Acessibilidade / Reportar erro

Osteomielite dos maxilares em pacientes com picnodisostose: uma revisão sistemática Como citar este artigo: de França GM, Felix FA, de Morais EF, Medeiros MR, Andrade AC, Galvão HC. Osteomyelitis of the jaws in patients with pycnodysostosis: a systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2021;87:620–8.

Resumo

Introdução:

Picnodisostose é uma síndrome autossômica recessiva rara que resulta em um metabolismo ósseo anormal e aumenta a suscetibilidade dos pacientes a desenvolver osteomielite. Objetivo: Analisar os fatores de risco associados ao desenvolvimento de complicações nos maxilares (fraturas e osteomielite), assim como suas características anatomoclínicas e abordagens terapêuticas nos pacientes com picnodisostose.

Método:

As buscas foram feitas nas bases de dados PubMed, Web of Science, Scopus, Lilacs e Cochrane. Foram incluídos relatos de casos ou séries de casos que atenderam aos critérios de elegibilidade de acordo com o PRISMA. Os textos completos de 31 artigos foram analisados. Foram selecionados 20 desses artigos, publicados entre 1969 e 2018, e que descreveram 26 casos de osteomielite em pacientes com picnodisostose.

Resultados:

A média de idade dos pacientes foi de 37,84 anos; a proporção do sexo masculino para o feminino foi de 1,36:1. A mandíbula foi o local mais afetado (76,9%). A extração dentária foi o principal fator de risco para osteomielite (61,5%), seguida de infecção (26,8%) e fratura mandibular (23,0%). A antibioticoterapia isolada ou associada a algum procedimento cirúrgico foi o tratamento usado na maioria dos casos (80,7%).

Conclusão:

Os achados desta revisão mostraram que os pacientes com picnodisostose têm maior probabilidade de desenvolver osteomielite dos maxilares após procedimentos cirúrgicos, principalmente na extração dentária, e configura o principal fator de risco para o seu estabelecimento. Além disso, a antibioticoterapia profilática pré e pós-operatória pode prevenir o desenvolvimento de osteomielite em pacientes com picnodisostose.

PALAVRAS-CHAVE
Picnodisostose; Catepsina K; Osteomielite; Diagnóstico; Maxilares

Abstract

Introduction:

Pycnodysostosis is a rare autosomal recessive syndrome that provides the abnormal bone metabolism that increases the susceptibility of patients to develop osteomyelitis. Objective: This systematic review was conducted to analyze the risk factors associated with the development of complications in the jaws (fractures and osteomyelitis), as well as their clinicalpathological characteristics and therapeutic approaches in patients with pycnodysostosis.

Methods:

Searches were performed in the PubMed, Web of Science, Scopus, Lilacs, and Cochrane databases. Case reports or case series that met the eligibility criteria according to the PRISMA statement were included. The full texts of 31 articles were retrieved. Twenty of these articles published between 1969 and 2018 were selected, which described 26 cases of osteomyelitis in patients with pycnodysostosis.

Results:

The mean age of the patients was 37.84 years; the male-to-female was 1.36:1. The mandible was the most affected site (76.9%). Tooth extraction was the main risk factor for osteomyelitis (61.5%), followed by infection (26.8%) and mandibular fracture (23.0%). Antibiotic therapy alone or combined with some surgical procedure was the treatment used in most cases (80.7%).

Conclusion:

The findings of this review showed that patients with pycnodysostosis are more likely to develop osteomyelitis of the jaws after surgical procedures, especially tooth extraction which remains the main risk factor for its establishment. In addition, prophylactic antibiotictherapy in the pre- and postoperative periods may prevent the development of osteomyelitis in pycnodysostosis.

KEYWORDS
Pycnodysostosis; Cathepsin K; Osteomyelitis; Diagnosis; Jaws

Introdução

A picnodisostose (PYCD) é uma síndrome autossômica recessiva rara que pertence ao grupo das displasias ósseas. Esse distúrbio é causado por mutações no gene CTSK localizado no cromossomo 1q2111 Xue Y, Cai T, Shi S, Wang W, Zhang Y, Mao T, et al. Clinical and animal research findings in pycnodysostosis and gene mutations of cathepsin K from 1996 to 2011. Orphanet J Rare Dis. 2011;6:20.,22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7. que codifica a catepsina K, uma cisteína protease lisossômica presente nos osteoclastos e que participa da degradação do colágeno tipo I (proteína predominante na matriz óssea). Mutações nesse gene causam metabolismo ósseo defeituoso, mais especificamente reabsorção óssea deficiente.22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7.44 Soliman AT, Ramadan MA, Sherif A, Aziz Bedair ES, Rizk MM. Pycnodysostosis: clinical, radiologic, and endocrine evaluation and linear growth after growth hormone therapy. Metabolism. 2001;50:905–11.

A prevalência de PYCD é de 1 em 1,7 milhão e nenhuma preferência por sexo foi relatada.11 Xue Y, Cai T, Shi S, Wang W, Zhang Y, Mao T, et al. Clinical and animal research findings in pycnodysostosis and gene mutations of cathepsin K from 1996 to 2011. Orphanet J Rare Dis. 2011;6:20. A herança autossômica recessiva é o padrão de transmissão de mutações no gene CTSK, que codifica a catepsina K. Assim, a consanguinidade dos pais é um fator etiológico importante.33 Fujita Y, Nakata K, Yasui N, Matsui Y, Kataoka E, Hiroshima K, et al. Novel mutations of the cathepsin K gene in patients with pycnodysostosis and their characterization. J Clin Endocrinol Metab. 2000;85:425–31.55 Rohit S, Reddy BP, Sreedevi B, Prakash S. Osteomyelitis in pycnodysostosis – report of 2 clinical cases. J Clin Diagn Res. 2015;9:15–7. A PYCD é carac- terizada por metabolismo ósseo anormal, elasticidade óssea reduzida, disfunção endócrina e imunológica e remodelação alterada da matriz extracelular em órgãos como pulmão, tireoide e pele.11 Xue Y, Cai T, Shi S, Wang W, Zhang Y, Mao T, et al. Clinical and animal research findings in pycnodysostosis and gene mutations of cathepsin K from 1996 to 2011. Orphanet J Rare Dis. 2011;6:20.,33 Fujita Y, Nakata K, Yasui N, Matsui Y, Kataoka E, Hiroshima K, et al. Novel mutations of the cathepsin K gene in patients with pycnodysostosis and their characterization. J Clin Endocrinol Metab. 2000;85:425–31.,55 Rohit S, Reddy BP, Sreedevi B, Prakash S. Osteomyelitis in pycnodysostosis – report of 2 clinical cases. J Clin Diagn Res. 2015;9:15–7.

Pacientes com PYCD comumente exibem um fenótipo de baixa estatura, suturas ósseas abertas, falanges curtas, displasia óssea com densidade alterada da matriz óssea e fraturas patológicas como resultado de elasticidade reduzida e má consolidação óssea. As manifestações orais incluem um ângulo mandibular obtuso, má oclusão, palato ogival e anomalias dentárias.11 Xue Y, Cai T, Shi S, Wang W, Zhang Y, Mao T, et al. Clinical and animal research findings in pycnodysostosis and gene mutations of cathepsin K from 1996 to 2011. Orphanet J Rare Dis. 2011;6:20.,66 Oliveira EM, Arruda JAA, Nascimento PAM, Neiva IM, Mesquita RA, Souza LN. An update on osteomyelitis treatment in a pycnodysostosis patient. J Oral Maxillofac Surg. 2018;76:2136.e1–10. O metabolismo ósseo anormal aumenta a suscetibilidade dos pacientes a desenvolver osteomielite. Nos ossos gnáticos, os fatores locais relacionados ao desenvolvimento de osteomielite incluem as características ósseas da maxila e da mandíbula, traumas contínuos, procedimentos cirúrgicos alveolares e condições que afetam os dentes, como doença periapical e periodontal.77 Maffulli N, Papalia CR, Zampogna CB, Torre CG, Albo CE, Denaro V. The management of osteomyelitis in the adult. Surgeon. 2016;14:345–60.99 Liu D, Zhang J, Li T, Li C, Liu X, Zheng J, et al. Chronic osteomyelitis with proliferative periostitis of the mandibular body: report of a case and review of the literature. Ann R Coll Surg Engl. 2019;101:328–32. Deve-se enfatizar que o tratamento da oste- omielite nos ossos gnáticos é difícil e pode exigir grandes ressecções cirúrgicas.55 Rohit S, Reddy BP, Sreedevi B, Prakash S. Osteomyelitis in pycnodysostosis – report of 2 clinical cases. J Clin Diagn Res. 2015;9:15–7.

