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Análises de livros

Análises de livros

NEOPLASIA IN THE CENTRAL NERVOUS SYSTEM. Richard A. thompson e John R. Green, editores. Um volume encadernado (16x14) com 382 páginas, 36 tabelas e 112 figuras. Volume 15 da coleção "Advances in Neurology". Raven Press Publishers, New York, 1976.

Nos últimos decênios tem havido significativo aumento de interesse em neuro-oncologia devido, principalmente, à introdução de novos e potentes agentes oncogênicos que forneceram aos pesquisadores novas bases para estudos experimentais em extensão e profundidade. Depois de um artigo introdutório muito bem elaborado — Conceitos atuais em neuro-ancologia — no qual L. J. Rubinstein, com a autoridade amparada em sua grande experiência, discute a teoria da mutação somática do câncer, a carcinogênese experimental, as teorias virais, os mecanismos imunológicos e a expressão genética das neoplasias que se desenvolvem no sistema nervoso central, seguem-se, neste livro, trabalhos apresentados em simpósio — Second Annual Barrow Neurological Institute Symposium — realizado em 23-25 de janeiro de 1975, em Phoenix (U.S.A.). A série é iniciada com trabalhos de índole experimental: 1 — Vascularização das neoplasias neurais (J. D. Waggener e J. L. Beggs); 2 — Classificação e incidência das neoplasias (J. R. Green, J. D. Waggener e B. A. Kriegsfeld); 3 — Tumores cerebrais induzidos por vírus (D. D. Bigner e C. N. Pegram); 4 — Indução química de tumores cerebrais (J. A. Swemberg). O trabalho seguinte tem grande relevância prática pois nele W. R. Shapiro estuda as encefalopatias como efeitos à distância determinadas por cânceres localizados em outros setores do organismo. As recentes aquisições no que diz respeito ao diagnóstico e localização são expostos em dois trabalhos: 1 — Progressos no esquadrinhamento e mapeamento do cérebro (R. E. O'Mara); 2 — Estudo dos tumores cerebrais pela tomografia computorizada (J. P. Lin, I. I. Kricheff, J. Laguna e T. Naidlich). A parte relativa à terapêutica é a mais vultosa, contando com importantes contribuições; 1 — Papel da radioterapia nas neoplasias do sistema nervoso central (E. G. Mayer, M. L. M. Boone e S. A. Aristizabal); 2 — Recentes aquisições nas técnicas neurocirúrgicas (R. G. Fischer); 3 — Cuidados pré e pós-operatórios (K. Clark); 4 — A anestesia em cirurgia intracraniana (L. Wilkinson); 5 — Neurocirurgia transfenoidal (J. Hardy e J. L. Vezina); 6 — Sistemática operatória nos tumores da base do crânio (W. E. Hitselberger e W. F. House); 7 — Tumores da região para-selar (L. I. Malis); 8 — Bases biológicas da terapêutica dos tumores cerebrais malignos (W. M. Kidch, J. J. van Buskirk, D. W. Schultz e K. Tabuchi); 9 — Princípios farmacológicos da quimioterapia dos tumores cerebrais (V. A. Levin); 10 — Quimioterapia dos tumores cerebrais (C. B. Wilson). Dois excelentes artigos cuidam das defesas orgânicas contra os tumores cerebrais, assunto que os neurologistas e neurocirurgiões devem sempre ter presente ao espírito quando medicarem seus pacientes; 1 — Depressão imunológica nos gliomas cerebrais (H. F. Young, R. Sakalas e A. M. Kaplan); 2 — Imunoterapia dos gliomas (A. K. Ommaya).

