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Ações de terapeutas ocupacionais na prevenção de quedas da pessoa idosa no domicílio: revisão integrativa da literatura (2017-2022)

Resumo

Introdução

Quedas em pessoas idosas são amplamente discutidas pelos profissionais da saúde, devido às suas consequências físicas, funcionais e psicossociais, as quais comprometem a participação nas Atividades de Vida Diária (AVD).

Objetivo

Identificar as ações de intervenção e estratégias utilizadas em terapia ocupacional para prevenção de quedas da pessoa idosa no domicílio.

Método

Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, que rastreou as produções científicas nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), MEDLINE/PubMed, Scopus, Web of Science, CINAHL e Embase, de janeiro de 2017 a julho de 2022.

Resultados

As 19 publicações que compuseram o corpus desta pesquisa foram categorizadas para análise com base nas avaliações utilizadas pelo terapeuta ocupacional e suas ações para a prevenção de quedas, incluindo: treinamentos funcionais integrados às AVD, intervenções de adequação ambiental domiciliar, ações educativas e utilização de tecnologias e dispositivos assistivos.

Conclusão

O domicílio é o local mais propenso para a ocorrência de quedas em pessoas idosas. Por isso, as ações de terapeutas ocupacionais são significativamente importantes para a prevenção de quedas e manutenção da segurança da pessoa idosa nesse contexto. Além disso, notou-se a incipiência de estudos nacionais da terapia ocupacional sobre o tema, o que mostra a necessidade de ampliar as publicações da profissão nesse âmbito de atuação.

Palavras-chave:
Acidentes por Quedas; Terapia Ocupacional; Domicílio; Pessoa Idosa; Prevenção

Abstract

Introduction

Falls in the elderly are widely discussed by health professionals, due to their physical, functional, and psychosocial consequences, which compromise participation in daily activities.

Objective

To identify the intervention actions and strategies used by the occupational therapist to prevent falls in the elderly at home.

Method

This is an integrative literature review, which tracked the scientific productions in the Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), MEDLINE/PubMed, Scopus, Web of Science, CINAHL and Embase databases, in the period of January 2017 to July 2022.

Results

19 publications were identified that made up the research corpus, being categorized for analysis in the following points: assessments used by the occupational therapist and the occupational therapist's actions for the prevention of falls, including functional training integrated into daily activities, home environmental adequacy interventions, educational actions and use of technologies and devices.

Conclusion

The home is the most prone place for the occurrence of falls in the elderly, where the actions of the occupational therapist are significantly important for the maintenance of safety in this context. The occupational therapist's actions contribute to the prevention of falls and maintaining the safety of the elderly at home. In addition, it was noted the incipience of national studies of occupational therapy on the subject, which shows the need to expand the publications of the profession in this field of action.

Keywords:
Accidental Falls; Occupational Therapy; Home; Elderly; Prevention

Introdução

Acidentes por quedas impactam na qualidade de vida, autonomia e independência da pessoa idosa, gerando consequências físicas, funcionais e psicossociais, as quais podem levar à dependência funcional, à incapacidade, à hospitalização, à institucionalização e até mesmo a óbito (Paraná, 2018Paraná. Secretária de Estado da Saúde. (2018). Avaliação multidimensional do idoso. Curitiba. Recuperado em 9 de fevereiro de 2023, de https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2020-04/avaliacaomultiddoidoso_2018_atualiz.pdf
https://www.saude.pr.gov.br/sites/defaul...
).

Queda é definida como “[…] vir a inadvertidamente ficar no solo ou em outro nível inferior, excluindo mudanças de posição intencionais para se apoiar em móveis, paredes ou outros objetos” (Organização Mundial da Saúde, 2010, pOrganização Mundial da Saúde - OMS. (2010). Relatório global da OMS sobre prevenção de quedas na velhice. São Paulo: Secretaria do Estado da Saúde. Recuperado em 9 de fevereiro de 2023, de https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio_prevencao_quedas_velhice.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicaco...
. 9). Dados estatísticos apontam que cerca de 30% das pessoas com mais de 65 anos e 50% das pessoas com mais de 80 anos sofrem ao menos uma queda ao ano (National Institute for Health and Care Excellence, 2019National Institute for Health and Care Excellence - NICE. (2019). 2019 surveillance of falls in older people: assessing risk and prevention (NICE guideline, No. CG161). London. Recuperado em 9 de fevereiro de 2023, de https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK551819/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK55...
; Miranda et al., 2019Miranda, D. P., Santos, T. D., Santo, F. H. E., Pinho, C. L., & Barreto, E. A. (2019). Quedas em idosos em ambiente domiciliar: uma revisão integrativa. Revista Enfermagem Atual In Derme, 2017(spe), 120-129.). Esses acidentes são um grave problema de saúde, evidenciando-se a importância de ações preventivas para as quedas.

Dados levantados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) apontaram que, no ano de 2021, foram registradas 12.883 mortes por quedas em pessoas com idade superior a 60 anos, correspondendo a 34,7% do total de óbitos por causas externas. Os dados indicaram que, à medida que a pessoa envelhece, a proporção de acidentes por quedas aumenta significativamente, correspondendo a 17,2% em pessoas com 60 a 69 anos, 25,3% em pessoas com 70 a 79 anos e 57,5% em pessoas com 80 anos ou mais (Brasil, 2021Brasil. Ministério da Saúde. (2021). Mortalidade. Brasília: DATASUS. Recuperado em 9 de fevereiro de 2023, de http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/obt10uf.def
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftoht...
).