Portanto, a hipótese deste estudo é que a manipulação dos maxilares em pacientes com PYCD pode favorecer o desenvolvimento de osteomielite. Esta revisão sistemática foi feita para analisar os fatores de risco associados ao desenvolvimento de complicações nos maxilares (fraturas e osteomielite), bem como suas características clinicopatológicas e abordagens terapêuticas em pacientes com PYCD.

Método

Uma revisão sistemática da literatura sobre PYCD com base na declaração PRISMA (preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses)1010 Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, PRISMA Group. Preferred reporting items for systematic reviews and metaanalyses: the PRISMA statement. Int J Surg. 2010;8:336–41. foi feita em 6 de março de 2019 para responder à seguinte questão de pesquisa de acordo com o critério PICO (população, intervenção, controle, e desfecho): “A manipulação cirúrgica dos ossos maxilares é o principal fator de risco para osteomielite em pacientes com PYCD?” Esta revisão sistemática da literatura foi registrada no PROSPERO (Registro prospectivo internacional de revisões sistemáticas) sob o número de protocolo: CRD42020209580.

As bases de dados selecionadas para a revisão sistemática foram PubMed, Web of Science, Scopus, Cochrane e Lilacs. Os seguintes termos de pesquisa foram usados: “pycnodysostosis” OR “pyknodysostosis” AND “surgery, oral” OR “maxillofacial surgery” OR “oral surgery” OR “exodontics” OR “dentistry, operative” OR “surgical procedures, oral” OR “procedure, oral surgical” OR “procedures, oral surgical” OR “surgical procedure, oral” OR “maxillofacial procedures” OR “maxillofacial procedure” OR “procedure, maxillofacial” OR “procedures, maxillofacial” OR “tooth extraction” AND “osteomyelitis” OR “osteomyelitides” OR “diseases, infectious bone” OR “bone diseases, infectious” OR “diseases, infectious bone” OR “infectious bone disease” OR “infectious bone diseases” (tabela suplementar 1).

Os critérios de inclusão foram estudos publicados que investigaram especificamente osteomielite dos maxilares em pacientes com PYCD. Apenas relatos de casos e séries de casos foram incluídos. Foram excluídos estudos que não abordaram a osteomielite como uma complicação nos maxilares, estudos que abordaram a osteomielite em outros ossos que não os maxilares, artigos que não relataram a causa primária da osteomielite, estudos baseados em modelos animais, estudos in vitro, cartas editoriais, artigos de revisão e estudos cujo texto completo não estava disponível através de empréstimo entre as bibliotecas. Os artigos foram selecionados de forma independente por dois dos autores. Primeiramente, os autores selecionaram os artigos através da leitura do título e resumo, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Os artigos não relacionados ao tema foram excluídos. O texto completo dos demais estudos foi baixado e os artigos foram selecionados com base nos critérios de elegibilidade. Os artigos cujo texto completo não estava disponível foram excluídos e foi determinada a amostra final dos estudos para síntese qualitativa. As discrepâncias foram resolvidas por um terceiro autor.

Os estudos elegíveis foram revisados e os seguintes dados foram extraídos: (1) autores e ano de publicação; (2) número de pacientes; (3) sexo e idade (média) do paciente; (4) causa; (5) características clínicas (história familiar, localização, sintomas) e radiográficas; (6) intervenção tera-pêutica e desfecho, (7) e seguimento do paciente. Osrevisores não apresentaram divergências na seleção dos arti-gos. A qualidade metodológica dos artigos foi avaliada deacordo com as diretrizes CARE para relatos de caso, umalista de verificação qualitativa para estudos observacionaise relatos de caso.

Figura 1
Fluxograma da busca na base de dados e processo de seleção dos artigos de acordo com PRISMA.

Resultados

Resultados gerais

A busca na base de dados eletrônica foi atualizada pelaúltima vez em março de 2019 e resultou em 50.986 registros:47.779 no PubMed, 3.197 na Web of Science, 4 na Lilacs, 6na Scopus e 0 na Biblioteca Cochrane. Após a retirada dasduplicatas, foram obtidos 49.798 registros, que foram sele-cionados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão.Nessa fase, 31 artigos foram considerados relevantes para otópico (os outros 49.767 estudos não abordaram especifica-mente o PYCD). Os textos completos desses 31 artigos foramavaliados quanto à elegibilidade, levaram à inclusão de 20estudos. O fluxograma do processo de seleção dos estudosadaptado da declaração PRISMA é apresentado na figura 1.Por fim, 20 artigos publicados entre 1969 e 2018 foramrecuperados pelos autores, corresponderam a 26 casos deosteomielite em PYCD. Foram analisados os dados etiológi-cos, clínicos, histológicos, biológicos e terapêuticos de cadaum dos 26 pacientes incluídos no estudo. Devido à hete-rogeneidade da literatura disponível e à falta de dados emvários estudos, os autores decidiram limitar-se a uma análiseestatística descritiva e não a fazer uma metanálise.

Tabela 1
Avaliação de qualidade para a lista de verificação CARE

Avaliação de qualidade

A qualidade dos artigos foi estabelecida com as diretrizes CARE para relatos de caso (2013) e os resultados são mostrados na tabela 1. Dos 29 itens da lista de verificação CARE (2013), o estudo de Kirita et al.1111 Kirita T, Sugiura T, Horiuchi K, Morimoto Y, Yazima H, Sugimura M. Mandibular reconstruction using a vascularised fibula osteocutaneous flap in a patient with pyknodysostosis. Br J Plast Surg. 2001;54:712–4. aderiu ao maior número de itens (20 itens), seguido pelos estudos de Kamat et al.,22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7. Fénelon et al.1212 Fénelon M, Catros S, Boisramé S, D’incau1 E, Tréguer A, Gobel Y, et al. Complications maxillo-faciales associées à la pycnodysostose: présentation de deux cas cliniques et revue de la littérature. Med Buccale Chir Buccale. 2010;21:169–76. (18 itens), Kato et al.1313 Kato H, Matsuokab K, Katoc N, Ohkubo T. Mandibular osteomyelitis and fracture successfully treated with vascularised iliac bone graft in a patient with pycnodysostosis. Br J Plast Surg. 2005;58:263–6. e Frota et al.1414 Frota R, Linard RA, Silva EDO, Antunes AA, Carvalho RWF, Santos TS. Mandibular osteomyelitis and fracture in a patient with pyknodysostosis. J Craniofac Surg. 2010;21:787–9. (17 itens). Em contraste, os relatos de caso de Emami-Ahari et al.1515 Emami-Ahari Z, Zarabi M, Javid B. Pycnodysostosis. J Bone Joint Surg Br. 1969;51:307–12. e Dimitrakopoulos et al.1616 Dimitrakopoulos I, Magopoulos C, Katopodi T. Mandibular osteomyelitis in a patient with pyknodysostosis: A case report of a 50-year misdiagnosis. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65:580–5. aderiram a apenas alguns itens (6 e 8 itens, respectivamente). O tópico de achados clínicos foi o item mais relatado, foi descrito em todos os artigos (n = 20). Por outro lado, o item prognóstico não foi abordado. O item “raciocínio diagnóstico incluindo outros diagnósticos considerados” foi relatado apenas no estudo de Dhameliya et al.1717 Dhameliya MD, Dinkar AD, Khorate M, Dessai SSR. Pycnodysostosis: Clinicoradiographic report of a rare case. Contemp Clin Dent. 2017;8:134–8.

Tabela 2
Etiologia, características clínicas e radiográficas dos 27 casos de osteomielite em pacientes com picnodisostose

Epidemiologia e fatores causais

Vinte e seis casos de osteomielite de maxilares relacionada ao PYCD foram descritos nos 20 artigos selecionados. Os homens foram mais comumente afetados (n = 15) do que as mulheres (n = 11), com uma proporção entre homens e mulheres de 1,36:1. A idade dos pacientes variou de 21 a 55 anos (média de 37,84 ± 9,58 anos), como descrito na tabela 2.

A história familiar de PYCD não foi relatada em oito artigos, correspondeu a 11 casos sem informação. A maioria dos artigos em que essa informação estava disponível relatou consanguinidade ou história familiar da doença: irmãos (n = 6), filhos de pais consanguíneos, principalmente primos (n = 4) e tia paterna (n = 1). Seis pacientes não tinham história familiar da doença.

