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DIÁLOGO ENTRECORTADO: MACHADO DE ASSIS, A LÍNGUA E A POESIA HISPANO-AMERICANA

A PERMEATED DIALOGUE: MACHADO DE ASSIS, LANGUAGE AND HISPANIC-AMERICAN POETRY

Resumo

Entre 1863 e 1872, quando tinha uma grande preocupação com a poesia, Machado de Assis tentou aproximar-se dos poetas da América Hispânica, na atividade crítica jornalística. De alguns poetas chegou a receber os livros, mas os que estavam próximos, os diplomatas que viviam no Rio de Janeiro, foram os que receberam mais atenção do crítico. Vivia-se o tempo do Romantismo e apenas um poema foi traduzido pelo jovem Machado. Este artigo se ocupa deste assunto, a partir do conceito de "assincronia complementar", derivado do "anacronismo deliberado", de Borges, e procura examinar o peso que a polêmica entre língua literária americana e língua literária espanhola teve nas ideias estéticas do próprio Machado.

Palavras-chave:
Machado de Assis; Poesia hispano-americana; Tradução; Linguagem e ideias estéticas

Abstract

Between 1863 and 1872, Machado was greatly preoccupied with poetry, and tried to establish relationships with poets from Hispanic America through his work as a critic in the press. He received books directly from some authors, but the poets who were closer, diplomats in Rio de Janeiro, received most of his attention. Romanticism in full-swing, the young Machado translated a few of these poems. This article addresses this subject through the concept of "complementary asynchrony", derived from Borges's idea of "deliberate anachronism," and seeks to examine how the controversy between American and Spanish literary languages came to bear upon Machado's own aesthetic ideas.

Keywords:
Machado de Assis; Hispanic-American Poetry; Translation; Language; Aesthetic Ideas

I

Lê-se no conto "El Congreso", que Jorge Luis Borges publicou em 1975: "Descreo de los métodos del realismo, género artificial si los hay; prefiero revelar, de una buena vez, lo que comprendí gradualmente" (BORGES, 1980______. El Congreso. In: Prosa completa. Barcelona: Bruguera, 1980, tomo II. [Originalmente em El libro de arena, 1975.], p. 473). Quase um século antes, no artigo sobre O primo Basílio, que Machado de Assis publicou em 1878, lê-se o comentário cruelmente irônico de que a poética realista "só chegará à perfeição no dia em que nos disser o número exato de fios de que se compõe um lenço de cambraia ou um esfregão de cozinha" (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] , p. 469). Diante de tais coincidências, e partindo-se da "fórmula" do "anacronismo deliberado", que Borges propôs no seu conto-teoria "Pierre Menard, autor del Quijote", faz-se necessário defender uma assincronia complementar. Para tal, considerar-se-ia os encontros dos escritores mencionados para além do tempo em que cada um viveu, sem que um tenha tido necessariamente a possibilidade de conhecer a obra do outro; em cada tempo e circunstância, fora de qualquer parâmetro de originalidade e, menos ainda, de plágio, cada obra responde aos problemas estéticos do seu tempo.

Essa assincronia complementar, assim entendida, pautaria certo encontro de poéticas que se recusam a conceber a escrita como reflexo do mundo. Um acordo desses, entre dois vizinhos, quase fora do tempo (Borges não havia completado nove anos quando Machado morreu), parte, evidentemente, das oito décadas que Borges teve para conhecer a obra de Machado, bem difundida na Argentina entre 1940 e 1953, quando vários romances da chamada segunda fase de Machado tinham sido traduzidos, assim como alguns contos e, inclusive, uma antologia geral do conto brasileiro, preparada por Marques Rebelo (ROCCA, 2020ROCCA, Pablo. Machado de Assis e seus precursores. Fortuna editorial na América hispánica. Três momentos de 1902 até 1982. ROCHA, João Cezar de Castro; WERKEMA, Andrea (Eds.). Rio de Janeiro: EdUerj, 2020. (No prelo.) ). No entanto, até onde sabemos, Borges nunca falou de Machado e sequer o mencionou nas mil e quinhentas páginas do diário cheio de fofocas e invectivas que seu amigo e discípulo Adolfo Bioy Casares registrou ao longo de décadas de conversas privadas, no qual desfilam centenas de contemporâneos e predecessores (BIOY CASARES, 2007BIOY CASARES, Adolfo. Borges. Buenos Aires: Destino, 2007. Edición de Daniel Martino.). A rara alquimia da obra de Machado finalmente isolava Borges, mas um tanto dramaticamente ele sabia que para ter alguma sobrevida precisava do diálogo dentro e fora das fronteiras do seu vasto país, que ainda estava isolado pelo idioma.

