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Implicações do uso do Aparelho de Amplificação Sonora Individual na qualidade de vida de idosos

RESUMO

Objetivo

Avaliar, por meio de questionários padronizados, a qualidade de vida de idosos com deficiência auditiva diagnosticada que utilizam ou não a prótese auditiva (AASI) e de idosos sem queixa auditiva.

Método

Trata-se de um estudo transversal, com amostra não probabilística, distribuída em três grupos divididos da seguinte forma: 30 idosos com perda auditiva diagnosticada e com indicação para uso do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), mas que ainda não faziam uso da prótese; 30 idosos com deficiência auditiva que usavam o AASI; e 30 idosos sem queixa auditiva. Os participantes completaram um questionário que investigava dados sociodemográficos e familiares, o Hearing Handicap Inventory for the Elderly Screening Version (HHIE-S) e o World Health Organization Quality of Life - versão breve (WHOQOL-Breve). Além das análises descritivas dos dados, foram realizados testes para comparação dos três grupos, aplicando-se a análise de variância (ANOVA) e o teste post hoc de Bonferroni.

Resultados

Os três grupos se diferenciaram significativamente em todos os domínios de qualidade de vida. O grupo de idosos com perda auditiva diagnosticada e com indicação para uso do AASI apresentou menores escores que o grupo de idosos com deficiência auditiva que usavam o AASI e que o grupo de referência. O grupo com AASI apresentou os melhores resultados de qualidade de vida.

Conclusão

A perda auditiva afeta a qualidade de vida do idoso. O uso efetivo da prótese auditiva é benéfico a esta população, melhorando suas condições de vida e saúde.

Descritores
Perda Auditiva; Presbiacusia; Qualidade de Vida; Idoso; Auxiliares de Audição

ABSTRACT

Purpose

To evaluate through standardized questionnaires the quality of life of elderly people with hearing loss diagnosed with and without the use of hearing aids (HA) and elderly without hearing complaints.

Methods

This is a cross-sectional study with non probabilistic sample, divided into three groups divided as follows: 30 elderly people with diagnosed hearing loss and indication for use of individual sound amplification devices (hearing aids), but have not yet made use of the prosthesis; 30 individuals with hearing impairment who used hearing aids and 30 elderly without hearing complaints. Participants completed a questionnaire investigating sociodemographic and family data, the Hearing Handicap Inventory for the Elderly Screening Version (HHIE-S) and the World Health Organization Quality of Life - Short version (WHOQOL-BREF). In addition to the descriptive analysis of the data were performed tests to compare the three groups by applying analysis of variance (ANOVA) and the Bonferroni post hoc test.

Results

The three groups differed significantly in all domains of quality of life. The group of the elderly people with hearing loss diagnosed and with indication for the use of hearing aids presented lower scores and the group of the elderly with hearing disabilities that used the hearing aid and that the reference group. The AASI group presented the best quality of life results.

Conclusion

The hearing loss affects the quality of life of the elderly. The effective use of hearing aid is beneficial to this population, improving their living and health conditions.

Keywords
Hearing Loss; Presbycusis; Quality of Life; Aged; Hearing Aids

INTRODUÇÃO

A partir de 1970, houve uma transformação no perfil demográfico brasileiro decorrente da redução das taxas de mortalidade, queda das taxas de natalidade e aumento da expectativa de vida da população, resultando no fenômeno do envelhecimento populacional. Em 1920, os idosos representavam 4,0% da população total do País; em 2010, 10,8% da população brasileira tinha 60 anos ou mais(11 Miranda GMD, Mendes ACG, Silva ALA. Population aging in Brazil: current and future social challenges and consequences. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(3):507-19. http://dx.doi.org/10.1590/1809-98232016019.150140.
http://dx.doi.org/10.1590/1809-982320160...
). Dados do IBGE apontam para um aumento de 23,8% do contingente populacional de idosos na década de 40 do século XXI. Com essa mudança na estrutura etária da população, o envelhecimento tem sido um tema amplamente estudado(11 Miranda GMD, Mendes ACG, Silva ALA. Population aging in Brazil: current and future social challenges and consequences. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(3):507-19. http://dx.doi.org/10.1590/1809-98232016019.150140.
http://dx.doi.org/10.1590/1809-982320160...
,22 Berlezi EM, Farias AM, Dallazen F, Oliveira KR, Pillatt AP, Fortes CK. Analysis of the functional capacity of elderly residents of communities with a rapid population aging rate. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(4):643-52. http://dx.doi.org/10.1590/1809-98232016019.150156.
http://dx.doi.org/10.1590/1809-982320160...
).

