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Impacto da COVID-19 na Vida do Cardiologista e Cirurgião Cardiovascular Brasileiros

Palavras-chave
COVID-19; Coronavirus-19; Pandemia; Cardiologistas; Cirurgiões; Doenças Cardiovasculares; Fatores de Risco; Sistemas de Saúde; Infecção/complicações; Profissionais de Saúde; Comportamento Sedentário; Epidemiologia

Introdução

A pandemia da COVID-19 (sigla do inglês Coronavirus Disease - 2019) impactou significativamente os serviços de cardiologia. O número de consultas, exames e intervenções cardiológicas diminuiu em várias partes do mundo nos últimos meses.1,2 Contudo, apesar da pressão crescente e da carga sobre o sistema de saúde, a oferta de serviços em cardiologia não foi interrompida, já que doença cardiovascular preexistente coloca os pacientes sob maior risco de infecção, complicações e a manifestações cardíacas primárias da COVID-19.33 Collins GB, Jenner WJ, Kaier TE, Bhattacharyya S. COVID-19: A United Kingdom National Health Service Cardiology Perspective. JACC Case Rep. 2020;2(9):1426-8. doi: 10.1016/j.jaccas.2020.04.024.
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Além disso, os efeitos da COVID-19 têm afetado a sociedade em geral e os profissionais de saúde em particular, a saber: impacto na saúde física e mental, perturbações financeiras e alterações na qualidade de vida.33 Collins GB, Jenner WJ, Kaier TE, Bhattacharyya S. COVID-19: A United Kingdom National Health Service Cardiology Perspective. JACC Case Rep. 2020;2(9):1426-8. doi: 10.1016/j.jaccas.2020.04.024.
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4 COVID-19: analysing the impact of coronavirus on doctors. 2020. {Internet]. [Cited in 2020 July 13] Available from: <https://www.bma.org.uk/advice-and-support/covid-19/what-the-bma-is-doing/covid-19-analysing-the-impact-of-coronavirus-on-doctors>.
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-55 Gomes CM, Favorito LA, Henriques JVT, Canalini AF, Anzolch KMJ, de Carvalho Fernandes R, et al. Impact of COVID-19 on clinical practice, income, health and lifestyle behavior of Brazilian urologists. Int Braz J Urol. 2020;46(6):1042-71. doi: 10.1590/S1677-5538.IBJU.2020.99.15.
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Sendo assim, a pandemia causou verdadeira ruptura em diversos aspectos da prática profissional e da vida de médicos e demais profissionais de saúde.11 Almeida ALC, Santo TME, Mello MSS, Cedro AV, Lopes NL, Ribeiro APMR, et al. Repercussions of the COVID-19 Pandemic on the Care Practices of a Tertiary Hospital. Arq Bras Cardiol. 2020; 115(5):862-70. doi: 10.36660/abc.20200436.
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,22 Adam S, Zahra SA, Chor CYT, Khare Y, Harky A. COVID-19 pandemic and its impact on service provision: A cardiology prospect. Acta Cardiol. 2020 Jul 10:1-8. doi: 10.1080/00015385.2020.1787636.
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,55 Gomes CM, Favorito LA, Henriques JVT, Canalini AF, Anzolch KMJ, de Carvalho Fernandes R, et al. Impact of COVID-19 on clinical practice, income, health and lifestyle behavior of Brazilian urologists. Int Braz J Urol. 2020;46(6):1042-71. doi: 10.1590/S1677-5538.IBJU.2020.99.15.
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Nosso estudo visou avaliar o impacto causado pela pandemia de COVID-19 na vida dos médicos(as) cardiologistas e cirurgiões(ãs) cardiovasculares brasileiros(as), considerando questões ligadas à atividade profissional, renda, saúde e estilo de vida.