Alguns capítulos da relação de Machado com os hispano-americanos o tiveram como agente ou como paciente. Primeiro, a partir de 1940, por conta da trabalhosa mas constante edição das obras machadianas. Esse processo se iniciou em 1902, em Montevidéu, com a tradução de Memórias póstumas de Brás Cubas, primeira tradução do romance para outra língua, às escondidas do editor Garnier. Essa tradução foi reeditada em fac-símile, em 2009, mais uma vez nessa cidade, com um prólogo que documenta o percurso dos envolvidos no trabalho.

O segundo capítulo é de grande força simbólica, porque tramou o destino dessa relação, ainda que tenha ficado um tanto na sombra, com a participação do fundamental poeta Rubén Darío - mestiço, como Machado, de sangue e de culturas -, ao recriar o escritor fluminense num poema de versos alexandrinos publicado depois da morte de ambos, autor e homenageado, no ano de 1916, que começa com o verso: "Dulce anciano que vi en su Brasil de fuego" (DARÍO, 1967DARÍO, Rubén. A Machado d'Assis. In: Poesías completas. 10 ed. Madrid: Aguilar, 1967. (Edición, introducción y notas de Alfonso Méndez Plancarte. Aumentada con nuevas poesías y otras adiciones por Antonio Oliver Belmás.), p. 1.015).

II

O presente ensaio, que está dedicado ao longo e fecundo trabalho da professora Marta de Senna sobre Machado de Assis, vai se ocupar de um aspecto central e que, até onde sei, não foi observado com calma. Vai-se abordar como, a partir da leitura de dois poetas chilenos da sua época, Machado foi atrás da polêmica sobre a língua literária entre os partidários da submissão à norma espanhola e os americanistas, fossem eles nacionalistas ou cosmopolitas.

Esta é a hipótese: entre 1869 e 1872, a querela sobre o espanhol, tão perto e tão longe do seu Rio de Janeiro, ajuda a amadurecer as ideias de Machado sobre a língua que aperfeiçoa, pouco depois na última parte do seu célebre artigo "Instinto de nacionalidade", intitulada justamente "A língua".

Machado de Assis escreveu sobre poucos poetas hispano-americanos. Apenas dois gozaram de sua indulgência com certa extensão, e isso até 1872, quando ele tinha 33 anos de idade e ainda não havia achado o rumo que mudaria para sempre sua literatura. Depois, suas páginas críticas esqueceram as dos seus vizinhos. Os dois autores dos quais Machado se ocupou foram seus coetâneos: Guillermo Blest Gana (1829-1905) e Guillermo Matta (1829-1899). Na primeira vez que os mencionou, num pequeno artigo d'A Semana Ilustrada, do dia 19 de setembro de 1869, o crítico incluiu Blest Gana e Matta na lista dos "escritores diplomatas". O sintagma exato quiçá deixa sair uma ponta de ironia. Entre eles se achava Ricardo Palma, um dos escritores americanos mais respeitados na segunda metade do século XIX, a quem Machado conheceu bem (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] [1869], p. 367-368).

Com todos eles teve trato pessoal, quando eram representantes dos seus países na Corte. Pode ser que, por meio desses contatos, o ainda jovem escritor brasileiro tenha percebido a possibilidade de obter certo tipo de reconhecimento na vizinhança hispano-americana com a ajuda desses funcionários-poetas. O reconhecimento esteve muito longe do entusiasmo.

Hoje os nomes de Blest Gana e Guillermo Matta habitam o arquivo, as páginas das histórias literárias, estão no duvidoso Parnaso das teses universitárias ou nos artigos acadêmicos... Mas então não eram dois poetas quaisquer. Tinham relevância dentro e fora do Chile, como é possível verificar na crítica da época, nos jornais americanos e até nos espanhóis, conforme veremos.

