Duração do trabalho remoto e diagnóstico positivo de COVID-19: análises dos dados da PNAD COVID19

Santos, Marília Neves; Meira, Camila Abadia Rodrigues; Conde, Wolney Lisboa; Rinaldi, Ana Elisa Madalena

doi:10.1590/1413-81232023289.15162022

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Sumário

TEMAS LIVRES • Ciênc. saúde coletiva 28 (09) • Set 2023 • https://doi.org/10.1590/1413-81232023289.15162022 copiar

Duração do trabalho remoto e diagnóstico positivo de COVID-19: análises dos dados da PNAD COVID19

Duration of remote work and a positive diagnosis of COVID-19: an analysis of PNAD COVID19 data

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Nosso objetivo foi analisar a associação entre a duração do trabalho remoto e o diagnóstico positivo da COVID-19 entre pessoas ocupadas no Brasil. Foram utilizados dados da PNAD COVID19 (2020). As variáveis sobre a situação do trabalho descritas foram: afastamento do trabalho em função do distanciamento físico, segmento de trabalho (setor de trabalho e formalidade: privado formal/informal, militar, servidor público estatutário, setor público CLT/informal, empregador, conta-própria/trabalhador não remunerado) e duração do trabalho remoto (sem trabalho remoto, 1-2 meses, 3-4 meses, 5-7 meses). Associação entre duração do trabalho remoto (exposição) e diagnóstico positivo para COVID-19 (desfecho) foi estimada por regressão de Cox, com ajuste para variáveis sociodemográficas e segmento de trabalho. O diagnóstico positivo da COVID-19 aumentou de 2,1% para 4,8% entre julho e novembro, e a frequência de trabalho remoto reduziu de 11,6% para 9,5% entre maio e novembro. O risco de diagnóstico positivo da COVID-19 foi menor para pessoas que trabalharam remotamente por 3-4 meses (RR=0,79; IC95%=0,67;0,92) e 5 meses (RR=0,57; IC95%=0,48;0,67) comparadas àquelas que não trabalharam remotamente. Houve discreta redução do percentual de trabalhadores em trabalho remoto e sua maior extensão reduziu o risco de diagnóstico positivo para COVID-19.

Palavras-chave:
COVID-19; Teletrabalho; Brasil

Variáveis relativas ao trabalho	Meses
	Maio (n=134.207)	Junho (n=143.842)	Julho (n=140.666)	Agosto (n=141.980)	Setembro (n=143.284)	Outubro (n=142.450)	Novembro (n=143.586)
	Frequência (%) (IC95%)
Pessoas afastadas em função do isolamento social (sim)	18,5 (18,2;18,9)	14,1 (13,8;14,4)	8,2 (8,0;8,4)	5,0 (4,8;5,1)	3,6 (3,4;3,7)	2,7 (2,6;2,9)	2,4 (2,3;2,6)
Pessoas em trabalho remoto (sim)	11,6 (11,2;12,0)	11,6 (11,2;12,0)	11,4 (11,0;11,8)	11,2 (10,8;11,6)	10,7 (10,3;11,1)	9,9 (9,6;10,3)	9,5 (9,2;9,9)
Diagnóstico positivo de COVID-19	*	*	2,1 (1,9;2,2)	2,9 (2,8;3,1)	3,7 (3,5;3,9)	4,2 (4,1;4,4)	4,8 (4,6;5,0)