Quedas são multifatoriais e envolvem a pessoa, o ambiente e a ocupação. Estas são resultado da interação entre fatores intrínsecos (relacionados às características da pessoa, como idade, gênero, uso de medicamentos, presença de doenças crônicas, distúrbios da marcha e outras alterações físicas associadas ao envelhecimento), extrínsecos (relacionados ao ambiente fechado ou ao ar livre), comportamentais (relacionados à ação do sujeito/atividade) e socioeconômicos (incluindo baixa renda, acesso à educação e saúde) (Organização Mundial da Saúde, 2010Organização Mundial da Saúde - OMS. (2010). Relatório global da OMS sobre prevenção de quedas na velhice. São Paulo: Secretaria do Estado da Saúde. Recuperado em 9 de fevereiro de 2023, de https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio_prevencao_quedas_velhice.pdf
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; Barbosa, 2018Barbosa, A. C. (2018). Prevenção de quedas em pessoas idosas. In L. D. Bernardo & T. M. Raymundo (Eds.), Terapia ocupacional e gerontologia: interlocuções e práticas (pp. 89-101). Curitiba: Appris.; Morsch et al., 2016Morsch, P., Myskiw, M., & Myskiw, J. C. (2016). A problematização da queda e a identificação dos fatores de risco na narrativa de idosos. Ciência & Saúde Coletiva, 21(11), 3565-3574.; Romli et al., 2018Romli, M. H., Tan, M. P., Mackenzie, L., Lovarini, M., Kamaruzzaman, S. B., & Clemson, L. (2018). Factors associated with home hazards: findings from the Malaysian Elders Longitudinal Research study. Geriatrics & Gerontology International, 18(3), 387-395.; Chippendale et al., 2017Chippendale, T., Gentile, P. A., & James, M. K. (2017). Characteristics and consequences of falls among older adult trauma patients: considerations for injury prevention programs. Australian Occupational Therapy Journal, 64(5), 350-357.; Deandrea et al., 2010Deandrea, S., Lucenteforte, E., Bravi, F., Foschi, R., La Vecchia, C., & Negri, E. (2010). Risk factors for falls in community-dwelling older people: a systematic review and meta-analysis. Epidemiology, 21(5), 658-668.).

Destaca-se que 60% a 70% do total de quedas ocorrem no domicílio, proporção que aumenta para pessoas idosas acima de 75 anos (Gasparotto et al., 2014Gasparotto, L. P. R., Falsarella, G. R., & Coimbra, A. M. V. (2014). As quedas no cenário da velhice: conceitos básicos e atualidades da pesquisa em saúde. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 17(1), 201-209.), pois este é o local onde a pessoa idosa passa a maior parte do seu tempo interagindo com fatores de riscos ambientais e facilitadores de acidentes (Miranda et al., 2019Miranda, D. P., Santos, T. D., Santo, F. H. E., Pinho, C. L., & Barreto, E. A. (2019). Quedas em idosos em ambiente domiciliar: uma revisão integrativa. Revista Enfermagem Atual In Derme, 2017(spe), 120-129.).

Dessa forma, a premissa do Ageing in Place é possibilitar que as pessoas idosas envelheçam em casa, por meio de estratégias de conscientização e adaptação do ambiente domiciliar e comunitário ao processo do envelhecimento, o que contribui positivamente para o aumento do bem-estar, independência e participação social (Bárrios et al., 2020Bárrios, M. J., Marques, R., & Fernandes, A. A. (2020). Envelhecer com saúde: estratégias de aging in place de uma população portuguesa com 65 anos ou mais. Revista de Saude Publica, 54(129), 129.; Sixsmith & Sixsmith, 2008Sixsmith, A., & Sixsmith, J. (2008). Ageing in place in the United Kingdom. Ageing International, 32(3), 219-235.).

O número de estudos que examinam estratégias para prevenção de quedas tem aumentado. Tais pesquisas reforçam a importância do uso de uma abordagem holística por parte dos profissionais, incluindo o terapeuta ocupacional, que possui habilidades para desenvolver ações eficazes baseadas em evidências, por meio do conhecimento sobre a interação entre o ambiente, a pessoa e a ocupação, com o objetivo de favorecer o desempenho e a participação ocupacional (Elliott & Leland, 2018Elliott, S., & Leland, N. E. (2018). Occupational therapy fall prevention interventions for community-dwelling older adults: a systematic review. The American Journal of Occupational Therapy, 72(4), 7204190040p1.; Pighills et al., 2019Pighills, A., Tynan, A., Furness, L., & Rawle, M. (2019). Occupational therapist led environmental assessment and modification to prevent falls: review of current practice in an Australian rural health service. Australian Occupational Therapy Journal, 66(3), 347-361.; Hughes et al., 2023Hughes, S., Murray, C. M., McMullen-Roach, S., & Berndt, A. (2023). A profile of practice: the occupational therapy process in community aged care in Australia. Australian Occupational Therapy Journal, 70(3), 366-379.).

O papel do terapeuta ocupacional se baseia na avaliação e intervenção multidimensional sobre os fatores de risco para quedas, na utilização das intervenções e prevenção disponíveis para melhorar a funcionalidade, acessibilidade e segurança no domicílio. Ou seja, a terapia ocupacional oferece suporte para facilitar a recuperação, construir a resiliência e superar barreiras para o desempenho ocupacional (Royal College of Occupational Therapists, 2020Royal College of Occupational Therapists - RCOT. (2020). Occupational therapy in the prevention and management of falls in adults: practice guideline. Londres: RCOT.; Hughes et al., 2023Hughes, S., Murray, C. M., McMullen-Roach, S., & Berndt, A. (2023). A profile of practice: the occupational therapy process in community aged care in Australia. Australian Occupational Therapy Journal, 70(3), 366-379.), incluindo mudanças de hábitos, intervenções de educação e modificação do ambiente, prescrição de tecnologia assistiva, programa de exercícios e encaminhamentos (Mackenzie et al., 2018Mackenzie, L., Lovarini, M., Price, T., Clemson, L., Tan, A., & O’Connor, C. (2018). An evaluation of the fall prevention practice of community-based occupational therapists working in primary care. British Journal of Occupational Therapy, 81(8), 463-473.).

Considerando os impactos das quedas na funcionalidade, independência e autonomia das pessoas idosas, o objetivo desta pesquisa é identificar as ações de intervenção e estratégias realizadas pelo terapeuta ocupacional para manutenção da segurança, redução dos fatores de risco e prevenção de quedas da pessoa idosa no domicílio.

Método

Este estudo foi desenvolvido por meio de uma revisão integrativa de literatura, seguindo as seguintes etapas: definição do tema e seleção da questão de pesquisa, estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão, identificação dos trabalhos pré-selecionados e selecionados, categorização dos selecionados, análise e interpretação dos resultados e apresentação da revisão/ síntese do conhecimento (Botelho et al., 2011Botelho, L. L. R., Cunha, C. C. A., & Macedo, M. (2011). O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e Sociedade, 5(11), 121-136.).

