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Presença da cosmovisão religiosa na construção discursiva de mundo

... onde a outra consciência é a consciência englobante de Deus temos um acontecimento religioso (uma oração, um culto, um ritual).

Mikhail Bakhtin

Cada campo da criação ideológica possui seu próprio modo de se orientar na realidade, e a refrata a seu modo. Cada campo possui sua função específica na unidade da vida social.

Valentin N. Volóchinov

Teria a construção discursiva do mundo, por meio da religião, um lugar preeminente na experiência social dos sujeitos, em suas diferentes interações socioverbais? Ou: seria a religião o ópio do povo, como afirma uma vulgata muito difundida do pensamento de Karl Marx1 1 A afirmação se encontra na Introdução à obra Crítica da filosofia do direito de Hegel, publicado originalmente em 1843, no parágrafo: “A miséria religiosa é, de um lado, a expressão da miséria real e, de outro, o protesto contra ela. A religião é o soluço da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, o espírito de uma situação carente de espírito. É o ópio do povo”. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/marx/1844/critica/index.htm. Acesso em: 15 nov. 2023. ? Questões polêmicas de sempre, elas são tangenciadas no debate que Bakhtiniana propôs para este número sobre a presença da cosmovisão religiosa na construção discursiva de mundo, convidando Pedro Farias Francelino, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a exercer a editoria ad hoc.

Bakhtin já nos lembrava do peso que o falante e sua palavra têm no

campo do pensamento religioso (mitológic[o], místic[o], mágic[o]). O objeto principal dessa palavra é o ser falante: a divindade, o demônio, o adivinho, o profeta. (...) Todos os sistemas religiosos (...) dominam o imenso dispositivo metodológico especial de transmissão e interpretação das diversas modalidades da palavra divina (hermenêutica) (2015, p. 146).

Aliás, não há como ser indiferente à presença singular e expressiva da esfera religiosa e sua concretização nas mais variadas formas de inserção/atuação do homem em sociedade, imbrincando-se, inclusive, com outras esferas discursivas, como a política, a científica, a midiática etc. De modo geral, considera-se que a religião constitui uma dimensão inseparável da realidade do homem, pois o ser humano tem buscado relacionar-se com o divino/transcendental por meio de variadas formas de culto. E essa busca traduz-se em diferentes semioses, que produzem diferentes modos de ser/estar no mundo e, consequentemente, diferentes valorações/refrações do real.

A preeminência do tema se concretizou na grande quantidade de submissões recebidas, das quais este número é apenas a primeira amostra. Desse modo, aqui apresentamos uma reunião de artigos que versam sobre o lugar do discurso religioso na experiência dos sujeitos em suas multifacetadas interações socioverbais e, consequentemente, na construção discursiva de mundo.

Os pesquisadores que aqui trouxeram sua voz, cada qual de seu mirante teórico-metodológico, descrevem, analisam e interpretam as diversas axiologias que, mediante diferentes materialidades discursivas, (des/re)velam crenças, valores, costumes e comportamentos d(e) “o eu-para-mim, o outro-para-mim e o eu-para-o-outro” (Bakhtin, 2010BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do ato responsável. Tradução aos cuidados de Valdemir Miotello e Carlos Alberto Faraco. São Carlos, SP: Pedro & João Editores, 2010., p. 114). Dada a riqueza do número, decidimos apresentá-lo de um modo que, de alguma forma, respeitasse a ordem de ocupação do país pelos praticantes das diferentes crenças/religiões. Assim, um dos artigos nos informa que, no Brasil, cerca de 85,7% da população professa uma fé cristã (Falcão, 2024, e63356p); de modo geral, sabemos que é a fé que domina e penetra em todos os espaços brasileiros, o que pode ser comprovado já no primeiro artigo, sobre uma religião criada sob influência da religião cristã, professada pelos Ingarikó da aldeia da Manalai, em Roraima, região fronteiriça com a Guiana e com a Venezuela.

