O conhecimento jornalístico produz um debate paradoxal: por um lado é a forma mais adequada de conhecer o presente e os fatos distantes tornando-se central nas sociedades modernas; por outro é tido como um conhecimento insuficiente, fragmentado e ideologicamente comprometido sobre realidade social. Neste artigo questionaremos: qual é, afinal, o estatuto do conhecimento jornalístico nas sociedades modernas? Iremos inserir a discussão no contexto da crise das narrativas e da ciência como verdade. Seus efeitos atingem o jornalismo de forma particular e instauram um dilema: se ele não pode legitimar-se em sua cientificidade estaria assim mais próximo do conhecimento do senso comum? Para tanto iremos comparar duas perspectivas teóricas fundadoras sobre o conhecimento noticioso: a do alemão Tobias Peucer, no século 17, e do americano Robert Park, no século 20. Nessa comparação nos interessa observar o que muda, mas especialmente o que permanece nas práticas noticiosas para, enfim, compor um ethos do conhecimento jornalístico.
Conhecimento Jornalístico; Crise dos Metarrelatos; Legitimidade; Tobias Peucer; Robert Park