Acessibilidade / Reportar erro

Interpretações paleoambientais obtidas a partir das variações na coloração das carapaças de foraminíferos, da Enseada do Flamengo, SP

Paleoenviriomental interpretation based on variations of the color of foraminifera carapaces, Flamengo Bay, Ubatuba, São Paulo

Resumos

Dois testemunhos obtidos no Saco da Ribeira e Saco do Perequê-Mirim, locais situados na Enseada do Flamengo, foram estudados. No primeiro local foram observadas muitas carapaças de foraminíferos preenchidas por pirita. No outro local, além das carapaças preenchidas por pirita, foram notadas carapaças impregnadas com limonita e monossulfeto de ferro, as quais se relacionaram com níveis fortemente bioturbados. Essas informações mostraram que o Saco da Ribeira é caracterizado por condições mais redutoras do que no Saco do Perequê-Mirim. Através da quantificação de carapaças de foraminíferos impregnadas com hidróxido/óxido e/ou preenchidos por sulfeto ferroso foi possível estimar algumas diferenças em potenciais de oxirredução desses dois locais na Enseada do Flamengo.

Foraminíferos; Carapaças limonitizadas; Carapaças preenchidas por pirita; Pontencial de oxirredução; Testemunhos; Holoceno; Ambiente redutor; Enseada do Flamengo: SP; Brasil


Two cores obtained respectively from Saco da Ribeira and Saco do Perequê-Mirim, both located within Flamengo Bay, northern coast of São Paulo, Brazil, have been studied. At former site many pyrite- filled foraminifera carapaces were observed. At the other site, there occur carapaces filled with pyrite, as well as carapaces impregnated with limonite and iron monosulfide, the latter showing a close relationship between limonite and iron monosulfide impregnated carapaces with strongly bioturbated levels. These observations reveal more reducing conditions in the Saco da Ribeira than in the Saco do Perequê-Mirim. By quantifying the number of carapaces impregnated with hydroxide/oxide vs. those filled by ferrous sulfide, it was possible to estimate some differences in redox potenciais at these two sites.

Foraminifers; Carapaces impregnated with limonite; Carapaces filled with pyrite; Potencial redox; Cores; Holocene; Reducing environment; Enseada do Flamengo: SP; Brasil


ARTIGOS

Interpretações paleoambientais obtidas a partir das variações na coloração das carapaças de foraminíferos, da Enseada do Flamengo, SP

Paleoenviriomental interpretation based on variations of the color of foraminifera carapaces, Flamengo Bay, Ubatuba, São Paulo

Wânia Duleba

Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (Caixa Postal 66149, 05389-970, São Paulo, SP, Brasil)

RESUMO

Dois testemunhos obtidos no Saco da Ribeira e Saco do Perequê-Mirim, locais situados na Enseada do Flamengo, foram estudados. No primeiro local foram observadas muitas carapaças de foraminíferos preenchidas por pirita. No outro local, além das carapaças preenchidas por pirita, foram notadas carapaças impregnadas com limonita e monossulfeto de ferro, as quais se relacionaram com níveis fortemente bioturbados. Essas informações mostraram que o Saco da Ribeira é caracterizado por condições mais redutoras do que no Saco do Perequê-Mirim. Através da quantificação de carapaças de foraminíferos impregnadas com hidróxido/óxido e/ou preenchidos por sulfeto ferroso foi possível estimar algumas diferenças em potenciais de oxirredução desses dois locais na Enseada do Flamengo.

Descritores: Foraminíferos, Carapaças limonitizadas, Carapaças preenchidas por pirita, Pontencial de oxirredução, Testemunhos, Holoceno, Ambiente redutor, Enseada do Flamengo: SP, Brasil.

ABSTRACT

Two cores obtained respectively from Saco da Ribeira and Saco do Perequê-Mirim, both located within Flamengo Bay, northern coast of São Paulo, Brazil, have been studied. At former site many pyrite- filled foraminifera carapaces were observed. At the other site, there occur carapaces filled with pyrite, as well as carapaces impregnated with limonite and iron monosulfide, the latter showing a close relationship between limonite and iron monosulfide impregnated carapaces with strongly bioturbated levels. These observations reveal more reducing conditions in the Saco da Ribeira than in the Saco do Perequê-Mirim. By quantifying the number of carapaces impregnated with hydroxide/oxide vs. those filled by ferrous sulfide, it was possible to estimate some differences in redox potenciais at these two sites.

Descriptors: Foraminifers, Carapaces impregnated with limonite, Carapaces filled with pyrite, Potencial redox, Cores, Holocene, Reducing environment, Enseada do Flamengo: SP, Brasil.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Agradecimentos

A Dra Beatriz Beck Eichler pelas oportunidades oferecidas e aos Drs Kenitiro Suguio, Michel M. de Mahiqucs e Moysés G. Tessler pela leitura e crítica do manuscrito. A Dra Altair de Jesus Machado (UFBa) pelos trabalhos enviados.

