Melhoramento do algodoeiro no Estado de São Paulo: obtenção da variedade IAC 18

Gridi-Papp, Imre Lajos; Cia, Edivaldo; Fuzatto, Milton Geraldo; Cavaleri, Popilio Angelo; Chiavegato, Ederaldo José; Ferraz, Carlos Antonio Menezes; Sabino, Nelson Paulieri; Kondo, Julio Isao; Soave, Jaciro; Bortoletto, Nelson

doi:10.1590/S0006-87051985000200012

Resumos

A obtenção da variedade paulista de algodoeiro IAC 18 é descrita e discutida. A constatação de uma tendência de agravamento gradual da mancha-angular-do-algodoeiro, nas lavouras do Estado de São Paulo, desde 1942, levou à formulação de um programa de obtenção de variedade resistente a essa doença, no Instituto Agronômico de Campinas. O programa foi iniciado em 1964 e terminou em 1977 com o lançamento da 'IAC 18'. Após estudo preliminar de possíveis doadores de genes de resistência, o material 95-96A-Bu 61 (B2, B3, B6), registrado na coleção como Nu-16, foi cruzado com linhagens paulistas, efetuando-se, posteriormente, dois retrocruzamentos para os materiais paulistas. A partir de uma planta selecionada na geração F4 e estudos genealógicos subseqüentes, obteve-se a linhagem que daria a 'IAC 18 ', que apresentou resistência à doença focalizada e, também, à murcha de Fusarium. Além disso, mostrou-se superior em todas as características econômicas à 'IAC 13-1' que foi substituída na lavoura. A 'IAC 18' permaneceu em cultivo de 1977 até 1983.

melhoramento algodoeiro; resistência a bactéria

The origin and breeding of the cotton variety IAC 18, the involved procedures and numerical results are presented and discussed. The increasing occurrence of bacterial blight Xanthomonas campestres pv. malvacearum in cotton fields of the State of São Paulo, Brazil, motivated cotton breeders of the Agronomic Instituto at Campinas, to program the breeding of a bacterial-blight-resistant variety for the State. Preliminary testes were made in 1964 with the collection of species and varieties. The line 95-96A-Bu 61 (B2, B3, B6) from Texas, U.S.A., was selected as the best donor parente to be used. This material was crossed, in 1966, with the most promising cotton inbred lines being studied in different breeding programs and two backcrosses were made in the following years. 'IAC 18' came from a plant selected in 1970, from a F4 population, whose descendente were studied by the usual pedigree breeding procedure used by the cotton staff of the Instituto. This variety presented the grade 2 in a scale graded from 1 (immune) to 5 (fully susceptible), when tested for bacterial blight resistance. It showed higher Fusarium wilt resistance than the largely cultivated, bacterium susceptible 'IAC 13-1', and surpassed this cultivar in regional variety teste, for all the economically important characteristics, specially productivity, fiber percentage, length of fiber and yarn strenght. 'IAC 18' was delivered for planting in the State in 1977, replacing the 'IAC 13-1'.

cotton breeding; bacterium resistance

ARTIGOS

Melhoramento do algodoeiro no Estado de São Paulo: obtenção da variedade IAC 18¹ 1 Com suporte financeiro adicional do Ministério da Agricultura (AGIPLAN) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

Improvement of cotton varieties of São Paulo: origin and breeding of 'IAC 18'

Imre Lajos Gridi-PappI, ² 2 Com bolsa de suplementação do CNPq. ; Edivaldo CiaI, ² 2 Com bolsa de suplementação do CNPq. ; Milton Geraldo Fuzatto^I; Popilio Angelo Cavaleri^I; Ederaldo José ChiavegatoI, ² 2 Com bolsa de suplementação do CNPq. ; Carlos Antonio Menezes Ferraz^II; Nelson Paulieri SabinoII, ² 2 Com bolsa de suplementação do CNPq. ; Julio Isao KondoIII, ² 2 Com bolsa de suplementação do CNPq. ; Jaciro SoaveIV, ² 2 Com bolsa de suplementação do CNPq. ; Nelson Bortoletto^V

^ISeção de Algodão, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13100 Campinas, SP

