Resumos
Partindo de abordagem qualitativa, com entrevistas semiestruturadas, analisadas pelo método hermenêutico-dialético, busca-se identificar os conflitos éticos vividos por oncologistas na comunicação de diagnósticos de câncer, analisando os problemas desencadeados pelas más notícias. Da pesquisa participaram quinze oncologistas clínicos e cirurgiões, que relataram que a comunicação do diagnóstico de câncer é considerada difícil tarefa devido à ausência de investimentos para o desenvolvimento das habilidades de comunicação na graduação médica; ao simbolismo do câncer; à presença de fantasias relacionadas ao conhecimento do diagnóstico e a dificuldades na abordagem da morte. Os principais conflitos éticos citados estão relacionados à justa adequação moral do emprego da verdade na comunicação, se esta é uma ação beneficente para o paciente, e ao manejo com a família na relação médico-paciente. A conclusão observou que os problemas éticos desencadeaÂdos decorrem, predominantemente, em relações paternalistas com interferência na autonomia do paciente.
Neoplasias; Relações médico-paciente; Revelação da verdade; Ética; Paternalismo; Autonomia pessoal
Desde un enfoque cualitativo con entrevistas semiestructuradas, analizadas por el método hermenéutico dialéctico, se busca identificar los conflictos éticos vividos por oncólogos en la comunicación de diagnósticos de cáncer, analizando los problemas éticos provocados por las malas noticias. Participaron de la investigación quince oncólogos clínicos y cirujanos que reportaron que la comunicación del diagnóstico de cáncer como una tarea difícil de realizar debido a la falta de inversiones para el desarrollo de habilidades de comunicación en el pregrado de medicina; al simbolismo del cáncer; a la presencia de fantasías relacionadas con el conocimiento del diagnóstico y ; a las dificultades en el planteamiento de la muerte. Los principales conflictos éticos citados están relacionados con la justa adecuación moral del empleo de la verdad en la comunicación, si dicha acción es beneficiosa al paciente y al manejo con los familiares en relación médico-paciente. Se concluye que los problemas éticos que se desencadenan derivan, predominantemente, en relaciones paternalistas con interferencia en la autonomía del paciente.
Neoplasias; La relación médico-paciente; La revelación de la verdad; Ética; Paternalismo; La autonomía personal
Identifying difficulties and ethical conflicts experienced by oncologists in communicating cancer diagnostics, by analyzing ethical problems caused by bad news communication. A qualitative approach was chosen, by conducting semi-structured interviews, which were analyzed based on the hermeneutic-dialectic method. Fifteen oncologists, surgeons and physicians took part of this research. Diagnostic communication of cancer was assessed as a difficult task to be performed due to the lack of investments for the development of communication skills in medical schools; the symbolism of cancer, the presence of unreality related to the knowledge of the diagnosis and the difficulties in dealing with death. The main ethical conflicts cited are related to moral suitability of using truth in the communication to be established with the patient, if this action is a benefit for him and the medical management of the relationship with the patient's relatives. The ethical problems trigged are the predominance of paternalistic relationship and the interference in the autonomy of the patient.
Neoplasms; Physician patient relationship; Truth disclosure; Ethics; Paternalism; Personal autonomy
-
1World Health Organization. Health topics – Cancer. [Internet]. (acesso 24 jun. 2013). Disponível: http://www.who.int/topics/cancer/en/
-
2Sontag S. A doença como metáfora. Rio de Janeiro: Graal; 1984.
-
3Geovanini FCM. Notícias que (des)enganam: o impacto da revelação do diagnóstico e as implicações éticas na comunicação de más notícias para pacientes oncológicos [dissertação]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/Fundação Oswaldo Cruz; 2011.
-
4Baile WF, Buckman R, Lenzi R, Glober G, Beale EA, Kudelka AP. SPIKES -A six-step protocol for delivering bad news: application to the patient with cancer. Oncologist. 2000;5(4):302-11.
