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O PERIODISMO CIENTÍFICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA: PERIÓDICOS, INSTITUIÇÕES E INDEXADORES

EL PERIODISMO CIENTÍFICO DE LA EDUCACIÓN FÍSICA BRASILEÑA: REVISTAS, INSTITUCIONES E INDEXADORES

Resumo

Objetivou-se elaborar um panorama do periodismo científico da educação física brasileira, dentro das dinâmicas vigentes no campo acadêmico-científico. Buscou-se no Qualis Periódicos da CAPES dados disponíveis sobre os periódicos da educação física brasileira que tiveram seus sites acessados e analisados. Os dados passaram por análise de conteúdo, realizada com apoio do software MaxQDA®. Identificou-se 39 periódicos, com foco e escopo abrangendo diversos temas e objetos na educação física, implementados majoritariamente nas décadas de 1990 e 2000. Os periódicos têm como principal vínculo as instituições de ensino superior e as associações científicas e estão indexados com maior proporção no Google Scholar e Latindex, sendo que a minoria consta nas coleções dos indexadores mais disputados como Web of Science e Scopus. Percebe-se que o periodismo científico da educação física se encontra consolidado e seus periódicos compõe as dinâmicas internas deste campo acadêmico-científico.

Palavras-chave
Educação Física e Treinamento; Publicações Periódicas; Campo acadêmico-científico; Bases de Dados de Citações

Resumen

El objetivo fue elaborar un panorama del periodismo científico de la Educación Física brasileña, dentro de la dinámica actual en el campo académico-científico. Se buscaron datos disponibles en Qualis Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) sobre los periódicos brasileños de Educación Física, cuyos sitios web fueron consultados y analizados. Los datos fueron sometidos a análisis de contenido, el cual fue realizado con el apoyo del software MaxQDA®. Se identificaron 39 periódicos, con enfoque y alcance que abarcan diversos temas y objetos de la Educación Física, implementados en su mayoría en las décadas de 1990 y 2000. Su principal vínculo son las Instituciones de Educación Superior y las asociaciones científicas, están indexadas en mayor proporción en Google Scholar y Latindex, apareciendo una minoría en las colecciones de Web of Science y Scopus. Se observa que el grupo de periódicos científicos de Educación Física está consolidado y conforma la dinámica interna de este campo académico-científico.

Palabras clave
Educación y Entrenamiento Físico; Publicaciones Periódicas; Campo académico-científico; Bases de Datos Bibliográficas

Abstract

The objective was to elaborate an overview of Brazilian physical education scientific journals within the current dynamics in the academic-scientific field. In Qualis Periódicos of CAPES [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Coordination for Improvement of Higher Education Staff], we searched for data available on Brazilian physical education journals, whose websites were accessed and analyzed. The data underwent content analysis, performed with the support of the MaxQDA® software. 39 journals were identified, with a focus and scope covering various themes and objects in physical education, mostly implemented in the 1990s and 2000s. Journals have as their main link higher education institutions and scientific associations and they are indexed with a higher proportion in Google Scholar and Latindex, with a minority appearing in the collections of the most disputed indexers such as Web of Science and Scopus. It is perceived that the group of scientific journals of physical education is consolidated and they make up the internal dynamics of this academic-scientific field.

1 INTRODUÇÃO1 1 O artigo é um desdobramento da tese de NASCIMENTO, Oromar Augusto dos Santos. O periodismo científico da Educação Física brasileira: agentes, estruturas e disputas no processo de legitimação de um campo. 2022. 183 f. Tese (Doutorado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade de Brasília, Brasília, 2022.

A comunicação dos resultados de pesquisas é uma etapa essencial da ciência. Divulgar a produção é uma necessidade e uma exigência da comunidade científica, pois a validação do conhecimento passa necessariamente por uma avaliação dos pares em eventos, bancas, livros e periódicos científicos. Esses últimos são canais formais de comunicação científica que estabelecem ritos avaliativos, nos quais acontece a divulgação de conhecimento produzido e consumido por pesquisadores que validam aquilo que é publicado (VANZ; SILVA FILHO, 2019VANZ, Samile Andréa de Souza; SILVA FILHO, Rubes da Costa. O protagonismo das revistas na comunicação científica: histórico e evolução. In: CARNEIRO, Felipe Ferreira Barros; FERREIRA NETO, Amarílio; SANTOS, Wagner (org.). A comunicação científica em periódicos. Curitiba: Appris, 2019. p. 19–44.). Os primeiros periódicos datam do ano de 1655, com a criação do Journal de Scavans e da Philosophical Transactions, vinculados respectivamente a Academie des Sciences de Paris e a Royal Society of London (FERREIRA NETO, 2004FERREIRA NETO, Amarílio. Publicações periódicas científicas em Educação Física e esporte de instituições universitárias. In: DA COSTA, Lamartine (org.). Atlas do Esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Shape, 2004. p. 778–780. E-book.; SIEGELMAN, 1998SIEGELMAN, Stanley S. The genesis of modern science: contributions of scientific societies and scientific journals. Radiology, v. 208, n. 1, p. 9–16, 1998. DOI: https://doi.org/10.1148/RADIOLOGY.208.1.9646786.
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).

Lascurain (2019)LASCURAIN, Maria Luisa. Las revistas científicas, entre la crisis y las oportunidades. In: CARNEIRO, Felipe Ferreira Bastos; FERREIRA NETO, Amarílio; SANTOS, Wagner dos (org.). A comunicação científica em periódicos. Curitiba: Appris, 2019. p. 11–13. afirma que os periódicos científicos têm papel significativo na consolidação de disciplinas (ou áreas) da ciência, não só como meios de comunicação e divulgação de conhecimento sistematizado mas como partes fundamentais na formação de novos cientistas. Possuem duas funções primordiais: a viabilização da comunicação entre pares e a divulgação de conhecimento científico. Em áreas de conhecimento ainda incipientes (caso da educação física), outras duas funções adicionais lhes são atribuídas: a de contribuir para a legitimação da área de conhecimento e a de estabelecer critérios de qualidade das pesquisas (TANI, 2014TANI, Go. Editoracão de periódicos em Educação Física/Ciências do Esporte: dificuldades e desafios. Revista Brasileira de Ciencias do Esporte, v. 36, n. 4, p. 715–722, 2014. DOI: https://doi.org/10.1016/j.rbce.2014.11.003
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).

Nesse caminho, a educação física se estruturou e se consolidou enquanto campo acadêmico-científico no final do século XX e nas primeiras décadas do século XXI a partir de distintos modi operandi resultantes de suas dinâmicas internas (LAZZAROTTI FILHO et al., 2012LAZZAROTTI FILHO, Ari et al. Modus operandi da produção científica da educação física: uma análise das revistas e suas veiculações. Revista da Educação Física/UEM, v. 23, n. 1, p. 1–14, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/refuem/a/yXNdTpf7DdfYS3xyNYWzcCF/. Acesso em 14 fev. 2023.
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). Ditos modos guardam relação com as transformações pelas quais o campo passou para se legitimar e incorporar as práticas científicas, como a formação de novos pesquisadores em áreas correlatas, disputas por espaço na estrutura universitária brasileira e a valorização da divulgação e dos resultados de pesquisas em periódicos especializados (LAZZAROTTI FILHO; SILVA; MASCARENHAS, 2014LAZZAROTTI FILHO, Ari; SILVA, Ana Márcia; MASCARENHAS, Fernando. Transformações contemporâneas do campo acadêmico-científico da Educação Física no Brasil: novos habitus, modus operandi e objetos de disputa. Movimento, v. 20, n. esp., p. 67–80, 2014. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.48280
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), e está atrelada à pós-graduação stricto sensu e suas divisões epistemológicas (MANOEL; CARVALHO, 2011MANOEL, Edison de Jesus; CARVALHO, Yara Maria de. Pós-graduação na educação física brasileira: a atração (fatal) para a biodinâmica. Educação e Pesquisa, v. 37, n. 2, p. 389–406, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200012
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).

Nesse campo, os primeiros periódicos foram implementados nos anos de 1930 e coincidem com os movimentos sistemáticos de criação de cursos universitários, base da constituição acadêmica da educação física. Tinham caráter informativo, como a revista Educação Physica (1932-1945), cuja proposta editorial conciliava assuntos de atividade física, ginástica, esporte e saúde, destinados aos profissionais da área. Ao mesmo tempo, veiculava notícias, produtos e propagandas direcionadas ao público não-especializado (SCHNEIDER; TOLEDO, 2009SCHNEIDER, Omar; TOLEDO, Maria Rita de Almeida. A revista Educação Physica (1932-1945): fórmula editorial, prescrições educacionais, produtos e publicidade. Revista Brasileira de História da Educação, v. 9, n. 20, p. 193–229, 2009. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2238-00942009000200008&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 6 fev. 2023.
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).

