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Livros e revistas

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TAKEDA, N. 1950 Experimental studies on the effect of external agencies on the sexuality of marine copepods. Physiological Zoology, vol XX11I, n,º 4, p. 288 -301. Chicago, Illinois.

As pesquisas de RUTTNER (1930), HARADA (1935), KIKUCHI, ENODA , TATEN O (1942) e MOR I (1945), sobre a proporcioiicilidade de sexos em condições normais observadas, em várias épocas do ano, em Copépodos de água doce e salgada, foram prosseguidas pelo autor (1939, 1941, 1948 e 1950), com muito bons resultados, sobretudo no que respeita a análise do mecanismo da diferenciação sexual.

Adicionando, em várias concentrações, certos compostos químicos corno a cloretona, o hidrato de cloral e a diiodocirosina, ao meio de cultura e colocando nele exemplares em diversos estádios larvares, conseguiu o autor provar que os fatores da sexualidade sofrem considerável influência do meio circumjacente, demonstrando ainda ser ela uma função da velocidade do desenvolvimento, em determinados estádios larvares.

Serveiu-se o autor de um Copépodo marinho Tigriopus japonicus Mori, comum em certas regiões do Japão e que, por espaço de dois meses pode viver bem em ambiente de água doce, a temperaturas que variam de 0º até 30ºC.

Dividindo o material de pesquisa em dois grupos, colocou um deles em meio artificial e o outro em água do mar comum, examinando então o efeito em ambos produzido pelo acréscimo de substâncias químicas. Concluiu, assim, que a) - um produto susceptível de aumentar a velocidade do crescimento, na parte final do 6.º estádio de nauplius, acarreta o aparecimento de maior número de machos, emquanto que, observando-se o contrário, origina-se maior quantidade de fêmeas; b) - o sexo do Copépodo submetido à experimentação pode ser determinado quasi que imediatamente no início do primeiro estádio de copepodito.

Além disso efetuou o autor outras experiências interessantes e criou larvas sob diversas temperaturas.

Os trabalhos foram realizados entre os anos de 1935 a 1945 , sob a supervisão do prof. T. Komai, do Instituto Zoológico, da Universidade de Quito.

J. P. C

GUDGER, E. W. 1950 Fishes that live as inquilines (lodgers) in sponges. Zoológica, vol. XXXV , part. 2, nºs 6-11, p. 121-126. N. Y.

Nesse interessante trabalho o Dr. Gudger lembra que, até o presente, conhecem-se 13 espécies que vivem, sob regime de inquilinato, em esponjas tubulares, como por exemplo Vetongia fistulavis (Pallas).

Todos esses pequenos peixes, provavelmente dos menores que se conhecem, encontram-se no interior de esponjas que crescem em águas tropicais e subtropiciais do Atlântico ocidental, do Pacífico e do Oceano Indico. Um dos mais curiosos é o Pataclinus mar mo tatus (Steindachner), minúsculo blenídeo que foi cuidadosamente estudado por Breder, em 1939, não somente quanto ao aspéto de inquilinismo, mas ainda sob diversos outros como: hábitos de postura, incubação dos ovos, proteção e criação dos alevinos, dimorfismo sexual, etc..

O autor passa em revista cada um dos pequenos exemplares encontrados a partir de 1917, época em que Radcliffe descreveu Gavmannia spongicota, da Carolina do Norte, até 1939, ano em que Breder descreveu Papaclinus marmotatus, da Florida.

J. P. C.

WÜST , G. 1950 Blockdiagramme der atlantischen Zirkulation auf Grund der "Meteor" Ergebnisse. Dieler Meeresforschungen Institut für Meereskund an der Univ. Kiel, Band VII, Heft 1, p. 24-34. Kiel.

Tratando da utilização dos blocos-diagramas no estudo da circulação do Atlântico, baseados nos resultados decorrentes da campanha do "Meteor", o autor aborda assunto de palpitante interesse, focalizado com exatidão e clareza na estampa I. Ao tratar da distribuição dimensional dos principais tipos de águas da esfera de águas frias, diz o autor que ela "não se dá em planos horizontais, mas sim em superfícies curvas" a que denomina de "camadas essenciais" (Kernschichten). Assim, distingue, na esfera de água fria do Atlântico, quatro camadas, a saber:

1.º - a de água intermediária do subantártico (e do sub-ártico), caracterizada pelo mínimo teor salino (e ao mesmo tempo absoluto). Posição, em profundidade, variando entre 50 a 1.000 m.

2º - a da água do Mediterrâneo e a do fundo do Atlântico norte superior caracterizada por um teor intermediário de máxima salinidade. Posição, em profundidade, oscilando entre 1.000 e 2.750 m.

3º - a das águas profundas da região média do Atlântico norte, caracterizada pela quantidade máxima de oxigênio. Posição, em profundidade, oscilando entre 1.500 e 3.000 m.