Dois artigos estão um tanto deslocados em relação ao título do livro pois cuidam de processos que acometem o sistema nervoso periférico. Em um deles — Diagnóstico diferencial das neuropatias associadas com cânceres (P. J. Dyck e J. M. Kiely) os autores analisam várias concomitâncias correntes em clínica nas quais processos neuropáticos de diversa natureza se associam a cânceres de constituição variada e com localizações em diferentes setores do organismo. No segundo — Efeitos remotos dos cânceres focais sobre o sistema neuromuscular (W. King Engel e Valerie Askanas), os autores iniciam por uma conceituacão irrelevante pois, embora adotem a expressão desordens neuromusculares, se mostram contrários ao uso do termo neuromiopatia. Este trabalho é bom e tem conteúdo bastante útil do ponto de vista prático, embora certas comparações tenham algo de fantasioso, como seja, por exemplo, a que figura em um esquema no qual a atrofia muscular que ocorre em pacientes cancerosos pode ser considerada como devida a um "mecanismo mártir" (sic) para o suprimento de nutrientes para os tecidos cancerosos ou normais, ou poderia ser um "assassinado e não benéfico efeito Sparafucile" (sic), explicando os autores, depois, em nota de rodapé, que Sparafucile é o nome do assassino profissional que, na ópera Rigoletto, inadvertidamente mata a filha do protagonista. Com essas e outras denominações e comparações os leitores terão dificuldade em compreender o que os autores querem dizer. Poderíamos acrescentar que julgamos pouco científico incluir, nas referências finais deste artigo, uma citação de um trabalho de um dos autores (Cit. 30. Engel, W. K.: Unpublished observations), pois se é errado incluir comunicações pessoais e trabalhos não publicados de outros autores, com muito maior razão é indevida a inclusão de observações não publicadas pelo próprio autor e que só podem ser compulsadas em seus arquivos particulares.

O. LANGE

ATLAS OF ELECTROENCEPHALOGRAPHY IN COMA AND CEREBRAL DEATH. Donald R. Bennett, John R. Hughes, Julius Korein, Jerome K. Merlis e Cary Suter, compiladores e editores. Um volume encadernado (38,5x31) com 244 páginas e 210 ilustrações. Raven Press Publishers, New York, 1976.

Este atlas contêm documentos eletrencefalográficos selecionados do material acumulado no Collaborative Study of Cerebral Death, promovido pelo National Institute of Neurological Diseases and Stroke (Bethesda, U.S.A.), projetado por 17 especialistas sob o comando de A. Earl Walker e executado, entre 1971 e 1973, em 9 instituições norte-americanas de alto gabarito. Nesse trabalho foram examinados 503 pacientes que reuniam três condições básicas pré-estabelecidas — 1) idade acima de um ano; 2) nenhuma resposta a excitações externas de qualquer natureza; 3) parada total da respiração espontânea por 15 minutos no mínimo — e feitos 2.256 eletrencefalogramas, alguns com longas horas de duração. Os editores do atlas agora apresentado selecionaram casos que melhor ilustram a importância e as limitações do EEG nestas circunstâncias. Assim delineado, o livro não pretende ser um tratado sobre os comas, não sendo discutidas as variações tipológicas e as etiologias dos comas com seus sinais clínicos específicos, nem os testes usados para a verificação da circulação sanguínea e do metabolismo cerebral. Tudo se limita à comprovação da morte cerebral — definitiva ou transitória — sendo amplamente ilustradas as causas que podem induzir a erro na interpretação dos tracalos eletrencefalográficos.

O material expositivo foi dividido em 6 capítulos. No primeiro, os editores conceituam o que é designado como morte cerebral e expõem os critérios adotados na seleção do material e na sequência da exposição, chamando desde logo a atenção para o fato de que o silêncio eletrencefalográfico nem sempre significa a morte do cérebro. No segundo capítulo são apresentados os critérios e os cuidados técnicos exigíveis para afirmar a existência real de silêncio eletrocerebral. No capítulo seguinte, de grande valor para os que se encarregam da feitura dos traçados, são indicados detalhes técnicos e os princípios gerais para a obtenção de registro EEGs dignos de inteira confiança. No capítulo 4, complementando o anterior, são relacionadas as causas dos numerosos artefatos que podem ocorrer, sendo indicados minuciosamente os recursos para sua eliminação. No capítulo 5 — Significação do silêncio eletrocerebral — são apresentados casos bastante ilustrativos nos quais, mediante exames seriados, foi possível demonstrar a passagem do traçado EEG para o estado de silêncio eletrocerebral e, vice-versa, o retorno da atividade elétrica cerebral após prolongado período de silêncio. No último capitulo são expostos, em sequência, traçados obtidos em vários tipos de comas, reversíveis ou irreversíveis. Os casos apresentados nestes dois últimos capítulos foram selecionados para capacitar os leitores a apreciar melhor as dificuldades em correlacionar os achados eletrencefalográficos com os dados clínicos para a formulação do prognóstico.

O. LANGE

GABA IN NERVOUS SYSTEM FUNCTION. Eugene Roberts, Thomas N. Chase e Donald B. Tower, editores. Um volume encadernado (16x24,5) com 554 páginas, 77 tabelas e 156 figuras. Volume n° 5 da Kroc Foundation Series. Raven Press Publishers, New York, 1975.