A história clínica revelou história de algum tipo de fratura óssea, principalmente nos ossos longos (n = 9). As fraturas ósseas envolveram fêmur (n = 4), tíbia (n = 3), cotovelos (n = 3), costelas (n = 2), quadril (n = 2), clavícula (n = 1), escápula (n = 1) e joelho (n = 1). Dois casos tinham história de hidrocefalia.

Entre os 26 casos de osteomielite relacionada a PYCD encontrados na literatura, a exodontia foi o principal fator de risco em 16 casos (61,5%), seguido por história de fratura de maxilar (n = 6,23,0%) e presença de infecção, como cárie (n = 3, 11,5%) e doenças periodontais (n = 3, 11,5%). A presença simultânea de cárie e lesão periodontal foi observada em um caso (3,8%), como mostrado na figura 2. Todos os fatores de risco para o desenvolvimento de osteomielite são demonstrados na figura 3.

Características clínicas e radiográficas

Em relação à localização anatômica, houve leve predomínio de osteomielite na mandíbula (n = 20, 76,9%) sobre a maxila (n = 4, 15,4%). Ambas os maxilares foram afetados em dois casos (7,7%). Os sintomas mais comuns foram inchaço e edema (n = 12), seguidos por dor (n = 11), secreção purulenta (n = 9), presença de fístula (n = 5) e trismo (n = 1). A informação sobre os sintomas não estava disponível em dois casos.

Como características radiográficas, a osteomielite foi acompanhada por sequestro ósseo (n = 16), osteólise (n = 7), radiolucência (n = 2) e bordas mal definidas (n = 2). O aumento da densidade óssea (osteosclerose) foi observado em 11 dos casos e foi o padrão mais comum após o sequestro ósseo. Em quatro casos, a fratura dos maxilares foi demonstrada através de radiografia. Hipercementose que envolveu os dentes permanentes foi observada em três casos.

Intervenções terapêuticas e seguimento

O tratamento da osteomielite variou de conservador (antibioticoterapia e curetagem) a abordagens mais radicais (extração dentária, sequestrectomia e ressecção). A antibioticoterapia foi o tratamento de escolha em 21 casos, seguida de sequestrectomia (n = 14), curetagem (n = 8), exodontia (n = 4) e ressecção (n = 2).

Dos 21 casos que receberam antibioticoterapia, 13 deles especificaram o antibiótico usado, embora apenas oito relatassem a posologia e o tempo de uso (tabela suplementar 2). Cultura e antibiograma foram feitos em 3 artigos, determinaram carbenicilina e ampicilina,1818 Zachariades N, Koundouris J. Maxillofacial symptoms in two patients with pyknodysostosis. J Oral Mawllofac Surg. 1994;42:919–22. clindamicina,1414 Frota R, Linard RA, Silva EDO, Antunes AA, Carvalho RWF, Santos TS. Mandibular osteomyelitis and fracture in a patient with pyknodysostosis. J Craniofac Surg. 2010;21:787–9. moxifloxacina (400 mg uma vez ao dia), injeção de Cefotaxima sódica (1 g duas vezes ao dia) e metronidazol injetável (500mg três vezes ao dia).22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7. Dentro do grupo de penicili- nas, o uso de penicilina G com uma concentração média de 11,2 UI foi feito em quatro dos casos.1616 Dimitrakopoulos I, Magopoulos C, Katopodi T. Mandibular osteomyelitis in a patient with pyknodysostosis: A case report of a 50-year misdiagnosis. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65:580–5.,1919 Van Merkesteyn JPR, Bras J, Vermeeren JIJF, Sar AVD, Eps WSV. Osteomyelitis of the jaws in pycnodysostosis. lnt. J. Oral Maxillofac. Surg. 1987;16:615–9.,2020 Alibhai ZA, Matee MIN, Chindia ML, Moshy J. Presentation and management of chronic osteomyelitis in an African patient with pycnodysostosis. Oral Dis. 1999;5:87–9. Ampicilina em um esquema de 500 mg, 3x/dia por 5 dias, foi usada em um caso;2020 Alibhai ZA, Matee MIN, Chindia ML, Moshy J. Presentation and management of chronic osteomyelitis in an African patient with pycnodysostosis. Oral Dis. 1999;5:87–9. em outro caso,1818 Zachariades N, Koundouris J. Maxillofacial symptoms in two patients with pyknodysostosis. J Oral Mawllofac Surg. 1994;42:919–22. os autores também usaram ampi- cilina, mas não especificaram o esquema adotado. O uso de amoxicilina 1 g, 2x/dia por 15 dias, foi adotado em dois casos.1212 Fénelon M, Catros S, Boisramé S, D’incau1 E, Tréguer A, Gobel Y, et al. Complications maxillo-faciales associées à la pycnodysostose: présentation de deux cas cliniques et revue de la littérature. Med Buccale Chir Buccale. 2010;21:169–76. Além disso, flucloxacilina e ticarcilina-clavulanato foram usados em um caso cada, embora o esquema não tenha sido especificado.2121 Green AE, Rowe NL. Pycnodysostosis–-A rare disorder complicating extraction. Br J Oral Surg. 1976;13:254–63.,2222 Schmitz JP, Gassmann CJ, Bauer A, Smith BR. Mandibular reconstruction in a patient with pyknodysostosis. J Oral Maxillofac Surg. 1996;54:513–7. Na classe das lincosamidas, clin- damicina 300 mg foi o medicamento de escolha, com um esquema 4x/dia por 14 dias em um caso,66 Oliveira EM, Arruda JAA, Nascimento PAM, Neiva IM, Mesquita RA, Souza LN. An update on osteomyelitis treatment in a pycnodysostosis patient. J Oral Maxillofac Surg. 2018;76:2136.e1–10. embora nos outros dois artigos o esquema não tenha sido especificado;1414 Frota R, Linard RA, Silva EDO, Antunes AA, Carvalho RWF, Santos TS. Mandibular osteomyelitis and fracture in a patient with pyknodysostosis. J Craniofac Surg. 2010;21:787–9.,2222 Schmitz JP, Gassmann CJ, Bauer A, Smith BR. Mandibular reconstruction in a patient with pyknodysostosis. J Oral Maxillofac Surg. 1996;54:513–7. além da lincomicina 500mg por 10 dias, usada em um caso.2323 Iwu CO. Bilateral osteomyelitis of the mandible in pycnodysostosis. A case report. Int. J. Oral Maxilofac. Surg. 1991;20:71–2.

Figura 2
Causas de osteomielite em pacientes com picnodisostose.
Figura 3
Etiologia da osteomielite em pacientes com picnodisostose. (A) Os osteoclastos liberam H + e Catepsina K nas lacunas de Howship (baías de reabsorção) durante a extração dentária em pacientes com densidade óssea normal. (B) Após a reabsorção óssea, os osteoblastos são atraídos para o local e iniciam o processo de neoformação óssea. (C) Osso recém-formado. (D) Na ausência da Catepsina K, os osteoclastos atuam de forma ineficiente, levam ao meio ácido. Pacientes com osteosclerose são mais suscetíveis a fraturas em resposta a pequenos traumas devido à redução da vascularização óssea. (E) A presença de microrganismos, o meio ácido e o comprometimento do turnover ósseo causam a formação de sequestro ósseo. (F) A cárie e a doença periodontal induzem a liberação de mediadores inflamatórios e produtos microbianos e, associadas à diminuição da atividade osteoclástica, promovem a osteomielite em pacientes com picnodisostose.

Em cinco casos, o tratamento de escolha foi acompanhado de reconstrução dos maxilares. Em alguns casos, a antibioticoterapia profilática foi administrada em combinação com curetagem, extração, sequestrectomia e ressecção.1414 Frota R, Linard RA, Silva EDO, Antunes AA, Carvalho RWF, Santos TS. Mandibular osteomyelitis and fracture in a patient with pyknodysostosis. J Craniofac Surg. 2010;21:787–9. O tempo de seguimento foi relatado em 17 casos e variou de 6 a 168 meses, com média de 28,46 ± 39,8 meses.