Referências bibliográficas

ALMASI, M. N. 1978. Ecology and variation of benthic Foraminifera in Barnes Sound, Northeast Florida Bay. Ms. Thesis, Univ. of Miami, Florida, USA 144p.

BERNER, R. A. 1969. Migration of iron and sulfur within anaerobic sediments during early diagenesis. Am. Jour. Science, 267:19-42.

______ 1970. Sedimentary pyrite formation. Am. Jour. Science, 268:1-23.

BERNER, R. A. 1974. Iron sulfides in Pleistocene deep Black Sea sediments and their paleo-oceanographic significance: In: Degens, E.T. & Ross, D. A. eds The Black Sea - Geology, Chemistry, and Biology. Am. Assoc. Petroleum Geologist Mem., 20:524-531.

______; BALDWIN, T. & JR-HOLDREN, G. R. 1979. Authigenic iron sulfides as paleosalinity indicators. Jour. Sedim. Petrol., 49:1345-1350.

CANDIA-HOLLNAGEL, H. & DULEBA, W. 1993. Estudos preliminares da ocorrência do gênero Clostridium em testemunho na Enseada do Flamengo, Ubatuba (lat. 23º30'S 45º09'W), Brasil. In: SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMAS DA COSTA BRASILEIRA, 3., Serra Negra, 1993. Resumo, Academia de Ciências do Estado de São Paulo.

DULEBA, W. & EICHLER, B. B. 1993. Caracterização paleoambiental da Enseada do Flamengo, a partir da variação do tamanho das carapaças de foraminíferos. In: CONGRESSO DA ABEQUA, 4., São Paulo, Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, 1:39.

GOLDHABER, M. B.& KAPLAN, I. R. 1974. The sulfur cycle, In: Goldberg, E.D. ed., The Sea: New York, Wiley, 569-655.

LEÃO, Z. M. A. & MACHADO, A. J. 1989. Variação da cor dos grãos carbonáticos de sedimentos marinhos atuais. Revta Bras. Geoc, 19(1):87-91.

LEVENTHAL, J. S. 1983. An interpretation of carbon and sulfur relationship in Black Sea sediments as indicators of environment of deposition. Geochim. Cosmochim. Acta, 47:133-137.

LOEBLICH, A. R. & TAPPAN, H. 1964. Protista. In: Moore, R. C. ed. 1964. Treatise on invertebrate paleontology, Part C. New York, The University Kansas Press, 2v.

LOVE, L. C. 1962. Further studies on micro-organisms and the presence of syngenetic pyrite. Paleon., 5:444-459.

______ & MURRAY, J. W. 1963. Biogenic pyrite in recent sediments of Christchurch Harbour, England. Am Jour.Sci., 261:433-448.

MAGLIOCCA, A. & KUTNER, A. S. 1965. Sedimentos de fundo da Enseada do Flamengo - Ubatuba. Bolm Inst, oceanogr., S Paulo, 8: 1-14.

MAHIQUES, M. M. de 1992. Variações temporais na sedimentação holocênica dos embaiamentos da região de Ubatuba (SP). Tese de doutorado. Universidade de São Paulo, Instituto Oceanográfico. 2v.

MAIKLEM, W. R. 1967. Black and brown speckled foraminiferal sand from the southern part of the Great Barrier reef. J. sedim. Petrol., 37(4):1023-1030.

MORSE, J. W. & CORNWELL, J. C. 1987. Analysis and distribution of iron sulfide minerals in recent anoxic marine sediments. Mar. Geol., 22:55-69.

RAISWELL, R; WHALER, K.; DEAN, S.; COLEMAN, M. L. & BRIGGS, D. E. G. 1993. A simple three-dimensional model of diffusion- with-precipitation applied to localised pyrite formation in framboids, fossil and detrital iron minerals. Mar. Geol., 113:89-100.

RICKARD, D. T. 1970. The origin of framboids. Lithos, 3:260-293.

______ 1975. Kinetics and mechanism of pyrite formation at low temperatures. Am. Jour. Scien., 275:639-652.

SEIGLIE, G. A. 1973. Pyritization in living foraminifers. J. foram. Res., 3:1-6.

SUDGEN, W. 1966. Pyrite stainning of pellety debris in carbonate sediments from the Middle East and elsewhere. Geol. Mag., 193(3) :250-256.

SWEENEY, R. E. & KAPLAN, I. R. 1973. Pyrite framboid formation: laboratory synthesis and marine sediments. Econ. Geol., 65:618-634.

Van STRAATEN, L. J. V. 1954. Composition and structure of recent sediments in the Netherlands. Leidse Geol. Medel, Leiden, 19:1-110.

