Acessibilidade / Reportar erro

MASTITE INFECCIOSA EQUINA: UMA VISÃO GERAL DA DOENÇA

INFECTIOUS MASTITIS IN MARE: AN OVERVIEW OF DISEASE

RESUMO

A Mastite em éguas é considerada uma doença rara sendo o Streptococcus equi. Staphylococcus sp., Corynebacterium sp., Actinobacillus sp., Nocardia sp. e as enterobacterias os micro-organismos mais frequentemente envolvidos. A doença está relacionada a injúrias e traumas nas mamas e tetos. Edema e fibrose da glândula mamária, leite com aspecto viscoso ou muco-purulento são observados nos casos de mastite clínica. O diagnóstico é baseado no exame clínico da mama associado ao cultivo microbiológico do leite. Os métodos indiretos para o diagnóstico de mastite subclínica como California Mastits Test e Contagem de Células Somáticas não são padronizados para a espécie em questão. A terapia para a mastite equina é baseada no uso sistêmico de antimicrobianos, com base nos resultados obtidos no teste “in vitro” de sensibilidade microbiana. Não há medidas de controle específicas para a mastite equina. Objetivou-se neste estudo revisar os principais aspectos relacionados a mastite em éguas com ênfase na etiologia, epidemiologia, sinais clínicos, diagnóstico, tratamento, medidas de controle e profilaxia.

PALAVRAS-CHAVE
Mastite; éguas; cultura microbiológica; revisão

ABSTRACT

Mastits is considered uncommon disease in mares. Streptococcus equi. Staphylococcus sp., Corynebacterium sp., Actinobacillus sp., Nocardia sp. and enterobacterias are major microorganisms involved in equine mammary infections. The disease is commonly related to traumatic lesions in mammary glands and teats. Edema, fibrosis, masses to palpation of glands, and viscous to seropurulent milk are mainly clinical signs observed in affected animals. The diagnosis is based on clinical exam of mammary glands and microbiological culture of the milk. There are no standard to use of indirect exams on diagnosis, including California Mastits Test and Somatic Cell Count. Systemic antimicrobials are recommended in therapy, based on previous “in vitro” susceptibility microbiological test. No specific control measures are indicated in equine mastits. The present study reviewed the mastits in mares, with emphasis to etiology, epidemiology findings, clinical manifestation, diagnosis, treatment and control aspects.

KEY WORDS
Mastits; mares; microbiological cultura; reviewed

Os equídeos convivem com os humanos há milênios e são utilizados como meio de transporte, tração, lazer, alimento, entretenimento, esporte e na recuperação de crianças especiais (Thomassian, 2005THOMASSIAN, A. Enfermidades dos eqüinos. 4.ed. São Paulo: Varela, 2005. 573p.). Segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNAP) o Brasil ocupa o terceiro lugar em número de equídeos, com cerca de seis milhões de animais, superado somente pela China e México. Nas regiões norte e nordeste, os eqüídeos ainda representam um dos principais meios de transporte (Confederação..., 2008CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA E PECUÁRIA (Brasil). Eqüídeos no Brasil. 2008. Disponível em: <http://www.cna.org.br/site/notícia>. Acesso em: 19 nov. 2008.
http://www.cna.org.br/site/notícia...
), enquanto nas regiões sudeste, sul e centro–oeste do território nacional localizam-se os principais criatórios de elite compostos por diferentes raças. A região sudeste do Brasil contempla pelo menos um terço dos criatórios (IBGE, 2008IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Número de eqüídeos no Brasil. 2008. Disponível em: <www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 25 nov. 2008.
www.sidra.ibge.gov.br...
). Dentre as raças registradas, o Brasil detém 300 mil mangalargas marchadores, 278 mil quartos de milha, 197 mil crioulos, 186 mil mangalargas, 88 mil campolinas, 80 mil árabes, 30 mil puros sangues ingleses e 25 mil apaloosas. A criação da espécie envolve cerca de 500 mil empregos diretos e indiretos, compreendendo importante segmento na cadeia do agronegócio do país (Confederação..., 2008CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA E PECUÁRIA (Brasil). Eqüídeos no Brasil. 2008. Disponível em: <http://www.cna.org.br/site/notícia>. Acesso em: 19 nov. 2008.
http://www.cna.org.br/site/notícia...
).

Na América do Sul, o leite equino geralmente não é utilizado para consumo humano. Porém, em países como a Alemanha e França é fornecido em hospitais na alimentação de crianças nascidas de parto prematuro (Morais et al., 1997MORAIS, M.T.; SIMONE, E.M.; ROMANO, L.A. Estudo da composição do leite de égua e comparação com o leite da mulher. A Hora Veterinária, v.16, n.25, p.37-43, 1997.; Prestes et al., 1999PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999.; Reis et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.). Dentre os mamíferos, o leite de éguas é o que apresenta maior semelhança com o leite da mulher, em virtude da alta digestibilidade, baixo teor protéico, altos teores de albumina e lactose e equilíbrio da relação albumina-globulina (Morais et al., 1997MORAIS, M.T.; SIMONE, E.M.; ROMANO, L.A. Estudo da composição do leite de égua e comparação com o leite da mulher. A Hora Veterinária, v.16, n.25, p.37-43, 1997.; Prestes et al.,1999).

De maneira geral, a égua supre a necessidade de leite do potro, que se constitui na única fonte de nutrição nas suas primeiras semanas de vida, representando, portanto, fator essencial para a sobrevivência do animal recém nascido (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.; Reis et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.)

Diversas doenças infecciosas acometem a espécie equina, dentre as quais a mastite. Conceitualmente, a mastite em animais domésticos se caracteriza como processo inflamatório da glândula mamária que se traduz por alterações físicas, químicas, celulares e bacteriológicas do leite, bem como por modificações patológicas do tecido glandular, que podem determinar lesões irreversíveis ao parênquima mamário e redução drástica na produção de leite (Langoni, 1997LANGONI, H. Agentes emergentes na etiologia da mastite. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.19, p.238-240, 1997.; Costa et al., 1999COSTA, E.O. Uso de antimicrobianos na mastite. In: SPINOSA, H.S.; GORNIAK, S.L.; BERNARDI, M.M. (Ed.). Farmacologia aplicada a medicina veterinária. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. Cap. 42, p.422-433.).