Entretanto, o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento populacional refletem também uma mudança do perfil de morbimortalidade, com o aumento de situações que necessitam de cuidados crônicos(33 Giacomin KC, Firmo JOA. Old age, disability and care in public health. Ciênc Saúde Coletiva. 2015;20(12):3631-3640. http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152012.11752014.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152...
).

O processo de envelhecimento é progressivo e degenerativo e caracteriza-se por menor eficiência funcional, que é inevitável e influenciada por fatores ambientais(44 Ribeiro A. Aspectos biológicos do envelhecimento. In: Russo ICP. Intervenção fonoaudiológica na terceira idade. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revienter; 2004. p. 1-11.). Há uma deterioração geneticamente programada e é determinada por regras biológicas, como os processos primários (quando e como o envelhecimento se inicia na vida de um indivíduo) e secundários (qualidade e estilo de vida, dieta calórica, atividades físicas), vinculados ao aumento da idade e ao controle pessoal(44 Ribeiro A. Aspectos biológicos do envelhecimento. In: Russo ICP. Intervenção fonoaudiológica na terceira idade. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revienter; 2004. p. 1-11.).

Assim, o idoso se depara com limitações físicas e incapacidades, necessitando de maiores cuidados(33 Giacomin KC, Firmo JOA. Old age, disability and care in public health. Ciênc Saúde Coletiva. 2015;20(12):3631-3640. http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152012.11752014.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152...
). Além de incapacidades físicas, são comuns déficits cognitivos e comportamentais, que resultam de um conjunto de alterações biológicas, bem como fatores neuropsiquiátricos, que também podem estar associados ao avanço da idade, como depressão e demência. É alto o índice de idosos que apresentam sintomatologia depressiva(55 Chaves ECL, Paulino CF, Souza VHS, Mesquita AC, Carvalho FS, Nogueira DA. Quality of life, depressive symptoms and religiosity in elderly adults: a cross-sectional study. Texto Contexto Enferm, Florianópolis. 2014;23(3):648-55. http://dx.doi.org/10.1590/0104-07072014001000013.
http://dx.doi.org/10.1590/0104-070720140...
).

No caso das funções sensoriais, com o envelhecimento, os cinco sentidos tornam-se menos eficientes, interferindo na segurança, atividades diárias e no bem-estar geral do indivíduo. Com relação à audição, ocorre uma diminuição da acuidade auditiva(44 Ribeiro A. Aspectos biológicos do envelhecimento. In: Russo ICP. Intervenção fonoaudiológica na terceira idade. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revienter; 2004. p. 1-11.).

Segundo Mattos e Veras(66 Mattos LC, Veras RP. The prevalence of hearing loss in an elderly population in Rio de Janeiro: a cross-sectional study. Rev Bras Otorrinolaringol. 2007;73(5):654-9. PMid:18094807. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-72992007000500011.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-72992007...
), no Brasil, os dados oriundos do Censo Demográfico apontam um total de 24,5 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência; desses, um total de 5,7 milhões são deficientes auditivos. Vários estudos apontam a prevalência da perda auditiva em idosos acima de 60 anos, quando comparados às demais faixas etárias(77 Jardim DS, Maciel FJ, Lemos SMA. Epidemiological profile of a hearing-impaired population. Rev CEFAC. 2016;18(3):746-57. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620161833115.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620161...
,88 Crispim KGM, Ferreira AP. Prevalence of self-reported hearing loss and associated risk factors among the elderly in Manaus: a population-based study. Rev CEFAC. 2015;17(6):1946-56. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151764114.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151...
).

O envelhecimento natural das estruturas auditivas decorrentes do envelhecimento biológico é apontado como a principal causa de deficiência auditiva em idosos. Esta é chamada de presbiacusia(99 Paiva KM, Cesar CLG, Alves MCGP, Barros MBA, Carandina L, Goldbaum M. Aging and self-reported hearing loss: a population-based study. Cad Saude Publica. 2011;27(7):1292-300. PMid:21808814. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2011000700005.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2011...
).

