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Concepção histórico-cultural: modelo de ensino para neuropsiquiatria infantil/desenvolvimento infantil

EVENTOS

Concepção histórico-cultural: modelo de ensino para neuropsiquiatria infantil/desenvolvimento infantil* * Trabalho apresentado na Mostra de Monitoria da Agenda Academica da UFF - 2005, Niterói, Rio de Janeiro.

Hugo Leonardo Rodrigues SoaresI; Hérica Cristina Batista GonçalvesII; Jairo Werner JuniorIII

IMédico formado pela Universidade Federal Fluminense. Pós Graduando em Psicanálise e Saúde Mental pela UERJ e Dependência Química pela UNIFESP/EPM. Ex-monitor das disciplinas de Neuropsiquiatria Infantil e Desenvolvimento Infantil.Pòs-Graduado (lato sensu) Políticas, Instituições e Saúde Mental e Vigilância Sanitária. Fiocruz/Ensp. E-mail: hlsoares@brfree.com.br

IIPsicóloga pela Universidade Federal Fluminense. E-mail: hericacris@yahoo.com.br

III Orientador e professor adjunto IV, responsável pela área de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Faculdade de Medicina (Departamento Materno Infantil) do Centro de Ciências Médicas da UFF. Médico e Doutor em Saúde Mental-UNICAMP e Mestre em Educação - UFF. Endereço: Departamento Materno-Infantil - Faculdade de Medicina - Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) - Rua Marquês do Paraná, 303, Centro, Niterói - RJ, CEP 24303-900. E-mail: jwerne3@attglobal.net

INTRODUÇÃO: a compreensão da criança, de seu desenvolvimento, bem como do diagnóstico em Psiquiatria, está relacionada a determinados paradigmas e modelos (mecanicista, organicista, e histórico-cultural) que vem sendo utilizados ao longo da história e que podem servir tanto para encobrir como revelar as peculiaridades da criança. Tais modelos se revestem de grande importância, à medida que são eles que vão influenciar a construção, em diferentes áreas disciplinares, de teorias científicas, e de práticas sociais no campo da saúde e da educação da criança.

OBJETIVOS: sabe-se que o conhecimento psiquiátrico hegemônico está relacionado aos paradigmas e modelos mecanicista e organicista - influenciando tanto a compreensão da criança como determinando as classificações e metodologias diagnósticas. Baseado em Vygotsky, propõe, em contraposição, o paradigma histórico-cultural, no qual a criança é compreendida "como ser social e simbólico, constituído intrinsecamente nas e pelas relações sociais, culturais e históricas".

METODOLOGIA: construir propostas de ensino no campo da Psiquiatria Infantil, fundamentadas no modelo da Psicologia Histórico-Cultural, voltadas para a criança e o adolescente.

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES: no modelo mecanicista, a máquina é a forma básica de representação, não só da criança, mas também de todos os fenômenos. O homem é concebido como um ser passivo, um ser reativo, determinado pelo meio e, tal como uma máquina, pode ser manipulado e controlado por forças externas. A mente do homem ao nascer é considerada uma "tábua rasa" e os fenômenos humanos são compreendidos como reações do organismo a estímulos do meio, inclusive e principalmente aprendizagem. Desenvolvimento e aprendizagem são entendidos no modelo mecanicista, como processos idênticos, ou seja, aprender ou desenvolver-se significa aumentar o repertório comportamental, a partir da reação do sujeito aos estímulos do meio. O modelo organicista utiliza como metáfora básica o organismo, o sistema vivo organizado, sendo a atividade, o funcionamento seu princípio básico. A perspectiva organicista coloca a aprendizagem como subordinada ao desenvolvimento, uma vez que somente os esquemas mentais disponíveis no sujeito asseguram a aprendizagem. Portanto, o ritmo individual comanda o desenvolvimento, o qual, por sua vez, comanda a aprendizagem, ou seja, a aprendizagem subordina-se aos ritmos individuais de maturação e de desenvolvimento do aluno. No modelo histórico-cultural, a criança/aluno não será representado nem como máquina, nem como mero ser vivo, mas como um sujeito social e simbólico, constituído intrinsecamente por relações sociais, culturais e históricas. Para Vygotsky, a participação do outro na constituição do sujeito é fundamental, uma vez que a relação do sujeito com o mundo só é possível por meio da mediação de outro sujeito. Um dos fatores essenciais da transformação do biológico e do ambiental é a mediação e apropriação da linguagem. Vygotsky aponta que as mudanças no processo histórico de desenvolvimento abrangem quatro domínios genéticos: o filogenético (evolução da espécie), o histórico, o ontogenético e o microgenético. O plano microgenético refere-se à transformação do plano interpessoal para o intrapessoal. Ao conceber o homem como um conjunto de relações sociais internalizadas, o modelo histórico cultural instaura também uma nova concepção do processo de desenvolvimento e aprendizagem, vista como uma construção social.

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    Trabalho apresentado na Mostra de Monitoria da Agenda Academica da UFF - 2005, Niterói, Rio de Janeiro.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      03 Mar 2009
    • Data do Fascículo
      Dez 2008
    Universidade Federal Fluminense, Departamento de Psicologia Campus do Gragoatá, bl O, sala 334, 24210-201 - Niterói - RJ - Brasil, Tel.: +55 21 2629-2845 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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