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Revisão, análise e classificação da literatura sobre o QFD: tipos de pesquisa, dificuldades de uso e benefícios do método

Literature review, classification, and analysis on QFD: types of research, difficulties of the use, and benefits of the method

Resumos

O objetivo deste trabalho é apresentar uma revisão, análise, classificação e codificação da literatura sobre o QFD. Parte dessa análise é base para o desenvolvimento de um modelo de aplicação do método (QFD) a ser realizado futuramente. As publicações de interesse foram localizadas por meio de consultas nas bases de dados dos periódicos da CAPES, sendo considerados os trabalhos publicados entre 2000 e 2006. As publicações foram classificadas em dois grupos principais: pesquisa conceitual e pesquisa empírica. Utilizou-se o diagrama de afinidades e o diagrama em árvore para organizar os dados da literatura sobre o QFD. As classificações dos artigos e os principais grupos de informações sobre o QFD, organizados pelos diagramas, foram codificados de modo a permitir a visualização de todas as informações de interesse dos artigos. Na classificação das pesquisas, foram encontradas dificuldades na identificação das pesquisas empíricas de "estudo de caso" e "pesquisa-ação", pois, em muitos artigos, havia limitações de informações sobre o método de pesquisa empregado. Os resultados indicam que os trabalhos são publicados de forma dispersa em vários periódicos e que a maioria das publicações estudadas é de cunho teórico-conceitual. Esses trabalhos buscam adaptar o QFD para melhor atender a uma aplicação específica e para aperfeiçoar o método de modo a facilitar a sua aplicação. Sobre os benefícios do uso do método, o que vem se destacando são os benefícios intangíveis relacionados à melhoria do desenvolvimento do projeto de produto. O artigo concluiu que a literatura apresenta diversas dificuldades do uso do QFD, bem como algumas soluções para superar estas dificuldades.

Projeto de produto; QFD; Revisão de literatura; Classificação de literatura; Desdobramento da função qualidade


This paper shows a QFD literature review as well as its classification, codification, and analysis. Part of this study is the basis for the development of a systemic model of QFD application to be used in the future. Scientific publications were obtained from CAPES data base considering studies published from 2000 to 2006. The papers were classified into conceptual research and empirical research. The affinity diagram and the tree diagram were used to organize the QFD literature data. The classification of the papers and the main groups of information about the QFD, organized according to the diagrams, were codified, so the information needed could be found. Some difficulties were encountered when classifying the research such as identifying empirical research, e.g. "case study" or "action research" because, most of the times, there was limited information about the research method employed. The results show that the papers were published scatteredly in several different journals, and that the majority of them have a theoretical/conceptual characteristic. These studies are aimed at adapting QFD to a specific application and to improve the method in order to facilitate its use. The use of this method has provided intangible benefits related to the improvement of the product development project. The article demonstrated that the literature presents many difficulties of using QFD although it presents some solutions to overcome those difficulties.

Product project; QFD; Literature review; Literature classification; Quality function deployment


Revisão, análise e classificação da literatura sobre o QFD – tipos de pesquisa, dificuldades de uso e benefícios do método

Literature review, classification, and analysis on QFD – types of research, difficulties of the use, and benefits of the method

José Antonio Carnevalli; Paulo Augusto Cauchick Miguel

Núcleo de Gestão da Qualidade & Metrologia, Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, Rod. SP 306, Km 1, CEP 13450-000, Santa Bárbara d’ Oeste, SP, e-mails: jcarnevalli@hotmail.com; paulo.miguel@poli.usp.br

RESUMO

O objetivo deste trabalho é apresentar uma revisão, análise, classificação e codificação da literatura sobre o QFD. Parte dessa análise é base para o desenvolvimento de um modelo de aplicação do método (QFD) a ser realizado futuramente. As publicações de interesse foram localizadas por meio de consultas nas bases de dados dos periódicos da CAPES, sendo considerados os trabalhos publicados entre 2000 e 2006. As publicações foram classificadas em dois grupos principais: pesquisa conceitual e pesquisa empírica. Utilizou-se o diagrama de afinidades e o diagrama em árvore para organizar os dados da literatura sobre o QFD. As classificações dos artigos e os principais grupos de informações sobre o QFD, organizados pelos diagramas, foram codificados de modo a permitir a visualização de todas as informações de interesse dos artigos. Na classificação das pesquisas, foram encontradas dificuldades na identificação das pesquisas empíricas de "estudo de caso" e "pesquisa-ação", pois, em muitos artigos, havia limitações de informações sobre o método de pesquisa empregado. Os resultados indicam que os trabalhos são publicados de forma dispersa em vários periódicos e que a maioria das publicações estudadas é de cunho teórico-conceitual. Esses trabalhos buscam adaptar o QFD para melhor atender a uma aplicação específica e para aperfeiçoar o método de modo a facilitar a sua aplicação. Sobre os benefícios do uso do método, o que vem se destacando são os benefícios intangíveis relacionados à melhoria do desenvolvimento do projeto de produto. O artigo concluiu que a literatura apresenta diversas dificuldades do uso do QFD, bem como algumas soluções para superar estas dificuldades.