		Não	Duração do trabalho remoto
		Não	1-2 meses	3-4 meses	5-7 meses
		Frequência (%) (IC95%)
Sexo
	Masculino	87,9 (87,4;88,4)	4,2 (4,0;4,4)	2,4 (2,2;2,5)	5,6 (5,2;6,0)
	Feminino	78,5 (77,9;79,0)	6,5 (6,2;6,8)	4,7 (4,4;4,9)	10,4 (9,9;10,8)
Cor
	Branca e amarela	78,7 (77,9;79,4)	6,3 (6,0;6,6)	4,4 (4,1;4,6)	10,6 (10,1;11,2)
	Preta, parda, indígena	89,1 (88,7;89,4)	4,0 (3,8;4,2)	2,3 (2,2;2,5)	4,6 (4,3;4,9)
Faixa etária (anos)
	18 a 29	85,9 (85,3;86,6)	5,1 (4,8;5,4)	3,2 (2,9;3,4)	5,8 (5,4;6,3)
	30 a 39	82,3 (81,5;83,0)	5,6 (5,2;5,9)	3,6 (3,4;3,9)	8,6 (8,1;9,1)
	40 a 49	83,7 (83,0;84,4)	5,0 (4,7;5,3)	3,3 (3,0;3,5)	8,0 (7,5;8,6)
	50 a 59	85,4 (84,7;86,1)	4,4 (4,1;4,7)	3,0 (2,7;3,3)	7,2 (6,7;7,7)
	≥60	82,9 (81,8;84,0)	5,3 (4,8;5,9)	3,5 (3,0;4,0)	8,3 (7,5;9,2)
Escolaridade
	Sem instrução e fundamental	98,7 (98,6;98,9)	0,8 (0,7;1,0)	0,2 (0,16;0,28)	0,2 (0,16;0,27)
	Médio	94,3 (94,0;94,6)	2,8 (2,6;3,0)	1,1 (1,0;1,2)	1,8 (1,6;2,0)
	Superior	60,1 (59,3;60,9)	11,2 (10,8;11,6)	8,4 (8,0;8,8)	20,3 (19,6;21,0)
Segmento do trabalho
	Privado formal	84,8 (84,2;85,5)	4,5 (4,3;4,8)	3,1 (2,9;3,3)	7,5 (7,1;8,1)
	Privado informal	90,7 (90,0;91,4)	3,4 (3,0;3,7)	2,1 (1,9;2,4)	3,8 (3,3;4,4)
	Militar	93,0 (91,1;94,5)	3,6 (2,7;4,8)	2,0 (1,4;3,1)	1,4 (0,8;2,3)
	Servidor público estatutário	55,1 (53,8;56,3)	9,6 (9,0;10,2)	8,6 (8,1;9,2)	26,7 (25,5;27,9)
	Setor público CLT	68,2 (65,9;70,5)	6,7 (5,8;7,6)	5,7 (4,9;6,6)	19,4 (17,5;21,4)
	Setor público informal	67,5 (65,6;69,3)	10,0 (9,0;11,1)	7,0 (6,2;7,9)	15,5 (14,0;17,1)
	Empregador	81,7 (79,8;83,5)	8,5 (7,2;10,0)	3,9 (3,2;4,8)	5,8 (4,9;7,0)
	Conta-própria/trabalhador não remunerado	90,5 (90,0;90,9)	4,6 (4,3;4,8)	2,2 (2,0;2,4)	2,8 (2,5;3,1)

	Variáveis	Modelo bivariável Diagnóstico positivo COVID-19	Modelo Ajustado Diagnóstico positivo COVID-19
	Razão de riscos (IC95%)
Situação trabalho remoto
	Não fez trabalho remoto	1,00 (Ref)	1,00 (Ref)*
	Trabalho remoto durante 1 a 2 meses	1,39 (1,23;1,57)	0,96 (0,84;1,09)
	Trabalho remoto durante 3 a 4 meses	1,27 (1,09;1,47)	0,79 (0,67;0,92)
	Trabalho remoto durante 5 meses	0,99 (0,85;1,15)	0,57 (0,48;0,67)
Sexo
	Homens	1,00 (Ref)	1,00 (Ref)
	Mulheres	1,32 (1,24;1,39)	1,16 (1,09;1,24)
Cor da pele
	Branca e amarela	1,00 (Ref)	1,00 (Ref)
	Preta, parda, indígena	1,06 (1,00;1,12)	1,17 (1,10;1,25)
Faixa etária (anos)
	18 a 29	1,00 (Ref)	1,00 (Ref)*
	30 a 39	1,41 (1,29;1,53)	1,39 (1,27;1,52)
	40 a 49	1,33 (1,22;1,45)	1,40 (1,27;1,53)
	50 a 59	1,13 (1,03;1,24)	1,16 (1,16;1,42)
	≥60	0,90 (0,80;1,02)	1,14 (0,99;1,32)
Escolaridade
	Sem instrução e fundamental	1,00 (Ref)	1,00 (Ref)*
	Médio	1,56 (1,44;1,69)	1,47 (1,35;1,61)
	Superior	2,28 (2,10;2,47)	2,07 (1,88;2,28)
Renda total (log)		0,95 (0,94;0,96)	0,98 (0,97;0,99)
Segmento do trabalho
	Privado formal	1,00 (Ref)	1,00 (Ref)
	Privado informal	0,64 (0,58;0,70)	0,70 (0,63;0,78)
	Militar	2,26 (1,86;2,74)	1,97 (1,60;2,43)
	Servidor público estatutário	1,58 (1,46;1,72)	1,40 (1,27;1,55)
	Setor público CLT	1,80 (1,55;2,08)	1,68 (1,43;1,97)
	Setor público informal	1,80 (1,60;2,02)	1,74 (1,54;1,97)
	Empregador	1,22 (1,05;1,42)	1,14 (0,98;1,34)
	Conta-própria/trabalhador não remunerado	0,59 (0,55;0,64)	0,63 (0,58;0,69)

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[1] Editores-chefes:

Romeu Gomes, Antônio Augusto Moura da Silva