Material e Métodos

Os autores disponibilizaram e divulgaram um formulário online no site da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e no site da Diretoria de Qualidade Assistencial da SBC, convidando os médicos especialistas em cardiologia a participarem. Adicionalmente foram enviados convites por meio de aplicativo de mensagem amplamente disponível para grupos de cardiologistas de sociedades regionais, departamentos e grupos de estudo pertencentes à SBC. Esta participação foi voluntária e secreta, não havendo a opção do cardiologista se identificar. Não houve qualquer compensação financeira ou material como retorno à participação na pesquisa. O período da coleta de dados foi de 10 de julho de 2020 a 22 de julho de 2020. O formulário online (https://wdcom.typeform.com/report/fmQda3LQ/tOStzUhXlifR8JPj) consistiu em 28 perguntas com preenchimento obrigatório, sobre a prática assistencial e a qualidade de vida do cardiologista brasileiro durante a pandemia da COVID-19. A maioria das questões foi do tipo múltipla escolha, sendo que em muitas delas era possível responder mais de uma opção.

Aspectos éticos

Seguindo a recomendação da Resolução 510 do Conselho Nacional de Saúde, este questionário não foi encaminhado para avaliação pelo sistema CEP/CONEP, visto tratar-se de uma pesquisa de opinião pública com participantes não identificados.

Análise estatística

Foi realizada a análise descritiva dos dados obtidos na amostra. As variáveis nominais ou categóricas foram descritas por seus valores absolutos, percentagens ou proporções. As variáveis numéricas foram descritas como média e desvio-padrão ou mediana e intervalo interquartil, a depender do padrão de distribuição. O teste exato de Fisher foi utilizado para testar associações entre variáveis categóricas, utilizando um nível de significância de 5%. A análise dos dados, assim como a construção dos gráficos, foi feita com o auxílio do Excel®, Microsoft 365®. As análises inferenciais foram feitas utilizando o programa estatístico Stata/SE versão 16.1, desenvolvido pela StataCorp®.

Resultados

Aspectos gerais

Um total de 1224 cardiologistas acessaram o questionário. Destes, dois recusaram a participação e 1222 responderam, representando 9,4% dos cardiologistas adimplentes na SBC. A média de idade da população do estudo foi 47,9 ± 11,5 anos; 711 (58,2%) do sexo masculino. A Figura 1 mostra a distribuição dos respondentes por região do Brasil (1A), seus locais de trabalho (1B), a renda mensal antes e durante a pandemia (1C) e a reestruturação imposta à rotina de trabalho dos cardiologistas (1D).

Figura 1
Distribuição dos cardiologistas participantes do estudo por região geográfica (A), local de trabalho (B); renda mensal antes e durante a pandemia (C), e reestruturação no trabalho devido à pandemia (D).

Observou-se uma associação significativa (p<0,001) entre sexo masculino e maiores faixas de renda (Tabela 1). Cardiologistas que trabalham no setor privado ou têm atividade de docência tiveram maior mudança de renda durante a pandemia (p<0,001).

Tabela 1
Associação entre as variáveis avaliadas na pesquisa sobre o impacto da pandemia da COVID-19 na vida de cardiologistas brasileiros (n=1222)

Aspectos relacionados à renda e ao trabalho

Houve um aumento de 37,5% no número de cardiologistas que passaram a trabalhar em três ou mais plantões por semana durante a pandemia. Por outro lado, 64% reduziram a carga horária no consultório, 22% cancelaram aluguel de sala de consultório, 18% precisaram demitir funcionários e 9% cancelaram investimentos em marketing (Figura 1-D).

Como reflexo da redução do retorno financeiro durante a pandemia, 15% dos cardiologistas deixaram de pagar entidades de classe. Outras medidas para redução de custos estão expressas na Figura 2A.

Figura 2
Medidas de redução de custos (A) mudanças no estilo de vida (B) durante a pandemia da COVID-19 relatadas por cardiologistas brasileiros.

Quando analisamos o impacto da pandemia por faixa etária, considerando 50 anos como ponto de corte, dos resultados válidos, 56% dos entrevistados tinham menos de 50 anos e 44% tinham 50 anos ou mais. Desses dois grupos, observamos um aumento (p<0,001) no número de plantões entre os médicos mais jovens, sem impactar na renda média entre os dois grupos.