A mastite em éguas é considerada de baixa ocorrência se comparada aos ruminantes domésticos (Prestes et al., 1999PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999.; Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.). Ocorre mais frequentemente na lactação e secundariamente no período seco, geralmente secundária à injúria dos tetos (McCue ; Wilson, 1989McCUE, P.M.; WILSON, W.D. Equine mastitis – a review of 28 cases. Equine Veterinary Journal, v.21, n.5, p.351-353, 1989.). Os microrganismos mais comumente isolados do leite e de secreções de glândulas mamárias dos equideos são: Streptococcus beta-hemolíticos, Staphylococcus spp. (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.), Pseudomonas aeruginosa. Actinobacillus spp. e enterobactérias (Prestes et al., 1999PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999.). Na suspeita de mastite, com o intuito de se firmar o diagnóstico é fundamental que se proceda o cultivo bacteriano (Koterba et al., 1990KOTERBA, A.M.; DRUMOND, W.H.; KOSCH, P.C. Equine Clinical Neonatology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1990. 844p.).

Em virtude da escassez de literatura sobre o tema no Brasil, objetivou-se neste estudo revisar os principais aspectos da mastite eqüina, com ênfase na etiologia, epidemiologia, aspectos anatômicos da glândula mamária equina, principais manifestações clínicas, métodos diagnósticos, tratamento e ações gerais de controle e profilaxia.

Classicamente. os agentes causais da mastite em animais domésticos são divididos em contagiosos e ambientais. Os microrganismos contagiosos são constituídos, principalmente, pelos gêneros Staphylococcus, Streptococcus e Corynebacterium, que apresentam em comum o sítio de localização na microbiota da pele, mucosas e conjuntivas dos animais e humanos (Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.).

Os agentes ambientais, por sua vez, são representados pelas enterobactérias, P. aeruginosa, fungos e algas (Santos; Fonseca, 2007SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. (Ed.) Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. 314p.). Os microrganismos ambientais são transmitidos principalmente no período entre-ordenhas em ruminantes domésticos ou a partir do próprio ambiente dos animais. Possuem ampla distribuição no ambiente e nas fezes e atingem a glândula mamária pela contaminação da água, cama dos animais, solo, terra e também por utensílios de ordenha ou cânulas intramamárias contaminadas (Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.).

A semelhança dos ruminantes domésticos, a etiologia da mastite eqüina é predominantemente de origem bacteriana (Prestes et al., 1999PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999.; Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.). Traumas e lacerações, tanto na glândula mamária quanto nos tetos, frequentemente estão envolvidos na transmissão dos patógenos para o tecido glandular (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.). Alternativamente, os micro-organismos podem ser veiculados para as mamas das éguas pelo ambiente ou por insetos (Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.). No entanto, diferentemente dos ruminantes domésticos nos quais predominam os microrganismos contagiosos, na mastite em equinos se observa certo equilíbrio entre agentes causais agrupados como contagiosos ou ambientais (Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.).

Dentre os micro-organismos contagiosos envolvidos na gênese da mastite equina assumem destaque: Streptococcus equi subsp. equi. Streptococcus equi subsp. zooepidemicus (Welsh, 1984WELSH, R.D. The significate of Streptococcus zooepidemicus in the horse. Equine Practice, v.6, n.9, p.6-16, 1984.; Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.), Streptococcus equisimilis (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.), Actinobacillus spp. (McCue; Wilson, 1989McCUE, P.M.; WILSON, W.D. Equine mastitis – a review of 28 cases. Equine Veterinary Journal, v.21, n.5, p.351-353, 1989.), Pasteurella ureae (Quinn et al., 2005QUINN, P.J.; MARKEY, B.K., CARTER, M.E.; DONNELLY, W.J.; LEONARD, F.C. (Ed.). Microbiologia veterinária e doenças infecciosas. Porto Alegre: Artmed, 2005. 512p.) e Staphylococcus spp. (Prestes et al., 1999PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999.). Os agentes ambientais descritos na mastite em éguas são representados por Enterobacter aerogenes (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.), Corynebacterium pseudotuberculosis (Motta et al., 2010MOTTA, R.G.; CREMASCO, A.C.M.; RIBEIRO, M.G. Infecções por Corynebacterium pseudotuberculosis em animais de produção. Veterinária e Zootecnia, v.17, n.2, p.200-213, 2010.), Pseudomonas aeruginosa (McCue. 1993McCUE, P.M. Lactation. In: MacKINNON, A.O.; VOSS, J.L. Equine reproduction. Philadelphia: Lea and Febiger, 1993. p.588-595.), Klebsiella pneumonie (Quinn et al., 1994QUINN, P.J.; CARTER, M.F.; MARKEY, B.K.; CARTER, G.R. Clinical veterinary microbiology. Baltimore: Mosby-Wolfe, 1994. 648p.), Escherichia coli, Shigella spp. e Candida spp. (Prestes et al., 1999PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999.).

McCue; Wilson (1989)McCUE, P.M.; WILSON, W.D. Equine mastitis – a review of 28 cases. Equine Veterinary Journal, v.21, n.5, p.351-353, 1989. em revisão de 28 casos de mastite clínica em éguas, encontraram maior ocorrência de Streptococcus spp. (36,8%), seguido por Staphylococcus spp. (14,5%) e Actinobacillus suis (10,5%).

Welsh (1984)WELSH, R.D. The significate of Streptococcus zooepidemicus in the horse. Equine Practice, v.6, n.9, p.6-16, 1984. relatou mastite clínica em duas éguas no quarto mês de lactação, que apresentavam exsudato purulento em ambas as mamas. A citologia do leite revelou grande quantidade de neutrófilos e o isolamento de Streptococcus zooepidemicus em cultura pura.

Em estudo realizado na Alemanha entre 1985 a 1988, com 33 éguas de várias raças e idades (4 e 14 anos) apresentando mastite aguda, foram isolados predominantemente linhagens de Streptococcus spp., Staphylococcus aureus. Escherichia coli e Klebsiella spp. (Bostedt et al., 1988BOSTEDT, H.; LEHMANN, B.; PEIP, D. Mastitis in mares. Tierarztliche Praxis, v.16, n.4, p.367-371, 1988.).

O exame das amostras de leite obtidas em 31 éguas saudáveis durante os primeiros sete dias após a parição constatou 13 (41,9%) animais com mastite, dos quais em sete (21,0%) foram isoladas bactérias, com predomínio de Streptococcus spp. (Welsh, 1984WELSH, R.D. The significate of Streptococcus zooepidemicus in the horse. Equine Practice, v.6, n.9, p.6-16, 1984.).