Palavras-chave: Projeto de produto. QFD. Revisão de literatura. Classificação de literatura. Desdobramento da função qualidade.

ABSTRACT

This paper shows a QFD literature review as well as its classification, codification, and analysis. Part of this study is the basis for the development of a systemic model of QFD application to be used in the future. Scientific publications were obtained from CAPES data base considering studies published from 2000 to 2006. The papers were classified into conceptual research and empirical research. The affinity diagram and the tree diagram were used to organize the QFD literature data. The classification of the papers and the main groups of information about the QFD, organized according to the diagrams, were codified, so the information needed could be found. Some difficulties were encountered when classifying the research such as identifying empirical research, e.g. "case study" or "action research" because, most of the times, there was limited information about the research method employed. The results show that the papers were published scatteredly in several different journals, and that the majority of them have a theoretical/conceptual characteristic. These studies are aimed at adapting QFD to a specific application and to improve the method in order to facilitate its use. The use of this method has provided intangible benefits related to the improvement of the product development project. The article demonstrated that the literature presents many difficulties of using QFD although it presents some solutions to overcome those difficulties.

Keywords: Product project. QFD. Literature review. Literature classification. Quality function deployment.

1 Introdução

O QFD (quality function deployment - desdobramento da função qualidade) é um importante método de desenvolvimento de produto, voltado para a tradução de requisitos dos clientes em atividades de desenvolvimento de produtos e serviços. Entretanto, existem várias dificuldades na sua aplicação, dentre as quais: interpretar a "voz do cliente", definir as correlações entre qualidade exigida e características da qualidade (CHAN; WU, 2005); definir a qualidade projetada devido à ambigüidade da qualidade exigida e características da qualidade (RAMASAMY; SELLADURAI, 2004); dificuldade de se trabalhar em equipe; e falta de conhecimento no uso do método (MARTINS; ASPINWALL, 2001). Essas dificuldades têm desmotivado o seu uso. Por esta razão, é importante realizar estudos que busquem entender o QFD, com que objetivos ele vem sendo aplicado, quais os benefícios que tais aplicações trazem e quais são as dificuldades do seu uso para, futuramente, buscar soluções para facilitar a sua aplicação. Para isto, foi realizada uma revisão da literatura de artigos sobre o método. No presente trabalho, são apresentadas revisão, análise e classificação e codificação dos artigos sobre o QFD publicados nos últimos sete anos. O objetivo é verificar quais as características dos estudos realizados, visando identificar possíveis tendências nos estudos sobre o QFD, identificar as técnicas de coleta de dados utilizados, o apoio recebido pelos pesquisadores, dentre outros aspectos. Também foram analisadas as informações que estes trabalhos trazem sobre o uso do método. Nesse sentido, utilizou-se o diagrama de afinidades e o diagrama em árvore para realizar a análise das informações sobre: definições atribuídas ao QFD, ou seja, como os pesquisadores definem o método; pré-requisitos do método a serem considerados; dificuldades de aplicação pelo não atendimento dos pré-requisitos necessários para a aplicação do método e que devem ser superadas; benefícios de aplicação, que justificam ou não o seu uso; e, finalmente, recomendações para a aplicação do QFD, que sugerem algumas soluções para algumas das dificuldades de uso do método. A seguir, são apresentados os métodos e as técnicas de pesquisa empregados neste trabalho.

2 Métodos adotados na presente pesquisa

Esse trabalho pode ser caracterizado como teórico-conceitual, mais especificamente voltado à busca e revisão da literatura sobre o método QFD. Inicialmente, é importante destacar que para identificar, localizar e adquirir as publicações de interesse, foram consultadas as seguintes bases de dados, disponíveis nos periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior): ACM, ACS, AIP, Balackwell, Cambridge University Pres, Emerald, Gale, HighWire Press, IEEE, Nature, OECD, OVID, Oxford University Press, ProQuest, Sage, SciELO, Science Direct Online e Wilson. A utilização da base de dados disponíveis nos periódicos da CAPES é justificada devido a sua grande abrangência e facilidade de acesso para a maioria dos pesquisadores no Brasil.

Na consulta dos periódicos, buscou-se, como palavra-chave, o termo QFD. Realizou-se a busca nos abstracts e, quando esta primeira opção não estava disponível na base consultada, realizou-se a busca do termo QFD no texto completo. O recorte temporal do estudo considerou artigos publicados entre 2000 e 2006, dos quais foram adquiridos os textos de acesso livre. Neste estudo, utilizou-se um horizonte de análise de 7 anos, devido à existência de artigos relevantes anteriores a 5 anos e para verificar de forma mais abrangente possíveis tendências nos estudos sobre o QFD. Inicialmente, foram identificados 254 trabalhos. Entretanto, verificou-se que 14 apenas citavam o termo QFD e 11 eram sobre quantum flavor dynamics, quotient finite dimensional ou quantum fluid dynamics usando a mesma sigla QFD. Esses artigos foram então desconsiderados.