A seleção do corpus ocorreu pelo rastreio das produções científicas nacionais e internacionais que atendessem ao objetivo do estudo, compreendendo as publicações de 1 de janeiro de 2017 a 30 de julho de 2022. As fontes de informações Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), MEDLINE/Pubmed (via National Library of Medicine), Scopus, Web of Science, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e Embase foram acessadas para a seleção das produções em agosto de 2022.

A seleção dos artigos ocorreu de acordo com os seguintes critérios de inclusão: artigos que apresentavam informações sobre a prevenção de quedas em pessoas idosas no domicílio; artigos que apresentavam ações e/ou intervenções do terapeuta ocupacional no domicílio para a prevenção de quedas, a partir da identificação da atuação do profissional (referente ao processo terapêutico ocupacional) no texto; artigos no idioma português, inglês e espanhol; artigos com texto completo; e artigos publicados no recorte temporal estabelecido. Foram critérios de exclusão: artigos realizados em outro contexto que não seja no domicílio, como hospital e Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI); artigos que não apresentavam ações do terapeuta ocupacional no domicílio; artigos duplicados; publicações que não eram artigos; e artigos de revisão de literatura e revisão de escopo, priorizando estudos com levantamento de dados primários para evitar a duplicidade das informações.

Os descritores de busca foram selecionados por meio dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e do Medical Subject Headings (MeSH). Destaca-se que as estratégias de busca variaram em cada base para ampliar o número de resultados relevantes identificados. Observou-se que somente a BVS emprega no seu vocabulário controlado os descritores do DeCS. As demais bases de dados utilizam em seu vocabulário os descritores do MeSH. As estratégias de busca utilizadas em cada base de dados, com os descritores e palavras-chave combinados com os operadores booleanos, estão relacionados na Tabela 1.

Tabela 1
Fontes de informação, estratégias de busca e resultados dos artigos identificados.

Nas estratégias de busca, foram empregados filtros, a saber: ano de publicação, idioma e texto completo. Os dados encontrados foram exportados para o software on-line EndNote Web, para armazenamento e organização, sendo o passo inicial para a seleção do corpus deste estudo. Na base de dados BVS, procedeu-se à busca avançada, por esse motivo, os descritores utilizados estão nos três idiomas.

Inicialmente, realizou-se a seleção dos artigos pela leitura do título, resumo e palavras-chave segundo os critérios de inclusão e exclusão; em seguida, foi feita a leitura na íntegra para determinar a formação do corpus do estudo. Ressalta-se que foi utilizada a metodologia PRISMA para estruturação e análise dos resultados. A Figura 1 elucida a representação do processo de seleção do corpus do estudo em suas etapas:

Figura 1
Fluxograma de identificação e seleção do corpus.

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O número total de documentos identificados foi 374; destes, 156 foram eliminados por serem duplicados. Dos 218 documentos selecionados para a leitura de título, resumo e palavras-chave, restaram 60 publicações relevantes para análise individual e leitura na íntegra, as quais foram analisadas pelos critérios pré-definidos. Dessa forma, o corpus da pesquisa foi constituído por 19 artigos.

Resultados

Os 19 artigos que integraram o corpus do estudo estavam em concordância com o objetivo proposto: identificar as ações de intervenção e estratégias utilizadas em terapia ocupacional para prevenção de quedas da pessoa idosa no domicílio. As informações sobre o título, autores, ano, periódico e país de publicação estão dispostas na Tabela 2.

Tabela 2
Categorização geral dos artigos incluídos na revisão.

O maior percentual de publicações foi no ano de 2019, com sete artigos (36,84%), seguido do ano de 2018, com seis (31,58%), 2017, com quatro (21,05%), 2020 e 2021 com um artigo em cada ano (5,26%). Não foram encontradas publicações que atendessem aos critérios da pesquisa no ano de 2022, considerando que a data de busca rastreou apenas as publicações dos primeiros seis meses do ano.

Acerca dos países com maior prevalência identificados neste estudo, destacam-se os Estados Unidos e o Reino Unido, onde foram publicados cinco estudos e, em contraste, o Brasil, onde apenas um estudo foi identificado.

A maior parte dos artigos apresentou limitações referentes a viés de relato (32%), amostra e coleta de dados (26%), seleção dos participantes (21%) e problemas na eficácia do protocolo aplicado no estudo (37%). Quanto à sugestão de pesquisas futuras, 63% dos artigos sugeriram a necessidade de mais estudos relacionados ao tema.

Dos artigos analisados, oito relataram intervenções de componente único para prevenção de quedas, como intervenção de exercícios (Blain et al., 2019Blain, H., Dabas, F., Mekhinini, S., Picot, M. C., Miot, S., Bousquet, J., Boubakri, C., Jaussent, A., & Bernard, P. L. (2019). Effectiveness of a programme delivered in a falls clinic in preventing serious injuries in high-risk older adults: A pre- and post-intervention study. Maturitas, 122, 80-86.) e adaptação ambiental (Cockayne et al., 2018Cockayne, S., Pighills, A., Adamson, J., Fairhurst, C., Drummond, A., Hewitt, C., Rodgers, S., Ronaldson, S. J., Lamb, S. E., Crossland, S., Boyes, S., Gilbody, S., Relton, C., & Torgerson, D. J. (2018). Can occupational therapist-led home environmental assessment prevent falls in older people? A modified cohort randomised controlled trial protocol. BMJ Open, 8(9), e022488.; Lo Bianco et al., 2020Lo Bianco, M., Layton, N., Renda, G., & McDonald, R. (2020). “I think I could have designed it better, but I didn’t think that it was my place”: a critical review of home modification practices from the perspectives of health and of design. Disability and Rehabilitation. Assistive Technology, 15(7), 781-788.; Maggi et al., 2018Maggi, P., de Almeida Mello, J., Delye, S., Cès, S., Macq, J., Gosset, C., & Declercq, A. (2018). Fall determinants and home modifications by occupational therapists to prevent falls. Canadian Journal of Occupational Therapy, 85(1), 79-87.; Paiva et al., 2017Paiva, M. M., Nascimento, J. S., & Tavares, D. M. S. (2017). Avaliação das características das quedas entre idosos residentes em Uberaba, Minas Gerais. Revista de Enfermagem e Atenção à Saúde, 6(1), 95-106.; Stark et al., 2017bStark, S., Somerville, E., Keglovits, M., Conte, J., Li, M., Hu, Y. L., & Yan, Y. (2017b). Protocol for the home hazards removal program (HARP) study: a pragmatic, randomized clinical trial and implementation study. BMC Geriatrics, 17(1), 90., 2018Stark, S., Somerville, E., Conte, J., Keglovits, M., Hu, Y. L., Carpenter, C., Hollingsworth, H., & Yan, Y. (2018). Feasibility trial of tailored home modifications: process outcomes. The American Journal of Occupational Therapy, 72(1), 1-10., 2021Stark, S., Keglovits, M., Somerville, E., Hu, Y. L., Barker, A., Sykora, D., & Yan, Y. (2021). Home hazard removal to reduce falls among community-dwelling older adults: a randomized clinical trial. JAMA Network Open, 4(8), e2122044.).