A presbiacusia é uma perda auditiva relacionada à idade e é caracterizada por uma perda do tipo neurossensorial progressiva bilateral e simétrica, decorrente da degeneração de estruturas do ouvido interno, que afeta principalmente as altas frequências, tornando a percepção dos sons da fala muito difícil, especialmente em ambientes ruidosos. É uma doença multifatorial, que envolve fatores ambientais e genéticos(88 Crispim KGM, Ferreira AP. Prevalence of self-reported hearing loss and associated risk factors among the elderly in Manaus: a population-based study. Rev CEFAC. 2015;17(6):1946-56. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151764114.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151...
,1010 Fischer N, Weber B, Riechelmann H. Presbycusis: age related hearing loss. Laryngo-Rhino-Otol. 2016;95(7):497-510. PMid: 27392191. http://dx.doi.org/10.1055/s-0042-106918.
http://dx.doi.org/10.1055/s-0042-106918...
). A perda dessa capacidade exerce um impacto bastante negativo sobre a vida do idoso e diversos estudos associam a deficiência auditiva com o isolamento social, ansiedade, depressão e declínio cognitivo em idosos(1010 Fischer N, Weber B, Riechelmann H. Presbycusis: age related hearing loss. Laryngo-Rhino-Otol. 2016;95(7):497-510. PMid: 27392191. http://dx.doi.org/10.1055/s-0042-106918.
http://dx.doi.org/10.1055/s-0042-106918...
,1111 Contrera KJ, Betz J, Deal JA, Choi JS, Ayonayon HN, Harris T, et al. Association of hearing impairment and emotional vitality in older adults. J Gerontol B Psychol Sci Soc Sci. 2016;71(3):400-4. PMid:26883806. http://dx.doi.org/10.1093/geronb/gbw005.
http://dx.doi.org/10.1093/geronb/gbw005...
).

Há relatos na literatura científica de que, aproximadamente, um terço dos idosos apresenta alguma dificuldade auditiva e, destes, apenas uma pequena parcela usa prótese auditiva. Entre os motivos indicados para o não uso do aparelho estão: achar que não precisa, não se acostumar e não ter dinheiro para comprar. Este último argumento pode decorrer do desconhecimento sobre o acesso à prótese via serviços públicos de saúde, mas as outras justificativas podem estar associadas ao estigma de usar uma prótese auditiva ou da lentidão do processo de diminuição da percepção auditiva(1212 Cruz MS, Lima MCP, Santos JLF, Duarte YAO, Lebrão ML, Ramos-Cerqueira ATA. Hearing aids use among elderly: SABE study: health, well-being and aging survey. Audiol Commun Res. 2013;18(2):133-42. http://dx.doi.org/10.1590/S2317-64312013000200012.
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).

Por todas as consequências que a perda auditiva decorrente do envelhecimento acarreta para a vida do idoso, é inevitável que essa alteração interfira na sua qualidade de vida como um todo, podendo gerar frustrações pela inabilidade de compreender o que os familiares e amigos estão falando, sendo assim, se torna cômodo afastar-se das situações que requerem comunicação(1313 Russo ICP. Distúrbios da audição: a presbiacusia. In: Russo ICP. Intervenção fonoaudiológica na terceira idade. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revienter; 2004. p. 51-82.).

Oliveira et al.(1414 Oliveira IS, Etcheverria AK, Olchik MR, Gonçalves AK, Seimetz BM, Flores LS, et al. Hearing in middle aged adults and elderly: association with gender, age and cognitive performance. Rev CEFAC. 2014;16(5):1463-70. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0216201416113.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620141...
) relacionaram a perda auditiva em idosos com o declínio cognitivo e observaram que, quanto maior o grau da perda, maior o déficit cognitivo desses idosos. Deste modo, a identificação de idosos com perda auditiva que apresentam risco potencial de desenvolver alterações cognitivas torna-se fundamental, uma vez que o diagnóstico precoce possibilita a intervenção, evitando ou retardando, em alguns casos, o início do processo demencial ou sinais de depressão, diminuindo o estresse familiar, o risco de acidentes, o isolamento e consequente prejuízo da qualidade de vida do indivíduo idoso.