-
5Hennezel M, Leloup J. A arte de morrer. Petrópolis: Vozes; 2005.
-
6Kübler-Ross E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: WMF Martins Fontes; 2005.
-
7Trindade ES, Azambuja LEO, Andrade JP, Garrafa V. O médico frente ao diagnóstico e prognóstico do câncer avançado. Rev. Assoc. Med. Bras. 2007;53(1):68-74.
-
8Díaz FG. Comunicando malas noticias en Medicina: recomendaciones para hacer de la necessidad virtud. Med Intensiva. 2006;30(9):452-9.
-
9Nuland SB. Como morremos: reflexões sobre o último capítulo da vida. Rio de Janeiro: Rocco; 1995.
-
10Ariès P. História da morte no Ocidente. Rio de Janeiro: Francisco Alves; 1977.
-
11Elias N. A solidão dos moribundos seguido de "envelhecer e morrer". Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 2001.
-
12Beauchamp TL, Childress JF. Princípios de ética biomédica. São Paulo: Loyola; 2002.
-
13Franco F. Humanização na saúde: uma questão de comunicação. In: Epstein I, organizador. A comunicação também cura na relação entre médico e paciente. São Paulo: Angellara; 2006. p. 149-63.
-
14Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 1.931, de 17 de setembro de 2009. Aprova o novo Código de Ética Médica. Diário Oficial da União. 24 set 2009;(183):seção I, p. 90-2.
-
15Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; 2008.
-
16Pan Chacon JP, Kobata CM, Liberman SPC. A mentira piedosa para o canceroso. Rev. Assoc. Med. Bras. 1995;41(4):274-6.
-
17Adler DD, Riba MB, Eggly S. Breaking bad news in the breast imaging setting. Acad Radiol. 2009.16(2):130-5.
-
18Cherlin E, Fried T, Prigerson HG, Schulman-Green D, Johnson-Hurzeler R, Bradley EH. Communication between physicians and family caregivers about care at the end of life: when do discussions occur and what is said? J Palliat Med. 2005;8(6):1176-85.
-
19Menezes RA. Em busca da boa morte: antropologia dos cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Garamond/Fiocruz; 2004.
-
20Bonamigo EL, Destefani AS. A dramatização como estratégia de ensino da comunicação de más notícias ao paciente durante a graduação médica. Rev. bioét. (Impr.). 2010;18(3):725-42.
-
21Burlá C, Py L. Peculiaridades da comunicação ao fim da vida de pacientes idosos. Bioética. 2005;13(2):97-106.
-
22Pellegrino ED, Thomasma DC. The virtues in medical practice. New York: Oxford University Press; 1993.
-
23Gracia D. Pensar a bioética: metas e desafios. São Paulo: Loyola; 2010.
-
24Gracia D. O importante são decisões éticas prudentes. In: Oselka G, coordenador. Entrevistas exclusivas com grandes nomes da bioética (estrangeiros). São Paulo: Cremesp; 2009. p. 59-66.
-
25Gracia D. Cuidado com o fundamentalismo bioético. In: Oselka G, coordenador. Entrevistas exclusivas com grandes nomes da bioética (estrangeiros). São Paulo: Cremesp; 2009. p. 67-74.
-
26Gracia D. La deliberación moral: el método de la ética clínica. Med Clin (Barc). 2001;117(1):18-23.
-
27Aristóteles. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro; 2007.
-
28Aubenque P. A prudência em Aristóteles. In: Lopes M, tradutor. 2ª ed. São Paulo: Paulus; 2008.
-
29Ferreira ABH. Dicionário Aurélio da língua portuguesa. Curitiba: Positivo; 2007.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
13 Mar 2014 -
Data do Fascículo
Dez 2013
Histórico
-
Recebido
18 Set 2013 -
Aceito
18 Nov 2013 -
Revisado
24 Out 2013