Quatro dos estudos se referiram a intervenções multicomponentes para prevenção de quedas, que integravam aspectos de avaliação individual e abrangente, adaptações ambientais, treinamento/programas de exercícios físicos integrados às Atividades de Vida Diária (AVD) e componentes educacionais (Granbom et al., 2019Granbom, M., Clemson, L., Roberts, L., Hladek, M. D., Okoye, S. M., Liu, M., Felix, C., Roth, D. L., Gitlin, L. N., & Szanton, S. (2019). Preventing falls among older fallers: study protocol for a two-phase pilot study of the multicomponent LIVE LiFE program. Trials, 20(1), 2-9.; Müller et al., 2021aMüller, C., Lautenschläger, S., Dörge, C., & Voigt-Radloff, S. (2021a). Development of a lifestyle-integrated physical exercise training and home modification intervention for older people living in a community with a risk of falling (Part 1): the FIT-at-Home fall prevention program. Disability and Rehabilitation, 43(10), 1367-1379., 2021bMüller, C., Lautenschläger, S., Dörge, C., & Voigt-Radloff, S. (2021b). A feasibility study of a home-based lifestyle-integrated physical exercise training and home modification for community-living older people (Part 2): the FIT-at-Home fall prevention program. Disability and Rehabilitation, 43(10), 1380-1390.; Nakamura-Thomas et al., 2019Nakamura-Thomas, H., Kyougoku, M., & Bonsaksen, T. (2019). Japanese community-living older adults’ perceptions and solutions regarding their physical home environments. Home Health Care Management & Practice, 31(1), 16-22.). Cinco estudos apresentavam tecnologias para auxiliar a prática profissional (Arthanat et al., 2019Arthanat, S., Wilcox, J., & Macuch, M. (2019). Profiles and predictors of smart home technology adoption by older adults. OTJR, 39(4), 247-256.; Hamm et al., 2017Hamm, J., Money, A., & Atwal, A. (2017). Fall prevention self-assessments via mobile 3D visualization technologies: community dwelling older adults’ perceptions of opportunities and challenges. JMIR Human Factors, 4(2), e15., 2019aHamm, J., Money, A. G., & Atwal, A. (2019a). Enabling older adults to carry out paperless falls-risk self-assessments using guidetomeasure-3D: a mixed methods study. Journal of Biomedical Informatics, 92, 103135., 2019bHamm, J., Money, A., & Atwal, A. (2019b). Guidetomeasure-OT: a mobile 3D application to improve the accuracy, consistency, and efficiency of clinician-led home-based falls-risk assessments. International Journal of Medical Informatics, 129, 349-365., 2019cHamm, J., Money, A. G., Atwal, A., & Ghinea, G. (2019c). Mobile three-dimensional visualisation technologies for clinician-led fall prevention assessments. Health Informatics Journal, 25(3), 788-810.). Ademais, dois estudos apresentaram validação e utilidade de instrumentos de avaliação que podem ser utilizadas pelo terapeuta ocupacional para avaliar a segurança do ambiente domiciliar (Hasegawa & Kamimura, 2018Hasegawa, A., & Kamimura, T. (2018). Development of the Japanese version of the Westmead Home Safety Assessment for the elderly in Japan. Hong Kong Journal of Occupational Therapy, 31(1), 14-21.; Mackenzie, 2017Mackenzie, L. (2017). Evaluation of the clinical utility of the Home Falls and Accidents Screening Tool (HOME FAST). Disability and Rehabilitation, 39(15), 1489-1501.), sendo que um deles pode também ser utilizado por outros profissionais (Mackenzie, 2017Mackenzie, L. (2017). Evaluation of the clinical utility of the Home Falls and Accidents Screening Tool (HOME FAST). Disability and Rehabilitation, 39(15), 1489-1501.).

Dentre os artigos analisados, um apresentou um programa de intervenção de componente único com uma equipe multiprofissional, incluindo o terapeuta ocupacional (Blain et al., 2019Blain, H., Dabas, F., Mekhinini, S., Picot, M. C., Miot, S., Bousquet, J., Boubakri, C., Jaussent, A., & Bernard, P. L. (2019). Effectiveness of a programme delivered in a falls clinic in preventing serious injuries in high-risk older adults: A pre- and post-intervention study. Maturitas, 122, 80-86.), três citaram a importância do acompanhamento com equipes multiprofissionais para a prevenção de quedas e direcionaram a discussão para as ações do terapeuta ocupacional (Granbom et al., 2019Granbom, M., Clemson, L., Roberts, L., Hladek, M. D., Okoye, S. M., Liu, M., Felix, C., Roth, D. L., Gitlin, L. N., & Szanton, S. (2019). Preventing falls among older fallers: study protocol for a two-phase pilot study of the multicomponent LIVE LiFE program. Trials, 20(1), 2-9.; Lo Bianco et al., 2020Lo Bianco, M., Layton, N., Renda, G., & McDonald, R. (2020). “I think I could have designed it better, but I didn’t think that it was my place”: a critical review of home modification practices from the perspectives of health and of design. Disability and Rehabilitation. Assistive Technology, 15(7), 781-788.; Paiva et al., 2017Paiva, M. M., Nascimento, J. S., & Tavares, D. M. S. (2017). Avaliação das características das quedas entre idosos residentes em Uberaba, Minas Gerais. Revista de Enfermagem e Atenção à Saúde, 6(1), 95-106.).