Estudo no Brasil realizado por Prestes et al. (1999)PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999. com 38 amostras de leite de éguas identificou em 27 animais, diferentes microrganismos, a saber: 17 (33,3%) Staphylococcus spp., 15 (29,4%) Streptococcus spp., 10 (19,6%) Corynebacterium spp., 5 (9,8%) Bacillus spp., 4 (7,9%) Pasteurella spp., 4 (7,9%) Candida spp., 4 (7,9%) Enterobacter cloacae e 4 (7,9%) Shigella spp. Em 11 (28,9%) animais não ocorreu isolamento microbiano.

A mastite é reconhecida como uma das doenças infecciosas mais preocupantes em animais domésticos (Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.). A afecção gera impacto negativo na produção, na qualidade do leite produzido e no bem estar animal (Gill et al., 1990GILL, R.; HOWARD, W.H.; LESLIE, K.E.; LISSEMORE, K. Economics of mastitis control. Journal of Dairy Science, v.73, p. 3340-3348, 1990.; Mandell et al., 2005MANDELL, G.L.; BENNETT, J.E.; DOLIN, R. (Ed.) Principles and practice of infectious diseases. 6.ed. Philadelphia: Elsevier Churchill Livingstone, 2005. v.2, 3661p.), visto que ocorrem lesões por vezes irreversíveis nas células secretoras do tecido glandular mamário. As alterações no metabolismo celular da glândula mamária infectada prejudicam a síntese dos componentes do leite (Langoni, 1997LANGONI, H. Agentes emergentes na etiologia da mastite. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.19, p.238-240, 1997.).

Nos animais domésticos, os agentes contagiosos promovem a infecção fundamentalmente no momento da amamentação ou da ordenha, transmitidos para a glândula mamária por utensílios de ordenha, pela mão do ordenhador, ou no próprio ato de mamar. São transmitidos também pela microbiota bucal do recém nascido, por lesões nas mamas e tetos, assim como, pela introdução acidental pelo canal do teto (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.; Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.).

A mastite nos equinos tem ocorrência reduzida comparativamente aos ruminantes (Bostedt et al., 1988BOSTEDT, H.; LEHMANN, B.; PEIP, D. Mastitis in mares. Tierarztliche Praxis, v.16, n.4, p.367-371, 1988.; Langoni, 1997LANGONI, H. Agentes emergentes na etiologia da mastite. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.19, p.238-240, 1997.; Radostits, et al., 2007). A literatura comumente não faz referência a surtos de mastite em éguas, ficando restrita a descrição de relatos de casos (Bostedt et al., 1988BOSTEDT, H.; LEHMANN, B.; PEIP, D. Mastitis in mares. Tierarztliche Praxis, v.16, n.4, p.367-371, 1988.; Welsh, 1984WELSH, R.D. The significate of Streptococcus zooepidemicus in the horse. Equine Practice, v.6, n.9, p.6-16, 1984.; Prestes et al., 1999PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999.; Reis et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.).

Relatam-se casos de mastite em equinos no decorrer de toda a lactação (Reis et al, 2007REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; MOREIRA, C.H.G.; CURADO, E.A.F.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Composição do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v.66, n.2, p.130-135, 2007.) e também no período seco (McCue; Wilson, 1989McCUE, P.M.; WILSON, W.D. Equine mastitis – a review of 28 cases. Equine Veterinary Journal, v.21, n.5, p.351-353, 1989.). A maioria dos casos clínicos são observados poucas semanas após o desmame do potro (Welsh, 1984WELSH, R.D. The significate of Streptococcus zooepidemicus in the horse. Equine Practice, v.6, n.9, p.6-16, 1984.). A baixa ocorrência de mastite na espécie equina pode ser atribuída à pequena capacidade de armazenamento de leite (McCue; Wilson, 1989McCUE, P.M.; WILSON, W.D. Equine mastitis – a review of 28 cases. Equine Veterinary Journal, v.21, n.5, p.351-353, 1989.) e a não manipulação das mamas no processo de ordenha, como ocorre nos ruminantes domésticos. Ademais, a glândula mamária das éguas possui posição anatômica distinta das outras espécies de animais de produção, visto que se situa distante do solo, inserida na região inguinal, dificultando a ocorrência de injúrias na mama e tetos (Bostedt et al., 1988BOSTEDT, H.; LEHMANN, B.; PEIP, D. Mastitis in mares. Tierarztliche Praxis, v.16, n.4, p.367-371, 1988.; Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.).

As mamas das éguas são revestidas por pele delgada, com poucos pêlos, repleta de glândulas sudoríparas e sebáceas (REIS, et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.). São constituídas por duas mamas individuais (direita e esquerda), separadas externamente por uma ranhura longitudinal cutânea (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.). Internamente são separadas por um septo fascial, cada uma possuindo individualmente um corpo glandular e um teto (McCue; Wilson, 1989; Radostits et al, 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.).

Nas éguas o canal do teto é mais curto, com dois ou três orifícios funcionais, fato que o diferencia da glândula mamária bovina. A presença de vários orifícios por mama poderia ser considerado fator anatômico facilitador da mastite em éguas, caso o conjunto glandular não fosse localizado na região pélvica e distante do solo (Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.).

O leite sintetizado nos alvéolos, chega aos ductos lobulares sendo drenado para a cisterna da glândula. Atinge a cisterna do teto e finalmente é distribuído nos ductos papilíferos, exteriorizado pelos ósteos ou orifícios localizados na extremidade da glândula mamária (McCue; Wilson, 1989; Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.; Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.).

O desenvolvimento mamário da égua, assim como em todas as fêmeas lactantes, é hormônio dependente, o que pressupõe a atividade funcional do tecido mamário dependente da fase reprodutiva da égua (Chavate-Palmer, 2002CHAVATTE-PALMER, P. Lactation in the mare. Equine Veterinary Education, v.14, n.S5, p.88-93, 2002.). Assim, fêmeas nulíparas (animais que ainda não apresentaram o primeiro parto), apresentam a glândula mamária atrofiada. Ao contrário, éguas primíparas (animais que já tiveram o primeiro parto) podem armazenar até dois litros de leite, com produção diária que pode atingir até quinze litros (McCue; Wilson, 1989McCUE, P.M.; WILSON, W.D. Equine mastitis – a review of 28 cases. Equine Veterinary Journal, v.21, n.5, p.351-353, 1989.; Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.).

