Acessibilidade / Reportar erro

O Dental Press Journal of Orthodontics e o QUALIS

Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei o mundo.

Arquimedes (matemático, físico e astrônomo grego).

Há alguns anos, a área odontológica da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) decidiu pela indução do QUALIS das três revistas científicas da Odontologia nacional, entre as quatro que constavam na base SciELO. Naquele momento, considerando-se os critérios da área, os três principais periódicos brasileiros (BOR, JAOS e BDJ) estariam classificados no estrato B2 e, por meio do mecanismo de indução, foram alavancados para B1. Uma decisão que devemos aplaudir de pé. Por quê?

Quando um periódico assume um estrato mais alto no QUALIS-CAPES, os pesquisadores brasileiros passam a priorizá-lo para a submissão de seus estudos. O efeito é uma cascata: mais artigos, melhor seleção, melhor impacto dos estudos publicados e, consequentemente, melhor fator de impacto do periódico. Concretizou-se o vislumbrado: em 2009, esses três periódicos possuíam um índice de citação por documento em torno de 0,49 a 0,691. SCImago Journal Rank (SJR). Cites per document index - 2009. Available from: http://www.scimagojr.com.
http://www.scimagojr.com...
; após a adoção desse mecanismo, as três revistas dobraram os seus índices de citação. Atualmente, o índice de citação desses periódicos na SCImago 1. SCImago Journal Rank (SJR). Cites per document index - 2009. Available from: http://www.scimagojr.com.
http://www.scimagojr.com...
flutua entre 0,91 e 1,04. Criticada por ter muita produção e pouca citação, a ciência brasileira conseguira desenvolver uma excelente ferramenta para alavancar a citação dos seus próprios periódicos.Eureka! Por que não?

Para dar sequência ao crescimento, em agosto do presente ano, a área odontológica da CAPES aumentou o braço da alavanca e reforçou o ponto de apoio: os três periódicos foram induzidos para o estrato A2. Outra decisão primorosa, pautada no crescimento decorrente da primeira ação e no entendimento da necessidade de lustrarmos as nossas riquezas.

No primeiro momento de indução, a quarta revista brasileira da Odontologia na base SciELO era o Dental Press Journal of Orthodontics (DPJO). Com um índice de impacto bem abaixo das demais revistas nacionais pertencentes à base (em torno de 0,075) e ainda publicada em português, aceitamos que deveríamos crescer mais para sermos contemplados no processo de indução, a despeito da imensa valorização que esse periódico desfruta entre os ortodontistas do Brasil e do mundo.

A partir de 2010, os artigos do DPJO passaram a ser publicados em inglês, e o periódico mudou de nome. Desde então, vínhamos duplicando o nosso índice de impacto, chegando a 0,25 em 2012. Nesse momento, ocorrera uma avalanche de bons artigos. Em 2013, um recuo no crescimento foi necessário, como consequência da decisão de duplicarmos o número de artigos publicados, com o objetivo de dar maior celeridade ao processo de publicação. Em 2014, o índice Cites per doc do DPJO recuperou parte da perda de 2013, e chegou a 0,16. O futuro é promissor para 2015, em consequência do fluxo de publicação ajustado e do cômputo do impacto da recente inserção na base PubMed Central.

A despeito do crescimento da revista nos últimos anos, durante a avaliação recente do QUALIS, a área odontológica manteve a classificação do DPJO no estrato B3. É natural, então, que a Ortodontia nacional questione: Qual a motivação para o DPJO, a despeito do seu crescimento - mesmo sem os benefícios de uma indução -, não ter recebido a indução do seu QUALIS nessa recente avaliação feita pela CAPES?

Um possível argumento é que se trata de uma revista de especialidade. Isso é fato, porém há pormenores. A Ortodontia é a única especialidade da Odontologia brasileira a contar com um periódico indexado pelas principais bases bibliográficas do mundo (SciELO, Scopus, PubMed/Medline e PubMed Central). De acordo com a base SCImago, a Odontologia brasileira, em 2014, foi a segunda maior produção científica do mundo. Os Estados Unidos, maior produtor, possuem uma produção 40% maior que a do nosso país. Na Ortodontia, o retrato é semelhante; porém, a distância é menor: 19%. Se excluíssemos a produção dos pesquisadores brasileiros no DPJO, a nossa produção cairia 40% e a Ortodontia brasileira seria a oitava maior produção, com cerca de metade da produção americana. Assim, o DPJO vem assumindo importância capital na divulgação da ciência ortodôntica nacional.

Ademais, O DPJO, apesar de ser o principal periódico de publicação da Ortodontia brasileira, publica dezenas de artigos de pesquisadores de outras especialidades da Odontologia e de outras áreas como Medicina, Engenharia, Fonoaudiologia, etc. Em 2014, de um total de 97 artigos científicos publicados no DPJO, 86 eram de pesquisadores brasileiros. Desses, quase a metade (40) tinha a participação autoral de pelo menos um professor de outra especialidade. Assim, esses números referem que, apesar de ser uma revista de uma especialidade, o DPJO é bastante receptivo a pesquisas de outras áreas relacionadas à Ortodontia, estampando a inserção da Ortodontia em projetos de pesquisa de caráter multidisciplinar.

Ao analisarmos os artigos publicados nos anos de 2013-2014, base da recente avaliação da CAPES, os dados revelam que alunos ou docentes de 51 diferentes programas de pós-graduação publicaram artigos no DPJO, o que corresponde à maioria (53,6%) dos 97 programas de pós-graduação brasileiros. Esse percentual é equivalente à diversidade relatada nos periódicos que receberam a indução do QUALIS. Dessa forma, a indução do DPJO favoreceria a maioria dos programas nacionais de pós-graduação, não apenas alguns. Destaca-se, portanto, que O DPJO contribui para a manutenção dos professores da Ortodontia e de outras especialidades nos mais diversos programas de pós-graduação. É possível que a sua indução permitisse uma maior participação de professores dessa especialidade nos programas que ainda não a possuem, contribuindo para a diversificação da pós-graduação brasileira e incrementando a necessária multidisciplinaridade da produção científica, tão importante para aumentarmos o impacto da ciência odontológica brasileira.

David Normando

REFERENCES

Disponibilidade de dados

Citações de dados

SCImago Journal Rank (SJR). Cites per document index - 2009. Available from: http://www.scimagojr.com.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Oct 2015
Dental Press International Av. Luís Teixeira Mendes, 2712 , 87015-001 - Maringá - PR, Tel: (55 44) 3033-9818 - Maringá - PR - Brazil
E-mail: artigos@dentalpress.com.br