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Cultura material e práticas sociais no Caminho do Viamão: paisagens toponímicas, arqueologia do cotidiano das viagens, perfil e bagagem dos tropeiros (séculos XVIII e XIX)1 1 Este artigo resulta de pesquisa realizada com bolsistas de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento (CNPq), participantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) (2018-2019), em busca de camadas de historicidade perdidas no tempo longo do Caminho do Viamão. Foi parcialmente publicado nas Actas do CIHU, Congreso ibero-americano de historia urbana: procesos históricos que explican la ciudad iberoamericana, realizado na Cidade do México (BUENO; GIL; BARRETO; DIAS, 2019), e uma pequena parte publicada no livro organizado por Fania Fridman, De cidades e territórios (2019) (BUENO; BARRETO; DIAS, 2019). No entanto, a documentação coligida impôs a redação de um ensaio mais amplo, que ora se apresenta para os Anais do Museu Paulista.

Material culture and social practices on the Caminho do Viamão: toponymic landscapes, archaeology of everyday experience of mule drive, muleteers' profiles and their baggage (18 th and 19 th centuries)

RESUMO

Este artigo versa sobre métodos de leitura da paisagem e da cultura material, com foco na Carta geographica de projeção espherica da Nova Lusitânia ou América Portugueza e Estado do Brazil (1797), entrecruzada com relatos de práticos, engenheiros militares, naturalistas, pintores viajantes e maços de população coevos. De perfil arqueológico-filológico e em busca dos vestígios de uma fenomenologia dos modos de ser e estar em escala macrorregional, este artigo envereda pelo estudo da toponímia e preocupa-se em desvelar camadas de tempo, descrever e contextualizar dinâmicas, lógicas antrópicas de enraizamento e de mobilidade, fluxos em caminhos e rios nas suas possibilidades e dificuldades de comunicação. O Caminho do Viamão é aqui um pretexto para exercitar o que chamamos de Arqueologia da Paisagem, além de permitir espacializar territorialidades interimperiais analisadas do ponto de vista de suas dinâmicas cotidianas, com foco na cultura material e nas práticas sociais em suas interfaces com aspectos geomorfológicos e fitofisionômicos. No artigo, essa paisagem cultural é analisada em sua pluralidade, natural e antrópica, por meio de fontes primárias do século XVIII e dos primórdios do XIX, descrevendo-se o dia a dia das comitivas, o perfil social dos viajantes e o que havia na bagagem dos tropeiros.

PALAVRAS-CHAVE:
Arqueologia da paisagem; Cultura material; Geografia retrospectiva; Caminho do Viamão; Toponímia; Cotidiano dos tropeiros

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