^IIDiretoria da Divisão de Estações Experimentais, IAC

^IIISeção de Tecnologia de Fibras, IAC

^IVSeção de Microbiologia Fitotécnica, IAC

VEstação Experimental de Votuporanga, IAC

RESUMO

A obtenção da variedade paulista de algodoeiro IAC 18 é descrita e discutida. A constatação de uma tendência de agravamento gradual da mancha-angular-do-algodoeiro, nas lavouras do Estado de São Paulo, desde 1942, levou à formulação de um programa de obtenção de variedade resistente a essa doença, no Instituto Agronômico de Campinas. O programa foi iniciado em 1964 e terminou em 1977 com o lançamento da 'IAC 18'. Após estudo preliminar de possíveis doadores de genes de resistência, o material 95-96A-Bu 61 (B2, B3, B6), registrado na coleção como Nu-16, foi cruzado com linhagens paulistas, efetuando-se, posteriormente, dois retrocruzamentos para os materiais paulistas. A partir de uma planta selecionada na geração F₄ e estudos genealógicos subseqüentes, obteve-se a linhagem que daria a 'IAC 18 ', que apresentou resistência à doença focalizada e, também, à murcha de Fusarium. Além disso, mostrou-se superior em todas as características econômicas à 'IAC 13-1' que foi substituída na lavoura. A 'IAC 18' permaneceu em cultivo de 1977 até 1983.

Termos de indexação: melhoramento algodoeiro, resistência a bactéria.

SUMMARY

The origin and breeding of the cotton variety IAC 18, the involved procedures and numerical results are presented and discussed. The increasing occurrence of bacterial blight Xanthomonas campestres pv. malvacearum in cotton fields of the State of São Paulo, Brazil, motivated cotton breeders of the Agronomic Instituto at Campinas, to program the breeding of a bacterial-blight-resistant variety for the State. Preliminary testes were made in 1964 with the collection of species and varieties. The line 95-96A-Bu 61 (B₂, B₃, B₆) from Texas, U.S.A., was selected as the best donor parente to be used. This material was crossed, in 1966, with the most promising cotton inbred lines being studied in different breeding programs and two backcrosses were made in the following years. 'IAC 18' came from a plant selected in 1970, from a F₄ population, whose descendente were studied by the usual pedigree breeding procedure used by the cotton staff of the Instituto. This variety presented the grade 2 in a scale graded from 1 (immune) to 5 (fully susceptible), when tested for bacterial blight resistance. It showed higher Fusarium wilt resistance than the largely cultivated, bacterium susceptible 'IAC 13-1', and surpassed this cultivar in regional variety teste, for all the economically important characteristics, specially productivity, fiber percentage, length of fiber and yarn strenght. 'IAC 18' was delivered for planting in the State in 1977, replacing the 'IAC 13-1'.

Index terms: cotton breeding, bacterium resistance.

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Recebido para publicação em 15 de junho de 1984.

BIRD, L.S. & BLANK, L.M. Breeding strains of cotton resistant to bacterial blight. College Station, Texas Agricultural Exp. Sta. 1951. 25p. (Bulletin, 736)
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^__________ . Instituto Agronômico. Ensaios regionais de variedades paulistas de algodoeiro. V: 1975/76-1976/77. Campinas, 1980. 86p. (Boletim Técnico, 65)
CIA, E. Ocorrência e conhecimento das doenças de algodoeiro anual Gossypium hirsutum L. no Brasil. Summa Phytopathologica, Piracicaba, 3:167-193, 1977.
CIA, E.; FERRAZ, C.A.M.; GRIDI-PAPP, I.L. & SOAVE, J. Melhoramento do algodoeiro Gossypium hirsutum L. para resistência a Xanthomonas malvacearum (E.F. Smith) Dowson. Summa Phytopathologica, Piracicaba, 1:177-186, 1975.
CRUZ, B.P.B.; SILVEIRA, A.P.; ABRAHAO, J. & SILVEIRA, S.G.P. Observações relativas à resistência de algumas variedades de algodoeiro ao ataque da "mancha-angular" (Xanthomonas malvacearum) (E.F. Smith) Dowson. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, 32:45-51, 1965.
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1

Com suporte financeiro adicional do Ministério da Agricultura (AGIPLAN) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

2

Com bolsa de suplementação do CNPq.