Somente no final dos anos 1970 surgiram os primeiros periódicos científicos, veiculando textos acadêmicos de pesquisadores do campo. Após os anos 2000, houve a migração para plataformas de editoração eletrônicas e a consolidação de sistemas de avaliação institucionais (FERREIRA NETO, 2004FERREIRA NETO, Amarílio. Publicações periódicas científicas em Educação Física e esporte de instituições universitárias. In: DA COSTA, Lamartine (org.). Atlas do Esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Shape, 2004. p. 778–780. E-book.; LIMA; SILVA, 2009LIMA, Lana Ferreira de; SILVA, Reseane Patrícia de Souza e. Trajetória histórica da produção do conhecimento difundida nos periódicos da área da Educação Física no Brasil: 1930-2000. Diálogos e Interação, v. 2, 2009.).

Investigar os periódicos da educação física brasileira se mostra necessário, pois estudos anteriores evidenciaram que o campo tem periódicos com longevidade e reconhecimento (FERREIRA NETO, 2004FERREIRA NETO, Amarílio. Publicações periódicas científicas em Educação Física e esporte de instituições universitárias. In: DA COSTA, Lamartine (org.). Atlas do Esporte no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Shape, 2004. p. 778–780. E-book.; LAZZAROTTI FILHO, 2018LAZZAROTTI FILHO, Ari. O periodismo científico da Educação Física brasileira. Motrivivência, v. 30, n. 54, p. 35–50, 2018. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2018v30n54p35
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; LIMA; SILVA, 2009LIMA, Lana Ferreira de; SILVA, Reseane Patrícia de Souza e. Trajetória histórica da produção do conhecimento difundida nos periódicos da área da Educação Física no Brasil: 1930-2000. Diálogos e Interação, v. 2, 2009.). Ditos periódicos têm sido alvo de pesquisadores reconhecidos por ter grande produtividade no campo e que, independentemente da subárea à qual estão vinculados, veiculam parte de seus trabalhos em periódicos brasileiros (CARNEIRO; SANTOS; FERREIRA NETO, 2019CARNEIRO, Felipe Ferreira Barros; SANTOS, Wagner dos; FERREIRA NETO, Amarílio. Perfil das revistas científicas da Educação Física Brasileira: análise comparativa entre as ciências praticadas no campo. In: CARNEIRO, Felipe Ferreira Barros; SANTOS, Wagner dos; FERREIRA NETO, Amarílio (org.). A comunicação científica em periódicos. Curitiba: Appris, 2019. p. 347–383.), dado que reforça o argumento da legitimidade e qualidade de periódicos nacionais.

Diante do exposto, este artigo tem como objetivo elaborar um panorama do periodismo científico da educação física brasileira.

2 METODOLOGIA

Realizou-se uma pesquisa qualitativa seguindo três etapas: a exploratória, o trabalho de campo e a análise dos materiais obtidos (MINAYO; COSTA, 2019MINAYO, Maria Cecília de Souza; COSTA, António Pedro. Técnicas que fazem o uso da palavra, do olhar e da empatia. Aveiro: Ludomedia, 2019.). A fase exploratória compreendeu a elaboração do projeto de pesquisa e investimento teórico no tema; o trabalho de campo consistiu na coleta de dados em dois momentos, conforme a figura 1. No primeiro, realizou-se uma seleção de fonte estruturada que fornecesse um caminho para busca de periódicos. Recorreu-se ao Catálogo de Periódicos de Educação Física e Esporte (FERREIRA NETO et al., 2002FERREIRA NETO, Amarílio et al. Catálogo de periódicos de Educação Física e Esporte (1930-2000). Vitória: Proteoria, 2002.), uma publicação do grupo PROTEORIA, lançado em 2002, em um trabalho de compilação de todos os textos publicados em 36 periódicos da Educação Física no período de 1932 a 2000.

Figura 1
Esquema metodológico da pesquisa

Devido à limitação temporal do catálogo, recorreu-se adicionalmente ao Qualis Periódicos da Plataforma Sucupira, a partir da área de avaliação “Educação Física”, como forma de complementação e expansão dos dados. Nesse processo, percebeu-se que todos os 13 periódicos ativos que constavam no catálogo também estavam listados no Qualis Periódicos, que se tornou então a fonte primária de busca e delimitação da pesquisa.

Para delimitação dos periódicos da educação física brasileira, em junho de 2021, acessou-se a Qualis Periódicos e obteve-se a lista de todos os periódicos classificados na área da educação física do Quadriênio 2013-2016, disponíveis para download em planilha .xls, e iniciou-se o processo de estudo de dita planilha, que continha três colunas: “ISSN”, “Título” e “Estrato”, além de 2218 registros ordenados alfabeticamente.

Pesquisou-se o ISSN e título de cada periódico no buscador Google e cada um dos registros passou por verificação considerando cinco indicadores que validariam a pertinência do periódico ao estudo: a) periódico brasileiro; b) foco e escopo do periódico; c) vínculo institucional, ou seja, se pertence a alguma faculdade, curso de pós-graduação ou associação científica que mantém relação com uma ou mais subáreas da educação física, conforme proposta anunciada no ensaio de Manoel e Carvalho (2011)MANOEL, Edison de Jesus; CARVALHO, Yara Maria de. Pós-graduação na educação física brasileira: a atração (fatal) para a biodinâmica. Educação e Pesquisa, v. 37, n. 2, p. 389–406, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200012
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; d) vínculo institucional do(a) editor(a)-chefe do periódico, suas linhas e temas de pesquisa e formação anterior, a partir das informações presentes em seu currículo na Plataforma Lattes; e) artigos publicados no último ano pelo periódico, tentando identificar seus temas.

Após aplicação dos cinco indicadores, remanesceram 59 registros. Realizou-se exclusão dos periódicos duplicados e/ou inativos e restaram 41 periódicos. Um novo processo de exclusão foi realizado, removendo-se dois periódicos que têm como características a publicação exclusiva de anais de congresso. Tais periódicos se mostram apenas como repositórios de artigos, sem uma política editorial clara e independente.

No segundo momento, esses 39 periódicos (listados no material suplementar) foram analisados no intuito de delimitar as temáticas que publicam a partir das informações de foco e escopo, ano de criação e seus vínculos institucionais. Utilizou-se o plugin Web Collector do software MaxQDA®, instalado no navegador de internet, que possibilitou o download das páginas dos periódicos que continham as informações necessárias. As páginas foram importadas para o software, agrupadas segundo o periódico, e passaram por verificação seguida por categorização mista, que combina a categorização a partir de códigos elaborados a priori e a posteriori, conforme exposto por Amado, Costa e Crusoé (2017)AMADO, João; COSTA, António Pedro; CRUSOÉ, Nilma. Procedimentos de análise de dados. In: AMADO, João (org.). Manual de investigação qualitativa em Educação. 3. ed. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2017. p. 301–354.. A categorização apriorística dos periódicos a partir do seu foco e escopo foi adaptada a partir do exposto em Lazzarotti Filho (2018)LAZZAROTTI FILHO, Ari. O periodismo científico da Educação Física brasileira. Motrivivência, v. 30, n. 54, p. 35–50, 2018. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2018v30n54p35
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, agrupando-se os periódicos em três grupos distintos: generalistas, temáticos e por corte de área.

3 FOCO E ESCOPO DOS PERIÓDICOS CIENTÍFICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA

Foco e escopo correspondem ao local onde há a indicação explícita e acurada do que o referido periódico publica como áreas, temas, objetos e assuntos. Nesse item são apresentadas “informações breves sobre o objetivo da publicação, informando a área do conhecimento e a natureza das contribuições” (SABADINI; SAMPAIO; NASCIMENTO, 2009SABADINI, Aparecida Angélica Zoqui Paulovic; SAMPAIO, Maria Imaculada Cardoso; NASCIMENTO, Maria Marta. Preparando um periódico científico. In: SABADINI, Aparecida Angélica Zoqui Paulovic; SAMPAIO, Maria Imaculada Cardoso; KOLLER, Sílvia Helena (org.). Publicar em Psicologia: um enfoque para a revista científica. São Paulo: Associação Brasileira de Editores Científicos / Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, 2009. p. 35–76., p. 47).