4º - a da água do solo antártico (sub-ártico), caracterizada pela máxima absoluta da temperatura do solo, no fundo do mar. Determinação da profundidade variando de 4.000 a 6.000 m.

O autor fornece ainda (Fig. 3, p. 32) desenhos esquemáticos elucidativos em que se vê as topografias dimencionais dessas camadas, a distribuição de seus indicadores, bem como a do tipo de água respectiva.

Concluindo o seu trabalho e depois de fazer suas as palavras de Berghaus a respeito da clareza das representações gráficas na explanação daquilo que nem sempre a exposição escrita consegue fazer,

o autor preconiza o emprego do bioco-diagrama, afim de se poder chegar a uma concepção dimensional, sobretudo em se tratando de zonas muito extensas, dizendo: "O saber pensar dimensionalmente não é apenas de suma importância para a geologia e para a geografia física, representando também papel decisivo na oceanografia moderna" .

J. P. C. - E. F. L.

BEHRE , E. H. 1950 Annoted list of the fauna of the Grand Isle región. Occ Papers of the Marine Laboratory. Louisiana State University, p. 1-66. Batan Rouge, La.

Ha cerca de 22 anos, o autor foi encarregado pela direção da Louisiana State University, de ministrar cursos rápidos sobre zoologia marinha, previstos no programa de verão daquele estabelecimento de ensino.

Os componentes do Departamento de Zoologia, da citada Universidade, escolheram a região de Grand Isle para a efetivação de tais cursos, onde pasisou a funcionar uma dependência do laboratório marinho.

Dessa maneira, o autor foi, aos poucos, promovendo o colecionamento do material zoológico que lhe era trazido por pesquisadores, estudantes e auxiliares eventuais. Desse trabalho, surgiu a primeira nota prévia vinda a lume em 1946 sob o título "The faunal regions of Grand Isle, La., (Abstract)Continuando, paciente e metodicamente, o registo de tudo quanto era possível capturar, o autor passou a catalogar sistematicamente os componentes desse acêrvo. Certos grupos foram melhor estudados do que outros; alguns, foram submetidos a pesquisas por assim dizer ocasionais; outros, não puderam ser manipulados.

Sempre que possível, o material foi encaminhado aos especialistas.

Desse modo, conseguiu o autor incluir, na sua lista, quantidade apreciável de organismos que faziam parte de grupos como Protozoários. Poríferos, Celenterados, Platelmintos, Nemertinos, Brizoários, Equinodermas, Anelídeos, Artrópodos, Moluscos, Cordados, Peixes, além de algas e diversas plantas terrestres.

Na parte relativa aos peixes, aliás o setor mais rico da coleção, a lista oferece interesse particular para os que estudam o grupo no nosso país, desde que cerca da metade dos espécimes encontrados ocorre também no Brasil.

O trabalho de Behre evidencia bem o que se pode fazer de útil em qualquer setor de estudo, desde que se saiba proceder com método e sistematização. De publicações desse tipo, resultam proveitos enormes, sobretudo para os que se dedicam à pesquisa da ecologia dos organismos marinhos.

J. P. C.

ZOOLOGIA Nº 15 1950 Boletins da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da Universidade de S. Paulo. São Paulo.

Os Departamentos de Zoologia e Fisiologia Geral e Animal, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da Universidade de S. Paulo, acabam de lançar o Boletim nº 15, publicação que há 15 anos vem aparecendo, com absoluta regularidade e, o que é muito raro no nosso meio, sem perder as suas excelentes características iniciais.

Esses Boletins que contêm trabalhos não só de professores e assistentes dos citados Departamentos, mas de pesquisadores de outras instituições similares que se dedicam aos estudos zoológicos, químicos e fisiológicos, têm recebido amparo irrestrito por parte dos poderes constituidos, impondo-se no País e no exterior pelo alto nível científico que os caracteriza. Trata-se, realmente, de publicação que abriga trabalhos de grande fôlego, tais como as monografias sobre os Briozoários, sobre os Oligoquêtas límnicos, sobre os Catenulida e sobre os Turbelários brasileiros, além de grande número de trabalhos fisiológicos, físico-químicos, de Zoologia e Biologia geral, do mais palpitante interesse. Desse modo, de longa data, transformaram-se esses Boletins em precioso acervo de consulta bibliográfica e de pesquisa, indispensáveis a todos os que se dedicam a essas especialidades.