Os agentes causais geralmente invadem a glândula via traumatismos nas mamas ou ascendente pelo canal galactóforo e atingem a cisterna do teto (Costa, 1999COSTA, E.O.; PONCE, H.; WATANABE, E.T.; VALLE, C.R. Avaliação da terapia de mastite clínica: eficácia da terapêutica medida em números de dias de tratamento. Napgama, n.2, p.10-14, 1999.). Nesta região se multiplicam ativamente, e são distribuídos para o parênquima mamário (Gill et al., 1990GILL, R.; HOWARD, W.H.; LESLIE, K.E.; LISSEMORE, K. Economics of mastitis control. Journal of Dairy Science, v.73, p. 3340-3348, 1990.). Ocasionalmente os micro-organismos podem atingir a glândula mamária por via linfo-hematógena (Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.; Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.).

Após a invasão, ocorre grande afluxo de células polimorfonucleadas, particularmente neutrófilos e, secundariamente, linfócitos, monócitos, basófilos e eosinófilos (Murray et al., 2007MURRAY, P.R.; BARON, E.J.O.; JORGENSEN, J.H.; PFALLER, M.A.; YOLKEN, R.H. Manual of clinical microbiology. 9.ed.: Washington: ASM Press, 2007. 2v.). Em seguida, ocorre o aumento da permeabilidade vascular e a mistura do sangue com o leite, elevando o pH, ou seja, tornando-o levemente alcalino (Langoni, 1997LANGONI, H. Agentes emergentes na etiologia da mastite. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.19, p.238-240, 1997.; Santos; Fonseca, 2007SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. (Ed.) Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. 314p.).

O aumento da permeabilidade dos vasos sangüíneos e da rota paracelular de secreção de constituintes do leite, acarreta alterações como: aumento da contagem de células leucocitárias e epiteliais (contagem de células somáticas - CCS) e da contagem bacteriana total (CBT), diminuição dos teores de gordura, proteína, lactose, cálcio e fósforo. Em contraste, ocorre aumento das imunoglobulinas, do pH, de enzimas lipases e desequilíbrio salino (Santos; Fonseca, 2007SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. (Ed.) Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. 314p.).

As células produtoras de leite (adenômeros mamários) agredidas pelos microrganismos são descamadas com maior intensidade para o lúmem glandular, aumentando, em conjunto com os leucócitos, a celularidade total do leite mastítico (Santos; Fonseca, 2007SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. (Ed.) Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. 314p.; Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.).

Dependendo do microrganismo e seus fatores de virulência, o processo infeccioso pode evoluir para a destruição parcial ou total do parênquima e promover a formação de abscessos, piogranulomas, nódulos, fístulas e necrose tecidual (Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.; Reis et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.).

A mastite em animais de produção pode ser subdividida em duas formas de manifestações denominadas: clínica e subclínica (Langoni, 1997LANGONI, H. Agentes emergentes na etiologia da mastite. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.19, p.238-240, 1997.; Costa et al., 1999COSTA, E.O. Uso de antimicrobianos na mastite. In: SPINOSA, H.S.; GORNIAK, S.L.; BERNARDI, M.M. (Ed.). Farmacologia aplicada a medicina veterinária. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. Cap. 42, p.422-433.). A mastite clínica caracteriza-se por alterações visíveis na glândula mamária e ou no leite (Langoni, 1997LANGONI, H. Agentes emergentes na etiologia da mastite. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.19, p.238-240, 1997.; Nader Filho et al., 2002NADER FILHO, A.; MANGERONA, A.C.S.; MOURA, E.S. Eficácia da associação sinérgica de betalactâmicos em suspensão oleosa no tratamento intramamário da mastite de vacas em lactação. Napgama, n.1, p.20-22, 2002.). Segundo Costa (1999)COSTA, E.O.; PONCE, H.; WATANABE, E.T.; VALLE, C.R. Avaliação da terapia de mastite clínica: eficácia da terapêutica medida em números de dias de tratamento. Napgama, n.2, p.10-14, 1999., a mastite clínica pode ser aguda, apresentando sinais evidentes de processo inflamatório e alterações visíveis no leite (formação de grumos, pus, separação do soro e estrias de sangue). Na mastite clínica crônica observa-se a formação de fibrose e perda da função do tecido mamário, associado a alterações macroscópicas na secreção láctea (Langoni, 1997LANGONI, H. Agentes emergentes na etiologia da mastite. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.19, p.238-240, 1997.; Nader Filho et al., 2002NADER FILHO, A.; MANGERONA, A.C.S.; MOURA, E.S. Eficácia da associação sinérgica de betalactâmicos em suspensão oleosa no tratamento intramamário da mastite de vacas em lactação. Napgama, n.1, p.20-22, 2002.).

Ao contrário, na forma subclínica tais alterações macroscópicas no leite ou sinais na glândula mamária não são perceptíveis. Nestes animais o processo infeccioso é diagnosticado somente utilizando métodos que permitam a detecção de alterações na celularidade e na composição do leite (Costa, 1999COSTA, E.O. Uso de antimicrobianos na mastite. In: SPINOSA, H.S.; GORNIAK, S.L.; BERNARDI, M.M. (Ed.). Farmacologia aplicada a medicina veterinária. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. Cap. 42, p.422-433.). Nos processos subclínicos é possível evidenciar apenas a redução da produção leiteira (Costa et al., 1999COSTA, E.O.; PONCE, H.; WATANABE, E.T.; VALLE, C.R. Avaliação da terapia de mastite clínica: eficácia da terapêutica medida em números de dias de tratamento. Napgama, n.2, p.10-14, 1999.).

