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Análises de livros

Análises de livros

NEUROCHEMISTRY. THE CHEMISTRY OF BRAIN AND NERVE. K. A. C. elliott, Irvine H. Page e J. H. Quaste , editores. Um volume (16X23,5) com 1035 páginas. Segunda edição aumentada e melhorada. Charles C. Thomas, Springfield (Illinois), USA, 1962.

Esta segunda edição de "Neurochemistry", para a qual cooperaram 42 especialistas, procura atender ao grande desenvolvimento desta nova disciplina da Neurologia. Trabalhos atinentes aos processos químicos que se desenvolvem no sistema nervoso aumentam diàriamente em quantidade e qualidade, sendo publicados em revistas diversas nem sempre facilmente acessíveis, o que dificulta uma visão de conjunto sôbre os desvios químicos determinantes de quadros neurológicos. Mesmo a existência de uma revista, o "Journal of Neurochemistry", não resolveu as dificuldades, uma vez que sua alta especialização reduz sua ação ao círculo restrito de técnicos e pesquisadores. Essas as razões do sucesso de um livro que, ao lado de detalhes técnicos e de resultados de pesquisas delicadas, refere dados com aplicações práticas imediatas, utilizáveis por neurologistas, neurocirurgiões, psiquiatras e, mesmo, por clínicos gerais. A presente edição atualiza assuntos já apresentados na primeira e foi acrescida de nove capítulos dedicados ao estudo de assuntos que não tinham sido discutidos anteriormente ou que tinham sido apenas mencionados sucintamente. Entre os novos tópicos destacam-se os referentes à significação da tiamina no metabolismo e função do sistema nervoso, ao discutido papel da hiperamoniemia na etiologia de encefalopatias, às bases químicas da atividade do sistema nervoso, ao papel da serotonina e do ácido 7-aminobutírico no metabolismo cerebral, aos efeitos dos medicamentos anestésicos, depressores e tranqüilizadores sobre o metabolismo encefálico, aos defeitos congênitos do metabolismo dos hidratos de carbono, das proteínas e dos lipídios. Dentro da mesma orientação seguida na edição anterior, a cada capítulo está apensa uma lista de referências básicas que auxiliarão os especialistas na complementação de seus estudos. Extenso índice remissivo final facilita a consulta.

O. LANGE

NEUROCHEMISTRY OF EPILEPSY. SEIZURE MECHANISMS AND THEIR MANAGEMENT. Donald B. Tower. Um volume (14,5x22,5) com 335 páginas, 30 figuras e 42 tabelas. Charles C. Thomas, Springfield (Illinois), 1960.

Está definitivamente estabelecida a íntima relação de causa e efeito entre a bioquímica cerebral e as manifestações epilépticas. A neuroquímica e a neurofisiologia, associadas à farmacologia, vêm fornecendo elementos cada vez mais conclusivos para demonstrar que as crises epilépticas decorrem, primariamente, de distúrbios neuroquímicos que aumentam excessiva e desordenadamente a excitabilidade e a condutibilidade neuronal. Numerosos trabalhos têm sido dedicados ao assunto no sentido de esclarecer o mecanismo neuroquímico das crises epilépticas, no afã de encontrar meios seguros para impedi-las. O campo de tais estudos se amplia cada vez mais, justificando a criação de revistas especializadas nas quais, a par de contribuições eletrofisiológicas, são incluídos os resultados de pesquisas químicas de grande alcance que abrem perspectivas terapêuticas novas e mais adequadas, porque visam corrigir, por substituição, o distúrbio químico alterado, em lugar de simplesmente diminuir a excitabilidade neuronal pelo emprego de substâncias químicas estranhas ao organismo e de metabolização complexa, cujos efeitos secundários nem sempre são desprezíveis. Neurologistas e clínicos já estão adotando, em seu arsenal antiepiléptico, recursos indicados em pesquisas neuroquímicas para a boa regulação do metabolismo neuronal, mas o fazem sem segurança porque ainda persistem grandes lacunas nos conhecimentos quanto aos processos de integração neuroquímica, especialmente no tocante às interrelações metabólicas indispensáveis para que sejam fornecidas aos neurônios, em qualidade e em quantidade, as substâncias necessárias para seu funcionamento normal. Neurologistas e clínicos já acumularam dados neuroquimicos de indiscutível valor para a compreensão de fatos relativos à patogenia da epilepsia e para melhorar a terapêutica, mas ainda lhes faltam conhecimentos sobre a integração global dos fenômenos neuroquimicos cujos distúrbios determinam a ocorrência de crises epilépticas. A neuroquímica já avançou bastante no tocante à análise dos fenômenos; iniciam-se agora os trabalhos para a síntese integrativa que levará à compreensão da patogenia da epilepsia.

