Acessibilidade / Reportar erro
Revista Brasileira de Anestesiologia, Volume: 69, Número: 6, Publicado: 2019
  • Uso de analgésicos e o risco da automedicação em amostra de população urbana: estudo transversal Scientific Articles

    Barros, Guilherme Antonio Moreira de; Calonego, Marco A. Marchetti; Mendes, Rannier F.; Castro, Raphael A.M.; Faria, João F.G.; Trivellato, Stella A.; Cavalcante, Rodney S.; Fukushima, Fernanda B.; Dias, Adriano

    Resumo em Português:

    Resumo Justificativa e objetivos: Há poucos dados na literatura que caracterizam o padrão de uso de analgésicos na América Latina e no Brasil. Também se sabe pouco sobre o subtratamento da dor e sua influência no hábito de automedicação analgésica. O objetivo desta pesquisa é definir o padrão de uso de analgésicos entre os portadores de dor crônica (DC) e a sua potencial associação à automedicação analgésica. Método: Estudo observacional transversal com amostra de população urbana. A dor crônica foi definida como aquela presente por pelo menos 90 dias. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa institucional. Resultados: Foram incluídos 416 indivíduos; 45,7% (n = 190) portadores de dor crônica, sendo os do sexo feminino (72,3%; p = 0,04) os mais acometidos. A automedicação analgésica é praticada por 78,4% dos portadores de dor crônica. O tratamento analgésico vigente mais frequente é composto pelos anti-inflamatórios não esteroides (AINES), dipirona e paracetamol. Os opioides fracos são pouco usados e apenas 2,6% dos indivíduos com dor crônica fazem uso desses analgésicos. Nenhum dos indivíduos estava em uso de opioides potentes. Conclusões: A prática de automedicação analgésica é frequente entre os portadores de dor crônica, o que pode ser consequência da pouca prescrição de analgésicos mais potentes, como os opioides. Pode-se também dizer que, pelos dados apresentados, não ocorre uma crise de uso recreativo de opioides na população estudada.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background and objectives: There are few data in the literature characterizing the pattern of analgesic use in Latin American countries, including Brazil. Little is known about the undertreatment of pain and its influence on the habit of self-medication with analgesics. The aim of this study is to define the pattern of analgesic use among chronic pain patients and its potential association with self-medication with analgesics. Method: Cross-sectional observational study with an urban population sample. Chronic pain was defined as a pain lasting for at least 90 days. The study was approved by the Research Ethics Committee of the institution. Results: 416 subjects were included; 45.7 % (n = 190) had chronic pain, with females (72.3 %; p = 0.04) being the most affected. Self-medication with analgesics is practiced by 78.4% of patients with chronic pain. The most common current analgesic treatment consists of non-steroidal anti-inflammatory drugs (dipyrone and acetaminophen). Weak opioids are rarely used and only 2.6% of subjects with chronic pain were taking these analgesics. None of the subjects were taking potent opioids. Conclusions: The practice of self-medication with analgesics is frequent among patients with chronic pain, which may be due to the underprescription of more potent analgesics, such as opioids. It can also be said that, given the data presented, there is no crisis of recreational opioid use in the studied population.
  • Os efeitos do remifentanil sobre os marcadores do estresse oxidativo durante a cesariana, em correlação com a hemodinâmica materna e o desfecho neonatal: um estudo randômico controlado Scientific Articles

    Kutlesic, Marija S.; Kocic, Gordana; Kutlesic, Ranko M.

    Resumo em Português:

    Resumo Justificativa e objetivo: O remifentanil é usado para atenuar a resposta hemodinâmica materna à intubação e ao estresse cirúrgico durante o intervalo indução-parto cesariana. O objetivo foi comparar os efeitos de dois regimes posológicos de remifentanil sobre o nível de estresse oxidativo, em correlação com seus efeitos na hemodinâmica materna e no neonato. Métodos: Mediante códigos gerados por computador, 51 pacientes (17 por grupo) programadas para cesariana eletiva foram randomicamente divididas em três grupos paralelos (A, B e C). No Grupo A, as pacientes receberam remifentanil em bolus de 1 µg.kg-1 imediatamente antes da indução, seguido por infusão de 0,15 µg.kg-1.min-1 que foi interrompida após a incisão da pele; no Grupo B, as pacientes receberam remifentanil em bolus de 1 µg.kg-1 imediatamente antes da indução; no Grupo C (controle), as pacientes não receberam remifentanil até o parto. Amostras de sangue venoso materno foram colhidas no momento basal, na extração do feto e 30 minutos após o término da operação para determinar espectrofotometricamente as concentrações do malondialdeído e dos produtos proteicos de oxidação avançada. O mesmo foi feito para a coleta das amostras de sangue venoso umbilical. Resultados: A pressão arterial sistólica e a frequência cardíaca permaneceram significativamente menores no Grupo A, comparado aos grupos B e C, durante todo o intervalo indução-parto (p < 0,001, p = 0,02 após a intubação; p = 0,006, p = 0,03 após a incisão da pele; p = 0,029, p = 0,04 após a extração do feto, respectivamente). No momento da extração do feto, a concentração do malondialdeído foi menor no sangue materno do Grupo A, comparado aos grupos B e C (p = 0,026). Todos os escores de Apgar neonatais foram ≥ 8 e os valores da avaliação ácido-base do cordão umbilical estavam dentro da faixa normal. Conclusões: O regime posológico de remifentanil aplicado ao Grupo A atenuou de modo significativo a peroxidação lipídica e a resposta hemodinâmica materna durante todo o intervalo indução-parto, sem comprometer o desfecho neonatal.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background and objective: Remifentanil is used to attenuate maternal hemodynamic response to intubation and surgical stress during Induction-Delivery period of cesarean section. The goal was to compare the effects of two remifentanil dosing regimens on oxidative stress level, in correlation with its hemodynamic and neonatal effects. Methods: Fifty-one patients, 17 per group, enrolled for elective cesarean section were randomly divided by computer-generated codes into three parallel groups: (A) patients received a 1 µg.kg-1 remifentanil bolus immediately before induction, followed by 0.15 µg.kg-1.min-1 infusion, that was stopped after skin incision; (B) patients received a 1 µg.kg-1 remifentanil bolus immediately before induction; (C) (control), patients did not receive remifentanil until delivery. Maternal venous blood samples were taken at basal time, at extraction and 30 minutes after the end of operation for spectrophotometrical determination of malondialdehyde and advanced oxidation protein products concentration. The same was conducted for umbilical venous sample. Results: Systolic blood pressure and heart rate remained significantly lower in group A compared to B and C during entire Induction-Delivery period (p < 0.001, p = 0.02 after intubation; p = 0.006, p = 0.03 after skin incision; p = 0.029, p = 0.04 after extraction; respectively). Malondialdehyde concentration was lower at time of extraction in maternal blood in group A compared to B and C (p = 0.026). All neonatal Apgar scores were ≥ 8 and umbilical acid-base values within normal range. Conclusions: The remifentanil dosing regimen applied in group A significantly attenuated lipid peroxidation and maternal hemodynamic response during entire I-D period, without compromising neonatal outcome.
  • Comparação das ventilações controlada por volume e controlada por pressão na mecânica respiratória em cirurgia bariátrica laparoscópica: estudo clínico randômico Scientific Articles