Após análise, destacaram-se as ações realizadas pelo terapeuta ocupacional para a prevenção de quedas em pessoas idosas residentes no domicílio. Tais ações foram categorizadas em instrumentos/medidas de avaliação, treinamento funcional integrado às AVD, adequações e modificações ambientais, ações educativas, além do uso de ferramentas tecnológicas e dispositivos assistivos.

A categorização das avaliações identificadas nos artigos analisados direcionada para a prevenção de quedas no domicílio está disposta na Tabela 3. Evidencia-se que as medidas/instrumentos de avaliação utilizados nos estudos avaliam fatores de risco intrínsecos e extrínsecos, com objetivo de medir diferentes variáveis associadas ao risco de quedas.

Tabela 3
Categorização das medidas/instrumentos de avaliação utilizados.

As avaliações utilizadas incluíram medidas/instrumentos de avaliação do ambiente, dos fatores da pessoa e das ocupações AVD e AIVD, além de buscarem compreender o ambiente físico domiciliar e seus mobiliários. Nas avaliações, foram considerados os comportamentos das pessoas idosas, o estilo de vida, histórico das quedas e o medo de cair, assim como as deficiências em funções corporais e os seus impactos na participação e engajamento em AVD. Algumas das ações que podem ser realizadas pelo terapeuta ocupacional são descritas nos artigos e estão organizadas na Tabela 4.

Tabela 4
Categorização das ações de prevenção de quedas realizadas pelo terapeuta ocupacional

Como observado na Tabela 4, a prevenção de quedas no domicílio foi vista por diferentes ângulos e se direciona à interação entre a pessoa, o ambiente, a ocupação e a sua rede de apoio, tratada por meio de estratégias complementares e realização de programas estruturados de componente único ou de multicomponentes.

O cuidado oferecido pelo terapeuta ocupacional se baseou em estratégias individualizadas, com tomada de decisão compartilhada e com foco no desempenho ocupacional nas AVD. As principais estratégias envolveram a avaliação do ambiente e da pessoa idosa, o treinamento de exercícios funcionais integrados às AVD, organização, modificações e adaptações no ambiente interno e externo, orientação ao cliente e à sua rede de apoio, ações de educação em saúde, fornecimento de equipamentos assistivos, treino de atividades e uso de tecnologias inteligentes, auxiliando a prática profissional.

Discussão

Os resultados desta revisão integrativa apresentam as evidências científicas mais recentes das ações, intervenções e estratégias utilizadas na prática profissional para manutenção da segurança, redução dos fatores de risco, prevenção de quedas da pessoa idosa no domicílio e para proporcionar o envelhecimento em seu contexto de vida.

Nos estudos analisados, o terapeuta ocupacional em atuação no contexto domiciliar tem o objetivo de reduzir as barreiras e os fatores de riscos provenientes da interação entre o ambiente, a pessoa e a ocupação que interfiram no desempenho ocupacional. Isso permite a participação das pessoas em suas atividades e seu envelhecimento no local familiar, reforçando a necessidade de basear as ações, intervenções e estratégias em evidências científicas (Blaylock & Vogtle, 2017Blaylock, S. E., & Vogtle, L. K. (2017). Falls prevention interventions for older adults with low vision: a scoping review. Canadian Journal of Occupational Therapy, 84(3), 139-147.) para auxiliar no processo de tomada de decisão clínica, ou seja, na seleção adequada da avaliação, do plano de cuidados, de remoção e de adaptação dos perigos domésticos (American Occupational Therapy Association, 2020American Occupational Therapy Association - AOTA. (2020). Occupational therapy practice framework: domain and process (4th ed.). American Journal of Occupational Therapy, 74(2), 1-87.).

As avaliações são essenciais para a prática da terapia ocupacional, além de favorecer a compreensão acerca do contexto de vida da pessoa idosa. Diferentes instrumentos de avaliações foram abordados nos estudos para avaliar o ambiente domiciliar, fatores da pessoa e das ocupações, o que reforça a necessidade desta etapa no repertório de ações do terapeuta ocupacional para a prevenção de quedas em pessoas idosas no domicílio. Outros estudos reafirmam que o processo de intervenção se inicia pela avaliação dos fatores da pessoa, do ambiente domiciliar e das atividades (Keglovits et al., 2020Keglovits, M., Clemson, L., Hu, Y. L., Nguyen, A., Neff, A. J., Mandelbaum, C., Hudson, M., Williams, R., Silianoff, T., & Stark, S. (2020). A scoping review of fall hazards in the homes of older adults and development of a framework for assessment and intervention. Australian Occupational Therapy Journal, 67(5), 470-478.; Stark et al., 2017aStark, S., Keglovits, M., Arbesman, M., & Lieberman, D. (2017a). Effect of home modification interventions on the participation of community-dwelling adults with health conditions: a systematic review. The American Journal of Occupational Therapy, 71(2), 7102290010p1.). É imprescindível avaliar a capacidade funcional, as habilidades de desempenho e a independência da pessoa idosa nas AVD, considerando o risco de queda para conduzir intervenções eficazes (Barbosa, 2018Barbosa, A. C. (2018). Prevenção de quedas em pessoas idosas. In L. D. Bernardo & T. M. Raymundo (Eds.), Terapia ocupacional e gerontologia: interlocuções e práticas (pp. 89-101). Curitiba: Appris.; Hughes et al., 2023Hughes, S., Murray, C. M., McMullen-Roach, S., & Berndt, A. (2023). A profile of practice: the occupational therapy process in community aged care in Australia. Australian Occupational Therapy Journal, 70(3), 366-379.).

As avaliações mais citadas nos estudos examinados foram os instrumentos/medidas de avaliações padronizadas, que são amplamente utilizados devido à confiabilidade e validade científica, ou seja, garantem que as informações coletadas sejam reproduzidas de maneira consistente e precisa, contribuindo para a qualidade do serviço oferecido (Souza et al., 2017Souza, A. C., Alexandre, N. M. C., Guirardello, E. de B., Souza, A. C., Alexandre, N. M. C., & Guirardello, E. B. (2017). Propriedades psicométricas na avaliação de instrumentos: avaliação da confiabilidade e da validade. Epidemiologia e Serviços de Saúde: Revista do Sistema Unico de Saúde do Brasil, 26(3), 649-659.).