Cardiologistas clínicos representaram 42% da amostra, seguidos por ecocardiografistas (39%), cardiopediatras (7%), hemodinamicistas (6%), eletrofisiologistas (4%) e cirurgiões cardiovasculares (2%) (Figura 3A). Dentre os ecocardiografistas, 54,5% constataram uma redução superior a 50% no volume de exames realizados/mês durante a pandemia (Figura 3B). Na hemodinâmica, 62,8% dos entrevistados relataram redução maior que 50% no volume de exames ou procedimentos no mesmo período (Figura 3-C). Entre os cirurgiões cardiovasculares, 77,3% relataram redução superior a 50% no número de cirurgias (Figura 3-D). A subespecialidade ecocardiografia mostrou associação com redução na prática de atividade física pelos profissionais (p <0,001).

Figura 3
Distribuição dos cardiologistas participantes (n=1222) por subespecialidade (A); e por porcentagem de profissionais que relataram redução nos procedimentos de ecocardiografia (B); hemodinâmica (C) e cirurgia cardíaca (D)

As consultas por videoconferência no âmbito da Telemedicina foram autorizadas recentemente no Brasil. Nesta pesquisa, 30% dos entrevistados as realizaram, porém apenas 36% foram reembolsados integralmente pelo serviço (Figura 4). Antes da pandemia, 48,8% das mulheres ganhavam mais de R$20 mil ao mês e, durante a pandemia, houve uma redução de 63%, e apenas 18% continuaram com essa renda. Entre os homens a redução foi de 45% (81,2% para 44,6%) (Figura 5). Apenas 7,6% das mulheres e 1,8% dos homens ganhavam menos de R$10mil por mês antes da pandemia, e esse número passou para 38,2% e 20,8%, respectivamente, durante a pandemia (Figura 5).

Figura 4
Reembolso das consultas por videoconferência realizadas durante a pandemia da COVID-19 por cardiologistas brasileiros (n=1222).
Figura 5
Distribuição dos cardiologistas brasileiros (n=1222) quanto à renda e sexo antes e durante a pandemia da COVID-19.

As medidas adotadas para reduzir os custos durante a pandemia não tiveram associação significativa com a faixa etária da amostra (Figura 6).

Figura 6
Relação da faixa etária com as medidas para redução de custos durante a pandemia.

Aspectos relacionados às mudanças de rotina e de estilo de vida

Dos entrevistados, 69% praticavam atividade física antes da pandemia. Desses, 63% reduziram ou suspenderam a prática da atividade física durante a pandemia. Doze por cento experimentaram conflito familiar (quatro relatos de violência doméstica); 17% passaram a fazer uso de antidepressivos ou ansiolíticos e 11% aumentaram o uso de drogas lícitas (Figura 2B). Não houve associação de redução da prática de atividade física com o sexo ou com a renda (p >0,05).

Considerando as últimas quatro semanas da pandemia, 44% dos entrevistados relataram ganho de peso, sendo que 13% relataram ganho superior a 3 kg. Em 35% dos casos, o peso manteve-se estável. Neste mesmo período de observação, 26% relataram aumento do consumo de bebidas alcoólicas, enquanto 30% referiram que o consumo permaneceu estável. Não houve associação entre ganho de peso e mudança na atividade física (p >0,05).

Dos entrevistados, 40,2% relataram diminuição na frequência das relações sexuais, para 41,6% essa frequência manteve-se estável, e apenas 7,4% relataram aumento na frequência de relações (Figura 7). Essa redução foi mais significativa nos profissionais do sexo feminino (p <0,001).

Figura 7
Frequência de relações sexuais relatadas pelos cardiologistas durante a pandemia (n=1222)

Aspectos relacionados à infecção pela COVID-19

Do total de investigados, 54,9% mostraram moderada ou muita preocupação em trabalhar na linha de frente do combate à COVID-19. Até o final do período pesquisado (22/07/2020), 20% dos cardiologistas entrevistados tinham tido infecção sintomática confirmada pelo novo coronavírus. Em 1,8% dos casos, os sintomas foram graves, necessitando internamento, ao passo que os sintomas foram leves e sem necessidade de hospitalização em 15% dos que responderam ao questionário. Em 3% dos casos a infecção foi confirmada, mas a evolução foi assintomática.