    Ozyurt, Erhan; Kavakli, Ali Sait; Ozturk, Nilgun Kavrut

    Resumo em Português:

    Resumo Justificativa: O modo de ventilação mecânica que deve ser usado em cirurgia bariátrica, uma das opções de tratamento para pacientes com obesidade, ainda não foi definido. Objetivos: Comparar as ventilações controladas por volume e por pressão em termos de mecânica respiratória e dos valores da gasometria arterial em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica laparoscópica. Métodos: Foram incluídos neste estudo 62 pacientes com obesidade mórbida programados para bypass gástrico. Seus pesos corporais ideais foram calculados durante as consultas pré-operatórias e os pacientes foram divididos em dois grupos: ventilação controlada por volume e ventilação controlada por pressão. Os pacientes foram ventilados de acordo com um algoritmo previamente determinado. Os parâmetros da ventilação mecânica e as análises da gasometria arterial foram registrados 5 minutos após a indução, 30 minutos após o pneumoperitônio e ao final da cirurgia. Além disso, a complacência dinâmica, a pressão e a fração de oxigênio inspirado e a pressão do gradiente alvéolo-arterial de oxigênio foram calculados. Resultados: As pressões de pico das vias aéreas foram menores nos pacientes ventilados no modo de ventilação controlada por pressão ao final da cirurgia (p = 0,011). Exceto por esse aspecto, não houve diferença entre os grupos quanto aos parâmetros respiratórios intraoperatórios e às gasometrias arteriais. Conclusões: O modo de ventilação controlada por pressão não é superior ao modo de ventilação controlada por volume em pacientes de cirurgia bariátrica laparoscópica.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: It is not clear which mechanical ventilation mode should be used in bariatric surgery, one of the treatment options for patients with obesity. Objectives: To compare volume-controlled ventilation and pressure-controlled ventilation in terms of respiratory mechanics and arterial blood gas values in patients undergoing laparoscopic bariatric surgery. Methods: Sixty-two patients with morbid obesity scheduled for gastric bypass were included in this study. Their ideal body weights were calculated during preoperative visits, and patients were divided into two groups, volume-controlled ventilation and pressure-controlled ventilation. The patients were ventilated in accordance with a previously determined algorithm. Mechanical ventilation parameters and arterial blood gas analysis were recorded 5minutes after induction, 30minutes after pneumoperitoneum, and at the end of surgery. Also, the dynamic compliance, inspired O2 pressure/fractional O2 ratio, and alveolar-arterial oxygen gradient pressure were calculated. Results: Peak airway pressures were lower in patients ventilated in pressure-controlled ventilation mode at the end of surgery (p = 0.011). Otherwise, there was no difference between groups in terms of intraoperative respiratory parameters and arterial blood gas analyses. Conclusions: Pressure-controlled ventilation mode is not superior to volume-controlled ventilation mode in patients with laparoscopic bariatric surgery.
  • Comparação entre ventilação garantida por volume controlado por pressão e ventilação controlada por volume em pacientes obesos durante cirurgia laparoscópica ginecológica na posição de Trendelenburg Scientific Articles

    Toker, Melike Korkmaz; Altıparmak, Basak; Uysal, Ali İhsan; Demirbilek, Semra Gumus

    Resumo em Português:

    Resumo Justificativa e objetivos: O objetivo deste estudo foi investigar a eficácia dos modos de ventilação garantida por volume controlado por pressão (PCV-VG) e ventilação controlada por volume (VCV) para manter pressões adequadas nas vias aéreas, complacência pulmonar e oxigenação em pacientes obesos submetidos à histerectomia laparoscópica na posição de Trendelenburg. Métodos: Cento e quatro pacientes submetidos à cirurgia ginecológica laparoscópica, com índice de massa corporal entre 30 e 40 kg.m-2, foram randomizados para receber ventilação com VCV ou PCV-VG. O volume corrente foi fixado em 8 mL.kg-1, com uma concentração inspirada de oxigênio de 0,4 e pressão positiva expiratória final (PEEP) de 5 mmHg. Registramos os seguintes parâmetros: pressão de pico inspiratório, pressão inspiratória média, pressão de platô, driving pressure, complacência dinâmica, frequência respiratória, volume corrente expirado, etCO2, gasometria arterial, frequência cardíaca e pressão arterial média aos 5, 30 e 60 minutos, respectivamente, após o pneumoperitônio na posição de Trendelenburg. Resultados: O grupo PCV-VG apresentou uma redução significativa da pressão de pico inspiratório, pressão inspiratória média, pressão de platô, driving pressure e aumento da complacência dinâmica comparado ao grupo VCV. Os níveis médios de PaO2 foram significativamente maiores no grupo PCV-VG do que no grupo VCV em todos os momentos após o pneumoperitônio na posição de Trendelenburg. Conclusões: O modo de ventilação PCV-VG limitou a pressão de pico inspiratório, diminuiu a driving pressure e aumentou a complacência dinâmica, comparado ao VCV em pacientes obesas submetidas à histerectomia laparoscópica. O PCV-VG pode ser uma modalidade preferida para prevenir o barotrauma durante cirurgias laparoscópicas em pacientes obesos.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background and objectives: The aim of this study was to investigate the efficacy of the pressure-controlled, volume-guaranteed (PCV-VG) and volume-controlled ventilation (VCV) modes for maintaining adequate airway pressures, lung compliance and oxygenation in obese patients undergoing laparoscopic hysterectomy in the Trendelenburg position. Methods: Patients (104) who underwent laparoscopic gynecologic surgery with a body mass index between 30 and 40 kg.m-2 were randomized to receive either VCV or PCV-VG ventilation. The tidal volume was set at 8 mL.kg-1, with an inspired oxygen concentration of 0.4 with a Positive End-Expiratory Pressure (PEEP) of 5 mmHg. The peak inspiratory pressure, mean inspiratory pressure, plateau pressure, driving pressure, dynamic compliance, respiratory rate, exhaled tidal volume, etCO2, arterial blood gas analysis, heart rate and mean arterial pressure at 5 minutes after induction of anesthesia in the and at 5, 30 and 60 minutes, respectively, after pneumoperitoneum in the Trendelenburg position were recorded. Results: The PCV-VG group had significantly decreased peak inspiratory pressure, mean inspiratory pressur, plateau pressure, driving pressure and increased dynamic compliance compared to the VCV group. Mean PaO2 levels were significantly higher in the PCV-VG group than in the VCV group at every time point after pneumoperitoneum in the Trendelenburg position. Conclusions: The PCV-VG mode of ventilation limited the peak inspiratory pressure, decreased the driving pressure and increased the dynamic compliance compared to VCV in obese patients undergoing laparoscopic hysterectomy. PCV-VG may be a preferable modality to prevent barotrauma during laparoscopic surgeries in obese patients.
  • Eficácia do bloqueio do plano do músculo eretor da espinha guiado por ultrassom para analgesia após colecistectomia laparoscópica: um estudo controlado randômico Scientific Articles

    Altiparmak, Basak; Korkmaz Toker, Melike; Uysal, Ali İhsan; Kuşçu, Yağmur; Gümüş Demirbilek, Semra

    Resumo em Português:

    Resumo Justificativa e objetivos: O objetivo primário deste estudo foi avaliar o efeito do bloqueio do plano do músculo eretor da espinha guiado por ultrassom (US-ESP) sobre o consumo de opioides no pós-operatório após colecistectomia laparoscópica. Os objetivos secundários foram avaliar os efeitos do bloqueio do plano eretor da espinha sobre a necessidade de fentanil no intraoperatório e nos escores de dor pós-operatória. Métodos: Pacientes entre 18 e 70 anos, ASA I-II, foram incluídos no estudo e alocados randomicamente em dois grupos. No Grupo ESP, os pacientes receberam o bloqueio bilateral US-ESP com 40 mL de bupivacaína a 0,25% no nível de T7, enquanto no Grupo Controle os pacientes receberam o bloqueio bilateral US-ESP com 40 mL de solução salina antes da indução da anestesia. Em seguida, um procedimento-padrão de anestesia geral foi feito em ambos os grupos. Os escores da NRS aos 15, 30 e 60 minutos e em 12 e 24 horas de pós-operatório, a necessidade de fentanil no intraoperatório e o consumo total de tramadol no pós-operatório foram registrados. Resultados: O grupo ESP foi constituído por 21 pacientes e o Grupo Controle por 20. O consumo médio de tramadol no pós-operatório foi de 100 ± 19,2 mg no Grupo ESP e de 143 ± 18,6 mg no grupo controle (p < 0,001). A necessidade média de fentanil no intraoperatório foi significativamente menor no grupo ESP (p = 0,022). Os escores da NRS aos 15, 30 e 60 minutos e em 12 e 24 horas de pós-operatório foram significativamente menores no grupo ESP (p < 0,05). De acordo com a análise de medidas repetidas, a variação do escore NRS ao longo do tempo foi estatisticamente significativa entre dois grupos (F [1,39] = 24,061, p < 0,0005). Conclusões: O bloqueio bilateral US-ESP reduziu de forma significativa o consumo de opioides no pós-operatório, a necessidade de fentanil no intraoperatório e os escores de dor no pós-operatório dos pacientes submetidos à colecistectomia laparoscópica.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background and objectives: The primary aim of this study is to assess the effect of ultrasoung-guided erector spinae block on postoperative opioid consumption after laparoscopic cholecystectomy. The secondary aims are to assess the effects of erector spinae plane block on intraoperative fentanyl need and postoperative pain scores. Methods: Patients between 18-70 years old, ASA I-II were included in the study and randomly allocated into two groups. In Group ESP, patients received bilateral US-ESP with 40 ml of 0.25% bupivacaine at the level of T7, while in Group Control, they received bilateral US-ESP with 40 ml of saline before the induction of anesthesia. Then a standard general anesthesia procedure was conducted in both groups. NRS scores at the postoperative 15th, 30th, 60th minutes, 12th and 24th hours, intraoperative fentanyl need and total postoperative tramadol consumption were recorded. Results: There were 21 patients in Group ESP and 20 patients in Group Control. Mean postoperative tramadol consumption was 100 ± 19.2 mg in Group ESP, while it was 143 ± 18.6 mg in Group Control (p < 0.001). The mean intraoperative fentanyl need was significantly lower in Group ESP (p = 0.022). NRS scores at the postoperative 15th, 30th min, 12th hour and 24th hour were significantly lower in ESP group (p < 0.05). According to repeated measures analysis, NRS score variation over time was significantly varied between two groups (F[1, 39] = 24.061, p < 0.0005). Conclusions: Bilateral US-ESP block provided significant reduction in postoperative opioid consumption, intraoperative fentanyl need and postoperative pain scores of patients undergoing laparoscopic cholecystectomy.
  • Complicações perioperatórias e mortalidade em pacientes idosos submetidos a cirurgia para correção de fratura de fêmur: estudo prospectivo observacional Scientific Articles