A indicação, seleção e adaptação do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) precocemente, ou seja, imediatamente após o diagnóstico de uma perda auditiva, poderá contribuir para a prevenção do aumento do grau de perda auditiva e de outras alterações relacionadas às questões psicossociais da vida do indivíduo com esta alteração. Estudos apontam inúmeros benefícios aos idosos que fazem o uso da prótese auditiva, minimizando as dificuldades geradas pela perda(1515 Fonseca FC, Iório MCM. Hearing aids dispensed by sus and quality of life. Rev CEFAC. 2014;16(3):768-78. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620143413.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620143...
).

Por outro lado, o não uso de AASI, quando este é indicado, pode levar ao declínio cognitivo e mesmo culminar em demência, tendo como consequência a diminuição da capacidade funcional do idoso(1212 Cruz MS, Lima MCP, Santos JLF, Duarte YAO, Lebrão ML, Ramos-Cerqueira ATA. Hearing aids use among elderly: SABE study: health, well-being and aging survey. Audiol Commun Res. 2013;18(2):133-42. http://dx.doi.org/10.1590/S2317-64312013000200012.
http://dx.doi.org/10.1590/S2317-64312013...
).

Investigações sobre o impacto da deficiência auditiva relacionada ao envelhecimento na vida do idoso e os efeitos do uso de prótese auditiva sobre qualidade de vida e sintomas de humor podem contribuir na ampliação de conhecimentos sobre os aspectos psicossociais da presbiacusia e sua reabilitação, favorecendo a prática audiológica e a assistência integral ao idoso, proporcionando um envelhecimento saudável.

Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar a qualidade de vida de idosos comparando três grupos: com deficiência auditiva diagnosticada e indicação para uso de aparelho, mas ainda não protetizados, idosos usuários de AASI e idosos sem queixa auditiva.

MÉTODO

Um estudo transversal, com amostra não probabilística, distribuída em três grupos de participantes, foi realizado, com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Processo HCRP nº 7454/2013, CAAE 16526813.0.0000.5440). Todos os participantes tomaram conhecimento e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os grupos foram formados com base em três condições: 30 idosos com perda auditiva diagnosticada e com indicação para uso do AASI, mas que ainda não faziam uso da prótese (Grupo Deficiência Auditiva - GDA); 30 idosos com deficiência auditiva que usavam o AASI (Grupo Deficiência Auditiva com AASI - GDAASI); e 30 idosos sem queixa auditiva (Grupo de Referência - GR).

Todos os participantes responderam a questionários padronizados que investigam dados sociodemográficos e familiares, o Hearing Handicap Inventory for the Elderly Screening Version (HHIE-S) e o World Health Organization Quality of Life - versão breve (WHOQOL-Breve), com o auxílio do pesquisador.

O HHIE-S é um instrumento de triagem de deficiência auditiva que fornece informações sobre a restrição de participação em atividades de vida diária (AVD) do indivíduo, decorrente da perda auditiva. É composto por dez perguntas, dividido em duas escalas (escala social/situacional e escala emocional, cada uma com cinco itens)(1616 Rosis ACA, Souza MRF, Iório MCM. Questionnaire Hearing Handicap Inventory for the Elderly: Screening version (HHIE-S): sensitivity and specificity study. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(3):339-45. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342009000300009.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342009...
).

O WHOQOL Breve foi utilizado para avaliar a qualidade de vida dos indivíduos. É constituído por vinte e seis questões, das quais duas são gerais sobre qualidade de vida e as vinte e quatro restantes abordam quatro domínios: físico, psicológico, social e meio ambiente(1717 Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, et al. Application of the Portuguese version of the abbreviated instrument of quality life WHOQOL-bref. Rev Saude Publica. 2000;34(2):178-83. PMid:10881154. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102000000200012.
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).

Os participantes dos grupos com deficiência auditiva (GDA e GDAASI) foram recrutados no Ambulatório de Investigação e Reabilitação Auditiva (AIRA) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, a partir de indicações dos fonoaudiólogos dos serviços. A coleta de dados foi feita no próprio serviço, no dia da consulta.