Há pouco mais de 30 anos apareceram as primeiras publicações sobre o ácido gama-aminobutírico (GABA) e suas transformações metabólicas, mas as contribuições sobre o papel desta substância na economia animal só começaram a aparecer depois de trabalhos fisiológicos mostrando seus efeitos, predominantemente inibidores, sobre grande número de sistemas biológicos de comunicação neuronal. Em 1959 foi promovido um simpósio internacional do qual resultou a publicação de um livro básico (Ácido gama-aminobutírico e fenômenos de inibição no sistema nervoso — Eugene Roberts e col., editores. Pergamon Press, Oxford) que reuniu trabalhos elaborados em laboratórios de neuroquímica, de neurofisiologia e de farmacologia dedicados a estudos sobre a síntese e a degradação do GABA e de sua distribuição e ação no sistema nervoso. A partir de então novas e importantes aquisições feitas graças ao apuro das técnicas neurofisiológicas e imunocitoquímicas permitiram esclarecer melhor o conhecimento da potencialidade e do modo de ação desta substância, cujos méritos e indispensabilidade no sistema nervoso saem, paulatinamente mas de modo seguro, do terreno das hipóteses para se alinhar entre aquelas já amplamente estudadas no âmbito da mecânica neuronal.

O livro presentemente editado, com 37 contribuições cuidadosamente selecionadas nos terrenos da farmacologia, da eletrofisiologia, da bioquímica, da microscopia eletrônica e da química ultramicroanalítica, dá conta das mais recentes aquisições no tocante ao GABA, desde sua síntese e purificação até sua degradação, com particular ênfase em sua distribuição e atividade no sistema nervoso. De alto interesse para os neurologistas são os trabalhos de Massao Ito (Ação dos neurônios GABA nas funções do sistema nervoso central), de D. B. Tower (GABA e crises epilépticas: correlações clinicas no homem), de O. Hornykiewics e col. (O sistema GABA nas funções dos núcleos basais e na doença de Parkinson), de P. L. MacGeer e E. G. MacGeer (O sistema GABA nas funções dos gânglios basais e na moléstia de Huntington), de T. N. Chase e J. R. Walters (Abordagem farmacológica da função sináptica do GABA no homem). De subido valor são a Introdução e a compresensiva síntese final, ambas de autoria de Eugene Roberts, o descobridor do GABA. Na síntese final (A desinibição como um princípio da organização do sistema nervoso e o papel do sistema GABA. Aplicações ao estudo das desordens neurológicas e psiquiátricas) o autor, com base em larga experiência pessoal e usando argumentação que lembra, mutatis mutandis, as geniais concepções de Hughlings Jackson sobre a subordinação e hierarquização dos sistemas motores em Neurologia, ao mesmo tempo em que delineia as já apuradas propriedades do GABA na transmissão dos impulsos nervosos nos estados normais e patológicos, mostra a necessidade de novas abordagens para o deslindamento completo da ação do importante sistema GABA.

O. LANGE

BRAIN HYPOXIA. PAIN. H. Penzholz, M. Brock, J. Hamer, M. Klinger e O. Spoerri, editores. Um volume (16,5x24) com 460 páginas, 110 tabelas e 160 figuras. Volume n° 3 da série Advances in Neurosurgery. Springer Verlag, Berlin-Heidelberg-New York, 1976.

Este livro contêm os trabalhos apresentados à 26ª Reunião Anual da Sociedade Alemã de Neurocirurgia, realizada em Heidelberg, entre 1 e 3 de maio de 1975, sendo o material subdividido em 3 capítulos de acordo com o temário geral do certame: Hipóxia; Fisiopatologia da dor; comunicações livres. Os 19 trabalhos do primeiro capítulo, a partir de excelente trabalho de J. Cervos-Navarro e F. Matakas (Neuropatologia da hipóxia cerebral), abordam aspectos fisiopatológicos e bioquímicos da falta de oxigenação do cérebro, local ou difusa, e suas consequências diretas ativando focos epileptógenos corticais e provocando alterações da barreira hemato-encefálica, sendo salientada a importância da dosagem de eletrolitos e da determinação do equilíbrio ácido-básico no líquido cefalorraqueano em tais condições de hipóxia cerebral. De aplicação prática imediata são os trabalhos de Th. W. Langfitt (Aspectos clínicos da. hipóxia cerebral), de A. Hadjidimas e coi. (Recuperação da auto-regulação vaso-motora nos tumores cerebrais), de R. Roquefeuil e col. (Comportamento metabólico cerebral em relação à oxigenação nos estados de coma durante a fase neurocirúrgica aguda), de M. Brock e col. (Influência das vias de reapsorção do LGR na capacitância intracraniana), de H. Herrschaft e col. (Influências de diversos anestésicos sobre o fluxo sanguíneo cerebral), de J. Krenn e col. (Valor do uso de aparelho respirador no tratamento de traumatismos cerebrais severos).