Conforme delimitado por Lazzarotti Filho (2018)LAZZAROTTI FILHO, Ari. O periodismo científico da Educação Física brasileira. Motrivivência, v. 30, n. 54, p. 35–50, 2018. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2018v30n54p35
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, realizou-se uma categorização dos 39 periódicos2 2 Apenas a revista “Coleção Pesquisa em Educação Física” não foi contemplada na classificação por não ter apresentado em seu site elementos que permitissem inferir seu foco e escopo. em três grupos: generalistas (14), temáticos (19), corte de área (5), conforme a figura 2 (na próxima página).

Figura 2
Classificação dos periódicos segundo seu Foco e Escopo

Os 14 periódicos classificados como generalistas estabelecem diálogo com todas as subáreas da educação física (MANOEL; CARVALHO, 2011MANOEL, Edison de Jesus; CARVALHO, Yara Maria de. Pós-graduação na educação física brasileira: a atração (fatal) para a biodinâmica. Educação e Pesquisa, v. 37, n. 2, p. 389–406, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200012
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); eles têm em seu foco e escopo maior amplitude temática, publicando diferentes artigos dentro da diversidade que compõe o campo. Em muitos casos, tais periódicos não especificam temas, recortes ou objetos de estudo, apenas mencionam a veiculação da produção científica em termos gerais, como “Educação Física”, “Ciências do Esporte”, “Ciências do Exercício”, etc..

Os 19 periódicos identificados como temáticos correspondem àqueles que apresentam uma verticalização em temas específicos. Podem ser compreendidos como um reflexo do desenvolvimento do campo que, ao se especializar, possibilitou um avanço temático e expansão de seus interesses, ao mesmo tempo em que se expandiu e se aproximou de outras áreas do conhecimento. Alguns desses periódicos estão nas “fronteiras do campo” (VAZ, 2003VAZ, Alexandre Fernandez. Educação do corpo, conhecimento, fronteiras. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 24, n. 2, p. 161–172, 2003. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/364/318 Acesso em: 31 ago. 2023.
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), na interface com temas de interesse de áreas como a medicina, educação, fisioterapia, nutrição, lazer, etc. Tal pluralidade pode ser um elemento que demostra que as fronteiras da educação física se expandiram, ainda que em alguma medida o embate com outros campos aconteça de forma mais direta.

Os cinco periódicos com corte de área representam um movimento de afirmação acerca de um entendimento sobre educação física. Notoriamente, todos dessa classificação dialogam com as ciências humanas e sociais, delimitando seus interesses em trabalhos que são desenvolvidos a partir da proximidade com conhecimentos advindos de atividades epistemológicas específicas (LAZZAROTTI FILHO, 2018LAZZAROTTI FILHO, Ari. O periodismo científico da Educação Física brasileira. Motrivivência, v. 30, n. 54, p. 35–50, 2018. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2018v30n54p35
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). Acerca dessa categorização, destaca-se que não se almeja reduzir a discussão sobre a epistemologia no campo como uma questão de áreas e/ou disciplinas. Tal processo é mais complexo e demanda uma análise relacionada com a própria lógica de pensar o conhecimento e sua origem enquanto fenômeno produzido pelas ações humanas.

Nesse sentido, temos como norte aquilo que Fensterseifer (2010FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo. Educação Física: atividade epistemológica e objetivismo. Filosofia e Educação, v. 2, n. 2, p. 99–110, 2010. DOI: https://doi.org/10.20396/RFE.V2I2.8635493
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, 2019)FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo. Atividade Epistemológica. In: GONZÁLEZ, Fernando Jaime; FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo (org.). Dicionário Crítico de Educação Física. 3. ed. rev. e ampl. Ijuí: Editora Unijuí, 2019. p. 53–57. chama de atividade epistemológica no campo, ou seja, aquilo que se relaciona com as diversas formas de pensar e produzir conhecimento a partir das origens dos objetos, temas e interesses que permeiam a educação física no movimento de diálogo com outros campos, constituindo a dinâmica de uma área que é múltipla e diversa.

A maior parte dos periódicos deste estudo são temáticos, ou seja, se debruçam sobre elementos específicos dentro do campo, um movimento que evidencia a legitimação de temas e objetos. Conforme Bourdieu (1983)BOURDIEU, Pierre. O campo científico. In: ORTIZ, Renato (org.). Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática, 1983. p. 122–157., tais processos não acontecem ao acaso mas são frutos de disputas internas que têm como motor a busca por um lucro simbólico, na qual os pesquisadores se concentram em problemas considerados relevantes dentro da lógica do campo.

O reflexo dessas ações pode ser vislumbrado com o avanço de determinados temas que, a depender da estrutura vigente, fomentam a criação de novos veículos de divulgação do produto científico, como os anais de congressos, livros e artigos. Nesse sentido, o modelo de ranqueamento da produção científica, ou seja, sua estratificação em pontos e a valoração da produtividade em pesquisa, colaborou com o acirramento das disputas internas do campo, muitas vezes condicionadas por uma perspectiva disciplinar que desconsidera a propriedade altamente relacional da própria área da educação física (RIGO; RIBEIRO; HALLAL, 2012RIGO, Luis Carlos; RIBEIRO, Gabriela; HALLAL, Pedro. Unidade na diversidade: desafios para a Educação Física no século XXI. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 16, n. 4, p. 339–345, 2012. Disponível em: https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/631. Acesso em: 10 ago. 2020.
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). A busca por saídas desse embate pode ter influenciado a implementação de novos periódicos, reflexos da atividade epistemológica do campo, na lógica de produção e legitimação de saberes e seus arranjos internos (FENSTERSEIFER, 2010FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo. Educação Física: atividade epistemológica e objetivismo. Filosofia e Educação, v. 2, n. 2, p. 99–110, 2010. DOI: https://doi.org/10.20396/RFE.V2I2.8635493
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, 2019)FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo. Atividade Epistemológica. In: GONZÁLEZ, Fernando Jaime; FENSTERSEIFER, Paulo Evaldo (org.). Dicionário Crítico de Educação Física. 3. ed. rev. e ampl. Ijuí: Editora Unijuí, 2019. p. 53–57..

A produtividade exacerbada de artigos e a exigência cada vez maior desse tipo de publicação por parte do(a)s pesquisadore(a)s que constituem o campo acadêmico-científico (MANOEL; CARVALHO, 2011MANOEL, Edison de Jesus; CARVALHO, Yara Maria de. Pós-graduação na educação física brasileira: a atração (fatal) para a biodinâmica. Educação e Pesquisa, v. 37, n. 2, p. 389–406, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200012
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; SILVA; GONÇALVES-SILVA; MOREIRA, 2014SILVA, Junior Vagner Pereira da; GONÇALVES-SILVA, Luiza Lana; MOREIRA, Wagner Wey. Produtivismo na pós-graduação. Nada é tão ruim, que não possa piorar. É chegada a vez dos orientandos!. Movimento, v. 20, n. 4, p. 1423–1445, 2014. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.46187
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) também pode ser compreendida como um elemento que aumenta a demanda por novos periódicos que dão vazão ao volume de artigos produzidos.

Observa-se no gráfico 1 que o processo histórico de constituição dos periódicos contidos neste estudo remonta à década de 1930, especificamente o ano de 1932, com a publicação da Revista de Educação Física da Escola de Educação Física do Exército3 3 Trata-se do periódico mais antigo deste estudo, mesmo tendo passado por mudanças em sua política editorial e interrupções em periodicidade. Desde 2014 é editado pelo Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx) e têm mantido a periodicidade em dia, atualmente denominada de Revista de Educação Física/ Journal of Physical Education. Não confundir com o Journal of Physical Education correspondente à antiga Revista da Educação Física da Universidade Estadual de Maringá. . Porém, a década de 1930 pode ser considerada aquela na qual o campo começa a estabelecer mecanismos próprios de seleção e formação de pessoal, ainda que com forte subordinação aos campos médicos e pedagógicos, e a Revista de Educação Física do Exército se mostra como uma materialização desse processo, pois publicavam textos de agentes com distintas posições (PAIVA, 2004PAIVA, Fernanda Simone Lopes de. Notas para pensar a educação física a partir do conceito de campo. Perspectiva, v. 22, n. esp., p. 51–82, 2004. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/10337. Acesso em: 24 jul. 2018.
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).

Gráfico 1
Quantidade de periódicos implementados por década

Naquele período o caráter científico dos textos era incipiente, e se tornou mais acentuado nos periódicos implementados na segunda metade do século XX. Isto é percebido ao se constatar que em 1979 o Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE) veiculou o primeiro volume da Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE), publicada ininterruptamente desde seu lançamento. Trata-se, portanto, do periódico científico mais longevo da Educação Física brasileira (LAZZAROTTI FILHO, 2018LAZZAROTTI FILHO, Ari. O periodismo científico da Educação Física brasileira. Motrivivência, v. 30, n. 54, p. 35–50, 2018. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2018v30n54p35
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).