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
17 Dez 2007
Data do Fascículo
1985

Histórico

Recebido
15 Jun 1984

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[1] BIRD, L.S. & BLANK, L.M. Breeding strains of cotton resistant to bacterial blight. College Station, Texas Agricultural Exp. Sta. 1951. 25p. (Bulletin, 736)

[2] ^__________ & HADLEY, H.H. A statistical study of the inheritance of Stone ville 20 resistance to the bacterial blight disease of cotton in the presence of Xanthomonas malvacearum races 1 and 2. Genetics, 43:750-767. 1957.

[3] BITANCOURT, A.A. Doenças do algodoeiro. In: AUTUORI, M. & BITANCOURT, A. A. Pragas e doenças do algodoeiro. São Paulo, Instituto Biológico de São Paulo, 1935. p. 15-36. (These nş 9)

[4] BRINKERHOFF, L.A. Variation in Xanthomonas malvacearum and its relation to control. Annual Review of Phytopathology, 8:85-110, 1970.

[5] CAMPINAS. Instituto Agronômico. Ensaios regionais de variedades paulistas de algodoeiro. IV: 1973/74-1974/75. Campinas, 1979. 74p.

[6] ^__________ . Instituto Agronômico. Ensaios regionais de variedades paulistas de algodoeiro. V: 1975/76-1976/77. Campinas, 1980. 86p. (Boletim Técnico, 65)

[7] CIA, E. Ocorrência e conhecimento das doenças de algodoeiro anual Gossypium hirsutum L. no Brasil. Summa Phytopathologica, Piracicaba, 3:167-193, 1977.

[8] CIA, E.; FERRAZ, C.A.M.; GRIDI-PAPP, I.L. & SOAVE, J. Melhoramento do algodoeiro Gossypium hirsutum L. para resistência a Xanthomonas malvacearum (E.F. Smith) Dowson. Summa Phytopathologica, Piracicaba, 1:177-186, 1975.

[9] CRUZ, B.P.B.; SILVEIRA, A.P.; ABRAHAO, J. & SILVEIRA, S.G.P. Observações relativas à resistência de algumas variedades de algodoeiro ao ataque da "mancha-angular" (Xanthomonas malvacearum) (E.F. Smith) Dowson. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, 32:45-51, 1965.

[10] FERRAZ, C.A.M. Estudos preliminares sobre inoculação de mancha-angular no algodoeiro. Revista da Sociedade Brasileira de Fitopatologia, Piracicaba, 1:72-73, 1967.

[11] GREEN, M. & BRINKERHOFF, L.A. Inheritance of three genes for bacterial blight resistance in Upland. cotton. Agronomy Journal, 48:451-485, 1956.

[12] GRIDI-PAPP, I.L. IV. Genética e melhoramento do algodoeiro. In: KERR, W.E., org. Melhoramento e Genética. São Paulo, Edições Melhoramentos, Editora da Universidade de São Paulo, 1969. p.75-101.

[13] ^__________; CIA, E.; FERRAZ, C.A.M.; CAVALERI, P.A; FUZATTO, M.G.; SILVA, N.M. & SABINO, N.P. Resposta do algodoeiro à seleção para resistência à fusariose em condições de campo. Bragantia, Campinas, 32: 261-273, 1973.

[14] HUNTER, R.E.; BRINKERHOFF, L.A. & BIRD, L.S. The development of a set of Upland cotton lines for differentiating races of Xanthomonas malvacearum. Phytopathology, 58:830-832, 1968.

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[17] ^__________ & CLOUSTON, T.W. The genetics of blackarm resistance. I. Journal of Genetics. 38:133-159, 1939; II e III Journal of Genetics, 41:391-409,1941.

[18] ^__________ & HUTCHINSON, J.B. The evolution of blackarm resistance in cotton. Journal of Genetics, 50:36-58, 1950.

[19] MOOSBERG, C.A. Breeding cottons resistant to bacterial blight disease. Fayettville, Agric. Exp. Sta., 1953. 21p. (Bulletin, 534)

[20] NEVES, O.S.; CAVALERI, P.A.; GRIDI-PAPP, I.L. & FERRAZ, C.A.M. Melhoramento das variedades paulistas de algodão. Criação da IAC 12. Bragantia, Campinas, 28:291-306, 1969.