Para a análise dos dados, foram considerados os artigos em periódicos, por terem sido publicados após seleção e avaliação mais criteriosa que os artigos de congressos e simpósios. Foram desconsideradas as análises de resumos de livros, dissertações e teses, pelo fato da base de dados dos periódicos da CAPES divulgar um número limitado de teses e dissertações, não correspondendo ao grande número de defesas que ocorre anualmente sobre o assunto no País. No final, foram analisados 157 artigos em periódicos.

Para realizar os fichamentos dos artigos, utilizou-se uma adaptação de uma tabela usada no levantamento de Martín et al. (1999). Os artigos foram classificados em dois grupos: "pesquisa conceitual" e "pesquisa empírica". Foram considerados como pesquisa conceitual os artigos que tinham como objetivo desenvolver trabalhos "teórico-conceituais", realizar "revisão de literatura", "simulação" ou "modelagem teórica". Foram considerados como pesquisa empírica os artigos que tinham como objetivo realizar estudos tipo "survey", "estudo de caso", "pesquisa-ação" ou "pesquisa experimental". Também se verificou qual a filiação dos pesquisadores, o número médio de autores por artigo e a presença de suporte financeiro, para se realizar o estudo, com o objetivo de se verificar o apoio dado à pesquisa sobre o QFD.

A abordagem dos trabalhos também foi classificada em "quantitativa" e "qualitativa" segundo Martín et al. (1999). Nos casos das pesquisas empíricas, também foi estudada a abrangência do estudo ("regional", "nacional" ou "internacional"); unidade de análise ("pessoas", "grupos", "unidade organizacional", "empresas"); método de coleta de dados ("documentação direta": "questionário", "entrevistas"; "documentos indiretos": "análise documental", "dados públicos", "dados da imprensa", "bibliográfico"), período analisado somente para estudos de casos conforme Voss et al. (2002) ("retrospectiva", "atual", "longitudinal"). Nas pesquisas conceituais, também foi estudado o método de coleta indireta de dados utilizados ("dados públicos", "dados da imprensa", "bibliográfico"). A classificação dos artigos foi codificada conforme apresentado na Tabela 1, mostrada no Anexo I, para facilitar a visualização dos resultados.

Utilizou-se o diagrama de afinidades e o diagrama em árvore para organizar e agrupar os dados de interesse dos artigos de forma hierárquica, classificando-os de acordo com: o escopo da pesquisa; definições do QFD; dificuldades de aplicação; dificuldade por não atender a pré-requisitos do método; benefícios de uso; pré-requisitos para o uso do método; e, finalmente, recomendações para a aplicação do QFD. O diagrama de afinidades é um método desenvolvido para organizar dados por afinidade, sendo também conhecido como método Kj de agrupamento (MIZUNO, 1993). Ainda segundo o autor anterior, o diagrama sistemático (também conhecido como diagrama em árvore) organiza os dados na forma de uma árvore e é utilizado para detalhar tarefas e caminhos para atingir os objetivos. No presente trabalho, foi utilizado o diagrama em árvore para organizar os dados já agrupados pelo diagrama de afinidades de forma hierarquizada.

Para permitir a visualização de todas as informações analisadas por artigo estudado, os resultados gerais dos dois diagramas, ou seja, só os principais grupos criados pelos diagramas, também foram codificados conforme mostram as Tabelas de 1 a 7 do Anexo I.

A seguir, são apresentados os principais resultados do trabalho, sendo que, no Anexo II, é apresentado um detalhamento dos 157 artigos estudados codificados conforme as Tabelas de 1 a 7.

3 Resultado da classificação dos artigos estudados

Com a conclusão da busca bibliográfica, segundo os critérios de busca previamente descritos, foram identificados 157 artigos sobre o QFD, distribuídos em 74 diferentes periódicos referentes ao período de 2000 a 2006. Verificou-se que, em mais de 70% dos casos, os periódicos apresentavam apenas um artigo sobre o QFD durante os sete anos analisados, mostrando que são raras as publicações sobre o assunto em periódicos, exceto algumas fontes tais como o periódico International Journal of Production Economics que teve oito artigos publicados entre 2000 e 2006 (5,1% do total) e o periódico International Journal of Quality & Reability Management com 33 publicações entre 2001 e 2006 (mais de 21% do total). A Tabela 1 apresenta os treze periódicos que mais publicaram artigos do QFD no período estudado. Dentre eles, destaca-se a Gestão & Produção como uma das fontes de publicação.

A Figura 1 apresenta o número em porcentagem de publicações por ano. Verifica-se que existe uma certa flutuação no número de artigos, existindo uma queda em 2001 e 2004 com recuperação nos anos de 2003, 2005 e 2006. Uma hipótese, ainda sem comprovação, seria a coincidência de que a maioria das pesquisas estaria em etapas iniciais de desenvolvimento entre os anos de 2001, 2002 e 2004, sem resultados relevantes para a sua publicação, os quais só estariam disponíveis em 2003, 2005 e 2006.


Como citado anteriormente, os trabalhos foram classificados em "pesquisa conceitual" ou "pesquisa empírica", sendo que o primeiro tipo prevalece com 67,5% dos casos, indicando um esforço de vários pesquisadores na busca de adaptar o QFD para melhor atender a uma aplicação específica e, em alguns casos, para melhorar o método de modo a facilitar a sua aplicação.