Discussão

O presente estudo relata os resultados da primeira pesquisa nacional que avaliou o impacto causado pela pandemia da COVID-19 nas questões profissionais, financeiras, de saúde (física e mental), e de estilo de vida dos médicos cardiologistas brasileiros. As respostas de 1222 cardiologistas, distribuídos por todas as regiões do Brasil, demonstraram um forte impacto em todas as áreas investigadas. Foi nítida a redução nos ganhos financeiros, associada à redução da carga horária no consultório e à necessidade de aumento no número de plantões semanais. Como consequência, a quitação de alguns compromissos financeiros ficou comprometida, incluindo pagamento de entidade de classe, cursos de aprimoramento profissional e custeio da educação dos filhos. Notamos ainda uma importante redução na prática de atividades físicas e de relações sexuais durante a pandemia, além de aumento nos conflitos familiares e no uso de antidepressivos e ansiolíticos. Quase metade dos cardiologistas relataram aumento no peso corporal e 25% relataram aumento na ingestão de bebidas alcoólicas.

Assim como aconteceu com os cardiologistas brasileiros, uma pesquisa divulgada pela British Medical Association em julho de 2020 apontou que 39,5% dos médicos britânicos relataram redução nos ganhos financeiros e 30,7% referiram condições de saúde mental relacionadas ou agravadas pelo seu trabalho durante a pandemia da COVID-19, como depressão, ansiedade, estresse, esgotamento e sofrimento emocional.44 COVID-19: analysing the impact of coronavirus on doctors. 2020. {Internet]. [Cited in 2020 July 13] Available from: <https://www.bma.org.uk/advice-and-support/covid-19/what-the-bma-is-doing/covid-19-analysing-the-impact-of-coronavirus-on-doctors>.
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Em recente pesquisa realizada com 766 urologistas brasileiros, 54,8% relataram redução nos ganhos financeiros superior a 50% durante a pandemia da COVID-19, 32,9% relataram ganho de peso, 60,0% redução na prática de atividade física, 39,9% aumentaram o consumo de álcool e 34,9% referiram redução na atividade sexual.55 Gomes CM, Favorito LA, Henriques JVT, Canalini AF, Anzolch KMJ, de Carvalho Fernandes R, et al. Impact of COVID-19 on clinical practice, income, health and lifestyle behavior of Brazilian urologists. Int Braz J Urol. 2020;46(6):1042-71. doi: 10.1590/S1677-5538.IBJU.2020.99.15.
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Vários níveis de evidências sugerem que a inatividade física pode provocar importantes repercussões na fisiologia cardiovascular.66 Schmid D, Ricci C, Baumeister SE, Leitzmann MF. Replacing Sedentary Time with Physical Activity in Relation to Mortality. Med Sci Sports Exerc. 2016;48(7):1312-9. doi:10.1249/MSS.0000000000000913.
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As atividades físicas dos cardiologistas estudados foram reduzidas ou suspensas em 63% dos casos, o que pode ter impactado nos 44% que tiveram aumento de peso superior a 3kg. Uma publicação recente relacionou a redução de atividade física e ganho de peso com o aumento do risco de doenças cardiovasculares, além de alertar sobre outros perigos da obesidade.77 Clemmensen C, Petersen MB, Sorensen TIA. Will the COVID-19 pandemic worsen the obesity epidemic? Nat Rev Endocrinol. 2020;16(9):469-70. doi: 10.1038/s41574-020-o387-z
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Pelo nosso levantamento, 26% passaram a ingerir mais bebidas alcoólicas, enquanto 40% dos entrevistados afirmaram uma diminuição no número de relações sexuais em comparação a antes da pandemia. É plausível a associação do aumento do consumo de álcool e da exacerbação de conflitos familiares com o impacto psicológico causado pelo isolamento social prolongado. O aumento de conflitos familiares foi relatado por 12% dos nossos entrevistados, incluindo quatro profissionais que sofreram violência doméstica. Esse número pode ser bem maior, posto que houve aumento desses casos durante o período de isolamento social em outros países como a China (onde os casos triplicaram),88 China's Hidden Epidemic: Domestic Violence, 2020 [Internet] [Cited in 2020 Aug 18] Available from: https://thediplomat.com/2020/04/chinas-hidden-epidemic-domestic-violence
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Reino Unido, Estados Unidos e França (atingindo 36%).99 Network E. Domestic violence increases in France during COVID-19 lockdown [Internet]. [Cited in 2020 Aug 18] Available from: https://www.euractiv.com/section/politics/news/domestic-violence-increases-in-france-during-covid-19-lockdown/
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No Brasil, esse índice chegou a aumentar em 17%, conforme dados do Ministério da Mulher.1010 Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos [Internet] [Cited in 2020 Aug 12] Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/politicas-para-mulheres/ligue-180
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O governo brasileiro regularizou e autorizou temporariamente o atendimento remoto de pacientes por meio da telemedicina no Brasil.1111 Diário Oficial da União - Portaria nº 467, de 20 de março de 2020. Available from: <http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-467-de-20-de-marcode-2020-249312996>; <Acessado em August 29, 2020>.
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Mesmo em fase ainda inicial, precipitada pelo isolamento social imposto pela pandemia, 30% dos cardiologistas que responderam ao questionário afirmaram ter realizado teleconsultas, embora apenas 36% destes tenham sido reembolsados integralmente pelo serviço. Como comparação, 38,7% dos urologistas brasileiros relataram ter realizado teleconsultas, com mais de 50% informando reembolso pelo serviço prestado.55 Gomes CM, Favorito LA, Henriques JVT, Canalini AF, Anzolch KMJ, de Carvalho Fernandes R, et al. Impact of COVID-19 on clinical practice, income, health and lifestyle behavior of Brazilian urologists. Int Braz J Urol. 2020;46(6):1042-71. doi: 10.1590/S1677-5538.IBJU.2020.99.15.
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Em 2017, um questionário foi enviado via e-mail a todos os 13 462 cardiologistas adimplentes associados à SBC; 2101 (15,6%) responderam efetivamente, sendo 1509 (71,8%) homens e 592 (28,2%) mulheres.1212 Faganello LS, Pimentel M, Polanczyk CA, Zimerman T, Malachias MVB, Dultra OP, et al. O perfil do cardiologista brasileiro -uma amostra de sócios da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2019; 113(1):62-8.doui: 10.5835/abc.20190089
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Dos 1222 (9,1% dos sócios da SBC) que responderam ao nosso questionário, 711 (58,2%) eram homens. A faixa etária foi semelhante aos respondedores das duas enquetes, sendo que 51,3% dos que responderam à pesquisa da SBC tinham mais de 50 anos, contra 44% dos respondedores do nosso trabalho. Em relação à distribuição geográfica, 54% dos sócios adimplentes da SBC estão na região Sudeste, 19% no Nordeste, 15% no Sul, 8% na região Centro-Oeste e 3% no Norte. Dentre os que responderam ao nosso questionário, 43% estavam na região Nordeste, 17% no Centro-Oeste, 13% no Sul, 20% no Sudeste e 7% no Norte do Brasil.

