Resumo
O artigo reconstitui as modalidades através das quais o contributo dos médicos foi decisivo para a estruturação do discurso pedagógico que acompanhou a consolidação da Escola primária, em Portugal, entre os anos 1890 e 1930. Defendo que o discurso médico, através da reivindicação da sua cientificidade acerca da criança, naturalizou o modelo da escola graduada vigente, ocultando a sua natureza socialmente construída. Sem revelar o seu caráter localizado histórica e socialmente, a alteração do modelo da Escola atual está condenada ao insucesso porque não rompe com a racionalidade institucionalizada do ato pedagógico. Procuro abrir pistas para um posterior aprofundamento das possibilidades de reinvenção da organização da Escola, sustentadas por novos pressupostos científicos.
Palavras-chave:
história da educação; discurso pedagógico; médicos; manuais pedagógicos para professores; resistência à mudança