Discussão

Os osteoclastos de pacientes com PYCD são incapazes de degradar o colágeno I e outras proteínas não colagenosas que formam a matriz óssea, enquanto essas células mantêm sua atividade desmineralizante, resultam em metabolismo ósseo anormal.2424 Drake MT, Clarke BL, Oursler MJ, Khosla S. Cathepsin K inhibitors for osteoporosis: biology, potential clinical utility, and lessons learned. Endocr Rev. 2017;38:325–50.,2525 Brömme D, Panwar P, Turan S. Cathepsin K osteoporosis trials, pycnodysostosis and mouse deficiency models: commonalities and differences. Expert Opin Drug Discov. 2016;11:457–72. A ausência de catepsina K também parece estimular a formação de osso cortical através do controle negativo da periostina secretada pelos osteoblastos e osteócitos, fato que explica o aparente efeito contraditório do aumento da densidade óssea na PYCD,2626-Bonnet N, Brun J, Rousseau JC, Duong LT, Ferrari SL. Cathepsin K controls cortical bone formation by degrading periostin. J Bone Miner Res. 2017;32:1432–41.,2727 Mills KL, Johnston AW. Pycnodysostosis. J Med Genet. 1988;25:550–3. demonstrado pela presença de osteosclerose. O último foi observado em 11/26 pacientes.1212 Fénelon M, Catros S, Boisramé S, D’incau1 E, Tréguer A, Gobel Y, et al. Complications maxillo-faciales associées à la pycnodysostose: présentation de deux cas cliniques et revue de la littérature. Med Buccale Chir Buccale. 2010;21:169–76.,1414 Frota R, Linard RA, Silva EDO, Antunes AA, Carvalho RWF, Santos TS. Mandibular osteomyelitis and fracture in a patient with pyknodysostosis. J Craniofac Surg. 2010;21:787–9.,1515 Emami-Ahari Z, Zarabi M, Javid B. Pycnodysostosis. J Bone Joint Surg Br. 1969;51:307–12.,1717 Dhameliya MD, Dinkar AD, Khorate M, Dessai SSR. Pycnodysostosis: Clinicoradiographic report of a rare case. Contemp Clin Dent. 2017;8:134–8.,2020 Alibhai ZA, Matee MIN, Chindia ML, Moshy J. Presentation and management of chronic osteomyelitis in an African patient with pycnodysostosis. Oral Dis. 1999;5:87–9.2323 Iwu CO. Bilateral osteomyelitis of the mandible in pycnodysostosis. A case report. Int. J. Oral Maxilofac. Surg. 1991;20:71–2.,2727 Mills KL, Johnston AW. Pycnodysostosis. J Med Genet. 1988;25:550–3.2929 Bathi RJ, Masur LVN. Pyknodysostosis – a report of two cases with a brief review of the literature. Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 2000;29:439–42.

A qualidade óssea de pacientes com PYCD é baixa (matriz frágil e mal organizada). A resistência óssea é reduzida devido à acidificação, aumenta o risco de fraturas, principalmente nas extremidades inferiores11 Xue Y, Cai T, Shi S, Wang W, Zhang Y, Mao T, et al. Clinical and animal research findings in pycnodysostosis and gene mutations of cathepsin K from 1996 to 2011. Orphanet J Rare Dis. 2011;6:20.,2727 Mills KL, Johnston AW. Pycnodysostosis. J Med Genet. 1988;25:550–3. (fig. 3D). O presente estudo demonstrou fraturas nos ossos longos de 9/26 pacientes, corroborou os achados de aumento da sensibilidade mecânica e aumento do risco de fratura em pacientes com PYCD. Isso pode ser explicado pelo fato de que a Catepsina K é importante para a reabsorção óssea em ossos com uma alta taxa de turnover (por exemplo, ossos longos). O presente estudo demonstrou lesões osteolíticas em 7/26 pacientes.1111 Kirita T, Sugiura T, Horiuchi K, Morimoto Y, Yazima H, Sugimura M. Mandibular reconstruction using a vascularised fibula osteocutaneous flap in a patient with pyknodysostosis. Br J Plast Surg. 2001;54:712–4.,1313 Kato H, Matsuokab K, Katoc N, Ohkubo T. Mandibular osteomyelitis and fracture successfully treated with vascularised iliac bone graft in a patient with pycnodysostosis. Br J Plast Surg. 2005;58:263–6.,1414 Frota R, Linard RA, Silva EDO, Antunes AA, Carvalho RWF, Santos TS. Mandibular osteomyelitis and fracture in a patient with pyknodysostosis. J Craniofac Surg. 2010;21:787–9.,1616 Dimitrakopoulos I, Magopoulos C, Katopodi T. Mandibular osteomyelitis in a patient with pyknodysostosis: A case report of a 50-year misdiagnosis. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65:580–5.,1919 Van Merkesteyn JPR, Bras J, Vermeeren JIJF, Sar AVD, Eps WSV. Osteomyelitis of the jaws in pycnodysostosis. lnt. J. Oral Maxillofac. Surg. 1987;16:615–9.,2222 Schmitz JP, Gassmann CJ, Bauer A, Smith BR. Mandibular reconstruction in a patient with pyknodysostosis. J Oral Maxillofac Surg. 1996;54:513–7.

A manifestação da osteomielite depende dos fatores de virulência dos microrganismos, do sistema imunológico e de fatores vasculares do paciente. O aumento da suscetibilidade à osteomielite da mandíbula é atribuído ao aumento da densidade óssea (osteosclerose) que favorece o estabelecimento de osteomielite, que tem menos espaços medulares e um único feixe neurovascular.1717 Dhameliya MD, Dinkar AD, Khorate M, Dessai SSR. Pycnodysostosis: Clinicoradiographic report of a rare case. Contemp Clin Dent. 2017;8:134–8. Nossos resultados foram consistentes com a literatura, a mandíbula foi o local mais afetado (n=22).22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7.,55 Rohit S, Reddy BP, Sreedevi B, Prakash S. Osteomyelitis in pycnodysostosis – report of 2 clinical cases. J Clin Diagn Res. 2015;9:15–7.,66 Oliveira EM, Arruda JAA, Nascimento PAM, Neiva IM, Mesquita RA, Souza LN. An update on osteomyelitis treatment in a pycnodysostosis patient. J Oral Maxillofac Surg. 2018;76:2136.e1–10.,1111 Kirita T, Sugiura T, Horiuchi K, Morimoto Y, Yazima H, Sugimura M. Mandibular reconstruction using a vascularised fibula osteocutaneous flap in a patient with pyknodysostosis. Br J Plast Surg. 2001;54:712–4.1515 Emami-Ahari Z, Zarabi M, Javid B. Pycnodysostosis. J Bone Joint Surg Br. 1969;51:307–12.,1717 Dhameliya MD, Dinkar AD, Khorate M, Dessai SSR. Pycnodysostosis: Clinicoradiographic report of a rare case. Contemp Clin Dent. 2017;8:134–8.2323 Iwu CO. Bilateral osteomyelitis of the mandible in pycnodysostosis. A case report. Int. J. Oral Maxilofac. Surg. 1991;20:71–2.,2727 Mills KL, Johnston AW. Pycnodysostosis. J Med Genet. 1988;25:550–3.3030 Yamada N, Inomata H, Morita K. Two cases of pycnodysostosis with special emphasis on maxillo-facial findings. Dentomaxillofac Radiol. 1973;2:12–7.