Nas éguas com mastite clínica são observados sinais variáveis de infecção incluindo hiperemia, calor, dor, edema, endurecimento e edema ventral nas mamas (Welsh, 1984WELSH, R.D. The significate of Streptococcus zooepidemicus in the horse. Equine Practice, v.6, n.9, p.6-16, 1984.; Santos et al., 2005ANTOS, E.M.; ALMEIDA, F.Q.; VIEIRA, A.A.; PINTO, L.F.B.; CORASSA, A.; PIMENTEL, R.R.M.P.; SILVA, V.P.; GALZERANO, L. Lactation in Mangalarga Marchador mares: yield production and composition of milk, and weight gain of suckling foals. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.627-634, 2005.; Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.). Também podem ser observados sinais sistêmicos como febre, anorexia, sudorese taquicardia, taquipnéia e letargia (McCue, 1993McCUE, P.M. Lactation. In: MacKINNON, A.O.; VOSS, J.L. Equine reproduction. Philadelphia: Lea and Febiger, 1993. p.588-595.). O leite encontrar-se-á alterado com coloração amarelada, contendo grumos, pus, com ou sem sangue (Bostedt et al., 1988BOSTEDT, H.; LEHMANN, B.; PEIP, D. Mastitis in mares. Tierarztliche Praxis, v.16, n.4, p.367-371, 1988.). A presença de secreção láctea com grandes alterações pode indicar a gravidade da infecção (Koterba et al., 1990KOTERBA, A.M.; DRUMOND, W.H.; KOSCH, P.C. Equine Clinical Neonatology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1990. 844p.; Prestes et al., 1999PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999.; Pietrobelli et al., 2001PIETROBELLI, D.J.; ARTESE, R.; DURART, J.E.; DATZ, D.; BENENCIA, H. Hiperprolactinemia en el hipotiroidismo subclínico. Medicina (Buenos Aires), v.61, n.3, p.275-278, 2001.).

A claudicação do membro pélvico paralelo a glândula mamária comprometida pode ser observada nas éguas com mastite (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.). A claudicação e tumefação mamária nas éguas podem ser agravadas quando os linfonodos regionais estiverem reativos ou abscedados, geralmente em resposta a infecção por Corynebacterium pseudotuberculosis (Motta et al., 2010MOTTA, R.G.; CREMASCO, A.C.M.; RIBEIRO, M.G. Infecções por Corynebacterium pseudotuberculosis em animais de produção. Veterinária e Zootecnia, v.17, n.2, p.200-213, 2010.).

Nas infecções por microrganismos da família Enterobacteriaceae, que possuem o lipopolissacarídeo (LPS) na constituição da parede celular bacteriana, ocorre à liberação do lipídeo A (Ribeiro et al., 2006RIBEIRO, M.G.; COSTA, E.O.; LEITE, D.S.; LANGONI, H.; GARINO JÚNIOR, F.; VICTORIA, C.; LISTONI, F.J.P. Fatores de virulência de Escherichia coli isoladas de mastite bovina. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.58, n.5, p.724-731, 2006.), que desencadeia a liberação de potentes mediadores pró-inflamatórios ou citocinas (Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.). A glândula mamária dos animais domésticos é extremamente sensível a ação da fração lipídica do LPS (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.). Estas endotoxinas lesionam o endotélio dos vasos sanguíneos, alterando a permeabilidade vascular, que repercutem com sinais graves de choque endotóxico (Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.). Particularmente nos eqüinos, a infecção por este grupo de microrganismos pode determinar o desenvolvimento de laminite (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.).

O diagnóstico da doença é fundamentado nos achados epidemiológicos, exame clínico minucioso, aliados aos exames complementares. Na anamnese considera-se importante investigar a idade das fêmeas, tempo de lactação, histórico da utilização do animal (entretenimento, salto, corrida, tração, transporte), doenças concomitantes presentes no plantel, situações de manejo ou uso de utensílios que poderiam predispor a traumas ou injurias nas mamas, além da presença de vetores (moscas) e o ambiente onde se encontra o animal, como pastos altos e sujos, que favoreceriam traumatismos e a veiculação dos patógenos para a glândula mamária (Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.; Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.).

Nos casos de mastite clínica se faz necessário exame criterioso do animal (Costa et al., 1995COSTA, E.O.; BENITES, N.R.; MELVILLE, P.A.; PARDO, R.B.; RIBEIRO, A. R.; WATANABE, E.T. Estudo etiológico da mastite clínica bovina. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.17, n.4, p.156-158, 1995.), com ênfase na avaliação semiológica da glândula mamária pela palpação do parênquima e dos tetos, com o intuito de avaliar a presença de edema, nódulos ou abscessos. Em seguida, pode ser utilizada a caneca telada de fundo negro ou prova de Tamis (Langoni, 1997LANGONI, H. Agentes emergentes na etiologia da mastite. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.19, p.238-240, 1997.), que visa o diagnóstico da mastite clínica, depositando os primeiros jatos de leite na caneca nos quais se observa a presença de alterações macroscópicas do leite como: grumos, coágulos de pus, sangue ou leite com aspecto “aquoso” (Costa et al., 1999COSTA, E.O. Uso de antimicrobianos na mastite. In: SPINOSA, H.S.; GORNIAK, S.L.; BERNARDI, M.M. (Ed.). Farmacologia aplicada a medicina veterinária. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. Cap. 42, p.422-433.).

Nas mastites subclínicas não são observadas alterações macroscópicas na glândula mamária, tampouco no leite (Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.). O diagnóstico nestes animais é obtido com o auxílio de métodos indiretos que indicam o aumento no número de células somáticas (neutrófilos e células epiteliais), ou pelo exame microbiológico do leite (Langoni, 1997LANGONI, H. Agentes emergentes na etiologia da mastite. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.19, p.238-240, 1997.; Prestes et al., 1999PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999.; Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.). Contagens iguais ou superiores a 500.000 CS/mL e 1.000.000 CS ? mL são consideradas indicativas de infecção, respectivamente, para bovinos e pequenos ruminantes (Brasil, 2003BRASIL. Ministerio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Métodos analíticos oficiais físico-químicos, para controle de leite e produtos lácteos. São Paulo: MAPA, 2003. 155p.; Santos; Fonseca, 2007SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. (Ed.) Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. 314p.; Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.).

Para o exame de amostras individuais do leite de vacas considera-se normal de 100.000 – 200.000 CS/mL de leite (Santos; Fonseca, 2007SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. (Ed.) Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. 314p.). Em ruminantes domésticos os casos subclínicos de mastite são diagnosticados com base no aumento da celularidade do leite, principalmente como conseqüência do elevado afluxo de neutrófilos, utilizando os testes de California Mastitis Test (CMT) e a contagem eletrônica de células somáticas (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.). Apesar do uso pontual de CMT e CCS em éguas (Santos et al., 2005SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. (Ed.) Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. 314p.; Reis et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.), estes procedimentos não estão padronizados para a espécie equina.