O segundo capítulo, compreendendo 26 contribuições, é iniciado por excelente mise-au-point de R. Hassler (Interações centrais dos sistemas rápidos e lentos de condução da dor), sendo continuado com trabalhos atinentes ao tratamento cirúrgico dos quadros dolorosos não alteráveis pela terapêutica médica (riosotomias posteriores, cordotomias ântero-laterais, cordotomias percutâneas cervicais, estimulações elétricas da medula espinhal, estimulação talâmica intermitente, intervenções estereotáticas sobre os núcleos talâmicos, injeções intratecais de fenol, hipofisectomias em casos de cânceres hormônio-dependentes, rizotomias trigeminals percutâenas, termocoagulação percutânea do gângio de Gasser, secção da raiz sensitiva do trigêmeo). Complementando o trabalho inicial de R. Hassler, existe neste capítulo um proveltoso estudo fisiológico de M. Zimmermann (Modelos neurofisiológicos para a compreensão da nocicepção e dos mecanismos das dores).

O terceiro capítulo é constituído de 18 comunicações livres versando sobre assuntos muito díspares ligados à patologia encéfalo-medular, desde a epilepsia gelástica nos tumores da região hipotalâmica e o prognóstico dos traumatismos medulares até a análise das complicações da atuação cirúrgica sobre a medula espinhal e o estudo de algumas localizações atípicas da paquimeningite cervical hipertrófica, com escalas por trabalhos defendendo pontos de vista pessoais quanto à escolha e utilização de métodos para diagnóstico.

O. LANGE

CLINICAL PHARMACALOGY OF ANTI-EPILEPTIC DRUGS. H. schneider, D. Janz, C. Gardner-Thorpe, H. Meinardi e A. L. S. Sherwin, editores. Um volume encadernado (16,5x24,5) com 370 páginas, 89 tabelas e 129 figuras Springer Verlag, Berlin-Heidelberg-New York, 1976.

Este livro contêm 38 trabalhos apresentados em simpósio internacional, realizado em Bethel (Alemanha) em maio de 1974, para debater problemas referentes à farmacologia clínica dos medicamentos anti-epiléticos. Compareceram a essa reunião 29 especialistas que apresentaram valiosas contribuições que vieram complementar aquisições relatadas em reunião anterior do mesmo tipo, realizada em abril de 1972 em Noordwijkerout (Holanda), na qual foram estabelecidos os métodos mais indicados para a determinação qualitativa e quantitativa das drogas anti-epiléticas nos vários fluidos e tecidos do corpo anomal. A partir desta base de metódica analítica, passaram as drogas anti-epiléticas a serem estudadas sob o aspecto farmacológico — tempos de vida úteis, distribuição, biotransformação, capacidade de ligações com proteínas do organismo animal, interação com outras medicações, eliminação — agora apresentadas em correlação com a fenomenologia epilética. Assim, as duas reuniões acima mencionadas se completaram em extensão e profundidade; nova reunião para dar sequência a estes estudos foi realizada em Exeter (Inglaterra), em agosto de 1976.

Assim o livro agora publicado tem subido valor pois, além de entrosar pesquisas laboratoriais e experimentais com fatos assinalados na patologia, fornece importantes elementos para a racionalização da terapêutica anti-epilética. De grande alcance prático são as demonstrações de que as dosagens feitas em tecido cerebral, obtido em estudos experimentais ou por ocasião de estirpações feitas mediante neurocirurgia, se equivalem com as dosagens feitas no plasma sanguíneo e no líquido cefalorraqueano, o que abre novas sendas para serem aplicadas em Liquorologia. O material incluído neste livro foi disposto em 5 capítulos: 1 — Farmacocinética; 2 — Farmacologia; 3 — Distribuição, absorção e eliminação; 4 — Controles de qualidade e estandartização; 5 — Metodologia da determinação das drogas anti-epiléticas nos tecidos e fluidos orgânicos. A inclusão das discussões provocadas entre os simposiastas, salientando as vantagens e inconvenientes de tal ou qual metódica ou as convergências e desacordos quanto à interpretação dos resultados, dá maior importância a este livro que, difundindo resultados obtidos mediante o emprego de métodos sofisticados de análise, somente possíveis em laboratórios muito bem dotados e bem equipados, pode ser considerado como sólida base não só para efeitos imediatos inerentes à clínica como para a abertura de novas frentes de estudo visando a diminuir a sintomatologia e a frequência das manifestações epiléticas. O livro é complementado com precioso dicionário das drogas utilizadas, no passado e no presente, desde os brometos até as mais recentes aquisições no âmbito da terapêutica anti-epilética. Bem organizado e extenso índice final facilita as consultas para esclarecimento de pormenores de aplicação imediata.