Observa-se no gráfico 1 que a maior parte dos periódicos foram implementados4 4 Conforme delimitado na seção metodológica, estes resultados referem-se somente aos periódicos em atividade. Portanto, existem outros periódicos que foram criados e tiveram circulação nas décadas presentes no gráfico 1 mas que não entraram no estudo. nas décadas de 1990 (10) e 2000 (15). Nesse período a Educação Física havia passado e ainda sentia os reflexos dos debates acerca de sua identidade, desde o Movimento Renovador da década de 1980, a expansão da pesquisa e pós-graduação nas décadas de 1990 e 2000 (BRACHT, 2010BRACHT, Valter. A Educação Física brasileira e a crise da década de 1980: entre a solidez e a liquidez. In: MEDINA, João Paulo Subirá (org.). A Educação Física cuida do corpo...e “mente”. 25. ed. Campinas: Papirus, 2010. p. 99–116.; LIMA; SILVA, 2009LIMA, Lana Ferreira de; SILVA, Reseane Patrícia de Souza e. Trajetória histórica da produção do conhecimento difundida nos periódicos da área da Educação Física no Brasil: 1930-2000. Diálogos e Interação, v. 2, 2009.; LOVISOLO, 1998LOVISOLO, Hugo Rodolfo. A paisagem das tribos da Educação Física. Lecturas: Educación Física y Deportes, v. 3, n. 12, 1998. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd12/hlov1.htm. Acesso em: 14 fev. 2023.
https://www.efdeportes.com/efd12/hlov1.h...
; MEDINA, 2007MEDINA, João Paulo Subirá. A educação física cuida do corpo e...”mente”: bases para a renovação e transformação da educação física. 22. ed. Campinas: Papirus, 2007.) e a solidificação do modus operandi científico (LAZZAROTTI FILHO et al., 2012LAZZAROTTI FILHO, Ari et al. Modus operandi da produção científica da educação física: uma análise das revistas e suas veiculações. Revista da Educação Física/UEM, v. 23, n. 1, p. 1–14, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/refuem/a/yXNdTpf7DdfYS3xyNYWzcCF/. Acesso em 14 fev. 2023.
https://www.scielo.br/j/refuem/a/yXNdTpf...
; LAZZAROTTI FILHO; SILVA; MASCARENHAS, 2014LAZZAROTTI FILHO, Ari; SILVA, Ana Márcia; MASCARENHAS, Fernando. Transformações contemporâneas do campo acadêmico-científico da Educação Física no Brasil: novos habitus, modus operandi e objetos de disputa. Movimento, v. 20, n. esp., p. 67–80, 2014. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.48280
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).

Pode-se explicar parcialmente o aumento do número de periódicos na década de 1990 como um desdobramento dos avanços tecnológicos nas comunicações, que ofereceram maior agilidade e facilidades ao processo editorial, especificamente nas etapas de elaboração, envio e recebimento de artigos para avaliação e publicação, essa última ainda impressa (FERREIRA NETO; NASCIMENTO, 2002FERREIRA NETO, Amarílio; NASCIMENTO, Ana Claudia Silverio. Periódicos científicos da Educação Física: proposta de avaliação. Movimento, v. 8, n. 2, p. 35–49, 2002. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.2641
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). Por outro lado, a referida década refletiu em partes o desenrolar das disputas do campo, com seis novos periódicos generalistas e quatro novos periódicos temáticos.

A década de 2000 teve alguns marcos para a educação física, dentre elas a consolidação de diversas mudanças na estrutura da pós-graduação brasileira ocorridas da década de 1990 (MANOEL; CARVALHO, 2011MANOEL, Edison de Jesus; CARVALHO, Yara Maria de. Pós-graduação na educação física brasileira: a atração (fatal) para a biodinâmica. Educação e Pesquisa, v. 37, n. 2, p. 389–406, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022011000200012
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). Esse processo mesclou elementos das disputas ocorridas nas décadas de 1970 e 1980, com a perfusão de diálogos e debates relacionados a perspectivas pedagógicas, sociológicas e filosóficas sobre corpo, esporte, movimento e cultura, desafiando as perspectivas hegemônicas vigentes, consolidando pesquisadores, grupos de pesquisa e abordagens teóricas mais ligadas às ciências humanas e sociais (LAZZAROTTI FILHO; SILVA; MASCARENHAS, 2014LAZZAROTTI FILHO, Ari; SILVA, Ana Márcia; MASCARENHAS, Fernando. Transformações contemporâneas do campo acadêmico-científico da Educação Física no Brasil: novos habitus, modus operandi e objetos de disputa. Movimento, v. 20, n. esp., p. 67–80, 2014. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.48280
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; SILVEIRA; STIGGER; MYSKIW, 2019SILVEIRA, Raquel da; STIGGER, Marco Paulo; MYSKIW, Mauro. Multiplicando as ciências: um estudo etnográfico sobre fazeres científicos da Educação Física. Movimento, v. 25, n. 1, p. 25019, 2019. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.82693
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).

A implementação do Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER) foi outro marco dos anos 2000, uma vez que o software livre com customizações, disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) foi adotado pelos periódicos (LAZZAROTTI FILHO, 2018LAZZAROTTI FILHO, Ari. O periodismo científico da Educação Física brasileira. Motrivivência, v. 30, n. 54, p. 35–50, 2018. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2018v30n54p35
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; SILVA; PIRES, 2014SILVA, Mauricio Roberto da; PIRES, Giovani de Lorenzi. Motrivivência, 25: registros de uma trajetória, perspectivas de continuidade. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 36, n. 4, p. 780–789, 2014. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2014.11.012
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; STIGGER; FRAGA; MOLINA NETO, 2014STIGGER, Marco Paulo; FRAGA, Alex Branco; MOLINA NETO, Vicente. Os editoriais contam histórias: experiências do ofício de editor na revista Movimento. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 36, n. 4, p. 790–801, 2014. DOI: https://doi.org/10.1016/j.rbce.2014.11.013
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). Tal processo foi um elemento transformador da dinâmica da gestão editorial e da veiculação de artigos, uma vez que o formato digital e online oferece maior alcance e permeabilidade, ainda que algumas publicações tenham mantido concomitantemente o formato impresso.

Além da implementação de novos periódicos, ressalta-se a dinâmica de mudança de foco e escopo de duas publicações em direção às ciências humanas e sociais. A mudança do escopo da Movimento no ano de 2003, nove anos após sua criação, reforça o argumento sobre uma demarcação referente ao entendimento das dinâmicas que movem o campo acadêmico-científico da educação física. Stigger, Fraga e Molina Neto (2014)STIGGER, Marco Paulo; FRAGA, Alex Branco; MOLINA NETO, Vicente. Os editoriais contam histórias: experiências do ofício de editor na revista Movimento. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 36, n. 4, p. 790–801, 2014. DOI: https://doi.org/10.1016/j.rbce.2014.11.013
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dão pistas desse processo ao retratar o percurso histórico do periódico, que em 1994 havia sido criado com perspectiva próxima aos estudos realizados nos âmbitos sociais, culturais, filosóficos e políticos que permeavam a educação física mas também recebia contribuições de artigos próximos às vertentes das ciências biológicas.

Em caminho semelhante ao realizado pela Movimento, no ano de 2019 a Pensar a Prática também realizou alteração em seu foco e escopo, reforçando a proximidade com as subáreas sociocultural e pedagógica da educação física. Decisão que visou estabelecer laços ainda mais fortes com as dimensões socioculturais e pedagógicas da Educação Física, tornando o periódico um local de interesse dessa comunidade científica em específico (RODRIGUES, 2019RODRIGUES, Heitor de Andrade. Editorial. Pensar a Prática, v. 22, 2019. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/57939. Acesso em: 4 nov. 2021.
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/...
).

Para além do campo acadêmico-científico, o referido período também proporcionou expansão no campo da formação e atuação profissional, um reflexo da criação de novos cursos de Educação Física, cujo crescimento foi acentuado no período 1995-2015 (BROCH et al., 2020BROCH, Caroline et al. A expansão da Educação Física no ensino superior brasileiro. Journal of Physical Education, v. 31, n. 1, p. 3143, 2020. DOI: https://doi.org/10.4025/JPHYSEDUC.V31I1.3143
https://doi.org/10.4025/JPHYSEDUC.V31I1....
). Nas duas últimas décadas do século XX houve franca ampliação das possibilidades de inserção no mercado de trabalho, alcançando outros serviços além da atuação majoritária na educação formal, com o aumento de ofertas no campo esportivo e de lazer (FONSECA; SOUZA NETO, 2020FONSECA, Rubiane Giovani; SOUZA NETO, Samuel. Educação Física, profissionalização e mercado de trabalho: uma análise sobre o projeto profissional. Movimento, v. 26, n. 1, 2020. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.98699.
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).