Adriana Helena de Oliveira Albano e João Paulino da Silva Neto, ambos da Universidade Federal de Roraima - UFRR, Boa Vista, Roraima - Brasil, assinam “Mito e religião na tríplice fronteira Roraima, Guiana e Venezuela: o Areruya e o entre-lugar”, tecendo uma produtiva discussão sobre ecos e ressonâncias de elementos culturais do colonizador branco e de sua religião cristã na constituição da atual religião Areruya. Fundamentando-se na noção de entre-lugar, formulada pelo filósofo, professor, crítico e historiador literário Homi Bhabha em O local da cultura (2001BHABHA, Homi K. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila, Eliana de Lourenço de Lima Reis e Gláucia Renata Gonçalves. Belo Horizonte: UFMG, 2001.), os autores estabelecem uma análise comparativa do discurso de dois mitos que originaram a religião dessa comunidade indígena. Para isso, recorreram a duas versões dessas narrativas mitológicas transcritas em diferentes tempos (1960 e 2019), revelando que os mitos que originaram aquela religião vão além daqueles que expressavam a visão de mundo do colonizador (“não confiável”).

Na continuidade, buscando recuperar parcialmente, nas vozes recentes, aquelas que nos constituíram desde os primeiros tempos da colonização2 2 Os primeiros africanos escravizados chegaram ao Brasil em 1560. , temos o segundo artigo “Metamorfoses decoloniais: o inconsciente animista e transmutações como cosmovisão nas Literaturas Africanas”, de Silvio Ruiz Paradiso (Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD, Dourados, MS). Nesse texto, o foco recai sobre a produção literária de escritores africanos, como o nigeriano Amós Tutuola, o angolano Décio Bettencourt e o moçambicano Mia Couto, e a religiosidade tradicional africana em suas obras. Paradiso fundamenta seu estudo na estética do realismo animista para demonstrar a importância dos estudos religiosos, especialmente as tradições africanas, no contexto literário pós-colonial. Problematiza, então, a ausência de estudos sobre a religiosidade, ou de sua relegação a segundo plano no campo dos estudos pós-coloniais, fato que começa a ser superado na década de 80, do século XX. Nesse momento, elas passam a possibilitar o surgimento de uma proposta estética articuladora desses dois campos. O autor destaca que essa aproximação se observa a partir da emergência de uma concepção animista de mundo, “uma modalidade literária do insólito africano, que contrapõe leituras do insólito pelas vias do ‘mágico’, ‘maravilhoso’ e ‘fantástico’”.

A seguir, nosso trajeto cronotópico retorna à Idade Média de Santo Tomás de Aquino, com o artigo “Presença de São Tomás de Aquino na construção da narrativa medieval sobre o dinheiro”, de Thiago Martins Prado, da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Salvador, Bahia - Brasil. Nele, o autor propõe-se a analisar aspectos do pensamento econômico de Tomás de Aquino no contexto medievo, procurando demonstrar como o discurso religioso influenciou todo um imaginário social acerca das práticas comerciais e uso das riquezas como prática pecaminosa, com reverberações no discurso literário, a exemplo do que ocorre em Dante Alighieri e Geoffrey Chaucer. Partindo do pressuposto teórico-metodológico da interdiscursividade como condição de existência do sentido de todo discurso, o autor expõe as instruções de Aquino, dispostas em alguns artigos da Suma teológica, a respeito dos usos do dinheiro, em cotejo com textos literários, como A divina comédia, do poeta Dante Alighieri, e Contos da contuária, de Geoffrey Chaucer. Nesse sentido, o autor mobiliza, para a leitura de fragmentos da Suma teológica, excertos bíblicos, comentários da Bíblia de tradição católica e, ainda, textos de economistas, além de formulações de teóricos do pensamento cristão, como Agostinho e Bóecio, e do pensamento econômico, como Molina e Robbins. O autor conclui mostrando como as ideias de Aquino influenciaram o pensamento econômico que se desenvolveu a posteriori, a partir da criação de noções como a de “preço justo”, bem como demonstra o modo como o discurso literário representou a pecaminosidade advinda da atividade humana econômica.

Dante está novamente presente no artigo “Notas dialógicas sobre as origens da ambivalência do conceito de inferno na cultura ocidental: a simultaneidade sagrado-prosaico”, de Anderson Salvaterra Magalhães (Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, Guarulhos, São Paulo - Brasil) e Carlos Eduardo de Araújo de Mattos (Universidade Metodista de São Paulo - UMESP, São Bernardo, São Paulo - Brasil). Para refletir sobre o conceito de inferno, os autores recuperam temáticas que vão se desdobrando ao longo do tempo em obras cristãs e apócrifas, mas, sobretudo, em textos que não necessariamente possuem esse viés cristão, promovendo uma instigante e consistente análise do conceito de inferno presente no imaginário religioso (e não religioso) ocidental. Para isso, Magalhães e Mattos estabelecem um diálogo teórico entre as ideias sobre linguagem e dialogismo formuladas nos escritos de Bakhtin e o Círculo, a noção de memória coletiva, de Halbwachs, e algumas noções da linguística cognitiva. Como trajeto metodológico, partem do cotejo entre textos bíblicos canônicos e apócrifos da Bíblia cristã para verificar as condições verboideológicas em que se dá a construção do conceito de inferno, tensionado por valores provenientes da cosmovisão judaico-cristã de mundo, mas que, ao mesmo tempo, reverbera em outras esferas da atividade humana.