Dentre os achados sobre o processo da terapia ocupacional, salienta-se dois tipos de intervenções com características diferentes quanto às possibilidades de ação do profissional, sendo elas: a intervenção multicomponente e a intervenção de componente único. As intervenções de componente único geralmente estão associadas a um elemento, podendo ser: a avaliação e modificação da segurança doméstica, a educação para prevenção de quedas ou um programa de exercício (Miranda-Duro et al., 2021Miranda-Duro, M. D. C., Nieto-Riveiro, L., Concheiro-Moscoso, P., Groba, B., Pousada, T., Canosa, N., & Pereira, J. (2021). Occupational therapy and the use of technology on older adult fall prevention: a scoping review. International Journal of Environmental Research and Public Health, 18(2), 702.). Já as intervenções multicomponentes são compostas por avaliação individualizada e abrangente, modificações domiciliares, visitas ao domicílio, componentes educacionais para prevenção de quedas e treinamento funcional para equilíbrio, força e mobilidade (Stark et al., 2017aStark, S., Keglovits, M., Arbesman, M., & Lieberman, D. (2017a). Effect of home modification interventions on the participation of community-dwelling adults with health conditions: a systematic review. The American Journal of Occupational Therapy, 71(2), 7102290010p1.; Blaylock & Vogtle, 2017Blaylock, S. E., & Vogtle, L. K. (2017). Falls prevention interventions for older adults with low vision: a scoping review. Canadian Journal of Occupational Therapy, 84(3), 139-147.; Miranda-Duro et al., 2021Miranda-Duro, M. D. C., Nieto-Riveiro, L., Concheiro-Moscoso, P., Groba, B., Pousada, T., Canosa, N., & Pereira, J. (2021). Occupational therapy and the use of technology on older adult fall prevention: a scoping review. International Journal of Environmental Research and Public Health, 18(2), 702.). Identificou-se que as avaliações multicomponentes são mais efetivas para a prevenção de quedas no domicílio e para a redução dos riscos domésticos (Stark et al., 2017aStark, S., Keglovits, M., Arbesman, M., & Lieberman, D. (2017a). Effect of home modification interventions on the participation of community-dwelling adults with health conditions: a systematic review. The American Journal of Occupational Therapy, 71(2), 7102290010p1.). De outra perspectiva, Gillespie et al. (2012)Gillespie, L. D., Robertson, M. C., Gillespie, W. J., Sherrington, C., Gates, S., Clemson, L. M., & Lamb, S. E. (2012). Interventions for preventing falls in older people living in the community. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2012(9):CD007146. constataram que intervenções multifatoriais reduzem as taxas das quedas, porém, não reduzem o risco das quedas, concepção que pode se diferenciar nos achados devido aos diferentes componentes de intervenção, configurações e sistemas de saúde.

Constatou-se que a abordagem de treinamento de exercícios funcionais integrados às AVD é relevante para a prevenção de quedas no domicílio, principalmente pelas mudanças no estilo de vida e por abordar os fatores intrínsecos da pessoa idosa (Miranda-Duro et al., 2021Miranda-Duro, M. D. C., Nieto-Riveiro, L., Concheiro-Moscoso, P., Groba, B., Pousada, T., Canosa, N., & Pereira, J. (2021). Occupational therapy and the use of technology on older adult fall prevention: a scoping review. International Journal of Environmental Research and Public Health, 18(2), 702.). As intervenções de exercícios integrados ao estilo de vida apresentam resultados em longo prazo e favorecem a atividade física dessa população (Opdenacker et al., 2008Opdenacker, J., Boen, F., Coorevits, N., & Delecluse, C. (2008). Effectiveness of a lifestyle intervention and a structured exercise intervention in older adults. Preventive Medicine, 46(6), 518-524.).

Outra ação do terapeuta ocupacional identificada foi a estratégia de modificação do ambiente doméstico, que envolve adaptações na estrutura física da casa, instalação de equipamentos de assistência, organização na localização de objetos, reposicionamento de móveis, adequação dos ambientes internos e prescrição de dispositivos assistivos. Essas são estratégias compensatórias usadas pelo terapeuta ocupacional na melhoria do desempenho ocupacional das pessoas idosas (Stark et al., 2017aStark, S., Keglovits, M., Arbesman, M., & Lieberman, D. (2017a). Effect of home modification interventions on the participation of community-dwelling adults with health conditions: a systematic review. The American Journal of Occupational Therapy, 71(2), 7102290010p1.). Dessa forma, as intervenções domiciliares incluem a simplificação de tarefas, identificação, remoção, reparação e educação sobre os fatores ambientais (Lim et al., 2020Lim, Y. M., Kim, H., & Cha, Y. J. (2020). Effects of environmental modification on activities of daily living, social participation and quality of life in the older adults: a meta-analysis of randomized controlled trials. Disability and Rehabilitation. Assistive Technology, 15(2), 132-140.).

O terapeuta ocupacional é o profissional capacitado para identificar as barreiras e os facilitadores potenciais na realização das atividades e orientar quanto à adequação ambiental para maximizar a independência, a qualidade de vida e a permanência no local (Lau et al., 2018Lau, G. W. C., Yu, M. L., Brown, T., & Locke, C. (2018). Clients’ perspectives of the effectiveness of home modification recommendations by occupational therapists. Occupational Therapy in Health Care, 32(3), 230-250.). Esses objetivos coadunam com as premissas do “Ageing in Place”, visão que estabelece a capacidade das pessoas idosas viverem em seu próprio domicílio e comunidade com segurança, independência e conforto, independentemente dos fatores extrínsecos e intrínsecos (World Health Organization, 2015World Health Organization - WHO. (2015). Imagine tomorrow: report on the 2nd WHO global forum on innovation for ageing populations. Geneva: WHO. Recuperado em 9 de fevereiro de 2023, de https://apps.who.int/iris/handle/10665/205288
https://apps.who.int/iris/handle/10665/2...
; Vala et al., 2021Vala, J., Borges, G., Martins, M., Xavier, R., & Leão da Costa, M. (2021). Envelhecer em casa: contributos da terapia ocupacional. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, 5(3), 403-422.).