    Barbosa, Talita de Almeida; Souza, André Moreira Fogaça de; Leme, Fábio Caetano Oliveira; Grassi, Letícia Dalla Vecchia; Cintra, Fabio Bussolan; Lima, Rodrigo Moreira e; Gumieiro, David Nicoletti; Lima, Lais Helena Navarro e

    Resumo em Português:

    Resumo Justificativa e objetivos: O manejo perioperatório das fraturas de fêmur em pacientes idosos tem sido estudado com o intuito de determinar causas modificáveis de complicações e óbito. Este estudo tem por objetivo avaliar taxa de mortalidade e suas causas na população idosa com fraturas de fêmur. Avaliamos também complicações perioperatórias e sua associação com mortalidade pós-operatória. Método: Neste estudo prospectivo e observacional, avaliamos 182 pacientes, por questionário e prontuário eletrônico, desde o momento da internação até um ano após a cirurgia. Análises estatísticas pelo modelo multivariado de riscos proporcionais de Cox e curvas de Kaplan-Meier foram feitas para detectar fatores independentes de mortalidade. Resultados: Cinquenta e seis pacientes (30,8%) obituaram em até um ano de pós-operatório, sendo que a principal causa determinada de óbito foi infecção seguida de choque séptico. A principal complicação, tanto pré quanto pós-operatória, foi distúrbio hidroeletrolítico. Para cada aumento de uma unidade (em ano) na idade, a razão de chance de vir a óbito aumentou em 4%. A cada nova complicação pré-operatória apresentada, a razão de chance de óbito aumentou em 28%. Os pacientes ASA III ou IV apresentaram razão de chance de óbito, em um ano, 95% maior do que aqueles ASA I ou II. Conclusões: O aumento da idade e do número de complicações pré-operatórias, além da classificação de ASA III ou IV, foram fatores independentes de risco aumentado de óbito na população estudada. A taxa de mortalidade foi de 30,8%, sendo que a infecção seguida de choque séptico foi a principal causa determinada de óbito.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background and objectives: Perioperative management of femoral fractures in elderly patients has been studied to determine modifiable causes of complications and death. The aim of this study was to evaluate the mortality rate and its causes in the elderly population with FF. We also evaluated perioperative complications and their association with postoperative mortality. Method: In this prospective and observational study, we evaluated 182 patients, by questionnaire and electronic medical record, from the moment of hospitalization to one year after surgery. Statistical analyzes using the multivariate Cox proportional hazards model and Kaplan-Meier curves were performed to detect independent mortality factors. Results: Fifty-six patients (30.8%) died within one year after surgery, and the main cause of death was infection followed by septic shock. The main complication, both preoperatively and postoperatively, was hydroelectrolytic disorder. For every one-unit (one-year) increase in age, the odds ratio for death increased by 4%. With each new preoperative complication, the odds ratio for death increased by 28%. Patients ASA III or IV had a 95% higher odds ratio for death than patients ASA I or II. Conclusions: Increasing age and number of preoperative complications, in addition to ASA classification III or IV, were independent factors of increased risk of death in the population studied. The mortality rate was 30.8%, and infection followed by septic shock was the leading cause of death.
  • Paralisia hemidiafragmática após bloqueio supraclavicular guiado por ultrassom: um estudo coorte prospectivo Scientific Articles

    Ferré, Fabrice; Mastantuono, Jean-Mathieu; Martin, Charlotte; Ferrier, Anne; Marty, Philippe; Laumonerie, Pierre; Bonnevialle, Nicolas; Minville, Vincent

    Resumo em Português:

    Resumo Justificativa e objetivos: O aparecimento frequente de paralisia hemidiafragmática durante o bloqueio interescalênico restringe seu uso em pacientes com insuficiência respiratória. O bloqueio supraclavicular pode ser uma opção segura e eficaz. Nosso objetivo primário foi avaliar a incidência de paralisia hemidiafragmática após bloqueio supraclavicular guiado por ultrassom e compará-lo com o bloqueio interescalênico. Métodos: Os adultos agendados para cirurgia eletiva do ombro sob anestesia regional (Hospital Universitário de Toulouse) foram prospectivamente incluídos neste estudo observacional, de maio de 2016 a maio de 2017. Vinte mililitros de ropivacaína a 0,375% foram injetados, preferencialmente objetivando a interseção da primeira costela e da artéria subclávia. A excursão diafragmática foi medida por ultrassonografia antes e 30 minutos após a anestesia regional. Uma redução ≥ 25% na excursão diafragmática durante um sniff test definiu a paralisia hemidiafragmática. Dispneia e hipoxemia foram registradas na sala de recuperação. Fatores preditivos de paralisia hemidiafragmática (sexo, idade, peso, tabagismo, capacidade funcional) foram explorados. A dor pós-operatória também foi avaliada. Resultados: Quarenta e dois e 43 pacientes dos grupos bloqueio supraclavicular e bloqueio interescalênico, respectivamente, foram avaliados. A incidência de paralisia hemidiafragmática foi de 59,5% no grupo bloqueio supraclavicular em comparação com 95,3% no grupo bloqueio interescalênico (p < 0,0001). O movimento paradoxal do diafragma foi mais comum no grupo bloqueio interescalênico (RR = 2, 95% IC 1,4-3; p = 0,0001). Uma variação semelhante na saturação de oxigênio foi registrada entre os pacientes com e sem paralisia hemidiafragmática (p = 0,08). Nenhum fator preditivo de paralisia hemidiafragmática pôde ser identificado. O consumo de morfina e o maior escore na escala numérica (NRS) em 24 horas não diferiram entre os grupos. Conclusão: Devido à frequente incidência de paralisia hemidiafragmática após bloqueio supraclavicular, essa técnica não pode ser recomendada para pacientes com função respiratória alterada.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background and objectives: The frequent onset of hemidiaphragmatic paralysis during interscalene block restricts its use in patients with respiratory insufficiency. Supraclavicular block could be a safe and effective alternative. Our primary objective was to assess the incidence of hemidiaphragmatic paralysis following ultrasound-guided supraclavicular block and compare it to that of interscalene block. Methods: Adults warranting elective shoulder surgery under regional anesthesia (Toulouse University Hospital) were prospectively enrolled from May 2016 to May 2017 in this observational study. Twenty millilitres of 0.375% Ropivacaine were injected preferentially targeted to the “corner pocket”. Diaphragmatic excursion was measured by ultrasonography before and 30 minutes after regional anesthesia. A reduction ≥25% in diaphragmatic excursion during a sniff test defined the hemidiaphragmatic paralysis. Dyspnoea and hypoxaemia were recorded in the recovery room. Predictive factors of hemidiaphragmatic paralysis (gender, age, weight, smoking, functional capacity) were explored. Postoperative pain was also analysed. Results: Forty-two and 43 patients from respectively the supraclavicular block and interscalene block groups were analysed. The incidence of hemidiaphragmatic paralysis was 59.5% in the supraclavicular block group compared to 95.3% in the interscalene block group (p < 0.0001). Paradoxical movement of the diaphragm was more common in the interscalene block group (RR = 2, 95% CI 1.4-3; p = 0.0001). A similar variation in oxygen saturation was recorded between patients with and without hemidiaphragmatic paralysis (p = 0.08). No predictive factor of hemidiaphragmatic paralysis could be identified. Morphine consumption and the highest numerical rating scale numerical rating scale (NRS) at 24 hours did not differ between groups. Conclusions: Given the frequent incidence of hemidiaphragmatic paralysis following supraclavicular block, this technique cannot be recommended for patients with an altered respiratory function.
  • Bloqueio de nervos periféricos e dor rebote: revisão de literatura Review Article