Nos ossos maxilares, a osteomielite é comumente causada pela disseminação de uma infecção odontogênica (n=7)55 Rohit S, Reddy BP, Sreedevi B, Prakash S. Osteomyelitis in pycnodysostosis – report of 2 clinical cases. J Clin Diagn Res. 2015;9:15–7.,1111 Kirita T, Sugiura T, Horiuchi K, Morimoto Y, Yazima H, Sugimura M. Mandibular reconstruction using a vascularised fibula osteocutaneous flap in a patient with pyknodysostosis. Br J Plast Surg. 2001;54:712–4.,1212 Fénelon M, Catros S, Boisramé S, D’incau1 E, Tréguer A, Gobel Y, et al. Complications maxillo-faciales associées à la pycnodysostose: présentation de deux cas cliniques et revue de la littérature. Med Buccale Chir Buccale. 2010;21:169–76.,1616 Dimitrakopoulos I, Magopoulos C, Katopodi T. Mandibular osteomyelitis in a patient with pyknodysostosis: A case report of a 50-year misdiagnosis. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65:580–5.,1717 Dhameliya MD, Dinkar AD, Khorate M, Dessai SSR. Pycnodysostosis: Clinicoradiographic report of a rare case. Contemp Clin Dent. 2017;8:134–8.,2929 Bathi RJ, Masur LVN. Pyknodysostosis – a report of two cases with a brief review of the literature. Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 2000;29:439–42. ou por traumas cirúrgicos (n=16).22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7.,55 Rohit S, Reddy BP, Sreedevi B, Prakash S. Osteomyelitis in pycnodysostosis – report of 2 clinical cases. J Clin Diagn Res. 2015;9:15–7.,66 Oliveira EM, Arruda JAA, Nascimento PAM, Neiva IM, Mesquita RA, Souza LN. An update on osteomyelitis treatment in a pycnodysostosis patient. J Oral Maxillofac Surg. 2018;76:2136.e1–10.,1313 Kato H, Matsuokab K, Katoc N, Ohkubo T. Mandibular osteomyelitis and fracture successfully treated with vascularised iliac bone graft in a patient with pycnodysostosis. Br J Plast Surg. 2005;58:263–6.1515 Emami-Ahari Z, Zarabi M, Javid B. Pycnodysostosis. J Bone Joint Surg Br. 1969;51:307–12.,1818 Zachariades N, Koundouris J. Maxillofacial symptoms in two patients with pyknodysostosis. J Oral Mawllofac Surg. 1994;42:919–22.2323 Iwu CO. Bilateral osteomyelitis of the mandible in pycnodysostosis. A case report. Int. J. Oral Maxilofac. Surg. 1991;20:71–2.,2727 Mills KL, Johnston AW. Pycnodysostosis. J Med Genet. 1988;25:550–3.,2828 Muto T, Michiya H, Taira H, Murase H, Kanazawa M. Pycnodysostosis: report of a case and review of the Japanese literature, with emphasis on oral and maxillofacial findings. Oral surg, oral med, oral pathol. 1991;72:449–55.,3030 Yamada N, Inomata H, Morita K. Two cases of pycnodysostosis with special emphasis on maxillo-facial findings. Dentomaxillofac Radiol. 1973;2:12–7. Como a cavidade oral abriga microrganismos comensais, doenças e a manipulação dos dentes podem criar uma rota para que os microrganismos entrem no osso.88 Dym H, Zeidan J. Microbiology of acute and chronic osteomyelitis and antibiotic treatment. Dent Clin N Am. 2017;61:271–82.,3131 Beck-Broichsitter BE, Smeets R, Heiland M. Current concepts in pathogenesis of acute and chronic osteomyelitis. Curr Opin Infect Dis. 2015;28:240–5. Uma vez que tenham atingido o osso, a resposta inflamatória pode culminar na produção de pus, aumenta a pressão intramedular e reduz o fluxo sanguíneo para os ossos. Um aumento no osso isquêmico e necrótico contribui para o estabelecimento da infecção,88 Dym H, Zeidan J. Microbiology of acute and chronic osteomyelitis and antibiotic treatment. Dent Clin N Am. 2017;61:271–82.,3232 Pincus DJ, Armstrong MB, Thaller ESR. Osteomyelitis of the craniofacial skeleton. In: Seminars in plastic surgery. Semin Plast Surg. 2009;23:73–9. demonstrado pela presença de sequestro ósseo. A presença de pus pode comprometer até mesmo a integridade do osso cortical. O envolvimento de tecidos moles adjacentes é frequentemente observado, o qual é indicado por edema local (12/26)55 Rohit S, Reddy BP, Sreedevi B, Prakash S. Osteomyelitis in pycnodysostosis – report of 2 clinical cases. J Clin Diagn Res. 2015;9:15–7.,1111 Kirita T, Sugiura T, Horiuchi K, Morimoto Y, Yazima H, Sugimura M. Mandibular reconstruction using a vascularised fibula osteocutaneous flap in a patient with pyknodysostosis. Br J Plast Surg. 2001;54:712–4.,1313 Kato H, Matsuokab K, Katoc N, Ohkubo T. Mandibular osteomyelitis and fracture successfully treated with vascularised iliac bone graft in a patient with pycnodysostosis. Br J Plast Surg. 2005;58:263–6.,1414 Frota R, Linard RA, Silva EDO, Antunes AA, Carvalho RWF, Santos TS. Mandibular osteomyelitis and fracture in a patient with pyknodysostosis. J Craniofac Surg. 2010;21:787–9.,1616 Dimitrakopoulos I, Magopoulos C, Katopodi T. Mandibular osteomyelitis in a patient with pyknodysostosis: A case report of a 50-year misdiagnosis. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65:580–5.,1717 Dhameliya MD, Dinkar AD, Khorate M, Dessai SSR. Pycnodysostosis: Clinicoradiographic report of a rare case. Contemp Clin Dent. 2017;8:134–8.,1919 Van Merkesteyn JPR, Bras J, Vermeeren JIJF, Sar AVD, Eps WSV. Osteomyelitis of the jaws in pycnodysostosis. lnt. J. Oral Maxillofac. Surg. 1987;16:615–9.,2020 Alibhai ZA, Matee MIN, Chindia ML, Moshy J. Presentation and management of chronic osteomyelitis in an African patient with pycnodysostosis. Oral Dis. 1999;5:87–9.,2323 Iwu CO. Bilateral osteomyelitis of the mandible in pycnodysostosis. A case report. Int. J. Oral Maxilofac. Surg. 1991;20:71–2.,2929 Bathi RJ, Masur LVN. Pyknodysostosis – a report of two cases with a brief review of the literature. Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 2000;29:439–42. e por fístu- las intra- ou extraorais,88 Dym H, Zeidan J. Microbiology of acute and chronic osteomyelitis and antibiotic treatment. Dent Clin N Am. 2017;61:271–82. como encontrado em 5/26 dos casos relatados.1414 Frota R, Linard RA, Silva EDO, Antunes AA, Carvalho RWF, Santos TS. Mandibular osteomyelitis and fracture in a patient with pyknodysostosis. J Craniofac Surg. 2010;21:787–9.,1515 Emami-Ahari Z, Zarabi M, Javid B. Pycnodysostosis. J Bone Joint Surg Br. 1969;51:307–12.,1919 Van Merkesteyn JPR, Bras J, Vermeeren JIJF, Sar AVD, Eps WSV. Osteomyelitis of the jaws in pycnodysostosis. lnt. J. Oral Maxillofac. Surg. 1987;16:615–9.,2323 Iwu CO. Bilateral osteomyelitis of the mandible in pycnodysostosis. A case report. Int. J. Oral Maxilofac. Surg. 1991;20:71–2. Secreção purulenta foi um achado em 9/26 casos.22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7.,55 Rohit S, Reddy BP, Sreedevi B, Prakash S. Osteomyelitis in pycnodysostosis – report of 2 clinical cases. J Clin Diagn Res. 2015;9:15–7.,1111 Kirita T, Sugiura T, Horiuchi K, Morimoto Y, Yazima H, Sugimura M. Mandibular reconstruction using a vascularised fibula osteocutaneous flap in a patient with pyknodysostosis. Br J Plast Surg. 2001;54:712–4.,1515 Emami-Ahari Z, Zarabi M, Javid B. Pycnodysostosis. J Bone Joint Surg Br. 1969;51:307–12.,1717 Dhameliya MD, Dinkar AD, Khorate M, Dessai SSR. Pycnodysostosis: Clinicoradiographic report of a rare case. Contemp Clin Dent. 2017;8:134–8.,1818 Zachariades N, Koundouris J. Maxillofacial symptoms in two patients with pyknodysostosis. J Oral Mawllofac Surg. 1994;42:919–22.,2121 Green AE, Rowe NL. Pycnodysostosis–-A rare disorder complicating extraction. Br J Oral Surg. 1976;13:254–63. Dor (11/26)22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7.,66 Oliveira EM, Arruda JAA, Nascimento PAM, Neiva IM, Mesquita RA, Souza LN. An update on osteomyelitis treatment in a pycnodysostosis patient. J Oral Maxillofac Surg. 2018;76:2136.e1–10.,1212 Fénelon M, Catros S, Boisramé S, D’incau1 E, Tréguer A, Gobel Y, et al. Complications maxillo-faciales associées à la pycnodysostose: présentation de deux cas cliniques et revue de la littérature. Med Buccale Chir Buccale. 2010;21:169–76.,1616 Dimitrakopoulos I, Magopoulos C, Katopodi T. Mandibular osteomyelitis in a patient with pyknodysostosis: A case report of a 50-year misdiagnosis. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65:580–5.,1919 Van Merkesteyn JPR, Bras J, Vermeeren JIJF, Sar AVD, Eps WSV. Osteomyelitis of the jaws in pycnodysostosis. lnt. J. Oral Maxillofac. Surg. 1987;16:615–9.,2020 Alibhai ZA, Matee MIN, Chindia ML, Moshy J. Presentation and management of chronic osteomyelitis in an African patient with pycnodysostosis. Oral Dis. 1999;5:87–9.,2222 Schmitz JP, Gassmann CJ, Bauer A, Smith BR. Mandibular reconstruction in a patient with pyknodysostosis. J Oral Maxillofac Surg. 1996;54:513–7.,2828 Muto T, Michiya H, Taira H, Murase H, Kanazawa M. Pycnodysostosis: report of a case and review of the Japanese literature, with emphasis on oral and maxillofacial findings. Oral surg, oral med, oral pathol. 1991;72:449–55.,2929 Bathi RJ, Masur LVN. Pyknodysostosis – a report of two cases with a brief review of the literature. Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 2000;29:439–42. e trismo (1/26),2020 Alibhai ZA, Matee MIN, Chindia ML, Moshy J. Presentation and management of chronic osteomyelitis in an African patient with pycnodysostosis. Oral Dis. 1999;5:87–9. características da osteomielite crônica, o tipo mais comum observado no presente estudo, também foram relatados.