O livro de Donald B. Tower constitui um grande passo nesse sentido. Em seis capítulos o autor discute os dados neuroquimicos relativos à patogenia da epilepsia, considerando em detalhe o metabolismo oxidativo cerebral, o metabolismo cerebral dos aminoácidos e da piridoxina, as trocas eletrolíticas, os mecanismos de síntese de substâncias excitadoras e inibidoras e, por fim, o que já está estabelecido sôbre o modo de ação dos anticonvulsivantes habitualmente empregados e dos que atuam por substituição. Demonstrando grandes conhecimentos e apoiado em trabalhos alheios de sólida contextura, o autor, sempre que teve oportunidade, baseou suas afirmativas em resultados próprios, salientando aqueles fornecidos pelo estudo, in vitro, do quimismo do cérebro humano epiléptico, obtido graças a intervenções neurocirúrgicas. O livro todo é de grande interesse, sendo escrito de maneira bastante acessível mesmo para os não afeitos às complicações da neuroquímica e é amplamente ilustrado. Cada assunto é discutido tendo em vista os vários aspectos das funções neuronals, considerando paralelamente os dados clínicos, neurofisiológi-cos, biofísicos e farmacológicos que devem ser integrados com os dados neuroquimicos para a compreensão do quadro disfuncional total. As incertezas e as falhas nos conhecimentos atuais são apontadas, procurando o autor mostrar as diretrizes de futuras pesquisas, de alto interesse para os neurologistas, tanto clínicos como experimentais. Êste critério de correlacionamento é amplamente adotado no último capítulo, dedicado à discussão geral. É êste o capítulo que, a nosso ver, interessará mais aos neurologistas-clinicos que procuram manter seus conhecimentos atualizados para tratar melhor os seus doentes. Nêle o autor, reputado neuroquimico e neurologista, mostra como as variadas reações químicas que se processam no sistema nervoso são interdependentes e, especialmente, em quais elos das seqüências reacionais podem ocorrer distúrbios que, repercutindo sobre o todo, podem gerar alterações da excitabilidade e da condutibilidade neuronal. Êste livro, o primeiro em que é feita a síntese do neuroquimismo do cérebro epiléptico correlacionando aspectos que até agora eram considerados parceladamente, deve constituir leitura obrigatória para todos os que tenham qualquer interesse no estudo e tratamento da epilepsia.

O. LANGE

PRACTICAL NEUROCHEMISTRY. Henry MCIlwain e Richard Rodnight. Um volume (16X24) com 296 páginas, 27 figuras e 19 tabelas. J. & A. Churchill Ltd., Londres Wl.( 1962.