Os próximos artigos analisam textos da Bíblia cristã: um evangelho e uma epístola. “O evangelho de Mateus e a história da leitura em edições bíblicas brasileiras” é o artigo em que João Leonel (Universidade Presbiteriana Mackenzie - UPM, São Paulo, Brasil) traz uma relevante discussão sobre o papel dos paratextos, especialmente os intertítulos, como recurso textual (editorial) para leitura de textos bíblicos. O autor parte de referências teóricas consagradas no campo da história da leitura e da história do livro, tais como Roger Chartier, Lucien Febvre e Gerard Genette, dentre outros, para investigar a história da leitura do evangelho de Mateus a partir do cotejo de duas versões bíblicas: a Bíblia Sagrada traduzida por João Ferreira de Almeida em sua edição Nova Almeida Atualizada; e sua versão anterior, Almeida Revista e Atualizada. O artigo traz uma importante contribuição aos estudos linguísticos e teológicos ao mostrar o trabalho de intervenção editorial com vistas à facilitação da leitura do texto bíblico, com o objetivo de evidenciar a imagem de leitor que se constrói mediante esse tipo de recurso textual-discursivo. A análise da materialidade discursiva se ocupa do estudo das estratégias editoriais voltadas para dois aspectos, com foco no segundo: a leitura do texto bíblico pelos próprios editores, manifestada de diversas formas nos paratextos criados por eles; e, de forma especial, a concepção de leitor do evangelho erigida nesses paratextos.

O artigo “Análise do gênero epístola bíblica à luz dos estudos linguísticos contemporâneos”, de Abner Eslava da Silva, William Freitas Rodrigues, William Freitas Rodrigues, Rosane de Mello Santo Nicola e Caroline Kretzmann, todos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, Paraná, Brasil, faz uma incursão sobre o gênero discursivo epístola com o objetivo de demonstrar como as características do gênero se apresentam em textos antigos, especialmente na Bíblia. Para a consecução desse propósito, os autores se debruçam sobre as epístolas bíblicas expedidas pelo apóstolo Paulo, no contexto do Novo Testamento, a comunidades eclesiásticas da cidade de Corinto, de onde derivam os nomes dos escritos paulinos: I e II epístolas aos Coríntios. A reflexão se fundamenta no diálogo que os autores estabelecem, por um lado, entre a concepção de gênero discursivo proposta por Mikhail Bakhtin e a de gênero textual, desenvolvida pelo linguista brasileiro Luiz Antônio Marcuschi e, por outro lado, pela articulação com outras áreas do conhecimento, como a Literatura, a História e a Teologia. Como resultados da pesquisa, os autores apontam alguns aspectos fundamentais para a compreensão do gênero textual epístola, com vistas a sua melhor compreensão na contemporaneidade.

E chegamos mais especificamente ao aqui e agora. Carolina Cavalcanti Falcão (Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, Recife, Pernambuco - Brasil) em seu artigo “Sobre incompatibilidade e estranhamento: o enunciado da cristofobia e suas escalas de sentido em charges online”, traz uma importante contribuição para a análise dialógica de charges online. Por meio de um levantamento preciso das condições sócio-dialógicas que permitiram que a cristofobia fosse enunciada, a autora destaca o contexto de permeabilidade entre política e religião no país. A partir daí, Caroline Falcão analisa cinco charges produzidas por André Lafayete, que destacam as referências à cristofobia no discurso do ex-presidente brasileiro (2019-2022) na Organização das Nações Unidas (ONU). A autora realiza a leitura dos enunciados por meio dos principais conceitos da Análise Dialógica do Discurso, em diálogo com outras abordagens teórico-metodológicas. Isso lhe permite evidenciar o caráter antagônico e contraditório do discurso do ex-presidente acerca da cristofobia, uma vez que seu discurso reverbera valores que, nas charges, são refratados como incompatíveis com os pressupostos do cristianismo que ele parece/pretende defender. Falcão conclui, como resultado de sua pesquisa, que os enunciados analisados instauram um “Outro cristofóbico em oposição a um ‘nós minoritário’ e perseguido”, estratégia discursiva que demonstra um projeto enunciativo de intolerância religiosa como parte de uma agenda política característica do alinhamento ideológico-religioso do ex-presidente do Brasil.