A Figura 2 classifica mais detalhadamente as pesquisas realizadas nos seguintes grupos: "modelagem"; "teórico-conceitual"; "revisão de literatura"; "simulação"; "survey"; "estudo de caso"; "pesquisa–ação"; e "experimental", sendo que os valores apresentados nas colunas se referem às porcentagens em relação ao total de pesquisa pelo tipo de estudos realizados no período de sete anos. Verifica-se na Figura 2 que a pesquisa "teórico-conceitual" foi a mais realizada no período estudado e, em segundo lugar, se destacam as pesquisas de "estudo de caso" e "pesquisa–ação". Ainda sobre a Figura 2, não foram encontradas pesquisas sobre o QFD classificadas como "modelagem" ou "experimental". Algumas pesquisas de foco "teórico-conceitual" também foram classificadas como "estudo de caso" por realizarem testes no uso do método em aplicações reais, dentre as quais: Nibbelke et al. (2001), Masui et al. (2003), Yan et al. (2005), Bevilacqua et al. (2006), para citar algumas. Entretanto, por terem o foco do texto predominantemente voltado para o desenvolvimento do método (QFD) na classificação usada ("pesquisa conceitual" ou "pesquisa empírica") foram consideradas como "pesquisa conceitual".


Em relação ao número de pesquisadores por artigos, tem se verificado que, em média, existem dois autores por artigo (média de 2,5), sendo que nos anos de 2000, 2001, 2004 e 2006 a média chega próximo de três autores, o que indica que os estudos são realizados, na maioria dos casos, em equipes, mesmo que sejam pequenas. Em relação à filiação dos pesquisadores, a grande maioria é acadêmica, como esperado, havendo poucas publicações de pesquisadores da indústria. Isto pode significar que as empresas divulgam pouco os seus estudos, já que apenas pouco mais de 21% dos artigos tem a participação de pesquisadores com vinculação industrial. Também não se tem verificado uma tendência de aumento de publicações desse tipo de filiação (industrial) variando de ano a ano, apresentando uma pequena tendência de queda nos últimos 3 anos. Isso pode indicar uma redução no número de estudos deste tipo na indústria ou uma redução do interesse da empresa em divulgar tais aplicações. Outra característica importante é o perfil dos veículos de divulgação que são, especialmente, acadêmicos. Sobre o apoio financeiro para as pesquisas, somente pouco mais de 20% dos estudos indicaram algum tipo de apoio. Deste modo, aparentemente, a maioria das pesquisas são realizadas com recursos próprios, seja das empresas que realizam a pesquisa ou recursos já disponíveis nas universidades, não existindo, nos casos observados, um financiamento específico para a pesquisa, com base na descrição dos artigos. Verificou-se que 28% dos estudos que receberam apoio financeiro eram de Hong Kong, o que pode indicar um maior interesse desta região em desenvolver estudos relacionados ao método.

A Figura 3 apresenta a classificação dos trabalhos em relação às abordagens: "quantitativa" e "qualitativa", sendo que os valores das colunas indicam a porcentagem de ocorrência destas abordagens pelo total de abordagens "quantitativa" e "qualitativa" no período de sete anos. Verificou-se que, com exceção do ano de 2000 e 2003, a abordagem "quantitativa" (quase 51% dos casos) tem sido mais realizada que as "qualitativas" (pouco mais de 49% dos casos), isso se deve em alguns casos ao uso crescente de técnicas quantitativas em conjunto com o método QFD como, por exemplo, lógica fuzzy, AHP (analytic hierarchy process), ANP (analytic network process), redes neurais artificiais dentre outras. O uso destas técnicas tem como objetivo, na maioria dos casos, reduzir a subjetividade das análises realizadas na matriz da qualidade, ou seja, melhorar a operação com o QFD. Com exceção de Cristiano et al. (2001b), que realizaram um estudo quantitativo preditivo, os demais trabalhos são de natureza descritiva, o que era esperado, devido ao grande número de trabalhos conceituais e de estudos que descrevem a aplicação do QFD.


Em relação aos 23 trabalhos empíricos que envolvem ambiente de análise "regional"; "nacional" ou "internacional", estes não apresentaram resultados conclusivos variando de ano a ano. Sobre a unidade de análise destas pesquisas ("pessoas"; "grupos"; "unidade organizacional"; "empresas"), a maioria estudou a "unidade organizacional" (uma empresa), com exceção de 2005 em que se destacou o estudo de múltiplas empresas como unidades de análise. Este resultado é devido ao fato de que a maioria das pesquisas empíricas era estudo de caso único ou pesquisa-ação.

Sobre como os dados foram coletados para desenvolver o método QFD e para a realização das pesquisas, seja por "documentação direta" ("questionário"; "entrevistas") ou "documentação indireta" ("análise documental"; "dados públicos"; "imprensa"; "bibliográfica"), verificou-se que o uso de fontes bibliográficas é o mais utilizado (40% dos casos) e, em segundo lugar, destaca-se o uso de "entrevistas" para a coleta de dados (quase 27% dos casos). Considerando apenas os trabalhos empíricos, destaca-se o uso de "questionário" (com mais de 30 dos casos).