A CCS pode ser realizada pela contagem microscópica em lâminas (Prestes et al., 1999PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999.). Entretanto, na última década tem sido realizada eletronicamente em aparelhos de citometria de fluxo (Reis et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.), que permitem quantificar com precisão grande número de amostras, em curto período de tempo (Santos; Fonseca, 2007SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. (Ed.) Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. 314p.). No entanto, a contagem de células somáticas ainda não esta padronizada para a especie eqüina (Santos et al., 2005SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. (Ed.) Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. São Paulo: Manole, 2007. 314p.; Reis et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.).

No Brasil, Prestes et al. (1999)PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999. avaliaram a celularidade do leite de 38 éguas sem mastite utilizando a contagem celular em lâminas e verificaram que apenas três animais (9,6%) apresentaram valores superiores a 500.000 CS/mL.

Reis et al. (2009)REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009. investigaram a CCS e a CBT no leite de éguas da raça mangalarga marchador. Os autores obtiveram valores médios de 16.400 CS/mL e 12.300 UFC/mL, respectivamente para CCS e CBT no leite, obtido durante o período de lactação em éguas sem sinais aparentes de mastite. Em contraste, em éguas com mastite foram encontrados valores significativamente maiores de 2.550.000 CS/mL e 1.500.000 UFC/mL, respectivamente para CCS e CBT (Reis et al., 2007REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; MOREIRA, C.H.G.; CURADO, E.A.F.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Composição do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v.66, n.2, p.130-135, 2007.; Reis et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.).

O exame microbiológico do leite permite a identificação dos agentes causais da mastite e a realização do teste in vitro de sensibilidade microbiana frente aos antimicrobianos, com o intuito de respaldar o tratamento (Fernandes et al., 2009FERNANDES, M.C.; RIBEIRO, M.G.; SIQUEIRA, A.K.; SALERNO, T.; LARA, G.H.B.; LISTONI, F.J.P. Surto de mastite bovina causada por linhagens de Pseudomonas aeruginosa multi-resistentes aos antimicrobianos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.61, p.745-748, 2009.). Para a obtenção das amostras de leite visando o exame microbio-lógico, tanto nos casos clínicos quanto subclínicos, deve-se proceder a higiene rigorosa dos tetos (Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.), visto que as condições anatômicas da glândula mamária e o pequeno tamanho dos tetos nas éguas pode favorecer a contaminação das amostras (Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.). Inicialmente, recomenda-se realizar a antisepsia prévia do teto com solução de álcool 70% ou álcool-iodado a 1,0% (Langoni, 1997LANGONI, H. Agentes emergentes na etiologia da mastite. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.19, p.238-240, 1997.). Em seguida, deve-se colher 5 a 10 mL de leite, em frasco estéril, após desprezarem-se os primeiros jatos de leite, visando eliminar possíveis contaminantes do canal do teto e restos do antiséptico. As amostras devem ser encaminhadas ao laboratório sob temperatura de refrigeração (4-8° C) em até 48 horas, ou após este período, mantidas congeladas (-20° C), até o momento da cultura microbiana (Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.).

Outros exames de apoio para o diagnóstico da mastite eqüina incluem exames clínico-laboratoriais e de diagnóstico por imagem. A ultrassonografia permite diferenciar a mastite de outros processos patológicos como tumores, apesar do uso restrito na rotina de diagnóstico (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.). A avaliação hematológica nas éguas com mastite clínica revela leucocitose por neutrofilia e elevação do fibrinogênio (Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.; Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.).

No plano diagnóstico da mastite em éguas devem ser incluídas causas não infecciosas e infecciosas. O acúmulo de secreção na glândula mamária de éguas velhas é denominado galactorréia ou pseudolactação (Reis et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.). A galactorréia se caracteriza pela produção de leite fora do período da lactação (Santos, 2005ANTOS, E.M.; ALMEIDA, F.Q.; VIEIRA, A.A.; PINTO, L.F.B.; CORASSA, A.; PIMENTEL, R.R.M.P.; SILVA, V.P.; GALZERANO, L. Lactation in Mangalarga Marchador mares: yield production and composition of milk, and weight gain of suckling foals. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.627-634, 2005.; Reis et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.). Este acúmulo de leite e edema da glândula não possui origem infecciosa e ocorre pela produção láctea na ausência de gestação, sob a forma de lactação prematura (Cardoso; Gomes, 2003CARDOSO, G.P., GOMES, P.L. Hiperprolactinemia e prolactinomas: uma atualização. Jornal Brasileiro de Medicina, v.84, n.5, p.17-30, 2003.). A etiologia deste processo em eqüinos não está totalmente esclarecida (Reis et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.). No entanto, na mulher é decorrente do aumento dos níveis de prolactina, hormônio secretado pela adeno-hipófise (Chavatte-Palmer, 2002CHAVATTE-PALMER, P. Lactation in the mare. Equine Veterinary Education, v.14, n.S5, p.88-93, 2002.).

O edema da glândula mamária e da parte ventral do abdome em eqüídeos também deve ser diferenciado em animais com anemia infecciosa, púrpura hemorrágica, mormo, insuficiência renal ou hepática e neoplasias como adenocarcinoma mamário e carcinoma de células escamosas (Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.; Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.).

De maneira similar às outras espécies domésticas o tratamento deve ser respaldado no teste de sensibilidade microbiana “in vitro” (Mitchel; Yee, 1995MITCHELL, M.J.; YEE, A.J. Antibiotic use in animals and transfer of drug resistence to humans: should we stop treating animals with these drugs? Dairy, Food and Enviromental Sanitation, v.15, n.8, p.484-487, 1995.). Em éguas são recomendados antimicrobianos de amplo espectro, de custo acessível para animais de grande porte, e que, preferencialmente, possam ser indicados por via parenteral. A penicilina benzatina (20.000 UI-kg, via intramuscular) é indicada em dose única, podendo repetir a aplicação a cada cinco dias, dependendo da evolução do caso. Em casos graves a penicilina é associada a gentamicina (2-5 mg-kg, via intramuscular ou intravenosa, a cada 8 ou 12 horas). O ceftiofur (1 a 2 mg-kg, via intramuscular, a cada 24 horas), e a azitromicina (10 mg-kg, a cada 24 horas, via oral, por 3 a 5 dias) são alternativas de antimicrobianos na abordagem terapêutica da mastite equina (Ribeiro, 2008RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.). McCue; Wilson (1989)McCUE, P.M.; WILSON, W.D. Equine mastitis – a review of 28 cases. Equine Veterinary Journal, v.21, n.5, p.351-353, 1989. utilizaram sulfa-trimetoprim (IM ou IV, duas vezes ao dia) em 28 éguas com mastite clínica, com resultados satisfatórios.