Os participantes do Grupo de Referência (GR) foram recrutados na Associação de Professores Aposentados do Magistério Público do Estado de São Paulo (APAMPESP). O primeiro contato foi feito por via telefônica, a partir de informações fornecidas pelo local, ou pessoalmente, em dias que os associados frequentam o local. A coleta foi realizada no local de preferência do participante.

O preenchimento dos instrumentos levou cerca de 40 minutos em todos os grupos. Além das análises descritivas dos dados, foram realizados testes para comparação dos três grupos, aplicando-se a análise de variância (ANOVA) e o teste post hoc de Bonferroni, com auxílio do SPSS 17.0, sendo considerado um nível de significância de 5% para todas as provas.

RESULTADOS

Os grupos se diferenciaram pela média de idade, sendo o GR formado por idosos mais novos e o GDA por mais velhos. A distribuição por gênero também foi diferente nos três grupos. Os grupos GDA e GDAASI apresentaram uma maioria de idosos com menor escolaridade (até 4º ano do Ensino Fundamental), enquanto o GR foi composto por idosos com nível superior completo. (Tabela 1)

Tabela 1
Perfil sociodemográfico da amostra

A maioria dos participantes nos três grupos era aposentada e não realizava outras atividades de trabalho remunerado; declarou religião católica e pertencia às classes econômicas B ou C.

A restrição da participação em AVD comprovou a diferenciação entre os três grupos, sendo que todos os participantes do GDA relataram uma percepção significativa de prejuízos auditivos e o GR não apresentou queixas quanto à audição. (Tabela 2)

Tabela 2
Classificação obtida na escala do handicap auditivo (HHIE-S), conforme grupos

No que tange à qualidade de vida, os três grupos se diferenciaram significativamente em todos os domínios. (Tabela 3)

Tabela 3
Médias e desvios padrão dos resultados referentes à qualidade de vida (WHOQOL-breve) (N=90)

O teste post hoc de Bonferroni (Tabela 4) indicou que o GDA se diferenciou do GDAASI, tanto nos domínios físico (p<0,001), psicológico (p<0,001), social (p<0,001) e ambiental (p<0,001) quanto na qualidade de vida em geral (p<0,001). Também se diferenciou do GR quanto ao domínio psicológico (p=0,003), ambiental (p=0,001) e QV geral (p=0,014). Em todas as comparações, os piores resultados de qualidade de vida foram para o GDA.

Tabela 4
Teste post hoc de Bonferroni para qualidade de vida

O GDAASI também se diferenciou do GR nos domínios físico (p=0,009), psicológico (p=0,023), social (p<0,001) e quanto à QV geral (p<0,001), sempre com melhores resultados para o GDAASI.

DISCUSSÃO

O presente estudo se propôs a avaliar a qualidade de vida comparando três grupos de idosos (com deficiência auditiva diagnosticada e indicação para uso de aparelho; com deficiência auditiva em uso de AASI; e um grupo de referência).

A deficiência auditiva não apenas limita a capacidade de percepção e discriminação dos sons, mas influi diretamente na capacidade de compreensão da linguagem, afetando a capacidade de socialização de uma pessoa e sua família(1010 Fischer N, Weber B, Riechelmann H. Presbycusis: age related hearing loss. Laryngo-Rhino-Otol. 2016;95(7):497-510. PMid: 27392191. http://dx.doi.org/10.1055/s-0042-106918.
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). Ela pode gerar um transtorno social e psicológico, que influencia as relações interpessoais e de comunicação, privando o indivíduo do convívio com familiares e amigos, levando ao isolamento e comprometendo sua qualidade de vida(1919 Ribas A, Kozlowski L, Almeida G, Marques JM, Silvestre RAA, Mottecy CM. Quality of life: comparing results in elderly with and without presbyacusis. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(2):353-62. http://dx.doi.org/10.1590/S1809-98232014000200012.
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).