O. LANGE

RECENT ADVANCES IN MYOLOGY. W. G. Bradley, D. Gardner-Medwin e J. N. Walton, editores. Um volume encadernado (17x25) com 578 páginas, 112 tabelas e 286 figuras. Excerpta Medica, Amsterdam, 1975.

Este volume contêm uma seleção de trabalhos apresentados ao 3° Congresso Internacional sobre Doenças Musculares, realizado em Newcastle upon Tyne entre 15 e 21 de setembro de 1974, no qual foram aceitos 409 trabalhos ao todo, sendo 200 aprovados para apresentação verbal, 117 apresentados sob forma de exposição de diapositivos e gráficos e 92 apresentados apenas pelo título por conterem assuntos já resolvidos; os resumos de todos os trabalhos aceitos já foram publicados sob forma de proceedings por Excerpta Medica no Internacional Congress Series n° 334. Estes dados numéricos, ao mesmo passo em que mostram o sucesso, digamos apenas quantitativo do certame, demonstram o rigoroso critério seletivo adotado pelos editores do livro aqui mencionado, publicando, in extenso, apenas 65 dos trabalhos aceitos pela comissão organizadora do congresso. O material publicado foi dividido em 6 capítulos: 1 — Interações funcionais e tróficas entre nervos e músculos e hipótese neural da etiologia da distrofia muscular, contendo 17 trabalhos e terminando por ampla discussão sobre o funcionamento da unidade motora e sobre a etiologia da distrofia muscular de Duchenne; 2 — Transporte axonal, terminado por uma discussão entre os autores cujos 6 trabalhos foram admitidos para exposição integral; 3 — Bioquímica e histoquímica, com 11 trabalhos de observações laboratoriais e experimentais; 4 — Miogênese, miosites e modelos animais das doenças musculares humanas (13 trabalhos); 5 — Miotonia humana e experimental (5 trabalhos); 6 — Estudos clínicos nas distrofias musculares, na miastenia grave e nas atrofias musculares espinhais (13 trabalhos), com ampla discussão sobre a distrofia muscular de Duchenne.

A simples enumeração dos itens incluídos neste livro mostra o valor do conteúdo. O rigor científico na seleção do material publicado evitou a edição de um livro maçante pela prolixidade, muito extenso e de leitura cansativa. Seguindo normas rígidas, os editores, naturalmente depois de trabalho exaustivo, puderam oferecer aos miologistas e aos neurologistas em geral, dados que atualizam conhecimentos de grande alcance porque abrem novas sendas para pesquisas laboratoriais e experimentais, ao mesmo tempo em que oferecem perspectivas novas e mais seguras para o diagnóstico e tratamento. Sob certos aspectos este livro complementa e ratifica, ou retifica, conceitos expostos em livro anterior (Proceedings of the Se- cond International Congress on Muscle Diseases — Perth, Australia, 22-26 de novembro de 1971), Basic Research and Clinical Studies in Myology, publicado pela mesma editora. Ambos se completam fornecendo grande cópia de conhecimentos, sendo o livro publicado em 1975 de caráter mais científico para realce da Miologia que já tem foros de cidadania entre as subespecializações da Neurologia.

O. LANGE

CLINICAL NEUROPHARMACOLOGY. Harold L. Klawans, editor. Um volume encadernado (16x24) com 225 páginas, 13 tabelas e 34 figuras. Volume 1 de uma nova série de livros versando sobre Neurofarmacologia. Raven Press Publishers, New York, 1976.