Este estudo demonstrou que a exodontia foi o principal fator de risco para osteomielite. Esses procedimentos são conhecidos por quebrar a barreira óssea e criar um portal de entrada para microrganismos que então povoam o componente ósseo. Além disso, a exodontia é um evento traumático que, em conjunto com a matriz óssea defeituosa na PYCD, favorece a ocorrência de fraturas ósseas (fig. 3E). A radiografia revelou fraturas em quatro casos.1313 Kato H, Matsuokab K, Katoc N, Ohkubo T. Mandibular osteomyelitis and fracture successfully treated with vascularised iliac bone graft in a patient with pycnodysostosis. Br J Plast Surg. 2005;58:263–6.,1515 Emami-Ahari Z, Zarabi M, Javid B. Pycnodysostosis. J Bone Joint Surg Br. 1969;51:307–12.,1717 Dhameliya MD, Dinkar AD, Khorate M, Dessai SSR. Pycnodysostosis: Clinicoradiographic report of a rare case. Contemp Clin Dent. 2017;8:134–8.,2121 Green AE, Rowe NL. Pycnodysostosis–-A rare disorder complicating extraction. Br J Oral Surg. 1976;13:254–63.

A osteomielite foi relatada em associação com a periodontite em 4/26 casos.1111 Kirita T, Sugiura T, Horiuchi K, Morimoto Y, Yazima H, Sugimura M. Mandibular reconstruction using a vascularised fibula osteocutaneous flap in a patient with pyknodysostosis. Br J Plast Surg. 2001;54:712–4.,1616 Dimitrakopoulos I, Magopoulos C, Katopodi T. Mandibular osteomyelitis in a patient with pyknodysostosis: A case report of a 50-year misdiagnosis. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65:580–5.,2929 Bathi RJ, Masur LVN. Pyknodysostosis – a report of two cases with a brief review of the literature. Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 2000;29:439–42. A periodontite é uma doença inflamatória oral comum.3333 Hao L, Zhu G, Lu Y, Wang M, Jules J, Zhou X, et al. Deficiency of cathepsin K prevents inflammation and bone erosion in rheumatoid arthritis and periodontitis and reveals its shared osteoimmune role. FEBS Lett. 2015;589:1331–9. Há evidências que indicam que a inibição da catepsina K resulta na supressão das células do sistema imunológico e na redução da atividade dos osteoclastos, reduz a desnutrição do osso alveolar na periodontite3434 Hao L, Chen W, McConnell M, Zhu Z, Li S, Reddy M, et al. A small molecule, odanacatib, inhibits inflammation and bone loss caused by endodontic disease. Infection and immunity. 2015;83:1235–45. (fig. 3F). A periodontite pode ocorrer em pacientes com PYCD e pode ser a principal causa da osteomielite, conforme destacado no presente estudo.

A investigação do papel da catepsina K em doenças periapicais demonstra que esda protease está envolvida na reabsorção óssea e na ativação do sistema imunológico, bem como em eventos durante o estabelecimento da resposta imune relacionada ao reconhecimento de microrganismos por receptores tipo Toll (TLR, Toll-Like Receptors) em células dendríticas.3333 Hao L, Zhu G, Lu Y, Wang M, Jules J, Zhou X, et al. Deficiency of cathepsin K prevents inflammation and bone erosion in rheumatoid arthritis and periodontitis and reveals its shared osteoimmune role. FEBS Lett. 2015;589:1331–9. Na PYCD, os pacientes, portanto, carecem de mecanismos relacionados à limitação da infecção (uma resposta imune efetiva), fato que favorece a invasão dos tecidos medulares e o desenvolvimento de osteomielite, que foi relatada em associação a eventos pulpares em 4/26 casos.55 Rohit S, Reddy BP, Sreedevi B, Prakash S. Osteomyelitis in pycnodysostosis – report of 2 clinical cases. J Clin Diagn Res. 2015;9:15–7.,1212 Fénelon M, Catros S, Boisramé S, D’incau1 E, Tréguer A, Gobel Y, et al. Complications maxillo-faciales associées à la pycnodysostose: présentation de deux cas cliniques et revue de la littérature. Med Buccale Chir Buccale. 2010;21:169–76.,1616 Dimitrakopoulos I, Magopoulos C, Katopodi T. Mandibular osteomyelitis in a patient with pyknodysostosis: A case report of a 50-year misdiagnosis. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65:580–5.,1717 Dhameliya MD, Dinkar AD, Khorate M, Dessai SSR. Pycnodysostosis: Clinicoradiographic report of a rare case. Contemp Clin Dent. 2017;8:134–8.

A terapia antimicrobiana e o desbridamento cirúrgico são as principais modalidades de tratamento para a osteomielite.88 Dym H, Zeidan J. Microbiology of acute and chronic osteomyelitis and antibiotic treatment. Dent Clin N Am. 2017;61:271–82.,3535 Lima ALL, Oliveira PR, Carvalho VC, Cimerman S, Savio E. Recommendations for the treatment of osteomyelitis. Braz J Infect Dis. 2014;18:526–34. Apesar dos avanços nos procedimentos cirúrgicos e na quimioterapia, a osteomielite permanece difícil de tratar e não há um protocolo de tratamento universalmente aceito.88 Dym H, Zeidan J. Microbiology of acute and chronic osteomyelitis and antibiotic treatment. Dent Clin N Am. 2017;61:271–82. Nos casos desta revisão sistemá- tica, a antibioticoterapia foi o tratamento de escolha em pacientes com osteomielite associada a PYCD. Esse tratamento foi administrado isoladamente em três artigos22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7.,1212 Fénelon M, Catros S, Boisramé S, D’incau1 E, Tréguer A, Gobel Y, et al. Complications maxillo-faciales associées à la pycnodysostose: présentation de deux cas cliniques et revue de la littérature. Med Buccale Chir Buccale. 2010;21:169–76.,2727 Mills KL, Johnston AW. Pycnodysostosis. J Med Genet. 1988;25:550–3. ou em combinação com algum procedimento cirúrgico em 15 artigos.55 Rohit S, Reddy BP, Sreedevi B, Prakash S. Osteomyelitis in pycnodysostosis – report of 2 clinical cases. J Clin Diagn Res. 2015;9:15–7.,66 Oliveira EM, Arruda JAA, Nascimento PAM, Neiva IM, Mesquita RA, Souza LN. An update on osteomyelitis treatment in a pycnodysostosis patient. J Oral Maxillofac Surg. 2018;76:2136.e1–10.,1111 Kirita T, Sugiura T, Horiuchi K, Morimoto Y, Yazima H, Sugimura M. Mandibular reconstruction using a vascularised fibula osteocutaneous flap in a patient with pyknodysostosis. Br J Plast Surg. 2001;54:712–4.,1212 Fénelon M, Catros S, Boisramé S, D’incau1 E, Tréguer A, Gobel Y, et al. Complications maxillo-faciales associées à la pycnodysostose: présentation de deux cas cliniques et revue de la littérature. Med Buccale Chir Buccale. 2010;21:169–76.,1414 Frota R, Linard RA, Silva EDO, Antunes AA, Carvalho RWF, Santos TS. Mandibular osteomyelitis and fracture in a patient with pyknodysostosis. J Craniofac Surg. 2010;21:787–9.1616 Dimitrakopoulos I, Magopoulos C, Katopodi T. Mandibular osteomyelitis in a patient with pyknodysostosis: A case report of a 50-year misdiagnosis. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65:580–5.,1818 Zachariades N, Koundouris J. Maxillofacial symptoms in two patients with pyknodysostosis. J Oral Mawllofac Surg. 1994;42:919–22.2323 Iwu CO. Bilateral osteomyelitis of the mandible in pycnodysostosis. A case report. Int. J. Oral Maxilofac. Surg. 1991;20:71–2.,2929 Bathi RJ, Masur LVN. Pyknodysostosis – a report of two cases with a brief review of the literature. Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 2000;29:439–42.,3030 Yamada N, Inomata H, Morita K. Two cases of pycnodysostosis with special emphasis on maxillo-facial findings. Dentomaxillofac Radiol. 1973;2:12–7. O antibiótico e o regime de tratamento usados foram especificados na maioria dos casos.