Finalizamos o número com um artigo cuja análise vai ligar temas do discurso religioso ao discurso literário. Trata-se do texto “Figurações da ressurreição em O pai da menina morta, de Tiago Ferro”, assinado por Camila Concato e Thiago Cavalcante Jerônimo, ambos da Universidade Presbiteriana Mackenzie - UPM, São Paulo, São Paulo - Brasil. Os autores elaboram uma reflexão instigante acerca de um dos pilares do cristianismo, a temática da ressureição, tomando como eixo principal de análise as ideias de Bakhtin acerca da linguagem, particularmente a noção de bivocalidade. Com base nesses conceitos, mostram como a narrativa do estreante (e já premiado) romancista Tiago Ferro, ao estabelecer uma relação dialógica com o discurso cristão, especificamente com o episódio da ressureição de Lázaro narrado no evangelho de João, da Bíblia Sagrada, refrata o discurso religioso cristão, promovendo o deslocamento dos sentidos pretendidos na narrativa bíblica, seja subvertendo seja negando os sentidos já cristalizados.

Enfim, como podem constatar, o número aborda notáveis questões contemporâneas brasileiras do fenômeno religioso em diálogo com a mais longínqua tradição e a atualidade, com algumas intersecções de discursos das diferentes esferas de atividade humana. Por isso, convidamos todos - leitores, autores e colaboradores - a responder ativamente a esses textos, saboreando e incluindo em suas pesquisas este conjunto, que congrega 15 pesquisadores de oito diferentes universidades brasileiras (UEBA, UFCD, UFRPE, UFPR, UPM, PUCPR, UNIFESP, UMESP).

Agradecemos, mais uma vez, o inestimável e constante apoio, auxílio e reconhecimento do CNPq, por meio da Chamada CNPq Nº 12/2022 - Programa Editorial, Proc. 405404/2022-0, e da PUC-SP, por meio do Plano de Incentivo à Pesquisa (PIPEq)/ Publicação de Periódicos (PubPer-PUC-SP) - 1º semestre de 2023. Edital PIPEq 11941/2023, solicitação 26267.

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    A afirmação se encontra na Introdução à obra Crítica da filosofia do direito de Hegel, publicado originalmente em 1843, no parágrafo: “A miséria religiosa é, de um lado, a expressão da miséria real e, de outro, o protesto contra ela. A religião é o soluço da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, o espírito de uma situação carente de espírito. É o ópio do povo”. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/marx/1844/critica/index.htm. Acesso em: 15 nov. 2023MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. Organizado e sistematizado por Bruno Torres, a partir de transcrições da obra disponíveis na internet. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/marx/1844/critica/introducao.htm. Acesso em: 15 nov. 2023.
    https://www.marxists.org/portugues/marx/...
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    Os primeiros africanos escravizados chegaram ao Brasil em 1560.

REFERÊNCIAS

  • BAKHTIN, Mikhail. O autor e a personagem na atividade estética. Tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra; notas da edição russa de Serguei Bocharov. São Paulo: Editora 34, 2023. p. 65.
  • BAKHTIN, Mikhail. O discurso no romance. In: BAKHTIN, Mikhail. Teoria do romance I. A estilística. Tradução, prefácio, notas e glossário de Paulo Bezerra; organização da edição russa de Serguei Bocharov e Vadim Kójinov. São Paulo: Editora 34, 2015.
  • BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do ato responsável. Tradução aos cuidados de Valdemir Miotello e Carlos Alberto Faraco. São Carlos, SP: Pedro & João Editores, 2010.
  • BHABHA, Homi K. O local da cultura Tradução de Myriam Ávila, Eliana de Lourenço de Lima Reis e Gláucia Renata Gonçalves. Belo Horizonte: UFMG, 2001.
  • MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. Organizado e sistematizado por Bruno Torres, a partir de transcrições da obra disponíveis na internet. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/marx/1844/critica/introducao.htm Acesso em: 15 nov. 2023.
    » https://www.marxists.org/portugues/marx/1844/critica/introducao.htm
  • VOLOCHINOV, Valentin N. (Círculo de Bakhtin). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova. São Paulo: Editora 34, 2017. p. 94.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    2024
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