Refletindo sobre a prática, torna-se relevante valorizar o reconhecimento do terapeuta ocupacional como um profissional que realiza avaliações e modificações ambientais eficazes com foco no desempenho ocupacional. Assim, o terapeuta ocupacional deve ser capaz de comunicar o seu papel na equipe, conceitos utilizados e a eficácia de sua intervenção para a prevenção de quedas, compartilhando seus conhecimentos para outros profissionais, colegas, clientes e seus familiares (Pighills et al., 2019Pighills, A., Tynan, A., Furness, L., & Rawle, M. (2019). Occupational therapist led environmental assessment and modification to prevent falls: review of current practice in an Australian rural health service. Australian Occupational Therapy Journal, 66(3), 347-361.).

As recomendações oferecidas pelo terapeuta ocupacional foram individualizadas e baseadas nas habilidades pessoais, nas características ambientais e nos desejos das pessoas idosas, ou seja, todas as soluções são discutidas com o cliente para reduzir os impactos das modificações no seu cotidiano. Em conformidade com Pighills et al. (2019)Pighills, A., Tynan, A., Furness, L., & Rawle, M. (2019). Occupational therapist led environmental assessment and modification to prevent falls: review of current practice in an Australian rural health service. Australian Occupational Therapy Journal, 66(3), 347-361. e Hughes et al. (2023), oHughes, S., Murray, C. M., McMullen-Roach, S., & Berndt, A. (2023). A profile of practice: the occupational therapy process in community aged care in Australia. Australian Occupational Therapy Journal, 70(3), 366-379. terapeuta ocupacional utiliza o modelo centrado na pessoa, uma abordagem que fortalece o empoderamento do cliente e de sua família, os quais exercem o controle e escolha sobre suas necessidades, ou seja, há uma tomada de decisão compartilhada entre profissional e cliente.

O processo de manutenção da segurança e prevenção de quedas envolve também as ações educativas, que incluem esclarecimentos sobre os perigos presentes no domicílio, o autogerenciamento e os comportamentos de risco na interação com o ambiente. Além disso, incluem o treinamento da pessoa idosa e seus cuidadores sobre o uso com segurança das adaptações ambientais para o restabelecimento dos hábitos e rotinas (Stark et al., 2017aStark, S., Keglovits, M., Arbesman, M., & Lieberman, D. (2017a). Effect of home modification interventions on the participation of community-dwelling adults with health conditions: a systematic review. The American Journal of Occupational Therapy, 71(2), 7102290010p1.). A educação em saúde é uma das principais práticas de prevenção de quedas (Brito et al., 2017Brito, P. K. H., Silva, F. C. V., Leandro, G. B., Amorim, J. K. D., & Freitas, F. F. Q. (2017). Educação em saúde e aplicação de instrumentos para avaliação do risco de quedas em idosos. In Anais do V Congresso Internacional de Envelhecimento Humano. Campina Grande: Realize Editora.) e uma forma de comunicação que transmite orientações de maneira concisa (Castro et al., 2020Castro, C. P. F., Arantes, P. M. M., & Souza, L. A. P. (2020). Uso de um aplicativo para a educação de idosos quanto à prevenção de quedas no domicílio. Revista Saúde Digital e Tecnologias Educacionais, 5(2), 175-188.).

O fornecimento de tecnologias e equipamentos assistivos, como os sistemas de controle do ambiente e tecnologias inteligentes, facilitam o uso dos ambientes da residência e a avaliação da terapia ocupacional. Compreende-se que as tecnologias são eficazes, personalizáveis e centradas na pessoa idosa, o que evidencia a necessidade da promoção das capacidades dos usuários para sua utilização. Sendo assim, o uso de recursos tecnológicos permite à pessoa idosa se envolver nas atividades de maneira funcional com segurança, independência e autonomia, contribuindo para a manutenção de funções motoras e cognitivas, interação social e de qualidade de vida (Martinez & Emmel, 2013Martinez, L. B. A., & Emmel, M. L. G. (2013). Elaboração de um roteiro para avaliação do ambiente e do mobiliário no domicílio de idosos. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 24(1), 18-27.).

As tecnologias assistivas integradas às abordagens de redução de quedas podem incluir monitoramento da saúde, sensores eletrônicos, equipamentos detectores de quedas, alerta próximo à cama, tapetes de pressão e alarmes de fumaça ou calor (Miranda-Duro et al., 2021Miranda-Duro, M. D. C., Nieto-Riveiro, L., Concheiro-Moscoso, P., Groba, B., Pousada, T., Canosa, N., & Pereira, J. (2021). Occupational therapy and the use of technology on older adult fall prevention: a scoping review. International Journal of Environmental Research and Public Health, 18(2), 702.). O uso da casa inteligente, por exemplo, favorece a proteção e segurança, principalmente relacionada às quedas (Pietrzak et al., 2014Pietrzak, E., Cotea, C., & Pullman, S. (2014). Does smart home technology prevent falls in community-dwelling older adults: a literature review. Informatics in Primary Care, 21(3), 105-112.).

Os aplicativos de mensuração 3D são precisos, eficientes, consistentes e interativos para a avaliação do ambiente e da pessoa. Ninnis et al. (2018)Ninnis, K., Van Den Berg, M., Lannin, N. A., George, S., & Laver, K. (2018). Information and communication technology use within occupational therapy home assessments: a scoping review. British Journal of Occupational Therapy, 82(3), 141-152. aferiram o uso das tecnologias de informação e comunicação nas avaliações domiciliares desenvolvidas pelo terapeuta ocupacional e perceberam que este uso tem potencial para aperfeiçoar o serviço pela sua usabilidade, facilidade e custo-benefício. No entanto, são pouco exploradas na prática clínica, pois podem apresentar problemas de desatualização, ser inadequadas para populações específicas ou podem prejudicar o papel do terapeuta ocupacional, pois os profissionais são mais sensíveis ao identificar as barreiras impostas pelo ambiente.