Elaborado segundo um programa de ensino e demonstrações práticas para cursos de pós-graduação, êste livro ensina o que se deve saber para trabalhar com eficiência em um laboratório de Neuroquímica. Em 14 capítulos são ministrados os elementos básicos para: colheita, fixação e tratamento de tecido neural; metódica geral para pesquisa e dosagem de alguns eletrólitos, de aminoácidos, de amônia, de hidratos de carbono, de derivados fosfatados, de lípides do tecido nervoso; preparação de material neural para pesquisas in vitro; experiências metabólicas básicas com tecido nervoso; estimulações elétricas do metabolismo neural; manutenção do tecido nervoso para medições metabólicas; estudo e isolamento de enzimas do tecido nervoso; metódica para o estudo do metabolismo cerebral in situ; pesquisa e dosagem de metabólitos e drogas medicamentosas. Neste último capitulo são expostos métodos de pesquisa - no sangue, na urina e no líquido cefalorraquidiano - de aminoácidos, do ácido fenilpirúvico, do cobre, da galactose, dos derivados catecolamínicos, dos derivados anfetamínicos, das fenotiazinas, dos barbitúricos, da reserpina e seus derivados. A cada capitulo estão apensas referências bibliográficas para estudos mais aprofundados. O livro é amplamente ilustrado e dotado de minucioso índice remissivo final.

O. LANGE

DAS SUBDURALE HÄMATOM UND DIE PACHYMENINGITIS HAEMORRHAGICA INTERNA. Günther Wolf. Monografia (16,5X24,5) com 118 páginas, 16 tabelas e 38 figuras. Springer-Verlag, Berlin - Göttingen - Heidelberg, 1962.

Ainda não estão bem esclarecidas as relações nosológicas entre as hemorragias subdurais pós-traumáticas e as hemorragias durais conseqüentes a processos vasculares de natureza inflamatória ou degenerativa. Do ponto de vista anátomo-patológico e quanto à sintomatologia clínica, os hematomas subdurais, especialmente os de evolução crônica, não se diferenciam das paquimeningites hemorrágicas internas, a não ser quanto à patogênese. A distinção poderá ser feita apenas nos casos agudos, nos quais os dados anamnésticos, correlacionando o processo hemorrágico com um traumatismo craniano intenso e recente, conduzem seguramente para o diagnóstico de hematoma subdural. O trabalho de Günther Wolf, tendo como escopo o esclarecimento de algumas questões básicas para o diagnóstico diferencial entre os hematomas subdurais e a paquimeningite hemorrágica interna, tem grande importância pela casuística apresentada: 1C2 casos de processos hemorrágicos subdurais, sendo 80 verificados cirùrgicamente. Depois de referir dados gerais sobre anátomo-histologia da dura-mater e sôbre a anátomo-patologia da paquimeningite hemorrágica interna e do hematoma subdural traumático, o autor lefere os elementos colhidos pessoalmente, comentando-os e dividindo seus casos em 4 grupes: 1) hematomas subdurais - agudos e crônicos - seguramente póstraumáticos; 2) hemorragias subdurais nas quais a rotulação como hematoma subdural traumático ou como paquimeningite hemorrágica interna não é segura por faltar correlação temporal entre eventual traumatismo e o início da sintomatologia; 3) hemorragias durais seguramente rotuláveis como paquimeningopatias hemorrágicas apesar de haver menção anamnéstica de eventuais traumatismos; 4) hemorragias durais etiològicamente não classificáveis. Esta classificação, baseada especialmente em dados anamnésticos, parece pouco consistente, não havendo caracterização suficiente para o isolamento dos 2« e 4* grupos, em que pese a invocação do fator etiológico que, nas paquimeningites hemorrágicas internas é, em geral, pouco definido, obrigando a lançar mão de um fator predisponente (anomalia artério-venosa, discrasia degenerativa), causa primária do processo hemorrágico, agindo diversos fatôres (infecciosos, degenerativos, traumáticos) como concausas. Günther Wolf, apesar de todo o esforço e do amplo documentário, não conseguiu escapar à regra geral, e seu trabalho, utilissimo como repositório casuístico, é inconclusivo quanto às possibilidades de diferençar, nos casos crônicos, o que deve ser chamado de "hematoma subdural" daquilo que deve ser rotulado como "paquimeningite hemorrágica interna".

