A morte celular programada (PCD) ou apoptose, um processo ativo de morte celular, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento tecidual normal e na organogênese, assim como na patogênese de diferentes doenças. Embora este processo ocorra em uma gama variada de diferentes células e tecidos, sob a influência dos mais diversos agentes indutores, a resultante morfológica e bioquímica do processo é extremamente monótona, sugerindo que um mecanismo único opere em todas as situações. Era consensualmente aceito que um programa de morte programada não poderia ser vantajoso para organismos unicelulares e que a PCD teria surgido na evolução para servir às necessidades organizacionais dos seres multicelulares. No entanto, a descrição de PCD em três diferentes espécies de tripanosomatídeos patogênicos indica que a origem da PCD é anterior à da multicelularidade. A hipótese colocada neste trabalho é a de que uma população de tripanosomatídeos tem uma organização social e que esta é necessária ao cumprimento das exigências biológicas de um parasita heterôxênico. A proposta inclui possíveis papéis biológicos para a PCD no desenvolvimento do parasita no inseto vetor e/ou no hospedeiro mamífero e sugere abordagens experimentais para se localizar a origem evolutiva da PCD entre os cinetoplastídeos.