As pesquisas classificadas como "estudo de caso" também foram classificadas pelo período analisado. Verificou-se, como esperado, que o estudo tipo "atual" (estudo de casos que acompanha uma aplicação contemporânea de um método) é o mais freqüente com mais de 91% dos casos estudados; seguido de "retrospectiva" (estudos de casos que verificam com dados históricos os fatores de sucesso e fracasso do uso de um método realizado no passado) com 5,4% dos casos. Sobre os estudos de casos "longitudinais" (que analisa a aplicação de métodos ao longo do tempo), foi encontrado apenas um trabalho, sendo que o estudo envolvia a análise de vários métodos de desenvolvimento de produtos além do QFD. Deste modo, verifica-se que existe uma carência de estudos de casos "longitudinais", que são muito importantes para analisar como a maturidade no uso do QFD influencia nos benefícios e nas dificuldades de aplicação do método.

4 Análise dos dados sobre o método QFD

Com o uso do diagrama de afinidades e o diagrama em árvore, foi possível organizar e agrupar de forma hierárquica as informações sobre o escopo das pesquisas, para analisar as definições do QFD, os benefícios, as dificuldades, e as recomendações e pré-requisitos do uso do QFD.

Sobre os objetivos ou escopo das pesquisas estudadas, verificou-se que mais de 53% dos casos são sobre aplicações do QFD, seja para ajudar a desenvolver estratégia (12%); produtos (10%); serviços (14%), dentre outros. Em alguns destes casos, o QFD é adaptado ou aplicado em conjunto com outros métodos para melhor atender a um objetivo específico. Em mais de 46% dos casos, o escopo da pesquisa está relacionado com o estudo sobre o método QFD, sejam pesquisas gerais sobre como o QFD está sendo aplicado no mundo e comparar sua eficiência com outros métodos (7% dos casos) ou estudos para melhorar ou resolver dificuldades do QFD (quase 40% dos casos).

Sobre como os pesquisadores definem o QFD, foram identificadas cerca de 90 definições, sendo que alguns autores apresentam mais de uma definição no corpo do texto dos trabalhos (seja no abstract, introdução ou conclusão), mas de forma complementar. Depois da organização destes dados, verificou-se que em mais de 33% dos casos, estas definições estavam limitadas à descrição da matriz da qualidade ou às atividades e objetivos definidos nesta matriz. A matriz da qualidade é responsável por identificar as necessidades dos clientes, definir as prioridades, traduzir estas necessidades em especificações de projeto e definir os valores destas especificações para satisfazer as necessidades dos clientes. Deste modo, esta matriz é muito importante, sendo a mais utilizada e, na maioria das aplicações, a única realizada (MIGUEL, 2003; MARTINS; ASPINWALL, 2001; CRISTIANO et al., 2000), o que explica ser ela usada para definir o método do QFD. Entretanto, a definição do método enfatizando apenas a relação entre requisitos de clientes e características da qualidade pode estar influenciando os usuários do QFD a não considerarem a elaboração de outras matrizes ao aplicar o método. Em mais de 24% dos casos, a definição do QFD envolve, além da matriz da qualidade outros desdobramentos, como transferir as necessidades dos clientes (QE – qualidade exigida) para as várias etapas de projeto do produto e não somente em especificações de projeto (CQ – características da qualidade). Somente em pouco mais de 13% dos casos, os artigos apresentam uma definição completa do método, que envolve além dos vários desdobramentos realizados nas matrizes do QFD, a definição de procedimento de trabalho a ser realizado durante o desenvolvimento do projeto e fabricação.

Sobre os benefícios da aplicação do QFD, foram identificadas 253 citações que, depois da organização dos dados, foram agrupadas nos seguintes grupos e subgrupos:

Benefícios tangíveis (em pouco mais de 20% do total de citações):

a) benefícios tangíveis referentes à melhoria do projeto (mais de 16% das citações), tais como: "melhoria da confiabilidade" (DEVADASAN et al., 2006); "redução do número de alteração do projeto"; "diminuição do tempo de projeto (RAMASAMY; SELLADURAI, 2004) e de seus custos" (HERRMANN et al., 2006); dentre outros; e

b) benefícios tangíveis fora do projeto (3,6% das citações), tais como: "aumento da receita" (KARSAK et al., 2002); "redução de reclamações" (MARTINS; ASPINWALL, 2001); dentre outros.

Benefícios intangíveis (em quase 80% das citações):

a) benefícios intangíveis referentes à melhoria na condução do projeto (em pouco mais de 72% dos casos), tais como: "ser uma ferramenta flexível" (LOWE; RIDGWAY, 2000a); "traduzir a QE em CQ" (BENNER et al., 2003); "melhorar a comunicação" (DELANO et al., 2000); "auxiliar na tomada de decisão e definir prioridade" (PARTOVI; CORREDOIRA, 2002); "criar equipes multifuncionais" (LEE; KO, 2000); "aumentar e preservar o conhecimento da empresa" (LAGER, 2005); dentre outros; e

b) benefícios intangíveis fora do projeto (em quase 8,0% dos casos), tais como: "aumento da satisfação dos clientes" (KUMAR et al., 2006).