O. LANGE

ERGEBNISSE VERGLEICHENDER ANATOMISCH-PATHOLOGISCHER UND KLI-NISCHER UNTERSUCHUNGEN AN HIRNGESCHÃDIGTEN. Gerd Peters. Monografia (15,5X23,5) com 190 páginas, 70 figuras e 9 tabelas. Georg Thieme Verlag, Stuttgart (Alemanha), 1962.

O autor apresenta os resultados dos exames macro e microscópicos em 189 casos de lesão cerebral, dos quais 131 por traumatismos, em estudo comparativo com os dados obtidos nos protocolos clínicos. O material examinado representou o número global dos casos observados pelo autor, não tendo havido seleção nem diretriz sistematizada de pesquisa. A falta de dados clínicos diferenciados na maioria dos protocolos, fêz relegar para segundo plano as questões relacionadas com o problema das localizações cerebrais. O estudo foi limitado à abordagem das possíveis relações entre os ferimentos cerebrais de um lado, e do outro, as síndro-mes clínicas permanentes e seus eventuais agravamentos, pela superveniência de ar-teriosclerose e pelos processos de involução cerebral da senectude. Embora seja razoável o número total de casos estudados, a divisão em diferentes grupos para o estudo das diversas correlações procuradas resultou em insuficiência quantitativa para valorização anátomo-clinica exata. Apesar de não trazer qualquer contribuição de valor, a maneira perfeita com que o autor apresentou o trabalho e estudou o material anátomo-clínico, recomendam a leitura desta monografia aos neurologistas e psiquiatras.

J. LONGMAN

LIVROS RECEBIDOS

Nota da Redação - A notificação dos livros recentemente recebidos não implica em compromisso da Redação da revista quanto à publicação ulterior de uma apreciação. Todos os livros recebidos são arquivados na biblioteca do Serviço de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

SPEECH DIFFICULTIES IN CHILDHOOD. Rona M. Williams. Um volume (14X20) com 184 páginas. George G. Harrap & Co. Ltd., Londres - Toronto - Wellington - Sydney, 1962.

PRACTICAL NEUROCHEMISTRY. Henry McIlwain e Richar Rodnight. Um volume (16X24) com 296 páginas, 27 figuras e 19 tabelas. J. & A. Churchill Ltd., Londres, W.I., 1962.

TRAVAUX SCIENTIFIQUES. J. Nicolesco. Um volume (21X29,5) com 616 páginas e 403 figuras. Éditions de L'Academie de la République Populaire Roumaine, Bucarest. Masson & Cie. (distribuidores), 1959.

DIE ARCHITEKTONIK DES MENSCHLICHEN STIRNHIRNS. friedrich SanideS. Um volume (16,5X24,5) com 201 páginas, 75 figuras e 48 tabelas. Springer-Verlag, Berlin - Gõttingen - Heidelberg, 1962.

JEAN LHERMITTE. HOMENAJE Y PAGINAS ESCOGIDAS. J. O. Trelles. Um volume (18X25) com 251 páginas e 6 figuras. Lima (Peru) 1961.

L'ENSEIGNEMENT DE LA PSYCHIATRIE ET DE L'HYGIENE MENTALE. Vários autores. Um volume (14X21) com 201 páginas, 13 tabelas e 2 figuras. Organisation Mondiale de la Santé, Genebra (Suíça) 1962.

MONOAMINES ET SYSTÈME NERVEUX CENTRAL. Conjunto de trabalhos apresentados ao Simpósio promovido por F. Hoffmann La-Roche & Cie., realizado na Clínica Psiquiátrica da Universidade de Genebra, em setembro-1961. Um volume (16X23) com 293 páginas. Librairie de 1'Université, George & Cie. S.A., Genebra (Suíça) 1962.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Ago 2013
  • Data do Fascículo
    Mar 1963
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