Este livro o primeiro de uma série que analisará aspectos detalhados da farmacologia de diversos conjuntos sintomáticos no campo da Neurologia (tremores, desordens do sono, isquemia cerebral, esclerose múltipla, depressão, miotonia, parkinsonismo, epilepsia, miastenia), reúne revisões e atualizações feitas por diferentes autores sobre várias entidades nosológicas e síndromes bastante encontradiças na clínica neurológica. Em seus 9 capítulos poderão ser estudados: 1 — A farmocologia da esquizofrenia; 2 — A farmacologia das discinesias tardias provocadas por medicamentos; 3 — A utilização da fisostigmina em Neurologia e em Psiquiatria; 4 — A farmacologia dos tiques múltiplos e crônicos; 5 — A vitamina B6 na patogênese e tratamento de afecções do sistema nervoso; 6 — A farmacologia da espasticidade; 7 — A farmacologia da hipertensão intracraniana; 8 — Anticonvulsivantes e quadros doloross; 9 — Bases bioquímicas da enxaqueca.

Embora não haja seqUência lógica entre os vários capítulos, o que é explicado pelo fato dos autores solicitados não terem entregado suas contribuições em tempo hábil para melhor coordenação editorial, e embora em alguns deles os autores não tenham delimitado bem seu campo de exposição invadindo setores não referidos nos respectivos títulos, o valor deste livro para as necessidades da prática neuro-psiquiátrica diária é realçado porque ele reúne dados clínicos à neurofisiologia e à farmacologia básica escoimada de detalhes em profundidade (farmacologia clínica), visando à difusão das mais recentes aquisições utilizáveis no tratamento de variadas entidades ou quadros sintomáticos. Cuidados especiais mereceram os efeitos iatrogênicos de algumas drogas amplamente usadas em terapêutica neuro-psiquiátrica.

O. LANGE

BLOOD-BRAIN BARRIER IN PHYSIOLOGY AND MEDICINE. Stanley I. Rapoport. Um volume encadernado (16x24) com 316 páginas, 49 tabelas e 99 figuras. Raven Press Publishers, New York, 1976.

A barreira hemato-encefálica tem sido estudada fragmentariamente em virtude de sua natureza complexa e por ser constituída de diferentes estruturas. Na última década, graças a novas metódicas e a pacientes pesquisas de laboratório, esta barreira, de capital importância para a vida animal, vem adquirindo foros de um sistema unificado de grande interesse clínico e para fins de investigações experimentais e laboratoriais. A literatura médica registra grande messe de valiosas contribuições em abordagens múltiplas e variadas. O livro que agora analisamos representa o esforço de um neurofisiologista de elevado conceito internacional no sentido de atualizar conhecimentos sobre os elementos que constituem a barreira hemato-encefálica, analisando o comportamento funcional das várias estruturas existentes no sistema nervoso prepostas ao metabolismo e à defesa do parênquima. Sendo elaborado e redigido por uma única pessoa este livro tem a grande virtude de imprimir, no espírito do leitor, o senso de unidade indispensável para a compreensão do funcionamento do conjunto.

O material foi distribuído em 7 capítulos: 1 — Estrutura das células e tecidos; 2 — Mecanismos de transporte para dentro ou para fora das células e tecidos; 3 — Locais e funções da barreira hemato-encefálica; 4 — Permeabilidades e propriedades osmóticas da barreira; 5 — Alterações patológicas da barreira; 6 — Regulação da entrada de drogas no sistema nervoso; 7 — Transporte de hidratos de carbono, de aminoácidos e de outras substâncias através da barreira. Como adendo e por serem idênticas as propriedades, foi incluído, em capítulo final, minucioso estudo das barreiras que regulam o metabolismo ocular (Locais e funções das barreiras hemato-aquosa e hemato-vítrea do globo ocular). Em todos os capítulos o autor segue conduta expositiva regular: inicialmente faz um resumo do assunto a ser tratado, preparando o leitor para o conteúdo total; depois de uma introdução que expõe englobadamente o assunto a ser versado e as razões de seu desdobramento, seguem-se, em vários subtítulos, detalhes técnicos e ampla revisão baseada na literatura e em dados obtidos em delicadas e bem organizadas pesquisas pessoais. Assim, o livro contêm ensinamentos valiosos tanto para neurologistas clínicos e para cultores de ciências afins, como para cientistas que se dedicam ao estudo dos variados aspectos da barreira hemato-encefálica, abrindo perspectivas para novas abordagens. Bem organizado índice final e extensa lista de referências ocupando 40 páginas, completam este volume de grande validade prática e científica.

O. LANGE

EFFECTS OF NOISE ON HEARING. Donald Henderson, Roger P. Hamernik, Darshan S. Dosanjh e John H. Mills, editores. Um volume encadernado 16x24) com 565 páginas, 25 tabelas e 208 figuras. Raven Press Publishers, New York, 1976.