O presente estudo possui algumas limitações inerentes aos estudos transversais baseados em resposta a um questionário. O número de respondentes da atual pesquisa representa pouco menos de 10% do número de cardiologistas associados à SBC. A distribuição geográfica dos participantes da pesquisa é diferente da dos sócios da SBC. Outro ponto relevante é a impossibilidade de comprovar as respostas ou esclarecê-las; porém, apesar da incerteza da veracidade das respostas, o estudo foi coerente com outros dados publicados em âmbito nacional e internacional. Embora nosso estudo tenha encontrado algumas associações interessantes e com significância estatística, tais achados devem ser considerados meramente exploratórios, não podendo desconsiderar a possibilidade de achados falso-positivos pela quantidade de testes de hipóteses realizados.

Conclusão

Esse estudo demonstra o impacto negativo da pandemia de COVID-19 no trabalho, renda, saúde e estilo de vida dos médicos cardiologistas brasileiros. São dados de extrema relevância que ajudarão no planejamento em futuros cenários de caos como o atual enfrentamento pandêmico.

  • Fontes de financiamento
    O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.
  • Vinculação acadêmica
    Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.
  • Aprovação ética e consentimento informado
    Este artigo não contém estudos com humanos ou animais realizados por nenhum dos autores.

Referências

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Nov 2021
  • Data do Fascículo
    Nov 2021

Histórico

  • Recebido
    16 Nov 2020
  • Revisado
    09 Maio 2021
  • Aceito
    09 Jun 2021
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