Conforme Proni (2010)PRONI, Marcelo Weishaupt. Universidade, profissão Educação Física e o mercado de trabalho. Motriz, v. 16, n. 3, 2010. DOI: https://doi.org/10.5016/1980-6574.2010v16n3p788
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o alargamento do campo acadêmico-científico tem proximidades com a elevação da oferta de formação profissional na área, que é diretamente afetada pelo crescimento na demanda de serviços e ampliação do mercado de trabalho para os egressos dos cursos de Educação Física. As Instituições de Ensino Superior (IES) que oferecem formação profissional por vezes também se dedicam à pesquisa, destacadamente as universidades, e concentram parte significativa da produção intelectual do Brasil. Nesse cenário, avanços no campo da pesquisa, formação profissional e pós-graduação se imbricaram.

4 VÍNCULO INSTITUCIONAL DOS PERIÓDICOS CIENTÍFICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA

O vínculo institucional que os periódicos estabelecem com IES e associações científicas pode ser um indicador do cenário exposto anteriormente, visto que a inserção de um periódico em cursos, departamentos ou mesmo instituições de ensino evidencia um caráter de divulgação de produtos oriundos da atividade científica. Por outro lado, a criação de periódicos por associações científicas demonstra que há demanda de vazão da produção originada dentro e fora delas. Ditas associações representam agentes do campo científico, organizados em formato de grupo, cuja afinidade se dá na relação entre temas, objetos, assuntos que permeiam o campo. No gráfico 2 há a exposição dos vínculos institucionais dos 39 periódicos.

Gráfico 2
Tipo de instituição a qual os periódicos estão vinculados

Destaca-se que 13 periódicos estão vinculados a 10 associações científicas que mantém relação com a educação física. Trata-se de sociedades, colégios e associações que têm nos periódicos canais de divulgação do conhecimento produzido tanto por seus membros quanto por não-membros que decidam publicar seus artigos devido ao prestígio do periódico e/ou proximidade temática. A maioria (11 dos 13) são temáticos, uma vez que apenas a RBCE possui escopo generalista, e a Revista da ALESDE tem seu foco e escopo direcionado para abordagens socioculturais do esporte. Tal dado permite compreender outro aspecto da diversificação e desenvolvimento do campo acadêmico-científico da educação física, nomeadamente a presença de distintos grupos organizados a partir de temas e objetos de pesquisa que perpassam o campo e os periódicos.

As associações científicas implementaram seus periódicos principalmente na década de 2000 (7 dos 13), o que corrobora os dados apresentados anteriormente no gráfico 01 no que toca à criação majoritária de periódicos temáticos nessa década. Para além do exposto, pode-se inferir que a existência de 10 associações distintas é um dos indicativos do processo de expansão do campo científico da educação física, uma vez que representam a conexão de pesquisadore(a)s em torno de objetos, temas, teorias em comum.

Ressalta-se que tais periódicos mantém algum vínculo com as IES, pois podem ter em seu corpo editorial professores e professoras que atuem no ensino superior. Isso pode oferecer algum suporte institucional para o(a) editor(a) ou mesmo garantir alguma condição de trabalho que permita o exercício da função editorial, ainda que de maneira voluntária.

Outros 23 periódicos têm como principal vínculo as IES, em grupos de estudos e pesquisa, cursos, departamentos, faculdades. Isso implica em um processo de conexão direta entre instituições que realizam a formação profissional e a produção/ veiculação do conhecimento. Esses periódicos estão vinculados a 21 universidades e 1 faculdade (a Escola Superior de Educação Física de Jundiaí, à qual somente a Pulsar é vinculada).

O gráfico 3 demonstra a quantidade de periódicos agrupados por categoria administrativa das IES e expressa um cenário no qual as universidades públicas se mostram como principais instituições de suporte para os periódicos estudados, além de reforçar a perspectiva de que o periodismo científico no Brasil está fortemente atrelado à estrutura universitária, majoritariamente dedicada à formação acadêmico-profissional, em especial aquela mantida com recursos públicos (JOB, 2013JOB, Ivone. Gestão editorial das revistas brasileiras do campo de Educação Física e Ciências do Esporte. 143 f. 2013. Tese (Doutorado em Ciências do Movimento Humano) – Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.; JOB et al., 2019JOB, Ivone et al. Editoração de revistas científicas na Educação Física brasileira: desafios dos editores em vista da qualificação e do prestígio. In: CARNEIRO, Felipe Ferreira Barros; FERREIRA NETO, Amarílio; SANTOS, Wagner dos (org.). A comunicação científica em periódicos. Curitiba: Appris, 2019. p. 261–309.; LAZZAROTTI FILHO, 2018LAZZAROTTI FILHO, Ari. O periodismo científico da Educação Física brasileira. Motrivivência, v. 30, n. 54, p. 35–50, 2018. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2018v30n54p35
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).

Gráfico 3
ategoria administrativa da IES à qual os periódicos se vinculam

Os dados também demonstram vínculos com a formação, tanto na graduação quanto na pós-graduação, de modo que os periódicos possam expressar o cenário no qual há o entrelaçamento do viés formativo das IES com a produção científica. Não é ao acaso que os periódicos vinculados às instituições de ensino começaram a ser implementados na década de 1980, o que coincide, principalmente, com a implementação dos primeiros cursos de pós-graduação stricto senso no campo (BRACHT, 2015BRACHT, Valter. Educação Física, método científico e reificação. In: STIGGER, Marco Paulo (org.). Educação Física + Humanas. Campinas: Autores Associados, 2015. p. 1–21.; FERREIRA NETO, 2004; LIMA; SILVA, 2009LIMA, Lana Ferreira de; SILVA, Reseane Patrícia de Souza e. Trajetória histórica da produção do conhecimento difundida nos periódicos da área da Educação Física no Brasil: 1930-2000. Diálogos e Interação, v. 2, 2009.).

Nesse sentido, a presença dos periódicos em estruturas organizacionais que permitam a sua divulgação para além do próprio campo da educação física, bem como possibilitam seu acesso em distintas localidades e idiomas, pode se mostrar um indicador de um processo de desenvolvimento das práticas editoriais.

5 A INDEXAÇÃO DOS PERIÓDICOS CIENTÍFICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA

As bases de dados são elementos organizadores de informação, que, além de sua função de armazenamento, possibilitam a extração de novos indicadores e análises a partir de critérios pré-determinados e específicos para cada busca, cujos resultados são recuperados de maneira eficiente e precisa (MUGNAINI, 2003MUGNAINI, Rogério. A bibliometria na exploração de bases de dados: a importância da Linguística. Transinformação, v. 15, n. 1, p. 45–52, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tinf/a/JX5JCvjgFQVKmQ4KRqDxwfw/?lang=pt. Acesso em: 14 fev. 2023.
https://www.scielo.br/j/tinf/a/JX5JCvjgF...
; MUGNAINI; PIO; PAULA, 2019MUGNAINI, Rogério; PIO, Liliane Aparecida Sanches; PAULA, Angélica de Souza alves de. A comunicação científica em periódicos no Brasil: índices de citação indexadores e indicadores bibliométricos na avaliação da ciência. In: CARNEIRO, Felipe Ferreira Barros; FERREIRA NETO, Amarílio; SANTOS, Wagner dos (org.). A comunicação científica em periódicos. Curitiba: Appris, 2019. p. 233–273.).

A indexação nas bases de dados tem se mostrado uma demanda constante no cotidiano dos periódicos. Elas garantem o armazenamento, o tratamento e a preservação das informações e facilitam a geração de dados de uso da literatura com uma certa visibilidade nacional e internacional, além de validar parcialmente o periódico, na medida em que bases mais concorridas têm critérios de entrada e permanência mais disputados (JOB et al., 2019JOB, Ivone et al. Editoração de revistas científicas na Educação Física brasileira: desafios dos editores em vista da qualificação e do prestígio. In: CARNEIRO, Felipe Ferreira Barros; FERREIRA NETO, Amarílio; SANTOS, Wagner dos (org.). A comunicação científica em periódicos. Curitiba: Appris, 2019. p. 261–309.).

Tal processo pode ser percebido na existência de requisitos mínimos, como adesões a programas editoriais e de ética, exigências de determinados idiomas na publicação, diversificação do quadro editorial e políticas de arquivamento e preservação digital dos acervos (PADULA, 2019PADULA, Danielle. Indexação de periódicos: Padrões essenciais e porque são importantes. SciELO em Perspectiva, 2019. Disponível em: https://blog.scielo.org/blog/2019/08/28/indexacao-de-periodicos-padroes-essenciais-e-porque-sao-importantes/#.YmiKd9rMJPZ. Acesso em: 26 abr. 2022.
https://blog.scielo.org/blog/2019/08/28/...
).

