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Recursos e adversidades no ambiente familiar de indivíduos usuários de crack

Recursos y adversidades en el ambiente familiar de usuarios de crack

TESES

Recursos e adversidades no ambiente familiar de indivíduos usuários de crack

Recursos y adversidades en el ambiente familiar de usuarios de crack

Palavras-chave: Drogas ilícitas. Cocaína crack. Relações familiares. Características familiares. Comunidade terapêutica.

Palabras clave: Drogas ilícitas. Cocaína crack. Relaciones familiares. Características familiares. Comunidad terapéutica.

Considerando que as famílias exercem papel fundamental na iniciação e continuidade ao uso de drogas, o objetivo do estudo foi analisar a influência do ambiente familiar para o uso de crack. Pesquisa transversal, de natureza descritiva, com delineamento em uma série de casos, tendo como referencial teórico a Teoria Geral dos Sistemas, particularmente o uso do Genograma para a identificação de aspectos multigeracionais familiares associados ao uso de drogas de abuso.

O estudo foi realizado no município de Maringá-PR, e os casos investigados, independentemente do município de procedência, foram originários de uma Comunidade Terapêutica (CT) da região Noroeste do Paraná. A amostra, constituída por critérios de funcionalidade do uso das drogas, foi de usuários de crack classificados funcionalmente como habituais ou dependentes, do sexo masculino, com idade igual ou superior a 18 anos, em tratamento na CT, e suas respectivas famílias.

Os instrumentos de coleta de dados foram roteiros semiestruturados, incluindo espaço para desenho dos Genogramas, questionário de classificação econômica das famílias, e diário de campo. Foram realizadas entrevistas individuais, com foco nos antecedentes do uso de drogas de abuso e nas relações familiares, com posterior construção do Genograma de duas gerações. Os dados quantitativos foram submetidos à estatística descritiva simples; os dados qualitativos foram analisados por meio da análise de conteúdo temática, e os Genogramas foram analisados em um processo semelhante ao da análise do conteúdo.

A maioria dos usuários tinha idade entre vinte e 39 anos, eram solteiros ou separados/ divorciados, com baixa escolaridade e desempregados. O padrão do uso de drogas caracterizou-se pelo uso múltiplo, com início de drogas lícitas e ilícitas na juventude. A trajetória confirmou uma escalada no uso das substâncias psicoativas, iniciando com o tabaco e/ou álcool e finalizando com o uso de crack. Os informantes familiares foram, em sua maioria, mães, com idade entre 19 e 62 anos, com filhos e baixa escolaridade. A maioria das famílias pertencia à classe econômica C ou B, com religião definida, utilizava o SUS, e apontou o almoço familiar como a atividade recreacional mais realizada.

Os Genogramas analisados apontaram que as configurações familiares apresentaram-se diversificadas, sendo que a maioria das famílias era nuclear ou monoparental, possuía, pelo menos, um relacionamento harmonioso com um membro familiar, e grande parte tinha relacionamentos distantes com tios e avós maternos e/ou paternos, e relacionamentos conflituosos, sobretudo com nora, irmãos, filho, neto, esposo e ex-esposo.

Verificou-se, também, entre as famílias estudadas, a presença de antecedentes do uso de drogas de abuso, especialmente maconha, cocaína e crack. Dentre os fatores determinantes para o uso de drogas, evidenciou-se a deficiência de suporte parental, a cultura familiar do uso de drogas e a presença de conflitos familiares. As famílias estudadas apresentaram vários elementos considerados desfavoráveis, no ambiente familiar, que atuaram como elemento facilitador ao uso de drogas de abuso, e, consequentemente, ao uso de crack. A análise dos Genogramas confirmou a reprodução multigeracional de comportamentos associado ao uso de drogas de abuso, com a influência de aspectos culturais, crenças e valores familiares.

Maycon Rogério Seleghim

Dissertação (Mestrado), 2012

Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Estadual de Maringá.

Com apoio CNPq/Capes/Ministério da Saúde (Edital 41/2010).

mseleghim@usp.br

Recebido em 17/08/12.

Aprovado em 04/09/12.

Texto na íntegra disponível em: http://nou-rau.uem.br/nou-rau/document/?code=vtls000198002

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Maio 2013
  • Data do Fascículo
    Mar 2013
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