    Nobre, Layana Vieira; Cunha, Graziella Prianti; Sousa, Paulo César Castello Branco de; Takeda, Alexandre; Ferraro, Leonardo Henrique Cunha

    Resumo em Português:

    Resumo Justificativa e objetivos: Investigar, descrever e avaliar o fenômeno da “dor rebote” como um problema clinicamente relevante na prática anestésica. Conteúdo: O fenômeno da “dor rebote” foi demonstrado e descrito como uma dor muito intensa que ocorre após a resolução do bloqueio de nervo periférico com o retorno da sensibilidade. A incidência de dor rebote é desconhecida. Normalmente ela ocorre entre 12 a 24 horas após a cirurgia e afeta negativamente a qualidade do sono. Ainda não é possível estabelecer um mecanismo como causa definitiva ou fator desencadeante da dor rebote. Estudos sugerem que a dor rebote seja um efeito colateral dos bloqueios de nervos periféricos, apesar destes terem eficácia no controle álgico. Atualmente, a extensão e a significância clínica da dor rebote não podem ser bem determinadas, devido à falta de grandes estudos prospectivos. Conclusão: A avaliação da dor rebote deve ser sempre considerada na prática clínica, pois não é um efeito colateral raro dos bloqueios de nervo periféricos. Ainda existem muitas questões desafiadoras a serem respondidas sobre a dor rebote, portanto fazem-se necessários amplos estudos prospectivos sobre a temática. Para a sua prevenção recomenda-se o uso de técnicas de bloqueio de nervo periférico que evitem a lesão do nervo e uma adequada analgesia perioperatória associada à orientação do paciente sobre a administração precoce de analgésicos mesmo na vigência da analgesia proporcionada pelo bloqueio de nervo periférico. A melhor compreensão do fenômeno “dor rebote”, sua fisiopatologia, seus fatores de risco associados e suas consequências em longo prazo poderá ajudar na elaboração de estratégias preventivas mais eficazes.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background and objectives: To investigate, describe, and assess the phenomenon of “rebound pain” as a clinically relevant problem in anesthetic practice. Content: The phenomenon of “rebound pain” has been demonstrated and described as a very severe pain, which occurs after a peripheral nerve block resolution with the recovery of sensitivity. The incidence of rebound pain is unknown. Usually, it occurs between 12 and 24 hours after surgery and, adversely affecting sleep quality. It is not yet possible to establish a mechanism as a definitive cause or trigger factor of rebound pain. Studies suggest that rebound pain is a side effect of peripheral nerve blocks, despite their effectiveness in pain control. Currently, the extent and clinical significance of rebound pain cannot be well determined due to the lack of large prospective studies. Conclusion: Rebound pain assessment should always be considered in clinical practice, as it is not a rare side effect of peripheral nerve blocks. There are still many challenging questions to be answered about rebound pain, so large prospective studies are needed to address the issue. For prevention, the use of peripheral nerve block techniques that avoid nerve damage and adequate perioperative analgesia associated with patient education on the early administration of analgesics, even during the period of analgesia provided by peripheral nerve block, is recommended. A better understanding of the “rebound pain” phenomenon, its pathophysiology, associated risk factors, and long-term consequences may help in developing more effective preventive strategies.
  • Calcitonina como agente analgésico: revisão dos mecanismos de ação e das aplicações clínicas Review Article

    Yazdani, Javad; Khorshidi Khiavi, Reza; Ghavimi, Mohammad Ali; Mortazavi, Ali; Jabbari Hagh, Elahe; Ahmadpour, Farzin

    Resumo em Português:

    Resumo Justificativa e objetivos: A calcitonina é um hormônio polipeptídico que regula o metabolismo do cálcio no organismo. Por muitos anos a calcitonina tem sido usada para manter e melhorar a densidade mineral óssea e reduzir a incidência de fraturas. Muitos estudos mostraram que a calcitonina teve efeito analgésico em várias condições físicas de dor. Esse efeito de melhoria da dor é irrelevante diante de seu efeito inibidor osteoclástico e de mecanismos, tais como a alteração do canal de Na+ e da expressão do receptor de serotonina, inclusive a hipótese do mecanismo mediado pela endorfina, que foram usados para explicar esse efeito. Neste estudo, fizemos uma revisão completa sobre o papel da calcitonina como agente analgésico em diferentes cenários e investigamos o fato de que a calcitonina pode ser uma medicação viável para aliviar a dor. Método: Muitos estudos centraram no efeito analgésico da calcitonina em várias condições de dor, inclusive dores agudas relacionadas a fraturas vertebrais, metástases, enxaqueca e distrofia simpática reflexa, bem como dores neuropáticas relacionadas a lesões medulares ou ao diabetes e dor fantasma. Além disso, a calcitonina mostrou ser um aditivo útil à anestesia local para o controle mais efecaz da dor pós-operatória ou neuralgia do trigêmeo. Porém, nos deparamos com alguns dados contraditórios em condições como estenose do canal lombar, síndrome complexa da dor regional, dor fantasma e malignidades. Conclusão: Este estudo mostrou que a calcitonina pode ser um analgésico útil em diferentes condições de dor. A calcitonina pode ser considerada um tratamento elegível para as dores agudas relacionadas a fraturas vertebrais e uma opção viável para o tratamento das dores neuropáticas agudas e crônicas em que outros medicamentos podem falhar.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background and objectives: Calcitonin is a polypeptide hormone regulating the metabolism of calcium in the body. For many years calcitonin has been used to maintain and improve bone mineral density and to reduce the fracture rate. Many studies showed that calcitonin had analgesic role in several painful circumstances. This pain-ameliorating effect is irrelevant to its osteoclastic inhibitory effect and mechanisms like altering Na+ channel and serotonin receptor expression or hypothesis including the endorphin-mediated mechanism were used to explain this effect. In this study we performed a thorough review on the role of calcitonin as an analgesic agent in different scenarios and investigated the fact that calcitonin can be a feasible medication to relieve pain. Method: Many studies focused on the analgesic effect of calcitonin in several painful circumstances, including acute pains related to vertebral fractures, metastasis, migraine and reflex sympathetic dystrophy as well as neuropathic pains related to spinal injuries or diabetes, and phantom pain. Also, calcitonin was showed to be a useful additive to local anesthesia in the case of controlling postoperative pain or trigeminal neuralgia more effectively. However we faced some contradictory data for conditions like lumbar canal stenosis, complex regional pain syndrome, phantom pain and malignancies. Conclusion: This study showed that calcitonin could be helpful analgesic agent in different painful situations. Calcitonin can be considered an eligible treatment for acute pains related to vertebral fractures and a feasible alternative for the treatment of the acute and chronic neuropathic pains where other medications might fail.
  • Associação entre perfusão periférica, microcirculação e mortalidade em sepse: uma revisão sistemática Review Article

    Santos, Danillo Menezes dos; Quintans, Jullyana S.S.; Quintans-Junior, Lucindo J.; Santana-Filho, Valter J.; Cunha, Cláudio Leinig Pereira da; Menezes, Igor Alexandre Cortes; Santos, Márcio R. Viana

    Resumo em Português:

    Resumo Embora evidências crescentes apoiem a monitoração da perfusão periférica em pacientes sépticos, nenhuma revisão sistemática foi feita para explorar a força da associação entre a má perfusão avaliada na microcirculação dos tecidos periféricos e a mortalidade. Uma busca nas bases de dados mais importantes foi feita para encontrar artigos publicados até fevereiro de 2018 que correspondessem aos critérios deste estudo, com diferentes palavras-chave: sepse, mortalidade, prognóstico, microcirculação e perfusão periférica. Os critérios de inclusão foram estudos que avaliaram a associação entre perfusão/microcirculação periférica e mortalidade em sepse. Os critérios de exclusão adotados foram os seguintes: artigos de revisão, estudos com animais/pré-clínicos, metanálises, resumos, anais de congressos, editoriais, cartas, relatos de casos, artigos duplicados e artigos que não continham resumos e/ou texto. Foram selecionados 26 artigos nos quais 2465 pacientes com sepse foram avaliados com pelo menos um método reconhecido para monitorar a perfusão periférica. A revisão demonstrou um grupo heterogêneo de pacientes gravemente enfermos com uma taxa de mortalidade entre 3% e 71% (mediana = 37% [28%-43%]). Os métodos de avaliação mais comumente usados foram a espectroscopia na região do infravermelho próximo (Near-Infrared Spectroscopy - NIRS) (7 artigos) e a análise de imagens em campo escuro (Sidestream Dark-Field - SDF) (5 artigos). O leito vascular mais avaliado foi a microcirculação sublingual/bucal (8 artigos), seguida pela ponta do dedo (4 artigos). A maioria dos estudos (23 artigos) demonstrou uma clara relação entre má perfusão periférica e mortalidade. Em conclusão, o diagnóstico de hipoperfusão/anormalidades microcirculatórias em órgãos não vitais periféricos foi associado ao aumento da mortalidade. No entanto, estudos adicionais devem ser feitos para verificar se essa associação pode ser considerada um marcador da gravidade ou um fator desencadeante da falência de órgãos na sepse.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Although increasing evidence supports the monitoring of peripheral perfusion in septic patients, no systematic review has been undertaken to explore the strength of association between poor perfusion assessed in microcirculation of peripheral tissues and mortality. A search of the most important databases was carried out to find articles published until February 2018 that met the criteria of this study using different keywords: sepsis, mortality, prognosis, microcirculation and peripheral perfusion. The inclusion criteria were studies that assessed association between peripheral perfusion/microcirculation and mortality in sepsis. The exclusion criteria adopted were: review articles, animal/pre-clinical studies, meta-analyzes, abstracts, annals of congress, editorials, letters, case-reports, duplicate and articles that did not present abstracts and/or had no text. In the 26 articles were chosen in which 2465 patients with sepsis were evaluated using at least one recognized method for monitoring peripheral perfusion. The review demonstrated a heterogeneous critically ill group with a mortality-rate between 3% and 71% (median = 37% [28%-43%]). The most commonly used methods for measurement were Near-Infrared Spectroscopy (NIRS) (7 articles) and Sidestream Dark-Field (SDF) imaging (5 articles). The vascular bed most studied was the sublingual/buccal microcirculation (8 articles), followed by fingertip (4 articles). The majority of the studies (23 articles) demonstrated a clear relationship between poor peripheral perfusion and mortality. In conclusion, the diagnosis of hypoperfusion/microcirculatory abnormalities in peripheral non-vital organs was associated with increased mortality. However, additional studies must be undertaken to verify if this association can be considered a marker of the gravity or a trigger factor for organ failure in sepsis.
  • Sepse aguda pós-operatória simulando sintomatologia suspeita para hipertermia maligna: relato de caso Clinical Information