O tratamento de suporte da mastite eqüina consiste na realização de ordenhas frequentes para acelerar a remoção das células inflamatórias e debris celulares (McCue, 1993McCUE, P.M. Lactation. In: MacKINNON, A.O.; VOSS, J.L. Equine reproduction. Philadelphia: Lea and Febiger, 1993. p.588-595.; Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.). Recomenda-se também 3 a 4 sessões (10 a 15 minutos) diárias de duchas frias na glândula mamária para amenizar o processo inflamatório (Bostedt et al., 1988BOSTEDT, H.; LEHMANN, B.; PEIP, D. Mastitis in mares. Tierarztliche Praxis, v.16, n.4, p.367-371, 1988.). Anti-inflamatórios não hormonais, analgésicos e reposição hidroeletrolítica, são indicados nas éguas com a presença de sinais sistêmicos de mastite (Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.).

Embora existam relatos do tratamento intramamário de éguas utilizando produtos idealizados para a infusão mamária em vacas (Koterba et al., 1990KOTERBA, A.M.; DRUMOND, W.H.; KOSCH, P.C. Equine Clinical Neonatology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1990. 844p.), não há dados que suportem a eficácia destes produtos na espécie equina (Smith, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.). Em contraste, éguas diagnosticadas com mastite clínica exibiram melhora do quadro inflamatório entre 3 a 5 dias sem a utilização de antimicrobianos, evidenciando a possibilidade de cura espontânea (Welsh, 1984WELSH, R.D. The significate of Streptococcus zooepidemicus in the horse. Equine Practice, v.6, n.9, p.6-16, 1984.).

O prognóstico da mastite em éguas é bom, com exceção dos casos crônicos recidivantes, que podem evoluir para atrofia e fibrose da mama acometida (Bostedt et al., 1988BOSTEDT, H.; LEHMANN, B.; PEIP, D. Mastitis in mares. Tierarztliche Praxis, v.16, n.4, p.367-371, 1988.; Prestes et al., 1999PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999.; Reis et al., 2007REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; MOREIRA, C.H.G.; CURADO, E.A.F.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Composição do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v.66, n.2, p.130-135, 2007.).

Ao contrário dos ruminantes domésticos, não existem medidas específicas para o controle e profilaxia da mastite eqüina (Reis et al., 2009REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.). As ações estão basicamente relacionadas aos aspectos higiênicos dos animais e ao meio ambiente dos criatórios (Langoni, 1997LANGONI, H. Agentes emergentes na etiologia da mastite. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.19, p.238-240, 1997.).

Recomenda-se evitar a presença de pastos sujos, altos ou quaisquer objetos pontiagudos e cercas de arame farpado que possam favorecer traumatismos nas mamas e tetos (Costa, 1999COSTA, E.O.; PONCE, H.; WATANABE, E.T.; VALLE, C.R. Avaliação da terapia de mastite clínica: eficácia da terapêutica medida em números de dias de tratamento. Napgama, n.2, p.10-14, 1999.). As camas das baias dos animais devem ser trocadas periodicamente, além da remoção diária de dejetos (Philpot, 1984PHILPOT, W.N. Economics of mastis control. Veterinary Clinics of North America, v.6, p. 233-245, 1984.).

Os aspectos nutricionais devem ser observados (Mandell et al., 2005MANDELL, G.L.; BENNETT, J.E.; DOLIN, R. (Ed.) Principles and practice of infectious diseases. 6.ed. Philadelphia: Elsevier Churchill Livingstone, 2005. v.2, 3661p.), oferecendo as éguas dieta balanceada e equilibrada, notadamente quanto aos teores de proteína, energia, minerais, vitaminas e microelementos que reconhecidamente influenciam na resposta imunológica dos animais frente às infecções (McCue, 1993McCUE, P.M. Lactation. In: MacKINNON, A.O.; VOSS, J.L. Equine reproduction. Philadelphia: Lea and Febiger, 1993. p.588-595.).

A adoção de piquetes maternidade pode facilitar a visualização precoce de casos de mastite nas primeiras semanas de lactação da égua (Smtih, 2003SMITH, PB. Large animal internal medicine. 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.; Radostits et al., 2007RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.).

Revisou-se neste estudo os principais aspectos da mastite infecciosa equina destacando a etiologia, epidemiologia, anatomofisiologia da glândula mamária, patogenia, sinais clínicos, tratamento, controle e profilaxia. Sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas principalmente no que tange a padronização da contagem de células somáticas no leite de éguas, assim como a identificação dos principais microrganismos envolvidos na etiologia desta afecção pouco estudada em todo mundo.