Nesse sentido, os 39 periódicos que compõe este estudo informam em seus sites a adesão a diversas bases de dados e catálogos, muitas vezes sem diferenciá-los ou listando-os de maneira genérica. Para fins analíticos, optou-se por identificar nesses periódicos a pertinência ao grupo de indexadores e catálogos considerados por Job (2013)JOB, Ivone. Gestão editorial das revistas brasileiras do campo de Educação Física e Ciências do Esporte. 143 f. 2013. Tese (Doutorado em Ciências do Movimento Humano) – Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013., nomeadamente: Web of Science, Scopus, Medline, SPORTDiscuss, SciELO e LILACS.

Além desses, listou-se outros indexadores considerados no Qualis Periódicos 2013-2016: CINAHL, Redalyc, Latindex (RODACKI et al., 2017RODACKI, André Luiz Felix et al. Critérios de classificação Qualis área 21 - Educação Física, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional. Brasília: CAPES, 2017. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/CRITRIOS_DE_CLASSIFICAO__QUALIS_EDUCAO_FSICA.pdf. Acesso em: 14 fev. 2023.
https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-...
). Por sua vez, PubMed e Google Scholar foram adicionados nesse processo devido à sua utilização dentre os critérios avaliativos para o Qualis Único na Área 21 (GUIRRO; FORJAZ; NAVAS, 2019GUIRRO, Rinaldo Roberto de Jesus; FORJAZ, Cláudia Lúcia de Maraes; NAVAS, Ana Luiza Gomes Pinto. Relatório do Qualis Periódicos Área 21: Educação Física. Brasília: CAPES, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/relatorio-qualis-educacao-fisica-pdf. Acesso em: 14 fev. 2023.
https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-...
). O gráfico 4 expressa a quantidade de periódicos indexados em cada uma dessas bases e catálogos.

Gráfico 4
Quantidade de periódicos por base de dados ou catálogo

Por sua característica automatizada, entende-se que o Google Scholar “incorpora” todas as publicações que constam na web, desde que sejam visíveis aos rastreadores os sites dos periódicos para coleta de informações (GOOGLE, 2022GOOGLE. About Google Scholar, 2022. Disponível em: https://scholar.google.com.br/intl/pt-BR/scholar/about.html. Acesso em: 27 abr. 2022.
https://scholar.google.com.br/intl/pt-BR...
; PADULA, 2019PADULA, Danielle. Indexação de periódicos: Padrões essenciais e porque são importantes. SciELO em Perspectiva, 2019. Disponível em: https://blog.scielo.org/blog/2019/08/28/indexacao-de-periodicos-padroes-essenciais-e-porque-sao-importantes/#.YmiKd9rMJPZ. Acesso em: 26 abr. 2022.
https://blog.scielo.org/blog/2019/08/28/...
). Porém, o mecanismo gera controvérsias acerca de sua acurácia, capacidade de distinguir publicações duplicadas, possibilidades de pesquisa por periódico, inexistência de uma lista completa com todos os periódicos indexados, dificuldade em filtrar elementos como autocitação e imprecisão das suas métricas, especificamente do índice h, que incorpora todos os elementos sensíveis listados. Consequentemente, ele não é altamente confiável (FALAGAS et al., 2008FALAGAS, Matthew E. et al. Comparison of PubMed, Scopus, Web of Science, and Google Scholar: strengths and weaknesses. The FASEB Journal, v. 22, n. 2, p. 338–342, 2008. DOI: https://doi.org/10.1096/FJ.07-9492LSF
https://doi.org/10.1096/FJ.07-9492LSF...
; PINTO et al., 2018PINTO, Adilson Luiz et al. Periódicos científicos brasileiros indexados no Google Scholar Metrics. Informação & Sociedade: Estudos, v. 24, n. 2, p. 18–1, 2018. DOI: https://doi.org/10.22478/UFPB.1809-4783.2020V30N4.57048
https://doi.org/10.22478/UFPB.1809-4783....
).

É perceptível que, à medida em que as bases vão adicionando critérios mais complexos e exigentes para a entrada e permanência, a quantidade de periódicos nelas indexados diminui: cinco periódicos que constam no SciELO também fazem parte da coleção da Scopus, e apenas um deles consta no Web of Science.

Pode-se afirmar que ditas bases contemplam um pequeno número de periódicos, pois possuem critérios e exigências que podem ser desafiadoras para as equipes editoriais e demandam alta mobilização de pessoal e recursos, além de, conforme Job et al. (2019)JOB, Ivone et al. Editoração de revistas científicas na Educação Física brasileira: desafios dos editores em vista da qualificação e do prestígio. In: CARNEIRO, Felipe Ferreira Barros; FERREIRA NETO, Amarílio; SANTOS, Wagner dos (org.). A comunicação científica em periódicos. Curitiba: Appris, 2019. p. 261–309., existirem critérios mais ou menos rigorosos para o ingresso, a depender da base de dados.

Por outro lado, a presença nessas bases garante um status diferenciado para esses periódicos, especificamente se observados os critérios avaliativos da CAPES, que tende a priorizar a presença na Web of Science e Scopus e as métricas geradas nessas bases. Ressalta-se que existem críticas ao processo, na medida em que se considera a avaliação desigual e alheia às especificidades das ciências praticadas no campo (FÓRUM DE EDITORES..., 2019FÓRUM DE EDITORES DE PERIÓDICOS CIENTÍFICOS DA ÁREA DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Carta de Porto Alegre. Porto Alegre: [s. n.], 2019. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/carta_porto_alegre. Acesso em: 21 ago. 2020.
https://seer.ufrgs.br/index.php/Moviment...
; HALLAL; MELO, 2017HALLAL, Pedro Curi; MELO, Victor Andrade de. Crescendo e enfraquecendo: um olhar sobre os rumos da Educação Física no Brasil. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 39, n. 3, p. 322–327, 2017. DOI: https://doi.org/10.1016/j.rbce.2016.07.002.
https://doi.org/10.1016/j.rbce.2016.07.0...
; RIGO et al., 2012RIGO, Luis Carlos; RIBEIRO, Gabriela; HALLAL, Pedro. Unidade na diversidade: desafios para a Educação Física no século XXI. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 16, n. 4, p. 339–345, 2012. Disponível em: https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/631. Acesso em: 10 ago. 2020.
https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/...
; VAZ; ALMEIDA; BASSANI, 2014VAZ, Alexandre Fernandez; ALMEIDA, Felipe Quintão de; BASSANI, Jaison José. Revista Brasileira de Ciências do Esporte: Dificuldades, desafios e dilemas da editoração científica. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 36, n. 4, p. 752–758, 2014. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/2034. Acesso em: 14 fev. 2023.
http://revista.cbce.org.br/index.php/RBC...
).

A tabela 1 (na próxima página) agrupa os periódicos indexados na Scopus e Web of Science, bem como oferece indicativos de suas métricas e classificação segundo percentil e quartil em cada uma delas. Dos três periódicos indexados na Web of Science, apenas a Movimento possui um fator de impacto (0,523) pois consta no Journal Citation Reports (JCR) e faz parte da Social Sciences Citation Index (SSCI). A Podium e a Revista Brasileira de Futsal e Futebol ingressaram na base no ano de 2020, e fazem parte da Emerging Sources Citation Index (ESCI), mas ainda não constam no JCR, portanto ainda não tem fator de impacto calculado5 5 De acordo com o anúncio da Clarivate™, a partir de 2023 o JCR irá contemplar também a ESCI e os periódicos que nelas constarem terão o fator de impacto calculado (QUAEDRI, 2022). .

Tabela 1
Periódicos indexados nas bases Scopus e Web of Science, listados em ordem alfabética

No que tange às métricas, percebe-se que nenhum dos periódicos ocupa posições mais elevadas dentro do percentil das áreas nas quais estão categorizados. Isso evidencia uma certa dificuldade no ranqueamento de citações e expressa a dificuldade que os periódicos brasileiros vêm enfrentando em estabelecer canais de comunicação com agentes e instituições internacionais, maioria dos componentes destas bases de dados.

O contexto do idioma de publicação pode ser um elemento que limita tais periódicos, visto que a língua portuguesa é o padrão adotado em seus textos (com exceção da Motriz e da Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, que publicam exclusivamente em língua inglesa). Apesar de disponibilizarem metadados em inglês, isso se mostra insuficiente se pensado apenas na visibilidade internacional.