Deste modo, verifica-se que a maioria dos benefícios da aplicação do QFD, apresentados na literatura com base na amostra consultada, são intangíveis e relacionados à melhoria na condução do projeto, de modo que as empresas devem iniciar a aplicação do método considerando este fato, pois os benefícios tangíveis podem ocorrer ou não com a aplicação do QFD.

Sobre os pré-requisitos do QFD, foram identificadas 56 citações sobre o assunto. Destas, 12 consideram a necessidade do apoio da alta administração (mais de 20% dos casos). Depois da organização dos dados pelo diagrama de afinidades e pelo diagrama em árvore, verificou-se que os demais pré-requisitos estão indiretamente ligados ao apoio da alta administração tais como: "fornecer suporte à equipe do QFD" (ERDER; PURER, 2003); "fornecer recursos necessários" (CRISTIANO et al., 2001b); "desenvolver uma equipe capacitada" (KENGPOL, 2004); "realizar o treinamento necessário de todos os envolvidos"; "ter a empresa um certo nível de qualidade: controle de processo e solução de problemas de modo sistemático" (GOVERS, 2001); dentre outros. Deste modo, os pré-requisitos estão relacionados a aspectos externos ao método do QFD, muitos deles comuns nas aplicações de métodos complexos.

Na análise da literatura foram identificadas 56 citações sobre "dificuldades externas ao QFD", relacionadas pelo não atendimento dos pré-requisitos do QFD, mostrando a importância de se atender a estes pré-requisitos. As dificuldades mais citadas foram: "a falta de apoio da alta administração" (GINN; ZAIRI, 2005); "falta de recursos" (KENGPLO, 2004); e "falta de conhecimento sobre o QFD" (MARTINS; ASPINWALL, 2001); dentre outras.

Sobre as dificuldades metodológicas de aplicação do QFD, foram identificadas 113 citações, sendo a mais citada: "dificuldades devido ao grande tamanho das matrizes" (DIKMEN et al., 2005). Com a organização dos dados pelo diagrama de afinidades e pelo diagrama em árvore, verificou-se que as principais dificuldades metodológicas do QFD estão relacionadas às etapas de elaboração da matriz da qualidade (quase 80% das citações) tais como: "interpretar a voz do cliente" (GINN; ZAIRI, 2005); "identificar os requisitos dos clientes mais importantes" (YAN et al., 2005); "realizar tomada de decisão no projeto, por não serem claras as correlações entre os requisitos" (FUNG et al. 2006). Deste modo, verifica-se que reduzir as dificuldades metodológicas da elaboração da matriz da qualidade é um fator-chave para incentivar e ampliar o uso do QFD.

Foram identificadas 194 citações sobre recomendações para auxiliar a aplicação do QFD, além de introduzir métodos e ferramentas para reduzir as dificuldades relacionadas ao seu uso. Realizou-se uma codificação dos principais grupos definidos com o apoio do diagrama de afinidades e do diagrama em árvore. Com esta análise verificou-se que as principais recomendações citadas nos artigos referem-se ao desdobramento da qualidade, e relacionam-se principalmente à construção da matriz da qualidade (mais de 65% dos casos). Em relação às principais dificuldades citadas anteriormente, as recomendações identificadas foram as seguintes:

Para reduzir o tamanho da matriz da qualidade: identificar as principais qualidades exigidas (QEs) e somente estas farão parte da matriz (MARSOT, 2005). Lowe e Ridgway (2000a) chegam a sugerir um número máximo de 8 itens para QEs e para CQs (Características da Qualidade). Entretanto, aqueles autores não analisam se uma matriz da qualidade 8 por 8 seria suficiente para se desenvolver projetos complexos, como muitas vezes o QFD é utilizado. Para ajudar na identificação das QE prioritárias, Chien e Su (2003) utilizam um índice nacional de satisfação dos clientes. Chou (2004) propõe uma outra estratégia para diminuir a matriz: ao invés de reduzir o número de itens na matriz da qualidade, os usuários deveriam dividir o projeto em grupos de subprojetos, de modo a analisar os dados separadamente em várias matrizes pequenas. Entretanto, tal abordagem pode gerar novas dificuldades já que não considera as correlações entre CQs vs. CQs, no caso de se dividir a matriz em subprojetos. Com uma estratégia semelhante, Shin e Kim (2000) apresentam um método de reorganização dos dados da matriz da qualidade em grupos separados utilizando um algoritmo de agrupamento. Do mesmo modo que no caso anterior, tal abordagem pode gerar novas dificuldades a serem consideradas antes da aplicação do QFD. Isto porque, ao desfazer a organização de dados realizada anteriormente na elaboração das tabelas da QE e da CQ com um algoritmo de agrupamento, pode dificultar a verificação de falhas na elaboração destas tabelas (por exemplo, mistura de dados do 2° nível no 3º nível), as quais seriam identificadas durante as correlações.