Nas 368 páginas do volume em questão, figuram cinco trabalhos. O primeiro, do snr. Prof. Dr. Ernesto Marcus, versa sobre Os Turbellaria Brasileiros, é o oitavo publicado sobre o assunto, achando-se ilustrado por 34 estampas. O segundo, de autoria da Exma. Snra. Da. Eveline du Bois-Reymond Marcus, trata de um novo Loxostomatídeo do Brasil, Endoprocta encontrado no costão do forte de Itaipú, em Santos, sendo ilustrado com duas estampas. O terceito, da Dra. Diva Diniz Corrêa, assistente da cadeira de Zoologia, versa sobre Ototyphlonemertes do Brasil, estando acompanhado de 6 estampas. A seguir, o Snr. Prof. Dr. Paulo Sawaya e J. Paiva Carvalho, tratam da sistemática do Amphioxus da costa paulista vindo a seguir o trabalho do Dr. Benedito Abilio Monteiro Soares, intitulado "Sobre o coração, o sistema nervoso estômato-gástrico e a circulação cardiaca nos escorpiões do gênero Tityus C. L. Koch, 1836".

Congratulamo-nos, portanto, com o snr. Prof. Dr. Luciano Gualberto, DD Reitor da Universidade de S. Paulo e com o snr. Prof. Dr. Eurípedes Simões de Paula, DD. Diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da Universidade, pela publicação de mais esse excelente Boletim que vem enriquecer sobremaneira o patrimônio científico nacional.

J. P. C.

RANSON, G. 1943, La vie des huitres. Histoires Naturelles. I. 261 p. 19 t. Gallimard, Paris.

Recentemente chegado às nossas mãos, a presente obra, de autoria de uma das maiores autoridades sobre ostras, conseguiu apresentar de modo muito atraente um quadro geral da biologia e do aproveitamento industrial de várias espécies destes moluscos. Este livro é extremamente interessante como demonstração da necessidade de ser o aproveitamento industrial de uma riqueza natural baseado em sólidos conhecimentos teóricos e experimentais, sem os quais os maiores erros podem ser cometidos e, por vezes, de difícil reparação; a leitura do texto torna-se agradável pelo grande número de exemplos aduzidos de fatos realmente ocorridos. Dos mais interessantes, saliento aqui apenas alguns. É imprescindível que os grandes bancos naturais sejam respeitados, para que persista a espécie, sem que haja extinção da mesma, pois, em média, calcula-se que, de um milhão de ovos, somente chegarão a se formar 10 ostras adultas. Por outro lado, torna-se necessário conhecer os requisitos de cada espécie mdustrializável para se poder prever as necessidades e possibilidades de cultura, em tal ou qual região. A adaptação dos bancos de ostras depende da salinidade, temperatura, natureza e quantidade de plancton e das matérias orgânicas dissolvidas, da natureza do fundo, da densidade da água, da presença de certos ions na mesma, do entrelaçamento e da interação desses vários fatores. Os bancos naturais formam-se somente onde existem constantemente condições favoráveis, quer para a sobrevida e fixação das larvas, quer, também, para a dos adultos. São estes bancos naturais extremamente importantes como reservatórios potenciais de produtos germinativos que irão produzir larvas que povoarão de adultos uma região de área determinada. Todo banco natural apresenta um limite além do qual não pode progredir a exploração, sob pena de continuar a, diminuir o número de indivíduos, mesmo que seja interrompida a retirada por parte do homem. Além disso, os parques de cultura são, por via de regra, incapazes de prover, por si mesmos, à produção de larvas. Incidentalmente menciono que ao ler estas páginas lembreime com tristeza dos trechos da nossa costa onde já houve, e por vezes, há ainda poucos anos, grandes quantidades de ostras que foram impiedosamente retiradas e destarte exterminadas.

Por outro lado, estudos bem conduzidos podem indicar quais regiões favoráveis ainda desprovidas de ostras poderiam se tornar muito aproveitáveis. Nas regiões onde já existem parques de cultura, o controle do plancton torna-se imprescindível para determinar a época em que devem ser expostos suportes para a fixação em massa das larvas, evitando que a sua colocação prematura ou tardia tenha como consequência a morte das larvas por falta de substrato adequado, o que redundaria num desastre financeiro para as populações cuja economia está baseada na indústria ostreícola. São necessárias experiências contínuas e controle regular das várias etapas da ostreicultura para se resolver os problemas que vão surgindo, quer sejam de caracter geral, quer de caracter local. É sobejamente conhecida a propriedade das ostras de armazenar determinados sais. Um certo tipo de coloração verde é devida a uma diatomácea, Navicula fusiformis, verde-azulada, que se desenvolve em grande númemero nos fundos onde se cultiva a ostra. Parece haver um verdadeira simbiose entre os dois organismos, alimentando-se as algas do muco secretado pelas ostras e elaborando, por sua vez, uma mucilagem que é absorvida pelos moluscos, conferindo-lhes assim uma côr especial e um gosto diferente. Esta mucilagem seria uma verdadeira lecitina vegetal, ligada a uma proteína e contendo um carotinóide. Isso talvez explique o alto teor em vitaminas das ostras, e sobretudo da chamada ostra verde.

M. V.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Jun 2012
  • Data do Fascículo
    Dez 1950
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