A língua inglesa como idioma principal nas publicações gera debates no campo acadêmico-científico, visto que a internacionalização através do uso de dito idioma como padrão de comunicação da ciência tem sido paulatinamente adotada pelos agentes e instituições. Ainda que não sejam “obrigatórios” em algumas bases a depender da área do periódico, é fato que a língua inglesa favorece uma comunicação em nível global, principalmente para o conhecimento produzido em proximidade às ciências naturais. Para as ciências produzidas em proximidade com as humanidades, percebe-se que a adoção desse idioma tem menor engajamento. Isso se deve à lógica de construção dos sentidos desse tipo de pesquisa, mais próximos ao contexto no qual se inserem e cujos elementos constitutivos são específicos e não-generalizáveis, sendo, portanto, mais difícil de pensar e elaborar categoricamente em um idioma que não seja o originário do(a) pesquisador(a) (ORTIZ, 2004ORTIZ, Renato. As ciências sociais e o inglês. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 19, n. 54, p. 5–22, 2004. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69092004000100001
https://doi.org/10.1590/S0102-6909200400...
).

No caso da educação física, as variadas práticas científicas também se manifestam na questão do idioma. Isso pode explicar parcialmente o supracitado processo de pouca adesão dos periódicos do campo nas bases de dados internacionais, ou mesmo nas nacionais, como o SciELO6 6 A porcentagem mínima de publicações em língua inglesa varia conforme as áreas temáticas (SCIELO, 2022). , pois o campo possui periódicos que estabelecem comunicações diretas com distintas áreas do conhecimento mas são avaliados por métricas alinhadas com as práticas científicas das ciências naturais (FÓRUM DE EDITORES..., 2019FÓRUM DE EDITORES DE PERIÓDICOS CIENTÍFICOS DA ÁREA DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Carta de Porto Alegre. Porto Alegre: [s. n.], 2019. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/Movimento/carta_porto_alegre. Acesso em: 21 ago. 2020.
https://seer.ufrgs.br/index.php/Moviment...
).

Além da questão do idioma, outro aspecto relevante é o próprio cenário de estruturação dos periódicos e sua condição de busca pela indexação. Dentre os sete periódicos listados na tabela 1, apenas dois foram implementados nos anos 2000 (Revista Brasileira de Futsal e Futebol, 2009 e Podium, 2012). Os outros cinco periódicos foram implementados na segunda metade do século XX (Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 1979), 1980 (Journal of Physical Education, 1989) e 1990 (Movimento, 1994, Motriz, 1995, e Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, 1999).

Se percebe um pequeno grupo de periódicos que conseguem adentrar nas bases de dados mais valorizadas e um grande grupo de periódicos que ainda se encontra em processos de indexação em catálogos e índices com menor valorização. Isso pode ser uma indicação do processo de amadurecimento do campo científico, na medida em que os próprios periódicos vão agindo e reagindo às pressões externas e a prática cientifica vai sendo incorporada ao habitus dos agentes com os quais dialogam.

Pensando na organização do campo (BOURDIEU, 2004BOURDIEU, Pierre. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clinica do campo cientifico. São Paulo: Editora UNESP, 2004.), a validação daquilo que é legítimo pode ser evidenciada por sua disputa pelos agentes, os embates travados para garantir uma hegemonia mediante posse de determinado capital, que no campo científico pode ser reconhecido como a posição dos periódicos em locais/posições de prestígio. Esse cenário passa pela organização do periódico enquanto um veículo de comunicação e formação do campo científico. Dito cenário tem sua lógica construída a partir do trabalho de agentes que estão no campo e que também possuem capital próprio, portanto têm disposições específicas e traçam estratégias para acumulação desse capital.

Nesse sentido, a existência de ao menos 39 periódicos característicos desse campo, distribuídos em múltiplos eixos temáticos e epistemológicos, com alguma longevidade, visto que a média do tempo de circulação7 7 Análise que levou em consideração a data de implementação, subtraída do ano de realização desta pesquisa, 2022, obtendo-se o valor de “tempo de vida” de cada periódico. A partir desse dado, estimou-se a média e o desvio padrão. Esses valores tendem a aumentar com o passar do tempo mas podem se reduzir caso os periódicos encerrem suas atividades ou novos periódicos venham a compor o campo. destes periódicos é de 21,7 anos (±14,6), indica que há um periodismo científico consolidado no campo da educação física brasileira. O valor da média de tempo de vida dos periódicos deste estudo demonstra parcialmente dita consolidação, uma vez que outros estudos já abordaram a existência de periódicos desde a primeira metade do século XX, ainda que em diferentes estágios de desenvolvimento; periódicos que não tinham como centralidade a divulgação de resultados de atividade científica e que, com o passar dos anos, ou foram encerrados ou não conseguiram manter a periodicidade em dia (FERREIRA NETO et al., 2002FERREIRA NETO, Amarílio; NASCIMENTO, Ana Claudia Silverio. Periódicos científicos da Educação Física: proposta de avaliação. Movimento, v. 8, n. 2, p. 35–49, 2002. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.2641
https://doi.org/10.22456/1982-8918.2641...
; LAZZAROTTI FILHO, 2018LAZZAROTTI FILHO, Ari. O periodismo científico da Educação Física brasileira. Motrivivência, v. 30, n. 54, p. 35–50, 2018. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2018v30n54p35
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; LIMA; SILVA, 2009LIMA, Lana Ferreira de; SILVA, Reseane Patrícia de Souza e. Trajetória histórica da produção do conhecimento difundida nos periódicos da área da Educação Física no Brasil: 1930-2000. Diálogos e Interação, v. 2, 2009.).

Neste estudo, que utilizou como corpus analítico periódicos em funcionamento, apenas a Revista de Educação Física da Escola de Educação Física do Exército, com 90 anos, a Revista Brasileira de Ciências do Esporte, com 43 anos, e a Kinesis, com 38 anos, possuem tempo de circulação maior que a média somada ao desvio padrão (36,6 anos). Os demais estão compreendidos dentro desse recorte temporal, indicando ainda uma jovialidade no movimento de estruturação e implementação dos periódicos, periodicidade tal que coincide com a própria implementação e incorporação do modus operandi científico (LAZZAROTTI FILHO; SILVA; MASCARENHAS, 2014LAZZAROTTI FILHO, Ari; SILVA, Ana Márcia; MASCARENHAS, Fernando. Transformações contemporâneas do campo acadêmico-científico da Educação Física no Brasil: novos habitus, modus operandi e objetos de disputa. Movimento, v. 20, n. esp., p. 67–80, 2014. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.48280
https://doi.org/10.22456/1982-8918.48280...
).

Esse breve panorama dos 39 periódicos permite uma compreensão de aspectos pontuais da estrutura do campo acadêmico-científico da educação física em um processo que vai se alinhando com a própria lógica das relações de força dentro e fora dele. Porém, para entender como acontece esse processo, quais os desafios que os periódicos enfrentam em seu cotidiano, como as relações entre os agentes e instituições se desenrolam em cada um ou a maneira na qual se posicionam no campo é necessário um olhar mais detalhado para a especificidade de cada periódico.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O periodismo científico é um processo social que compreende o movimento de estruturação e existência de uma rede de comunicação da atividade científica a partir de canais especializados, os periódicos. Eles, individualmente, se colocam como espaços que tem ganhado protagonismo na veiculação dos saberes sistematizados produzidos nas diversas ciências, com maior ênfase na segunda metade do século XX.

No caso do periodismo científico da educação física brasileira, percebe-se que ele se encontra consolidado, visto que existem ao menos 39 periódicos que de alguma maneira representam as dinâmicas internas do campo acadêmico-científico, vinculados majoritariamente a IES públicas, com o crescimento da participação de associações científicas em sua composição. Eles têm conseguido adentrar em diferentes bases de dados, ainda que enfrentem percalços para alcançar aquelas com maior prestígio diante de seus critérios seletivos e excludentes.

Esse processo foi evidenciado ao se perceber que os periódicos deste estudo foram majoritariamente implementados nas décadas de 1990, 2000 e 2010, sendo que a década de 2000 engloba a maior parte deste processo, período que coincide com a estruturação e expansão da pós-graduação em educação física, ocorrendo incremento da produção e veiculação de pesquisas oriundas de ações investigativas dentro da lógica acadêmica do campo. Ao mesmo tempo, o processo de migração para plataformas de editoração digitais, como o SEER, viabilizado pela parceria com o IBICT, foram elementos de grande valia para o cenário apresentado.