Em relação à dificuldade gerada por falta de apoio da alta administração, não foi encontrada uma recomendação que diretamente lidasse com o problema, pois esta é uma questão relacionada à conscientização dos usuários e se a alta gerência acredita ou não no método. Entretanto, indiretamente foram identificadas as seguintes recomendações: Cristiano et al. (2001b) comprovam que o apoio da alta administração influencia positivamente na melhoria do processo e nos produtos que estão usando o QFD. Politis (2003) também verificou que o estilo e o tipo de liderança afetam a aplicação do QFD, recomendando um estilo que incentive participação e tomada de decisões, mostrando que além do apoio da administração o tipo de liderança também deve ser considerado.

Sobre a dificuldade de falta de recursos também não existe uma solução direta na literatura estudada, pois ou ela está relacionada à falta de apoio administrativo (já discutido anteriormente) ou à condição financeira da empresa. Para este segundo caso, fica válida a recomendação de Lowe e Ridgway (2000a) de buscar adaptar o QFD à realidade da empresa e aos objetivos do projeto.

Sobre a dificuldade de falta de conhecimento no QFD, três das cinco recomendações identificadas foram: "realizar treinamento prático do QFD", "utilizar o treinamento para reduzir as resistências ao uso do QFD", e "realizar treinamento sobre entendimento das necessidades dos clientes" (GINN; ZAIRI, 2005); nos casos em que as empresas já têm aplicações anteriores do QFD, estas devem ser usadas para o treinamento (CRISTIANO et al., 2001b).

Em relação à dificuldade de "interpretar a voz do cliente", a literatura apresenta várias alternativas para ajudar a resolver esta dificuldade, dentre elas: o uso da lógica fuzzy (SHIPLEY et al., 2004); uso de grupo focal com brainstorming e diagrama de causa e efeito (CHOU, 2004); uso do modelo de Kano (TAN; SHEN, 2000); dentre outras.

Para ajudar na "definição da qualidade projetada" a literatura recomenda: o uso de lógica fuzzy (CHEN; WENG, 2006; CHEN; WENG, 2003) ou o método de Taguchi e Rede Neural (BOUCHEREAU; ROWLANDS, 2000a). Também é recomendado: utilizar o ANP (analytic network process) com o ZOGP (Zero – One Programming) (KARSAK et al., 2002), utilizar o MADM modelo (multi-attribute decision-making) (HAN et al., 2004), usar o QFD em conjunto com DA (decisision analysis) para facilitar na tomada de decisão (DELANO et al., 2000); dentre outros.

Uma tendência que tem aparecido como recomendação nas pesquisas do QFD, a ser verificada e considerada é a utilização da lógica fuzzy, de forma isolada ou com outros métodos e ferramentas, dentro da matriz da qualidade, para definir a QE (qualidade exigida) (SHIPLEY et al., 2004); priorizar ou identificar o grau de importância da QE (BÜYÜKÖZHAN; FEYZIOGLU, 2005); realizar os cálculos desta matriz (CHAN; WU, 2005); ajudar nas correlações (BOUCHEREAU; ROWLANDS, 2000a) e na definição da qualidade projetada (CHEN; WENG, 2003).

Outra tendência identificada é a utilização do método AHP (analytic hierarchy process) com ou sem a lógica fuzzy para ajudar a definir o grau de importância da qualidade exigida (MYINT, 2003) e para ajudar nas correlações entre os dados das matrizes (PARTOVI, 2001; 2006). Na seqüência, são apresentadas uma análise crítica, dificuldades encontradas e as conclusões deste estudo.

5 Análise crítica e dificuldades encontradas no estudo

Com a análise dos 157 artigos sobre o QFD, verificou-se a flexibilidade de aplicação do método, o qual não se limita ao desenvolvimento de produtos, processos e serviços, se mostrando um excelente método de análise e correlação de informações. Por exemplo, o método tem se mostrado útil para desenvolver estratégias em educação (LEE; LO, 2003), ajudar a definir a localização de centros de distribuição de mercadorias (CHUANG, 2002), avaliar e selecionar fornecedores (BEVILACQUA et al., 2006), dentre outras aplicações. Apesar desta flexibilidade de aplicação, a maioria dos estudos tem limitado o uso do QFD à elaboração da matriz da qualidade, o que pode limitar os seus resultados. As adaptações realizadas para atingir um objetivo específico do estudo ou para melhorar o método têm focado principalmente nesta matriz, na qual se encontram as principais dificuldades de elaboração. Entretanto, existem poucos estudos que apresentam recomendações para a melhoria do treinamento do QFD, para orientar na elaboração do modelo conceitual, no desdobramento da confiabilidade, apresentar metodologias para ajudar a resolver gargalos de engenharia ou na avaliação da aplicação do QFD, aspectos que também geram dificuldades no uso do método. A quase inexistência de estudo de caso longitudinal em QFD, durante o período analisado, indica uma importante lacuna na análise do método, pois tal estudo permite verificar como a maturidade no uso do QFD influencia nos seus benefícios e na diminuição ou não das suas dificuldades de utilização. Incentivar estudos de caso longitudinais e que busquem soluções não limitadas apenas à elaboração da matriz da qualidade são fatores importantes para a contínua evolução do QFD.