Os programas de remoção de barreiras no domicílio e de prevenção de quedas apresentados nos estudos analisados são intervenções utilizadas por terapeutas ocupacionais e estruturados com componente único ou multicomponentes. O programa HARP se caracteriza como uma intervenção de componente único e apresentou resultados favoráveis ao articular avaliações e modificações ambientais. Na literatura, não foi encontrado um consenso sobre os benefícios das intervenções de componente único. Elliott & Leland (2018)Elliott, S., & Leland, N. E. (2018). Occupational therapy fall prevention interventions for community-dwelling older adults: a systematic review. The American Journal of Occupational Therapy, 72(4), 7204190040p1. apontaram resultados mistos sobre a efetividade e reforçaram a necessidade de mais estudos sobre esse modelo de intervenção. Em contraposição, Stark et al. (2017a)Stark, S., Keglovits, M., Arbesman, M., & Lieberman, D. (2017a). Effect of home modification interventions on the participation of community-dwelling adults with health conditions: a systematic review. The American Journal of Occupational Therapy, 71(2), 7102290010p1. identificaram fortes evidências de eficácia das intervenções de componente único.

Os programas LIVE LiFE e Fit-at-Home são baseados em intervenção multicomponente aplicada pelo terapeuta ocupacional. Esses estudos se propuseram a avaliar a confiabilidade e a validade científica de um método estruturado para a prevenção de quedas. Estudos anteriores verificaram que programas de prevenção de quedas multicomponentes, centrados na pessoa e no contexto domiciliar, foram efetivos para melhorar o desempenho ocupacional e para reduzir o número de quedas, principalmente associados a uma abordagem multiprofissional (Clemson et al., 2012Clemson, L., Singh, M. A. F., Bundy, A., Cumming, R. G., Manollaras, K., O’Loughlin, P., & Black, D. (2012). Integration of balance and strength training into daily life activity to reduce rate of falls in older people (the LiFE study): randomised parallel trial. BMJ, 345(1), e4547.; Szanton et al., 2014Szanton, S. L., Wolff, J. W., Leff, B., Thorpe, R. J., Tanner, E. K., Boyd, C., Xue, Q., Guralnik, J., Bishai, D., & Gitlin, L. N. (2014). CAPABLE trial: a randomized controlled trial of nurse, occupational therapist and handyman to reduce disability among older adults: rationale and design. Contemporary Clinical Trials, 38(1), 102-112.; Liu et al., 2021Liu, M., Xue, Q. L., Gitlin, L. N., Wolff, J. L., Guralnik, J., Leff, B., & Szanton, S. L. (2021). Disability prevention program improves life-space and falls efficacy: a randomized controlled trial. Journal of the American Geriatrics Society, 69(1), 85-90.). No entanto, não foram encontrados estudos que avaliassem a aplicabilidade, viabilidade e confiabilidade científica desses programas para o contexto brasileiro.

Portanto, é recomendado que, na prática do terapeuta ocupacional, sejam utilizados programas de prevenção de quedas que incluam estratégias multicomponentes e centradas na pessoa idosa, que envolvam exercícios funcionais integrados ao estilo de vida, avaliação e remoção dos perigos domésticos e componentes educativos para prevenção de quedas. Um programa de intervenção domiciliar deve incluir a verificação, remoção e redução das barreiras ambientais para ser efetivo na segurança domiciliar e na redução da quantidade de quedas no domicílio (Elliott & Leland, 2018Elliott, S., & Leland, N. E. (2018). Occupational therapy fall prevention interventions for community-dwelling older adults: a systematic review. The American Journal of Occupational Therapy, 72(4), 7204190040p1.; Stark et al., 2017aStark, S., Keglovits, M., Arbesman, M., & Lieberman, D. (2017a). Effect of home modification interventions on the participation of community-dwelling adults with health conditions: a systematic review. The American Journal of Occupational Therapy, 71(2), 7102290010p1.; Leland et al., 2022Leland, N. E., Lekovitch, C., Martínez, J., Rouch, S., Harding, P., & Wong, C. (2022). Optimizing post-acute care patient safety: a scoping review of multifactorial fall prevention interventions for older adults. Journal of Applied Gerontology, 41(10), 2187-2196.).

De modo geral, verificou-se a necessidade de aprofundamento sobre o método de intervenção das ações relacionadas ao treinamento funcional integrado às AVD, das orientações quanto ao cuidado pessoal e com o ambiente, da participação do paciente e do familiar/cuidador no processo de intervenção, das ações educativas com foco na prevenção de quedas e definição das intervenções de componente único e multicomponentes, garantindo uma compreensão mais precisa das estratégias utilizadas e dos resultados obtidos.

Por fim, neste estudo, objetivou-se identificar o repertório nacional e internacional de ações do terapeuta ocupacional para prevenção de quedas no domicílio, atualizando as evidências científicas para o contexto nacional sobre o tema e aumentando a qualidade da intervenção na assistência domiciliar. Além disso, elucidou-se a necessidade de novas pesquisas sobre a temática voltada para o contexto brasileiro e para o desenvolvimento de programas compatíveis com as especificidades da cultura nacional.

Conclusão

O domicílio é o local mais propenso para a ocorrência de quedas em pessoas idosas. A prevenção de quedas é um desafio significativo para profissionais de saúde e, nesse contexto, o terapeuta ocupacional desempenha um papel fundamental.

A intervenção do terapeuta ocupacional inclui aspectos relacionados à pessoa idosa, ao ambiente e à ocupação, favorecendo a adesão de soluções para prevenir quedas no domicílio, de forma a favorecer seu protagonismo, independência, autonomia, desempenho ocupacional, interação e participação social.

Os resultados descritos neste trabalho demonstraram que, no Brasil, as publicações sobre a temática ainda são incipientes. Sendo assim, é essencial potencializar as publicações científicas nacionais para promover e firmar o campo de atuação da profissão na atenção e prevenção de quedas de pessoas idosas no domicílio.

Assim, recomenda-se a realização de pesquisas adicionais com amostras mais diversificadas e representativas, incluindo diferentes faixas etárias, culturas e condições de saúde.

  • Como citar: Schuartz, P., Ferreira, A. L. A., Bernardo, L. D., Raymundo, T. M., & Palm, R. C. M. (2023). Ações de terapeutas ocupacionais na prevenção de quedas da pessoa idosa no domicílio: revisão integrativa da literatura (2017-2022). Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 31, e3526. https://doi.org/10.1590/2526-8910.ctoAR270335261

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Editado por

Editora de seção

Profa. Dra. Marcia Maria Pires Camargo Novelli

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    09 Fev 2023
  • Revisado
    13 Jun 2023
  • Revisado
    25 Ago 2023
  • Revisado
    11 Set 2023
  • Aceito
    10 Out 2023
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