Os resultados reafirmam os achados de outros estudos, que a deficiência auditiva prejudica a qualidade de vida, podendo até aumentar a prevalência de demência entre os idosos(1212 Cruz MS, Lima MCP, Santos JLF, Duarte YAO, Lebrão ML, Ramos-Cerqueira ATA. Hearing aids use among elderly: SABE study: health, well-being and aging survey. Audiol Commun Res. 2013;18(2):133-42. http://dx.doi.org/10.1590/S2317-64312013000200012.
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), uma vez que o grupo de referência apresentou escores mais altos em todos os domínios da qualidade de vida, quando comparado ao grupo com deficiência sem uso de aparelho, com diferenças significativas para os domínios psicológico, ambiental e para a qualidade de vida em geral.

Por outro lado, no entanto, chama a atenção o fato de que o grupo de participantes com uso de AASI apresentou os melhores resultados em todos os domínios quando comparado aos outros dois grupos. Isto coloca em destaque a importância do uso de AASI. É possível que o desconforto e prejuízos causados pela deficiência auditiva sejam vivenciados de forma tão intensa que voltar a ouvir resgata sobremaneira a qualidade de vida e, possivelmente, leva a uma forma mais positiva de colocar-se diante da vida e de outros problemas de saúde.

É preciso considerar que estudos mostram que a incidência de diminuição da qualidade de vida é frequente entre idosos(33 Giacomin KC, Firmo JOA. Old age, disability and care in public health. Ciênc Saúde Coletiva. 2015;20(12):3631-3640. http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152012.11752014.
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,2020 Teixeira AR, Almeida LG, Jotz GP, Barba MC. Qualidade de vida de adultos e idosos pós adaptação de próteses auditivas. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2008;13(4):357-36. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342008000400010.
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,2121 Chaves ECL, Paulino CF, Souza VHS, Mesquita AC, Carvalho FS, Nogueira DA. Quality of life, depressive symptoms and religiosity in elderly adults: a cross-sectional study. Texto Contexto Enferm. 2014;23(3):648-55. http://dx.doi.org/10.1590/0104-07072014001000013.
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), com e sem incapacidades, entretanto, os resultados do presente estudo evidenciam que esta dimensão está muito mais afetada em idosos com deficiência auditiva que não estão ainda fazendo uso de AASI.

Alguns estudos demonstraram que a implantação de um programa de reabilitação auditiva e o uso de aparelhos auditivos podem, além de minimizar as reações psicossociais, melhorar a qualidade de vida dos idosos(1212 Cruz MS, Lima MCP, Santos JLF, Duarte YAO, Lebrão ML, Ramos-Cerqueira ATA. Hearing aids use among elderly: SABE study: health, well-being and aging survey. Audiol Commun Res. 2013;18(2):133-42. http://dx.doi.org/10.1590/S2317-64312013000200012.
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,1515 Fonseca FC, Iório MCM. Hearing aids dispensed by sus and quality of life. Rev CEFAC. 2014;16(3):768-78. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620143413.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620143...
,2222 Silva RBG, Almeida LP. Hearing prostheses for elderly: psychosocial features, adaptation and quality of life. Interações (Campo Grande). 2016;17(3):463-74. http://dx.doi.org/10.20435/1984-042X-2016-v.17-n.3(09).
http://dx.doi.org/10.20435/1984-042X-201...
).

No que tange à diferença entre o GDAASI e o GR, vale considerar que, em parte, elas podem ser explicadas pela diferença no perfil dos dois grupos. O GR apresenta maior número de idosos que moram sozinhos e não têm companheiros e de maioria feminina, duas condições que favorecem o aparecimento de sentimentos negativos e podem influenciar a percepção pessoal de saúde e qualidade de vida. Neste sentido, também, autores apontaram que a mulher enfrenta a viuvez de forma diferente do homem, sendo menos propensa a buscar uma nova união, o que pode ser um fator contribuinte para quadros depressivos. Já os homens, geralmente, casam-se novamente(1919 Ribas A, Kozlowski L, Almeida G, Marques JM, Silvestre RAA, Mottecy CM. Quality of life: comparing results in elderly with and without presbyacusis. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(2):353-62. http://dx.doi.org/10.1590/S1809-98232014000200012.
http://dx.doi.org/10.1590/S1809-98232014...
). Pode-se inferir que, mesmo aqueles que nunca tiveram um companheiro estejam mais vulneráveis à depressão e consequente diminuição de qualidade de vida, lembrando que mulheres com idade avançada tendem a ser mais propensas a ter depressão(2323 González ACT, Ignácio ZM, Jornada LK, Réus GZ, Abelaira HM, Santos MAB, et al. Depressive disorders and comorbidities among the elderly: a population-based study. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(1):95-103. http://dx.doi.org/10.1590/1809-9823.2016.14210.
http://dx.doi.org/10.1590/1809-9823.2016...
).