A cultura e o antibiograma são mecanismos de suporte laboratorial usados para determinar com segurança o agente causador da infecção e a antibioticoterapia mais eficaz para combatê-la. Esse procedimento foi feito em três dos casos desta revisão.22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7.,1414 Frota R, Linard RA, Silva EDO, Antunes AA, Carvalho RWF, Santos TS. Mandibular osteomyelitis and fracture in a patient with pyknodysostosis. J Craniofac Surg. 2010;21:787–9.,1818 Zachariades N, Koundouris J. Maxillofacial symptoms in two patients with pyknodysostosis. J Oral Mawllofac Surg. 1994;42:919–22. Na maioria dos artigos, o regime de antibióticos foi combinado com o uso de dois ou mais medicamentos, inclusive diferentes vias de administração (intramuscular, oral, intravenosa e tópica).1616 Dimitrakopoulos I, Magopoulos C, Katopodi T. Mandibular osteomyelitis in a patient with pyknodysostosis: A case report of a 50-year misdiagnosis. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65:580–5.,1818 Zachariades N, Koundouris J. Maxillofacial symptoms in two patients with pyknodysostosis. J Oral Mawllofac Surg. 1994;42:919–22.2121 Green AE, Rowe NL. Pycnodysostosis–-A rare disorder complicating extraction. Br J Oral Surg. 1976;13:254–63. A peni- cilina foi o antibiótico de escolha na maioria dos casos, embora em um dos casos relatados o antibiograma tenha determinado a resistência a esse antibiótico.22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7. Nos casos em que houve cultura, o antibiótico de escolha foi variável, inclusive penicilina (carbenicilina e ampicilina), lincosamidas (clindamicina), fluoroquinolonas (moxifloxacina), cefalosporinas (cefotaxima) e antibióticos nitroimidazoles (metronidazol).22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7.,1414 Frota R, Linard RA, Silva EDO, Antunes AA, Carvalho RWF, Santos TS. Mandibular osteomyelitis and fracture in a patient with pyknodysostosis. J Craniofac Surg. 2010;21:787–9.,1818 Zachariades N, Koundouris J. Maxillofacial symptoms in two patients with pyknodysostosis. J Oral Mawllofac Surg. 1994;42:919–22.

Argumenta-se que os tratamentos radicais devem ser evitados no manejo da osteomielite associada à PYCD devido ao risco de complicações trans e pós-operatórias. Em quatro casos,22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7.,55 Rohit S, Reddy BP, Sreedevi B, Prakash S. Osteomyelitis in pycnodysostosis – report of 2 clinical cases. J Clin Diagn Res. 2015;9:15–7.,1616 Dimitrakopoulos I, Magopoulos C, Katopodi T. Mandibular osteomyelitis in a patient with pyknodysostosis: A case report of a 50-year misdiagnosis. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65:580–5.,1717 Dhameliya MD, Dinkar AD, Khorate M, Dessai SSR. Pycnodysostosis: Clinicoradiographic report of a rare case. Contemp Clin Dent. 2017;8:134–8. os pacientes recusaram a abordagem cirúrgica proposta e optaram por tratamentos mais conservadores. Quatro dos pacientes submetidos a tratamento mais invasivo desenvolveram complicações subsequentes.1111 Kirita T, Sugiura T, Horiuchi K, Morimoto Y, Yazima H, Sugimura M. Mandibular reconstruction using a vascularised fibula osteocutaneous flap in a patient with pyknodysostosis. Br J Plast Surg. 2001;54:712–4.,1818 Zachariades N, Koundouris J. Maxillofacial symptoms in two patients with pyknodysostosis. J Oral Mawllofac Surg. 1994;42:919–22.,1919 Van Merkesteyn JPR, Bras J, Vermeeren JIJF, Sar AVD, Eps WSV. Osteomyelitis of the jaws in pycnodysostosis. lnt. J. Oral Maxillofac. Surg. 1987;16:615–9.,2121 Green AE, Rowe NL. Pycnodysostosis–-A rare disorder complicating extraction. Br J Oral Surg. 1976;13:254–63. A adesão relatada pelo paciente, a acessibilidade e a tolerabilidade do tratamento adotado devem ser consideradas, como feito em quatro artigos.22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7.,66 Oliveira EM, Arruda JAA, Nascimento PAM, Neiva IM, Mesquita RA, Souza LN. An update on osteomyelitis treatment in a pycnodysostosis patient. J Oral Maxillofac Surg. 2018;76:2136.e1–10.,1212 Fénelon M, Catros S, Boisramé S, D’incau1 E, Tréguer A, Gobel Y, et al. Complications maxillo-faciales associées à la pycnodysostose: présentation de deux cas cliniques et revue de la littérature. Med Buccale Chir Buccale. 2010;21:169–76.,2222 Schmitz JP, Gassmann CJ, Bauer A, Smith BR. Mandibular reconstruction in a patient with pyknodysostosis. J Oral Maxillofac Surg. 1996;54:513–7. A mudança do trata- mento adotado em caso de efeitos colaterais inesperados ou recorrência, como relatado em sete artigos,22 Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7.,1111 Kirita T, Sugiura T, Horiuchi K, Morimoto Y, Yazima H, Sugimura M. Mandibular reconstruction using a vascularised fibula osteocutaneous flap in a patient with pyknodysostosis. Br J Plast Surg. 2001;54:712–4.,1212 Fénelon M, Catros S, Boisramé S, D’incau1 E, Tréguer A, Gobel Y, et al. Complications maxillo-faciales associées à la pycnodysostose: présentation de deux cas cliniques et revue de la littérature. Med Buccale Chir Buccale. 2010;21:169–76.,1818 Zachariades N, Koundouris J. Maxillofacial symptoms in two patients with pyknodysostosis. J Oral Mawllofac Surg. 1994;42:919–22.,1919 Van Merkesteyn JPR, Bras J, Vermeeren JIJF, Sar AVD, Eps WSV. Osteomyelitis of the jaws in pycnodysostosis. lnt. J. Oral Maxillofac. Surg. 1987;16:615–9.,2121 Green AE, Rowe NL. Pycnodysostosis–-A rare disorder complicating extraction. Br J Oral Surg. 1976;13:254–63.,2222 Schmitz JP, Gassmann CJ, Bauer A, Smith BR. Mandibular reconstruction in a patient with pyknodysostosis. J Oral Maxillofac Surg. 1996;54:513–7. também é importante. Finalmente, a literatura relata que a antibioticoterapia pré- (profilaxia antibiótica) e pós-operatória evita complicações pós-operatórias de procedimentos odontológicos invasivos. Além disso, esses procedimentos favorecem a reparação de tecidos na região cirúrgica, raspagem subgengival e necropulpectomias.3636 Da Silva VP, Visioli F, Maraschin BJ, Cardoso JA, Falcão GGVSC, Oliveira MC, et al. Oral Lesions in Pycnodysostosis Syndrome: Eleven Years of Follow-Up. J Craniofac Surg. 2016;27:617–8.,3737 Ortegosa Mv, Bertola Dr, Aguena M, Passos-Bueno Mr, Kim Ca, de Faria Mej. Challenges in the Orthodontic Treatment of a Patient With Pycnodysostosis. Cleft Palate Craniofac J. 2014;51:735–9.

Conclusão

Os achados desta revisão mostraram que os pacientes com PYCD têm maior probabilidade de desenvolver osteomielite dos maxilares, principalmente após a exodontia, e configuram o principal fator de risco para o seu estabelecimento. Sempre que possível, a antibioticoterapia pré- (profilaxia antibiótica) e pós-operatória parece ser adequada em pacientes com PYCD até a cicatrização completa do tecido, mesmo no caso de procedimentos menores, a fim de evitar complicações como osteomielite e fraturas patológicas. Além disso, um tratamento mais conservador para a osteomielite deve ser escolhido para evitar traumas adicionais aos maxilares.

  • Financiamento
    Departamento de Odontologia do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral.

Apêndice A. Material adicional

Pode-se consultar o material adicional para este artigo na sua versão eletrônica disponível em doi:10.1016/j.bjorlp.2021.07.010.

Agradecimentos

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), código de financiamento 001.

