posteriormente3434. Choong K, Koo KKY, Clark H, Chu R, Thabane L, Burns KEA, et al. Early mobilization in critically Ill children: a survey of Canadian practice. Crit Care Med. 2013;41(7):1745-53. doi: 10.1097/CCM.0b013e318287f592.
https://doi.org/10.1097/CCM.0b013e318287...
. A insegurança dos profissionais pode ser diminuída com treinamento e instituição de protocolos, o que consequentemente reduziria a insegurança dos pais por estar frente a um profissional bem preparado para realizar a MP. Aquim et al. (33. Aquim EE, Marques W, Azeredo SG, Severo L, Alexandre R, Deucher DO, et al. Diretrizes Brasileiras de Mobilização Precoce em Unidade de Terapia Intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(4):434-43. doi: 10.5935/0103-507C.20190084.
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) também relataram que os eventos adversos relacionados a MP ocorrem em baixa frequência e são reversíveis com a interrupção da intervenção.

É sabido que a população pediátrica apresenta particularidades como a ampla faixa de idade cognitiva e de desenvolvimento, além, de muitas vezes, patologias prévias, principalmente deficiências funcionais de base. Apesar disso, neste estudo, a maioria das barreiras encontradas foram relacionadas a equipe multiprofissional e não diretamente ao paciente. Fato este que ressalta ainda mais a necessidade de novos ensaios clínicos, com faixa etária limitada e doenças específicas, que gerem protocolos visando a aceitação e o conhecimento da equipe multidisciplinar, e que respondam perguntas tais como “a equipe está preparada?”, “quais recursos são realmente necessários?”, “isto é possível na prática diária de UTIP?”.

As limitações deste estudo incluem a possibilidade de viés no processo de revisão, fato que pode ocorrer em qualquer revisão. Para evitar isso, executou-se de forma transparente as triagens, extração de dados e avaliação de risco de viés em duplicado e com um terceiro avaliador quando discrepâncias foram encontradas. Outra possível barreira deste estudo é a ampla variedade de diagnósticos de saúde incluídos, fato que se deve ao perfil misto encontrado nas UTIP.

Com base nesta revisão, conclui-se que existem ainda muitas barreiras que podem e devem ser quebradas na UTIP para que haja uma MP efetiva, porém, muitos facilitadores que já são conhecidos precisam ser implementados. Sabe-se que a MP é viável na UTIP e sua implementação beneficia a população pediátrica. Essa revisão ressalta que a MP ainda não é uma realidade na prática clínica majoritariamente por uma questão cultural relacionada à equipe do que por barreiras impostas pelo paciente. Para isso novos estudos são necessários, principalmente para instituição de diretrizes e protocolos a cerca do tema.

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  • 1
    Fonte de financiamento: nada a declarar

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Nov 2021
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2021

Histórico

  • Recebido
    01 Out 2020
  • Aceito
    10 Set 2021
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