Por outro lado, o GR foi formado por pessoas com nível de escolaridade alto, o que tende a influenciar positivamente a qualidade de vida. Alguns estudos sobre a qualidade de vida em idosos apontam que baixos níveis de escolaridade estão relacionados a baixos níveis de qualidade de vida(2424 Conde-Sala JL, Portellano-Ortiz C, Calvo-Perxas L, Garre-Olmo J. Quality of life in people aged 65+ in Europe: associated factors and models of social welfare-analysis of data from the SHARE project (Wave 5). Qual Life Res. 2017;26(4):1059-70. PMid:27766517. http://dx.doi.org/10.1007/s11136-016-1436-x.
http://dx.doi.org/10.1007/s11136-016-143...
,2525 Camelo LV, Giatti L, Barreto SM. Health related quality of life among elderly living in region of high vulnerability for health in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. Rev Bras Epidemiol. 2016;19(2):280-93. PMid:27532752. http://dx.doi.org/10.1590/1980-5497201600020006.
http://dx.doi.org/10.1590/1980-549720160...
). Isto poderia justificar os menores escores em qualidade de vida do GDA, mas não os melhores resultados do GDAASI.

Diante desses resultados é possível inferir que o uso de AASI favoreceu melhores resultados para esses idosos, pois a melhora na participação das AVDs (indicada pelo HHIE-S) facilita a comunicação e relações interpessoais no ambiente em que estão inseridos, melhorando assim sua qualidade de vida.

Tal constatação destaca a importância da atenção à audição na assistência à saúde do idoso, especialmente considerando-se a alta prevalência de deficiência auditiva nesta faixa etária(99 Paiva KM, Cesar CLG, Alves MCGP, Barros MBA, Carandina L, Goldbaum M. Aging and self-reported hearing loss: a population-based study. Cad Saude Publica. 2011;27(7):1292-300. PMid:21808814. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2011000700005.
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2011...
). Atrelado a esta ideia, é necessário que haja agilidade no processo entre a avaliação e a reabilitação de modo a minimizar as consequências da deficiência.

Ao considerar o perfil da amostra deste estudo, é importante lembrar que os grupos estudados se diferenciaram não apenas pela deficiência auditiva, mas também com relação à distribuição quanto a idade, gênero, escolaridade, doença crônica do idoso e classe socioeconômica. O GR teve um perfil mais jovem (média de 70 anos, enquanto, no GDA, a média foi de 75 anos e, no GDAASI, foi de 73 anos), com maior concentração de mulheres (80%, comparado com 46,7% no GDA e 50% no GDAASI); todas com ensino superior (enquanto no GDA e GDAASI predominaram idosos analfabetos ou que frequentaram até a quarta série do ensino fundamental); com menor ocorrência de doença crônica (27% no GR, comparado com 66,7% no GDA e 73,3% no GDAASI); distribuindo-se entre as classes A e B (enquanto no GDA e GDAASI os idosos se distribuíram entre as classes B, C e D).

A maior ocorrência de doenças crônicas no GDA e GDAASI poderia ser justificada pela associação frequente entre baixa escolaridade e maior incidência de problemas crônicos(2626 Pimenta FB, Pinho L, Silveira MF, Botelho ACC. Factors associated with chronic diseases among the elderly receiving treatment under the Family Health Strategy. Ciênc Saúde Coletiva. 2015;20(8):2489-2498. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015208.11742014.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152...
). Ainda, estas duas variáveis (escolaridade e doença crônica) poderiam explicar a diminuição de qualidade de vida, o que, entretanto, não ocorreu para o GDAASI, que apresentou escores de qualidade de vida maiores que os demais grupos.