REFERÊNCIAS

  • BOSTEDT, H.; LEHMANN, B.; PEIP, D. Mastitis in mares. Tierarztliche Praxis, v.16, n.4, p.367-371, 1988.
  • BRASIL. Ministerio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Métodos analíticos oficiais físico-químicos, para controle de leite e produtos lácteos São Paulo: MAPA, 2003. 155p.
  • CARDOSO, G.P., GOMES, P.L. Hiperprolactinemia e prolactinomas: uma atualização. Jornal Brasileiro de Medicina, v.84, n.5, p.17-30, 2003.
  • CHAVATTE-PALMER, P. Lactation in the mare. Equine Veterinary Education, v.14, n.S5, p.88-93, 2002.
  • CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA E PECUÁRIA (Brasil). Eqüídeos no Brasil 2008. Disponível em: <http://www.cna.org.br/site/notícia>. Acesso em: 19 nov. 2008.
    » http://www.cna.org.br/site/notícia
  • COSTA, E.O. Uso de antimicrobianos na mastite. In: SPINOSA, H.S.; GORNIAK, S.L.; BERNARDI, M.M. (Ed.). Farmacologia aplicada a medicina veterinária 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. Cap. 42, p.422-433.
  • COSTA, E.O.; BENITES, N.R.; MELVILLE, P.A.; PARDO, R.B.; RIBEIRO, A. R.; WATANABE, E.T. Estudo etiológico da mastite clínica bovina. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.17, n.4, p.156-158, 1995.
  • COSTA, E.O.; PONCE, H.; WATANABE, E.T.; VALLE, C.R. Avaliação da terapia de mastite clínica: eficácia da terapêutica medida em números de dias de tratamento. Napgama, n.2, p.10-14, 1999.
  • FERNANDES, M.C.; RIBEIRO, M.G.; SIQUEIRA, A.K.; SALERNO, T.; LARA, G.H.B.; LISTONI, F.J.P. Surto de mastite bovina causada por linhagens de Pseudomonas aeruginosa multi-resistentes aos antimicrobianos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.61, p.745-748, 2009.
  • GILL, R.; HOWARD, W.H.; LESLIE, K.E.; LISSEMORE, K. Economics of mastitis control. Journal of Dairy Science, v.73, p. 3340-3348, 1990.
  • KOTERBA, A.M.; DRUMOND, W.H.; KOSCH, P.C. Equine Clinical Neonatology Philadelphia: Lea & Febiger, 1990. 844p.
  • IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Número de eqüídeos no Brasil 2008. Disponível em: <www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 25 nov. 2008.
    » www.sidra.ibge.gov.br
  • LANGONI, H. Agentes emergentes na etiologia da mastite. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.19, p.238-240, 1997.
  • MANDELL, G.L.; BENNETT, J.E.; DOLIN, R. (Ed.) Principles and practice of infectious diseases 6.ed. Philadelphia: Elsevier Churchill Livingstone, 2005. v.2, 3661p.
  • McCUE, P.M. Lactation. In: MacKINNON, A.O.; VOSS, J.L. Equine reproduction Philadelphia: Lea and Febiger, 1993. p.588-595.
  • McCUE, P.M.; WILSON, W.D. Equine mastitis – a review of 28 cases. Equine Veterinary Journal, v.21, n.5, p.351-353, 1989.
  • MITCHELL, M.J.; YEE, A.J. Antibiotic use in animals and transfer of drug resistence to humans: should we stop treating animals with these drugs? Dairy, Food and Enviromental Sanitation, v.15, n.8, p.484-487, 1995.
  • MORAIS, M.T.; SIMONE, E.M.; ROMANO, L.A. Estudo da composição do leite de égua e comparação com o leite da mulher. A Hora Veterinária, v.16, n.25, p.37-43, 1997.
  • MOTTA, R.G.; CREMASCO, A.C.M.; RIBEIRO, M.G. Infecções por Corynebacterium pseudotuberculosis em animais de produção. Veterinária e Zootecnia, v.17, n.2, p.200-213, 2010.
  • MURRAY, P.R.; BARON, E.J.O.; JORGENSEN, J.H.; PFALLER, M.A.; YOLKEN, R.H. Manual of clinical microbiology 9.ed.: Washington: ASM Press, 2007. 2v.
  • NADER FILHO, A.; MANGERONA, A.C.S.; MOURA, E.S. Eficácia da associação sinérgica de betalactâmicos em suspensão oleosa no tratamento intramamário da mastite de vacas em lactação. Napgama, n.1, p.20-22, 2002.
  • PHILPOT, W.N. Economics of mastis control. Veterinary Clinics of North America, v.6, p. 233-245, 1984.
  • PIETROBELLI, D.J.; ARTESE, R.; DURART, J.E.; DATZ, D.; BENENCIA, H. Hiperprolactinemia en el hipotiroidismo subclínico. Medicina (Buenos Aires), v.61, n.3, p.275-278, 2001.
  • PRESTES, N.C.; LANGONI, H.; CORDEIRO, L.A.V. Estudo do leite de éguas sadias ou portadoras de mastite subclínica, pelo Teste de Whiteside, análise microbiológica e contagem de células somáticas. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.36, n.3, p.144-148, 1999.
  • QUINN, P.J.; CARTER, M.F.; MARKEY, B.K.; CARTER, G.R. Clinical veterinary microbiology Baltimore: Mosby-Wolfe, 1994. 648p.
  • QUINN, P.J.; MARKEY, B.K., CARTER, M.E.; DONNELLY, W.J.; LEONARD, F.C. (Ed.). Microbiologia veterinária e doenças infecciosas Porto Alegre: Artmed, 2005. 512p.
  • RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; Constable P.D. (Ed.). Veterinary medicine: a textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10.ed. Philadelphia: Saunders, 2007. p.724-725.
  • REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; MOREIRA, C.H.G.; CURADO, E.A.F.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Composição do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v.66, n.2, p.130-135, 2007.
  • REIS, A.P.; MESQUITA, A.J.; SANTOS, K.R.P.; OLIVEIRA, F.H.; BAUDUINO, R.; MACIEL, I.B.; SILVA, E.B.; NICOLAU, E.S. Avaliação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total do leite de éguas da raça Mangalarga Marchador. Veterinária e Zootecnia, v.16, n.1, p.204-212, 2009.
  • RIBEIRO, M.G. Princípios terapêuticos na mastite em animais de produção e de companhia. In: ANDRADE, S.F. (Ed.) Manual de terapêutica veterinária 3.ed. Roca: São Paulo, 2008. p.759-771.
  • RIBEIRO, M.G.; COSTA, E.O.; LEITE, D.S.; LANGONI, H.; GARINO JÚNIOR, F.; VICTORIA, C.; LISTONI, F.J.P. Fatores de virulência de Escherichia coli isoladas de mastite bovina. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.58, n.5, p.724-731, 2006.
  • ANTOS, E.M.; ALMEIDA, F.Q.; VIEIRA, A.A.; PINTO, L.F.B.; CORASSA, A.; PIMENTEL, R.R.M.P.; SILVA, V.P.; GALZERANO, L. Lactation in Mangalarga Marchador mares: yield production and composition of milk, and weight gain of suckling foals. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.627-634, 2005.
  • SANTOS, M.V.; FONSECA, L.F.L. (Ed.) Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite São Paulo: Manole, 2007. 314p.
  • SMITH, PB. Large animal internal medicine 4.ed. St Louis: Mosby, 2003. p.937-998.
  • THOMASSIAN, A. Enfermidades dos eqüinos 4.ed. São Paulo: Varela, 2005. 573p.
  • WELSH, R.D. The significate of Streptococcus zooepidemicus in the horse. Equine Practice, v.6, n.9, p.6-16, 1984.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Out 2020
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2011

Histórico

  • Recebido
    10 Set 2010
  • Aceito
    26 Out 2011
Instituto Biológico Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252 - Vila Mariana - São Paulo - SP, 04014-002 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: arquivos@biologico.sp.gov.br