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Rumo a “transição”: pistas biográficas sobre trânsito de gênero, mal-estar e serviços de saúde no Chile

Resumo

Analisamos como as interações entre a população trans e o sistema de saúde chileno conformam processos específicos de mal-estar associados à transição de gênero (“tránsito de género”). Adotando abordagens conceituais psicanalíticas e transfeministas, bem como uma metodologia biográfica, examinamos narrativas autobiográficas de três sujeitos trans. Discutimos três tópicos: a infância como um período crítico para a transição e mal-estar de gênero; o papel das instituições; e as maneiras pelas quais os sujeitos lidam com o mal-estar. Argumentamos que sujeitos trans enfrentam condições socioculturais específicas que levam a processos únicos de mal-estar associados à transição de gênero. Mostramos como a politização e a construção de um arcabouço institucional, as modificações estéticas corporais e a autogestão do saber médico surgem como alguns dos caminhos para navegar o processo de transição de gênero. Além disso, colocamos em primeiro plano a noção de “transição” (“transicionar”) considerando as críticas expressas pelos participantes. Ao utilizar essa noção, interrogam a rigidez e a psicopatologização da identidade que está implicitamente presente na noção de transição de gênero, bem como enriquecem o discurso transfeminista em favor de sua agência/autonomia.

Palavras-chave:
Sistema de Saúde; Saúde mental; Transgênero; Sofrimento psíquico; Narrativas de vida

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