O título deste livro o indica como sendo mais útil para os otologistas e para autoridades e instituições encarregadas de remediar e prevenir as consequências funestas dos barulhos ambientais sobre o sistema auditivo. Entretanto, as repercussões dos barulhos excessivos sobre a atividade do sistema nervoso central são amplamente conhecidas, justificando o interesse imediato dos neurologistas e dos psiquiatras para os problemas nele expostos e para as soluções apontadas. Na realidade, pesquisas experimentais mostram, cada vez mais, que os efeitos da poluição sonora são por demais complexos e que sua resolução exige a participação de cultores de diversas disciplinas médicas, além de industriais, comerciantes e de personalidades com atribuições legislativas. Este livro contêm trabalhos apresentados em simpósio organizado pelo National Institute for Occupational Safety and Health, realizado em Cazanovia (New York) em 1975, no qual 40 peritos — anatomistas, fisiologistas, audiologistas, epidemiologistas, bioquímicos, otorrinolaringologistas e neurologistas — apresentaram resultados de sua própria experiência no campo dos efeitos dos barulhos sobre a audição. Os 30 trabalhos que integram este livro foram dispostos em sequência bem elaborada e bem conduzida, sendo distribuídos em 6 partes: 1 — Perspectivas dos problemas induzidos pela poluição sonora sobre a audição; 2 — Anátomo-histologia e bioquímica coclear; 3 — Características mecânicas e eletrofisiológicas do aparelho auditivo; 4 — Estudos experimentais das perdas de audição induzidas por barulhos intensos e repetidos; 5 — Estudos epidemiológicos e analíticos das perdas de audição determinadas pela poluição sonora; 6 — Aspectos médicos, científicos e médico-legais para estabelecer critérios de avaliação dos riscos à exposição sonora.

Este livro, interessando a várias disciplinas médicas e incluindo considerações médico-legais e preventivas, contendo ampla documentação sobre os males determinados pelos barulhos excessivos sobre a audição, está fadado a grande sucesso pela amplitude do seu campo de utilidade. Pena é que, ao lado dos estudos sobre a poluição sonora produzida pelos barulhos de trens, de metrôs, de automóveis e de aviões, assim como de maquinismos industriais, nada tenha sido dito sobre os malefícios da estridência da chamada música pop, cujos efeitos atuam diretamente sobre o aparelho auditivo, sobre o aparelho visual e sobre o funcionmento do próprio cérebro, gerando neurastenias quando não verdadeiras neuroses.

O. LANGE

SCIENCE AND EPILEPSY. NEUROSCIENCE GAINS IN EPILEPSY RESEARCH. James L. O'Leary e Sidney Goldring. Um volume encadernado (16x24) com 287 páginas e 78 figuras. Raven Press Publishers, New York, 1976.

A evolução dos conhecimentos sobre as epilepsias nas últimas décadas reflete bem o que vem acontecendo com as neurociências a partir do fim do século dezenove. Assim como foi com Hughlings Jackson e Gowers que as epilepsias começaram a ser consideradas cientificamente, sendo deixadas de lado as crenças infundadas e as bruxarias que as acompanhavam desde a mais remota antiguidde, assim também as neurociências, a começar pelos estudos de neuroanatomia, de neurohistologia e de neurofisiologia, iniciados por Kollicker, por Du Bois-Reoemond, por Golgi, por Ramon y Cajal e por Sherrington, passaram a ter bases de real valor para o seu progresso. Por notável coincidência houve, em ambos estes setores, no início do século vinte, uma estagnação na aquisição de conhecimentos, passando o estudo das epilepsias e a evolução das neurociências por uma fase menos brilhante na qual somente tiveram ênfase os trabalhos de neurologia clínica, dando margem ao aparecimento de neurologistas de grande nomeada e de memoráveis descrições de novas entidades neurológicas. Novo alento tiveram os estudos sobre a epilepsia quando Hans Berger, em 1929, demonstrou a possibilidade do registro dos potenciais elétricos do cérebro não só diretamente como também através do crânio e do couro cabeludo; pouco depois, na década de 40, as neurociências tiveram grande impulso com o advento da microscopia eletrônica e de inovações tecnológicas que completaram ou mesmo revolucionaram os conhecimentos até então adquiridos, impondo subdivisões que dia a dia demonstram sua maior utilidade. Assim, a evolução dos conhecimentos sobre as epilepsias corre em paralelo com a evolução e progresso das neurociências em geral e, hoje, as epilepsias, além das correlações clínicas que continuam sua marcha progressista, dependem primacialmente das achegas fornecidas pela neuranatomia, pela neurofisiologia, pela eletrofisologia clínica e experimental, pela farmacologia, pela neuroquímica e até pela neurocirurgia.