Em relação à classificação das pesquisas, foram encontradas dificuldades na identificação das pesquisas empíricas tipo "estudo de caso" e "pesquisa-ação", por restrições nas informações sobre os métodos empregados e por alguns destes estudos se caracterizarem por uma classificação diferente da definida pelos autores. Alguns destes artigos são exemplificados a seguir. Leprevost e Mazur (2005) e Gerst (2004) definem suas pesquisas como "estudo de caso", mas como há indicações da participação destes pesquisadores na aplicação estes estudos foram classificados como "pesquisa–ação". No caso de Omachonu e Barach (2005), os pesquisadores não definiram se realizaram um "estudo de caso" ou "pesquisa–ação" e, como o artigo não deixa claro se houve participação dos autores na aplicação, a pesquisa foi classificada como "estudo de caso".

6 Conclusões

A identificação de 157 artigos sobre o QFD distribuídos em 74 diferentes periódicos nas bases de dados do portal da CAPES, indicou a existência de dispersão nas publicações sobre o assunto, pois mais de 54% dos artigos estavam distribuídos em 63 diferentes periódicos. Em muitos desses periódicos, foi identificada apenas uma publicação sobre o QFD durante o período avaliado de 7 anos. Mesmo nos sete periódicos que mais publicaram sobre o QFD, quatro deles têm menos de sete artigos sobre o assunto neste período. Conclui-se então uma certa dispersão no uso do método.

Pode-se concluir, em relação ao tipo de pesquisa realizada, que a maior parte é conceitual e descritiva, utilizando principalmente fonte de dados bibliográficos. O objetivo dos trabalhos, na maioria dos casos, era adaptar o QFD para uma aplicação específica. Também se destacam os estudos que buscavam melhorar o método com a introdução de outras ferramentas e técnicas. Entretanto, na grande parte dos casos, as aplicações são limitadas à matriz da qualidade, o que pode reduzir os resultados do método. Na classificação dos trabalhos, foram encontradas dificuldades na identificação das pesquisas empíricas tipo "estudo de caso" e "pesquisa-ação", pois em muitos artigos havia limitações de informações sobre os métodos adotados e, em alguns casos, havia falhas nas definições feitas pelos autores dos artigos, considerando como "estudo de caso" pesquisas que tinham características de "pesquisa–ação". A carência de estudo de caso longitudinal, indica a quase inexistência de dados atuais de como a maturidade no uso do QFD afeta a sua aplicação, mostrando a necessidade de incentivar tais estudos.

O uso do diagrama de afinidades e do diagrama em árvore se mostrou eficiente para organizar e agrupar as informações de interesse bibliográfico sobre o QFD, a serem consultadas durante o desenvolvimento de um sistema de aplicação do QFD, próxima etapa do presente trabalho. Com estes diagramas, verificou-se que os benefícios intangíveis do QFD relacionados com a melhoria do projeto são os mais citados, provavelmente por serem os mais freqüentes na aplicação. Também foi possível não somente verificar as principais dificuldades de aplicação do QFD, como quais soluções já existem na literatura para resolvê-las. Verifica-se que os estudos estão mais focados em resolver dificuldades na matriz da qualidade, o que era esperado, pois as principais dificuldades estão relacionadas a esta matriz. Entretanto, poucos estudos foram realizados para resolver outros aspectos importantes, os quais também devem ser estudados, como melhorar o treinamento no método. Sobre as definições do QFD, estas estão limitadas, na maioria dos casos, a aspectos da matriz da qualidade, provavelmente por ser a mais importante para o projeto e a mais utilizada, como já apresentado em outros estudos (CRISTIANO et al., 2000; MIGUEL, 2003). Pode-se considerar que esta definição pode estar limitando o uso do QFD apenas em uma matriz. A codificação das classificações das pesquisas e dos principais agrupamentos definidos pelos diagramas permitiu uma rápida visualização de vários aspectos dos artigos estudados, como por exemplo, tipo de estudo e abordagem utilizada, escopo dos artigos, definições do QFD, benefícios e dificuldades identificadas nos estudos sobre o uso do QFD.

Duas tendências identificadas, que serão futuramente avaliadas, são o uso da lógica fuzzy para realizar a maioria das etapas da matriz da qualidade, resolvendo dificuldades de análises e priorização realizadas dentro destas matrizes, e a utilização do método AHP com ou sem a lógica fuzzy para ajudar a definir o grau de importância da qualidade exigida e para ajudar nas correlações entre os dados das matrizes. Entretanto, é necessário verificar se tais aplicações não deixariam o QFD ainda mais complexo, desmotivando mais o seu uso. As próximas etapas do trabalho compreendem o desenvolvimento de um modelo de aplicação do QFD, que considere a redução das dificuldades de uso do QFD.

Recebido em 27/8/2006

Aceito em 15/6/2007

Agradecimentos: Os autores agradecem à CAPES pelo apoio recebido (bolsa de doutorado).

ANEXO I: Tabelas de codificação

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Mar 2008
  • Data do Fascículo
    Dez 2007

Histórico

  • Aceito
    15 Jun 2007
  • Recebido
    27 Ago 2006
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