    Ramanujam, Vendhan; Hoffman, Christopher R.; Russo, Kevin; Green, Michael S.

    Resumo em Português:

    Resumo Justificativa: A sepse é uma disfunção orgânica fatal com características clínicas inespecíficas que podem imitar outras condições clínicas com quadro hipermetabólico, como a hipertermia maligna. Os cenários são extremamente desafiadores para a anestesia perioperatória e requerem intervenção urgente. Objetivo: Ilustrar a necessidade de intervenção e consulta precoces para uma assistência adicional na abordagem e exclusão de hipertermia maligna e outras possíveis causas durante tal cenário. Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 63 anos, submetido à cistoscopia eletiva com cistoscópio flexível e biópsia transretal da próstata guiada por ultrassom sem intercorrências. No pós-operatório, o paciente desenvolveu sintomas que levantaram a suspeita de hipertermia maligna. O protocolo de hipertermia maligna foi imediatamente iniciado, inclusive a administração de dantrolene e uma consulta pela linha direta da associação de hipertermia maligna, juntamente com outros diagnósticos e manejos intervencionistas com vistas ao aprimoramento do paciente. Enquanto a administração precoce de dantrolene ajudou na estabilização hemodinâmica do paciente, a consulta com outros anestesistas e com a Associação de Hipertermia Maligna, juntamente com repetidos exames físicos e laboratoriais, ajudou a excluir a hipertermia maligna como o possível diagnóstico. O paciente recuperou-se mais tarde na unidade de terapia intensiva, onde recebeu tratamento para a bacteremia detectada em suas hemoculturas. Conclusões: A sepse compartilha sintomas clínicos que mimetizam a hipertermia maligna. Enquanto a sepse progride rapidamente para lesões secundárias, a hipertermia maligna é uma ameaça à vida. Proporcionar o tratamento ideal requer um bom julgamento clínico e um alto nível de suspeita quanto aos cuidados oportunos e apropriados, como a administração precoce de dantrolene e a consulta pela linha direta da Associação de Hipertermia Maligna para assistência adicional, que podem resultar em desfechos positivos.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: Sepsis is a life-threatening organ dysfunction with non-specific clinical features that can mimic other clinical conditions with hyper metabolic state such as malignant hyperthermia. Perioperatively anesthesia providers come across such scenarios, which are extremely challenging with the need for urgent intervention. Objective: To illustrate the need for early intervention and consultation for added assistance to approach and rule out malignant hyperthermia and other possible causes during such a scenario. Case report: A 63-year-old male underwent an uneventful elective flexible cystoscopy and transrectal ultrasound-guided prostate biopsy. Postoperatively he developed symptoms raising suspicion for malignant hyperthermia. Immediately malignant hyperthermia protocol was initiated that included administration of dantrolene and consultation of malignant hyperthermia association hotline along with other diagnostic and interventional management aimed at patient optimization. While early administration of dantrolene helped in hemodynamically stabilizing the patient, the consultation with other providers and malignant hyperthermia association hotline along with repeated examinations and lab works helped in ruling out malignant hyperthermia as the possible diagnosis. The patient later recovered in the intensive care unit where he was treated for the bacteremia that grew in his blood cultures. Conclusions: Sepsis shares clinical symptoms that mimic malignant hyperthermia. While sepsis rapidly progresses to secondary injuries, malignant hyperthermia is life threatening. Providing ideal care requires good clinical judgment and a high level of suspicion where timely and appropriate care such as early administration of dantrolene and consultation of malignant hyperthermia association hotline for added assistance can influence positive outcomes.
  • Ventilação a jato de alta frequência - uma nova abordagem no manejo da anestesia para ressonância magnética em cardiologia pediátrica: série de casos Clinical Information

    Rodrigues, João Tiago; Oliveira, Carmen; Ferreira, Ana Pinto

    Resumo em Português:

    Resumo Justificativa e objetivos: A ressonância magnética (RM) cardíaca é uma técnica usada na avaliação de crianças com cardiopatias congênitas. A anestesia geral garante imobilidade, especialmente em pacientes não cooperadores, porém os movimentos da parede torácica podem limitar a boa qualidade dos exames. A apneia prolongada pode ser necessária para diminuir os artefatos do movimento respiratório, potencialmente levando à hipoxemia e outros eventos adversos. O uso de ventilação a jato de alta frequência pode ser uma solução para evitar os movimentos da parede torácica. Relato de caso: Relatamos quatro casos de pacientes pediátricos, ASA II, entre 4-15 anos, programados para ressonância magnética cardíaca. Uma anestesia geral foi proposta e assinaturas em termo de consentimento livre e esclarecido foram obtidas dos pais. Após a indução da anestesia geral, um tubo endotraqueal sem balonete foi inserido. Em seguida, um cateter de 7Fr × 40 cm foi inserido através do tubo endotraqueal. A saída proximal do cateter foi conectada, mediante um tubo conector, a um sistema de ventilação a jato de alta frequência (Monsoon III®, Acutronic Medical Systems). Imagens de ressonância magnética de boa qualidade foram obtidas. No fim dos procedimentos, observamos aumento tanto de salivação quanto de CO2 expirado (60-70 mmHg) em todos os pacientes. Os pacientes foram extubados após a obtenção de normocapnia e reversão do bloqueio neuromuscular. Após o tempo de recuperação apropriado, as quatro crianças receberam alta no mesmo dia. Conclusões: Esta série de casos demonstra que o uso de um sistema de ventilação a jato de alta frequência para ressonância magnética cardíaca é viável e seguro, além de fornecer imagens cardíacas de boa qualidade e evitar a presença da equipe de anestesia dentro do ambiente de risco da sala de ressonância magnética. Estudos futuros são necessários para confirmar sua segurança e eficiência em pacientes pediátricos.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background and objectives: Cardiac Magnetic Resonance Imaging (MRI) is a technique used for evaluation of children with congenital heart diseases. General anesthesia ensures immobility, particularly in uncooperative patients. However, chest wall movements can limit good quality scans. Prolonged apnea may be necessary to decrease respiratory motion artefacts, potentially leading to hypoxemia and other adverse events. The use of a high frequency jet ventilator may be a solution avoiding chest wall movements. Case report: We report four cases of pediatric patients, ASA II, aged between 4 and 15 years-old, scheduled for cardiac MRI. General anesthesia was proposed and parental informed consent was obtained. After general anesthesia was induced, an uncuffed endotracheal tube was inserted. Then, a 7Fr × 40 cm catheter was placed through the endotracheal tube. The proximal outlet of the catheter was attached through a connecting tube to a high frequency jet ventilator (Monsoon III®, Acutronic Medical Systems). Good quality MRI images were obtained. At the end of the procedures, we observed increased salivation and increased end-tidal CO2 (60-70 mmHg), in all patients. The patients were extubated after normocapnia was achieved and neuromuscular blockade reversed. Following appropriate recovery time, the four children were discharged home the same day. Conclusions: This case series demonstrates that the use of a high frequency jet ventilator for cardiac MRI was feasible, safe, providing good quality cardiac imaging and avoiding anesthesia personnel to be inside the hazardous environment of MRI room. Future studies are needed to confirm its safety and efficiency in pediatric patients.
  • Perda intermitente de consciência durante cesariana sob raquianestesia: relato de caso Clinical Information

    Kayaalti, Selda

    Resumo em Português:

    Resumo A perda de consciência durante a raquianestesia é uma complicação rara, mas assustadora. Essa complicação geralmente está relacionada à grave hipotensão e bradicardia, mas, neste caso, a perda de consciência ocorreu em uma paciente parturiente hemodinamicamente estável. Apresentamos o caso de uma paciente de 31 anos, submetida a uma cesariana de emergência. A paciente perdeu a consciência e apresentou apneia que teve início 10 minutos após a raquianestesia bem-sucedida e repetiu o episódio três vezes por 25 minutos, a despeito de sua hemodinâmica estável. O caso foi considerado como um bloqueio subdural e a paciente recebeu suporte respiratório. Espera-se que o bloqueio subdural inicie lentamente (aproximadamente 15-20 minutos), mas, neste caso, cerca de 10 minutos após a anestesia, a paciente repentinamente perdeu a consciência. Após a recuperação da consciência e o retorno da respiração espontânea, a paciente que estava orientada e cooperativa apresentou nível de bloqueio sensorial em T4. Havia bloqueio motor em ambas as extremidades inferiores. O bloqueio sensório-motor terminou quatro horas após a injeção intratecal e a paciente recebeu alta hospitalar dois dias depois, sem complicações. Considerando o exposto, os pacientes que recebem raquianestesia devem ser atentamente observados para quaisquer complicações indesejáveis.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Loss of consciousness during spinal anesthesia is a rare but scary complication. This complication is generally related to severe hypotension and bradycardia, but in this case, the loss of consciousness occurred in a hemodynamically stable parturient patient. We present a 31 years-old patient who underwent an emergency cesarean section. She lost consciousness and had apnea that started 10 minutes after successful spinal anesthesia and repeated three times for a total of 25 minutes, despite the stable hemodynamics of the patient. The case was considered a subdural block, and the patient was provided with respiratory support. The subdural block is expected to start slowly (approximately 15-20 minutes), but in this case, after about 10 minutes of receiving anesthesia, the patient suddenly had a loss of consciousness. After the recovery of consciousness and return of spontaneous respiration, the level of a sensory block of the patient, who was cooperative and oriented, was T4. There were motor blocks in both lower extremities. Four hours after intrathecal injection, both the sensory and motor blocks ended, and she was discharged two days later with no complications. Hence, patients who receive spinal anesthesia should be closely observed for any such undesirable complications.
  • O papel do bloqueio do quadrado lombar no manuseio hemodinâmico durante ressecção hepática Letters To The Editor

    Almeida, Carlos Rodrigues
  • Deficiência de metiltetrahidrofolato redutase e anestesia: importância de uma avaliação pré-operatória detalhada Letters To The Editor

    Santos, Christiano dos Santos e; Grayson, Bernadette E.
  • Três bloqueios, incluindo o bloqueio pericapsular (Pericapsular Nerve Block - PENG), para dor em fratura da diáfise femoral Letters To The Editor

    Koyuncu, Onur; Hakimoğlu, Sedat; Polat, Sibel Tugce; Yazıcı Kara, Merve
  • Bloqueio do nervo glúteo superior: estudo com cadáveres para avaliar o local ideal da injeção Letters To The Editor

    Ohgoshi, Yuichi; Usui, Yosuke; Terada, Satoshi; Takeda, Yoshimasa; Ohtsuka, Aiji
  • Intubação nasal guiada por fibra óptica em paciente acordado - uma manobra simples para facilitar a navegação do fibroscópio através da nasofaringe Letters To The Editor

    Rewari, Vimi; Ramachandran, Rashmi; Singh, Chirom Amit
Sociedade Brasileira de Anestesiologia R. Professor Alfredo Gomes, 36, 22251-080 Botafogo RJ Brasil, Tel: +55 21 2537-8100, Fax: +55 21 2537-8188 - Campinas - SP - Brazil
E-mail: bjan@sbahq.org