Este é o leit-motiv deste livro — Ciência e epilepsia. Proveitos das neurociências nas pesquisas visando às epilepsias — no qual os autores, discorrendo sobre os progressos da epileptologia, fazem, aparentemente de oitiva mas na realidade frutuosas incursões pelas neurociências, demonstrando grande erudição na feitura de excelentes ensaios de história retrospectiva e de atualização de conhecimentos científicos. Nos três primeiros capítulos os autores explicam o que são as epilepsias do ponto de vista científico, expõem alguns casos que melhor caracterizam as formas sintomatológicas de epilepsia, apresentam uma classificação dos quadros epilépticos suficiente para as necessidades da clínica diária e traçam, em magistral reportagem, a evolução histórica das epilepsias desde os tempos mais remotos até fins do século próximo passado. Nos 14 capítulos seguintes constam assuntos que todos os neurologistas — clínicos e cientistas — lerão com grande proveito e satisfação: 4 - Bases neuroanatômicas da epilepsia e doutrina do neurônio; 5 — Da eletricidade animal à eletrofisiologia; 6 — Neurologistas e fisiologistas do século 19; 7 — Localizações cerebrais; 8 — Origens da eletrencefalografia; 9 — Progressos da eletrencefalografia na América do Norte; 10 — Eletrofisiologia da substância reticular; 11 — Neuropatologia das epilepsias; 12 — Perspectivas da epileptologia mediante análises estruturais delicadas; 13 — Neurotransmissores; 14 — Estudos experimentais nas epilepsias; 15 — Medicamentos anti-epilépticos; 16 — Neurocirurgia no tratamento das epilepsias; 17 — Planejamento de pesquisas futuras em epileptologia. Utilíssimo glossário ocupando 13 páginas, índice de autores e índice remissivo de assuntos completam este pequeno volume, de leitura extremamente proveitosa, que deve ter lugar de honra nas bibliotecas de epileptologistas em geral e, em particular, de neurologistas e cultores de ciências afins.

O. LANGE

THE CEREBRAL VESSEL WALL. J. Cervós-Navarro, E. Betz, F. Matakas e R. Wuellenweber, editores. Um volume encadernado (16x14) com 273 páginas, 12 tabelas e 97 figuras. Raven Press Publishers, New York, 1976.

Os processos que acometem as paredes dos vasos cerebrais na vigência de patologias infecciosas, neoplásicas ou traumatizantes e também nos acometimentos anátomo-fisiológicos por envelhecimento são muito variados não somente em função da estrutura primariamente afetada mas também em consequência da variabilidade da resistência particular de cada camada das paredes vasculares. Tais diferenças de comportamento justificam o fato de que até hoje, mesmo com a quantidade vultosa de trabalhos que têm sido publicados, os assuntos referentes às alterações primárias ou secundárias da tubuladura dos vasos cerebrais ainda apresentam incógnitas que exigem contínuos esforços e frequentes revisões por parte dos neuro-patologistas e neurofisiologistas.

Este livro contêm 32 trabalhos apresentados em simpósio realizado em 1973, em Berlim (Alemanha), sobre a patologia da microcirculacão cerebral, sendo todos eles relatos de trabalhos pessoais de pesquisadores laborando em instituições de alto gabarito científico, empregando engenhosas experimentações e os recursos mais modernos em matéria de técnica e aparelhagem. Todo o material foi disposto em 4 partes: 1 — Morfologia normal e patológica das paredes dos vasos cerebrais; 2 — Reações dos vasos cerebrais e resistência vascular às agressões patológicas experimentais e ao processo do envelhecimento; 3 — Inervação e funcionalidade dos vasos cerebrais; 4 — Permeabilidade das paredes dos vasos cerebrais e sua variabilidade em condições experimentais e patológicas. Os editores do livro, assim como os organizadores do simpósio que lhe deu origem, não poderiam pretender esgotar os assuntos versados nem apresentar um compêndio sobre a morfologia e a fisiologia dos vasos cerebrais. Mas o que foi apresentado, particularmente no que tange às artérias e capilares, uma vez que poucos trabalhos se referem ao sistema venoso, já constitui valioso manancial para o esclarecimento de problemas em que a angioarquitetura cerebral está envolvida.

O. LANGE

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Fev 2013
  • Data do Fascículo
    Set 1976
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