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Variação espacial e sazonal de assembleias de peixes bentônicos em rios de água branca da Amazônia Central

Resumo

Apesar do elevado número de espécies de peixes descritas para a região amazônica, a ictiofauna que habita as profundezas dos principais canais de grandes rios tropicais é uma das menos conhecidas. Para conhecer os padrões de diversidade desses peixes nos rios de águas brancas da Amazônia Central, utilizamos dados da assembleia de peixes bentônicos do canal principal dos rios Japurá, Purus e Madeira e testamos a hipótese de que existem marcadas diferenças espaciais e sazonais na composição da comunidade de peixes. Para isso, nós usamos um teste de dispersão multivariada, diversidade β total e sua decomposição em local (LCBD) e contribuição de espécies para diversidade β (SCBD). Além disso, testamos as relações entre os valores de LCBD e riqueza, abundância total e variáveis ambientais. Nós categorizamos as espécies com valores mais altos de SCBD em residentes ou migratórias para investigar a importância potencial das planícies de inundação para a assembleia de peixes bentônicos do canal principal dos rios de águas brancas. Nossos resultados corroboram a hipótese proposta, mostrando que existem diferenças sazonais e entre rios na ictiofauna bentônica, sendo mais evidente para o rio Purus. O LCBD apresentou fortes relações negativas com a riqueza de espécies e abundância total, principalmente nos rios Japurá e Madeira no período de enchente, indicando que rios e períodos com alta singularidade em sua composição também apresentaram baixa riqueza e abundância. O LCBD correlacionou-se negativamente com a condutividade e o pH, aumentando com o declínio dessas variáveis ambientais, como observado principalmente no Rio Japurá em ambos os períodos. Aproximadamente um terço das espécies apresentou valores de SCBD acima da média e foram considerados os principais contribuintes para a diversidade β, além de terem sido classificadas como migratórios. Isso demonstra a importância da realização de estudos que utilizem variáveis espaciais e sazonais, além de incluir a ictiofauna de fundo nos estudos de conservação, ampliando a área protegida e levando em consideração os diferentes padrões de diversidade entre os rios. Além disso, essas diferenças na composição da assembleia podem ser explicadas pelo uso espacial assimétrico dos habitats durante as diferentes estações do ano, sugerindo fortemente a importância do ciclo do pulso de inundação para a manutenção da diversidade neste ambiente.

Palavras-chave
Ictiofauna; distribuição; composição; riqueza de espécies

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