(Manuscrito recebido 10 fevereiro 1994; revisado 15 junho 1994; aceito 27 setembro 1994)

  • ALMASI, M. N. 1978. Ecology and variation of benthic Foraminifera in Barnes Sound, Northeast Florida Bay. Ms. Thesis, Univ. of Miami, Florida, USA 144p.
  • BERNER, R. A. 1969. Migration of iron and sulfur within anaerobic sediments during early diagenesis. Am. Jour. Science, 267:19-42.
  • ______ 1970. Sedimentary pyrite formation. Am. Jour. Science, 268:1-23.
  • BERNER, R. A. 1974. Iron sulfides in Pleistocene deep Black Sea sediments and their paleo-oceanographic significance: In: Degens, E.T. & Ross, D. A. eds The Black Sea - Geology, Chemistry, and Biology.
  • Am. Assoc. Petroleum Geologist Mem., 20:524-531.
  • ______; BALDWIN, T. & JR-HOLDREN, G. R. 1979. Authigenic iron sulfides as paleosalinity indicators. Jour. Sedim. Petrol., 49:1345-1350.
  • CANDIA-HOLLNAGEL, H. & DULEBA, W. 1993. Estudos preliminares da ocorrência do gênero Clostridium em testemunho na Enseada do Flamengo, Ubatuba (lat. 23ş30'S 45ş09'W), Brasil. In: SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMAS DA COSTA BRASILEIRA, 3., Serra Negra, 1993. Resumo, Academia de Ciências do Estado de São Paulo.
  • DULEBA, W. & EICHLER, B. B. 1993. Caracterização paleoambiental da Enseada do Flamengo, a partir da variação do tamanho das carapaças de foraminíferos. In: CONGRESSO DA ABEQUA, 4., São Paulo, Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, 1:39.
  • GOLDHABER, M. B.& KAPLAN, I. R. 1974. The sulfur cycle, In: Goldberg, E.D. ed., The Sea: New York, Wiley, 569-655.
  • LEÃO, Z. M. A. & MACHADO, A. J. 1989. Variação da cor dos grãos carbonáticos de sedimentos marinhos atuais. Revta Bras. Geoc, 19(1):87-91.
  • LEVENTHAL, J. S. 1983. An interpretation of carbon and sulfur relationship in Black Sea sediments as indicators of environment of deposition. Geochim. Cosmochim. Acta, 47:133-137.
  • LOEBLICH, A. R. & TAPPAN, H. 1964. Protista. In: Moore, R. C. ed. 1964. Treatise on invertebrate paleontology, Part C. New York, The University Kansas Press, 2v.
  • LOVE, L. C. 1962. Further studies on micro-organisms and the presence of syngenetic pyrite. Paleon., 5:444-459.
  • ______ & MURRAY, J. W. 1963. Biogenic pyrite in recent sediments of Christchurch Harbour, England. Am Jour.Sci., 261:433-448.
  • MAGLIOCCA, A. & KUTNER, A. S. 1965. Sedimentos de fundo da Enseada do Flamengo - Ubatuba. Bolm Inst, oceanogr., S Paulo, 8: 1-14.
  • MAHIQUES, M. M. de 1992. Variações temporais na sedimentação holocênica dos embaiamentos da região de Ubatuba (SP). Tese de doutorado. Universidade de São Paulo, Instituto Oceanográfico. 2v.
  • MAIKLEM, W. R. 1967. Black and brown speckled foraminiferal sand from the southern part of the Great Barrier reef. J. sedim. Petrol., 37(4):1023-1030.
  • MORSE, J. W. & CORNWELL, J. C. 1987. Analysis and distribution of iron sulfide minerals in recent anoxic marine sediments. Mar. Geol., 22:55-69.
  • RAISWELL, R; WHALER, K.; DEAN, S.; COLEMAN, M. L. & BRIGGS, D. E. G. 1993. A simple three-dimensional model of diffusion- with-precipitation applied to localised pyrite formation in framboids, fossil and detrital iron minerals. Mar. Geol., 113:89-100.
  • RICKARD, D. T. 1970. The origin of framboids. Lithos, 3:260-293.
  • ______ 1975. Kinetics and mechanism of pyrite formation at low temperatures. Am. Jour. Scien., 275:639-652.
  • SEIGLIE, G. A. 1973. Pyritization in living foraminifers. J. foram. Res., 3:1-6.
  • SUDGEN, W. 1966. Pyrite stainning of pellety debris in carbonate sediments from the Middle East and elsewhere. Geol. Mag., 193(3) :250-256.
  • SWEENEY, R. E. & KAPLAN, I. R. 1973. Pyrite framboid formation: laboratory synthesis and marine sediments. Econ. Geol., 65:618-634.
  • Van STRAATEN, L. J. V. 1954. Composition and structure of recent sediments in the Netherlands. Leidse Geol. Medel, Leiden, 19:1-110.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Maio 2012
  • Data do Fascículo
    1994

Histórico

  • Recebido
    10 Fev 1994
  • Revisado
    15 Jun 1994
  • Aceito
    27 Set 1994
Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo Praça do Oceanográfico, 191, 05508-120 São Paulo SP Brasil, Tel.: (55 11) 3091 6513, Fax: (55 11) 3032 3092 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: amspires@usp.br