A presença de filtros epistemológicos na política editorial é percebida como um movimento de adaptação dos periódicos à própria dinâmica interna do campo, pois, nas disputas pela hegemonia, o habitus mais consolidado é mais característico da chamada subárea biodinâmica, o que coloca agentes que partem das subáreas sociocultural e pedagógica em posições heterodoxas. A existência de periódicos que objetivamente estabelecem diálogos exclusivos com as ciências humanas e sociais são indícios da resistência desses agentes e da tentativa de modelagem do campo.

Os limites deste estudo estão na dificuldade em se localizar a totalidade de periódicos científicos ativos a partir de outra fonte que não seja o próprio Qualis Periódicos e a impossibilidade em afirmar quais os periódicos mais relevantes ou mesmo qual é o mais adequado para cada tema e objeto, algo que implicaria na análise aprofundada dos artigos veiculados por esses periódicos, o que vai além das informações oficiais do foco e escopo. Outro limite encontrado é em relação à indexação, visto que uma análise cruzada, feita a partir dos indexadores, poderia oferecer maiores detalhes sobre a totalidade de periódicos indexados em cada base.

Todos esses limites são possibilidades para futuros estudos, ainda que alguns desses temas tenham sido parcialmente investigados em outros trabalhos já citados anteriormente no corpo do texto.

  • 1
    O artigo é um desdobramento da tese de NASCIMENTO, Oromar Augusto dos Santos. O periodismo científico da Educação Física brasileira: agentes, estruturas e disputas no processo de legitimação de um campo. 2022. 183 f. Tese (Doutorado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade de Brasília, Brasília, 2022.
  • 2
    Apenas a revista “Coleção Pesquisa em Educação Física” não foi contemplada na classificação por não ter apresentado em seu site elementos que permitissem inferir seu foco e escopo.
  • 3
    Trata-se do periódico mais antigo deste estudo, mesmo tendo passado por mudanças em sua política editorial e interrupções em periodicidade. Desde 2014 é editado pelo Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx) e têm mantido a periodicidade em dia, atualmente denominada de Revista de Educação Física/ Journal of Physical Education. Não confundir com o Journal of Physical Education correspondente à antiga Revista da Educação Física da Universidade Estadual de Maringá.
  • 4
    Conforme delimitado na seção metodológica, estes resultados referem-se somente aos periódicos em atividade. Portanto, existem outros periódicos que foram criados e tiveram circulação nas décadas presentes no gráfico 1 mas que não entraram no estudo.
  • 5
    De acordo com o anúncio da Clarivate™, a partir de 2023 o JCR irá contemplar também a ESCI e os periódicos que nelas constarem terão o fator de impacto calculado (QUAEDRI, 2022QUAEDRI, Nandita. Announcing changes to the 2023 Journal Citation Reports - Clarivate, 2022. Disponível em: https://clarivate.com/blog/clarivate-announces-changes-to-the-2023-journal-citation-reports-release/. Acesso em: 27 jan. 2023.
    https://clarivate.com/blog/clarivate-ann...
    ).
  • 6
    A porcentagem mínima de publicações em língua inglesa varia conforme as áreas temáticas (SCIELO, 2022SCIELO. Critérios, política e procedimentos para a admissão e a permanência de periódicos na Coleção SciELO Brasil. 2022. São Paulo. Disponível em: https://www.scielo.br/media/files/20220900-criterios-scielo-brasil.pdf. Acesso em: 24 jun. 2023.
    https://www.scielo.br/media/files/202209...
    ).
  • 7
    Análise que levou em consideração a data de implementação, subtraída do ano de realização desta pesquisa, 2022, obtendo-se o valor de “tempo de vida” de cada periódico. A partir desse dado, estimou-se a média e o desvio padrão. Esses valores tendem a aumentar com o passar do tempo mas podem se reduzir caso os periódicos encerrem suas atividades ou novos periódicos venham a compor o campo.
  • FINANCIAMENTO

    O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Decanato de Pós-graduação da Universidade de Brasília, Edital DPG Nº 0004/2021 - Apoio à execução de projetos de pesquisas científicas, tecnológicas e de inovação de discentes de pós-graduação.
  • ÉTICA DE PESQUISA

    A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética de Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Goiás, número do protocolo 27555319.6.0000.5083.
  • COMO REFERENCIAR

    NASCIMENTO, Oromar Augusto dos Santos; LAZZAROTTI FILHO, Ari. O periodismo científico da Educação Física brasileira: periódicos, instituições e indexadores. Movimento, v. 29, p. e29049, jan./dez. 2023. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.130313

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  • RODRIGUES, Heitor de Andrade. Editorial. Pensar a Prática, v. 22, 2019. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/57939 Acesso em: 4 nov. 2021.
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  • SILVA, Junior Vagner Pereira da; GONÇALVES-SILVA, Luiza Lana; MOREIRA, Wagner Wey. Produtivismo na pós-graduação. Nada é tão ruim, que não possa piorar. É chegada a vez dos orientandos!. Movimento, v. 20, n. 4, p. 1423–1445, 2014. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.46187
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  • SILVA, Mauricio Roberto da; PIRES, Giovani de Lorenzi. Motrivivência, 25: registros de uma trajetória, perspectivas de continuidade. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 36, n. 4, p. 780–789, 2014. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2014.11.012
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  • SILVEIRA, Raquel da; STIGGER, Marco Paulo; MYSKIW, Mauro. Multiplicando as ciências: um estudo etnográfico sobre fazeres científicos da Educação Física. Movimento, v. 25, n. 1, p. 25019, 2019. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.82693
    » https://doi.org/10.22456/1982-8918.82693
  • STIGGER, Marco Paulo; FRAGA, Alex Branco; MOLINA NETO, Vicente. Os editoriais contam histórias: experiências do ofício de editor na revista Movimento. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 36, n. 4, p. 790–801, 2014. DOI: https://doi.org/10.1016/j.rbce.2014.11.013
    » https://doi.org/10.1016/j.rbce.2014.11.013
  • TANI, Go. Editoracão de periódicos em Educação Física/Ciências do Esporte: dificuldades e desafios. Revista Brasileira de Ciencias do Esporte, v. 36, n. 4, p. 715–722, 2014. DOI: https://doi.org/10.1016/j.rbce.2014.11.003
    » https://doi.org/10.1016/j.rbce.2014.11.003
  • VANZ, Samile Andréa de Souza; SILVA FILHO, Rubes da Costa. O protagonismo das revistas na comunicação científica: histórico e evolução. In: CARNEIRO, Felipe Ferreira Barros; FERREIRA NETO, Amarílio; SANTOS, Wagner (org.). A comunicação científica em periódicos Curitiba: Appris, 2019. p. 19–44.
  • VAZ, Alexandre Fernandez. Educação do corpo, conhecimento, fronteiras. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 24, n. 2, p. 161–172, 2003. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/364/318 Acesso em: 31 ago. 2023.
    » http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/364/318
  • VAZ, Alexandre Fernandez; ALMEIDA, Felipe Quintão de; BASSANI, Jaison José. Revista Brasileira de Ciências do Esporte: Dificuldades, desafios e dilemas da editoração científica. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 36, n. 4, p. 752–758, 2014. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/2034 Acesso em: 14 fev. 2023.
    » http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/2034

ANEXO

Este arquivo foi elaborado pelos pesquisadores Dr. Oromar Augusto dos Santos Nascimento e Dr. Ari Lazzarotti Filho, tendo como base os periódicos científicos da Educação Física que constavam no Catálogo de Periódicos de Educação Física e Esporte* * FERREIRA NETO, Amarílio et al. Catálogo de periódicos de Educação Física e Esporte (1930-2000). 1. ed. Vitória: Proteoria, 2002. , e no Qualis Periódicos da área de avaliação Educação Física, quadriênio 2013-2016** ** Classificação, critérios e lista estão disponíveis para acesso no link: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf. Acesso em 25 jul. 2023. .

Em 2023, após longo processo, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) disponibilizou a documentação e lista de periódicos classificados na área de Educação Física, que alterou algumas informações e estratos dos periódicos que constam nesta planilha. Por questão de coerência metodológica, optou-se por manter as informações segundo o Quadriênio 2013-2016, que norteou a pesquisa na sua coleta e análise de dados, iniciada no ano de 2021, finalizada no ano de 2022.

Quadro 1
Lista dos 39 periódicos científicos da Educação Física brasileira, organizados em ordem alfabética segundo seu título

Editado por

RESPONSABILIDADE EDITORIAL

Alex Branco Fraga*, Elisandro Schultz Wittizorecki*, Mauro Myskiw*, Raquel da Silveira*
*Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Jan 2024
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    24 Mar 2023
  • Revisado
    24 Ago 2023
  • Aceito
    14 Nov 2023
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