Apesar da diferença entre os grupos com deficiência auditiva e o GR, o perfil do GDA e GDAASI corresponde ao apresentado por outros autores, que apontam maior ocorrência da deficiência auditiva entre idosos acima de 70 anos(88 Crispim KGM, Ferreira AP. Prevalence of self-reported hearing loss and associated risk factors among the elderly in Manaus: a population-based study. Rev CEFAC. 2015;17(6):1946-56. http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151764114.
http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151...
), como também maior prevalência do problema entre homens(2727 Gresele ADP, Costa MJ. Frequency compression and speech recognition in elderly people. Audiol Commun Res. 2014;19(3):310-20. http://dx.doi.org/10.1590/S2317-643120140003000016.
http://dx.doi.org/10.1590/S2317-64312014...
).

É importante lembrar aqui que o critério para inclusão no grupo controle era não apresentar queixa auditiva. Uma das limitações quanto aos resultados deste estudo reside exatamente no fato de que o grupo controle foi formado a partir do autorrelato da dificuldade auditiva. Entretanto, estudos mostram que a percepção da restrição na participação em AVDs é uma medida aceitável para triagem da perda auditiva(1616 Rosis ACA, Souza MRF, Iório MCM. Questionnaire Hearing Handicap Inventory for the Elderly: Screening version (HHIE-S): sensitivity and specificity study. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(3):339-45. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342009000300009.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342009...
).

Rosis et al.(1616 Rosis ACA, Souza MRF, Iório MCM. Questionnaire Hearing Handicap Inventory for the Elderly: Screening version (HHIE-S): sensitivity and specificity study. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(3):339-45. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342009000300009.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342009...
), em um estudo que teve como objetivo investigar a especificidade e sensibilidade do questionário HHIE-S, verificaram que este é um bom instrumento de triagem, com alta sensibilidade e especificidade, para ser usado em populações que não tenham, obrigatoriamente, queixas relacionadas à audição, como é o caso do GR neste estudo.

Calais et al.(2828 Calais LL, Borges ACLC, Baraldi GS, Almeida LC. Otological complaints and concerns and communication difficulties of aged individuals. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2008;13(1):12-1. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342008000100005.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-80342008...
), em um estudo que teve como objetivo investigar as queixas e as preocupações otológicas de indivíduos idosos, avaliaram 50 idosos com configuração audiométrica descendente simétrica e verificaram que a queixa de perda auditiva esteve presente em grande parte da amostra (75% dos idosos), confirmando que o autorrelato é uma medida válida para perda auditiva. O HHIE-S tem sido frequentemente utilizado para verificar a restrição de participação nas AVDs em diferentes estudos que investigam a perda auditiva referida em idosos(2929 Chiossi JSC, Roque FP, Goulart BNG, Chiari BM. Impacto das mudanças vocais e auditivas na qualidade de vida de idosos ativos. Ciênc. Saúde Coletiva. 2014;19(8):3335-42. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232014198.07642013.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320141...
,3030 Campos PD, Bozza A, Ferrari DV. Hearing aid handling skills: relationship with satisfaction and benefit. CoDAS. 2014;26(1):10-6. PMid:24714854. http://dx.doi.org/10.1590/S2317-17822014.001-0003.
http://dx.doi.org/10.1590/S2317-17822014...
).

Apesar das limitações descritas acima, este trabalho apresentou resultados importantes que fortalecem a necessidade de ampliar o acesso à reabilitação auditiva entre idosos, bem como o alcance das informações a respeito das consequências da deficiência auditiva para a vida dos idosos e sobre onde procurar auxílio, haja vista a melhora significativa na qualidade de vida apontada pelo grupo que já passou pela intervenção fonoaudiológica (uso de AASI).

CONCLUSÃO

A perda auditiva afeta a qualidade de vida do idoso, entretanto, idosos com deficiência auditiva protetizados com AASI apresentam bons resultados quanto à qualidade de vida, com melhoras em suas condições de vida e saúde, sugerindo que a protetização pode ter um impacto importante e positivo no processo de envelhecimento como um todo.

  • Trabalho realizado no Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento e no Departamento de Otorrinolaringologia, Oftalmologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP - Ribeirão Preto (SP), Brasil.
  • Fonte de financiamento: nada a declarar.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2017

Histórico

  • Recebido
    22 Jan 2017
  • Aceito
    27 Abr 2017
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