References

  • 1
    Xue Y, Cai T, Shi S, Wang W, Zhang Y, Mao T, et al. Clinical and animal research findings in pycnodysostosis and gene mutations of cathepsin K from 1996 to 2011. Orphanet J Rare Dis. 2011;6:20.
  • 2
    Kamat S, Sankar K, Eswari Nj, Gahlawat V, Jude Bj, Negi A. Management of chronic suppurative osteomyelitis in a patient with pycnodysostosis by intra-lesional antibiotic therapy. J Nat Sc Biol Med. 2015;6:464–7.
  • 3
    Fujita Y, Nakata K, Yasui N, Matsui Y, Kataoka E, Hiroshima K, et al. Novel mutations of the cathepsin K gene in patients with pycnodysostosis and their characterization. J Clin Endocrinol Metab. 2000;85:425–31.
  • 4
    Soliman AT, Ramadan MA, Sherif A, Aziz Bedair ES, Rizk MM. Pycnodysostosis: clinical, radiologic, and endocrine evaluation and linear growth after growth hormone therapy. Metabolism. 2001;50:905–11.
  • 5
    Rohit S, Reddy BP, Sreedevi B, Prakash S. Osteomyelitis in pycnodysostosis – report of 2 clinical cases. J Clin Diagn Res. 2015;9:15–7.
  • 6
    Oliveira EM, Arruda JAA, Nascimento PAM, Neiva IM, Mesquita RA, Souza LN. An update on osteomyelitis treatment in a pycnodysostosis patient. J Oral Maxillofac Surg. 2018;76:2136.e1–10.
  • 7
    Maffulli N, Papalia CR, Zampogna CB, Torre CG, Albo CE, Denaro V. The management of osteomyelitis in the adult. Surgeon. 2016;14:345–60.
  • 8
    Dym H, Zeidan J. Microbiology of acute and chronic osteomyelitis and antibiotic treatment. Dent Clin N Am. 2017;61:271–82.
  • 9
    Liu D, Zhang J, Li T, Li C, Liu X, Zheng J, et al. Chronic osteomyelitis with proliferative periostitis of the mandibular body: report of a case and review of the literature. Ann R Coll Surg Engl. 2019;101:328–32.
  • 10
    Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, PRISMA Group. Preferred reporting items for systematic reviews and metaanalyses: the PRISMA statement. Int J Surg. 2010;8:336–41.
  • 11
    Kirita T, Sugiura T, Horiuchi K, Morimoto Y, Yazima H, Sugimura M. Mandibular reconstruction using a vascularised fibula osteocutaneous flap in a patient with pyknodysostosis. Br J Plast Surg. 2001;54:712–4.
  • 12
    Fénelon M, Catros S, Boisramé S, D’incau1 E, Tréguer A, Gobel Y, et al. Complications maxillo-faciales associées à la pycnodysostose: présentation de deux cas cliniques et revue de la littérature. Med Buccale Chir Buccale. 2010;21:169–76.
  • 13
    Kato H, Matsuokab K, Katoc N, Ohkubo T. Mandibular osteomyelitis and fracture successfully treated with vascularised iliac bone graft in a patient with pycnodysostosis. Br J Plast Surg. 2005;58:263–6.
  • 14
    Frota R, Linard RA, Silva EDO, Antunes AA, Carvalho RWF, Santos TS. Mandibular osteomyelitis and fracture in a patient with pyknodysostosis. J Craniofac Surg. 2010;21:787–9.
  • 15
    Emami-Ahari Z, Zarabi M, Javid B. Pycnodysostosis. J Bone Joint Surg Br. 1969;51:307–12.
  • 16
    Dimitrakopoulos I, Magopoulos C, Katopodi T. Mandibular osteomyelitis in a patient with pyknodysostosis: A case report of a 50-year misdiagnosis. J Oral Maxillofac Surg. 2007;65:580–5.
  • 17
    Dhameliya MD, Dinkar AD, Khorate M, Dessai SSR. Pycnodysostosis: Clinicoradiographic report of a rare case. Contemp Clin Dent. 2017;8:134–8.
  • 18
    Zachariades N, Koundouris J. Maxillofacial symptoms in two patients with pyknodysostosis. J Oral Mawllofac Surg. 1994;42:919–22.
  • 19
    Van Merkesteyn JPR, Bras J, Vermeeren JIJF, Sar AVD, Eps WSV. Osteomyelitis of the jaws in pycnodysostosis. lnt. J. Oral Maxillofac. Surg. 1987;16:615–9.
  • 20
    Alibhai ZA, Matee MIN, Chindia ML, Moshy J. Presentation and management of chronic osteomyelitis in an African patient with pycnodysostosis. Oral Dis. 1999;5:87–9.
  • 21
    Green AE, Rowe NL. Pycnodysostosis–-A rare disorder complicating extraction. Br J Oral Surg. 1976;13:254–63.
  • 22
    Schmitz JP, Gassmann CJ, Bauer A, Smith BR. Mandibular reconstruction in a patient with pyknodysostosis. J Oral Maxillofac Surg. 1996;54:513–7.
  • 23
    Iwu CO. Bilateral osteomyelitis of the mandible in pycnodysostosis. A case report. Int. J. Oral Maxilofac. Surg. 1991;20:71–2.
  • 24
    Drake MT, Clarke BL, Oursler MJ, Khosla S. Cathepsin K inhibitors for osteoporosis: biology, potential clinical utility, and lessons learned. Endocr Rev. 2017;38:325–50.
  • 25
    Brömme D, Panwar P, Turan S. Cathepsin K osteoporosis trials, pycnodysostosis and mouse deficiency models: commonalities and differences. Expert Opin Drug Discov. 2016;11:457–72.
  • 26
    -Bonnet N, Brun J, Rousseau JC, Duong LT, Ferrari SL. Cathepsin K controls cortical bone formation by degrading periostin. J Bone Miner Res. 2017;32:1432–41.
  • 27
    Mills KL, Johnston AW. Pycnodysostosis. J Med Genet. 1988;25:550–3.
  • 28
    Muto T, Michiya H, Taira H, Murase H, Kanazawa M. Pycnodysostosis: report of a case and review of the Japanese literature, with emphasis on oral and maxillofacial findings. Oral surg, oral med, oral pathol. 1991;72:449–55.
  • 29
    Bathi RJ, Masur LVN. Pyknodysostosis – a report of two cases with a brief review of the literature. Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 2000;29:439–42.
  • 30
    Yamada N, Inomata H, Morita K. Two cases of pycnodysostosis with special emphasis on maxillo-facial findings. Dentomaxillofac Radiol. 1973;2:12–7.
  • 31
    Beck-Broichsitter BE, Smeets R, Heiland M. Current concepts in pathogenesis of acute and chronic osteomyelitis. Curr Opin Infect Dis. 2015;28:240–5.
  • 32
    Pincus DJ, Armstrong MB, Thaller ESR. Osteomyelitis of the craniofacial skeleton. In: Seminars in plastic surgery. Semin Plast Surg. 2009;23:73–9.
  • 33
    Hao L, Zhu G, Lu Y, Wang M, Jules J, Zhou X, et al. Deficiency of cathepsin K prevents inflammation and bone erosion in rheumatoid arthritis and periodontitis and reveals its shared osteoimmune role. FEBS Lett. 2015;589:1331–9.
  • 34
    Hao L, Chen W, McConnell M, Zhu Z, Li S, Reddy M, et al. A small molecule, odanacatib, inhibits inflammation and bone loss caused by endodontic disease. Infection and immunity. 2015;83:1235–45.
  • 35
    Lima ALL, Oliveira PR, Carvalho VC, Cimerman S, Savio E. Recommendations for the treatment of osteomyelitis. Braz J Infect Dis. 2014;18:526–34.
  • 36
    Da Silva VP, Visioli F, Maraschin BJ, Cardoso JA, Falcão GGVSC, Oliveira MC, et al. Oral Lesions in Pycnodysostosis Syndrome: Eleven Years of Follow-Up. J Craniofac Surg. 2016;27:617–8.
  • 37
    Ortegosa Mv, Bertola Dr, Aguena M, Passos-Bueno Mr, Kim Ca, de Faria Mej. Challenges in the Orthodontic Treatment of a Patient With Pycnodysostosis. Cleft Palate Craniofac J. 2014;51:735–9.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Set 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    8 Set 2020
  • Aceito
    3 Dez 2020
  • Publicado
    29 Jan 2021
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Sede da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial, Av. Indianópolia, 1287, 04063-002 São Paulo/SP Brasil, Tel.: (0xx11) 5053-7500, Fax: (0xx11) 5053-7512 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@aborlccf.org.br