Nos anos 1840, o Chile foi governado por uma elite que acreditava no futuro letrado. O país se beneficiou das vicissitudes da ditadura de Juan Manuel de Rosas, com a qual teve uma relação tensa. Aproveitou-se também da afluência de exilados argentinos e do concurso de escritores relevantes do Peru (como Palma) ou da Venezuela (como Andrés Bello, que tinha morado muito tempo na Inglaterra). Tal interlocução foi, certamente, enriquecedora para a juventude literária chilena e deve ter mudado o seu ritmo intelectual. Blest Gana e Matta destacaram-se entre esses jovens no seu país e até chegaram a publicar seus poemas em vários periódicos da Espanha. Reconhecidos como dois líricos românticos notáveis, alguns de seus poemas foram considerados antecedentes das rimas de Bécquer, isto é, da poesia que remodelou o diálogo entre os poetas da Península Ibérica com os hispano-americanos (DÍAZ, 1971DÍAZ, José Pedro. Gustavo A. Bécquer. Vida y poesía. 3. ed. corregida y aumentada. Madrid: Gredos , 1971., p. 179 et passim; CARILLA, 1975CARILLA, Emilio. El romanticismo en América. 3. ed. Madrid: Gredos, tomo II, 1975., p. 184).

A rigor, o texto d'A Semana Ilustrada de 1869 está dedicado ao poeta Blest Gana, mas se trata apenas de uma apresentação de três linhas do "atual ministro do Chile nesta Corte e no Rio da Prata", à qual acrescenta a tradução do extenso poema "El primer beso". A composição é qualificada com um adjetivo afiado: "umas das mais mimosas poesias do sr. Blest Gana" (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] , p. 368). Esse adjetivo ("mimosas"), que bem poderia ser irônico, de fato encerra o poema no círculo propriamente sensorial, fora do trabalho da forma ou das maiores especulações sobre as quais não se pronuncia. Machado apenas acrescenta que a tradução pertencia a "um amigo nosso", cujo nome oculta. Tudo indica que estamos ante outra de suas armadilhas e que o tradutor fora ele mesmo. Talvez tenha inventado essa vaga imagem para evitar que fosse assimilado à amostra estética escolhida ou, talvez, para escapar de alguma possível recriminação pelas eleições no traslado do castelhano a sua língua. Ou por simples timidez. Seja como for, Machado (ou seu amigo) fugiu da literalidade ou da gravitação do sentido e obteve em português uma musicalidade maior que a do poema original. Só a comparação da segunda estrofe de um e outro texto basta para demonstrar essa hipótese:

Mi prima era mui bonita: Yo no sé por qué razón, Al recordarlo, palpita Con violencia el corazón. Era, es cierto, tan bonita, Tan gentil, tan seductora, Que al pensar en ello ahora, Algo como una ilusión Aquí en el pecho se ajita, I hasta mi fria razón Me dice: era mui bonita! Minha prima era bonita… E eu não sei por que razão Ao recordá-la, palpita Com violência o coração. Pois se ela era tão bonita, Tão gentil, tão sedutora, Que agora mesmo, inda agora, Uma como que ilusão Dentro em meu peito se agita, E até a fria razão Me diz que era bem bonita.

Respeitando a norma métrica, a ponto de manter a regularidade do ritmo interno e da rima, há dois octossílabos castelhanos, entre coloquiais e explicativos, que no traslado para o português adquirem uma sedução musical mais intensa:

  1. "Era, es cierto, tan bonita,", verso que contém seis grupos silábicos e uma sinalefa, se traduz como "Pois se ela era tão bonita,", sete grupos vocálicos, entre os quais temos duas sinalefas.

  2. "Que al pensar en ello ahora,", oito grupos com duas sinalefas, encontra sua simétrica equivalência em "Que agora mesmo, inda agora,". O verso em português reforça sua sonoridade com a repetição do termo "agora". Assim, apaga "en ello", majestoso sintagma do original. E, ao reiterar "agora", segue a linha de repetição do aumentativo "tan" do original castelhano, que o tradutor também repete com prazer em português. No último verso, o tradutor gera dois hemistíquios para deixar mais leve a dicção e sublinhar o presente ferido pela imagem da jovem evocada. A "massa sonora do poema", como diz a feliz fórmula de Idea Vilariño (VILARIÑO, 2016VILARIÑO, Idea. La masa sonora del poema. Montevideo: Biblioteca Nacional, 2016. (Edición de Ignacio Bajter.)), se radicaliza em português com essa ênfase colocada nos sons vocálicos, com exceção do "u", ausente no original, a fim de não ensombrecer na recitação possível a lembrança da grata imagem da jovem desejada.

III

No primeiro parágrafo de "Ideal do crítico", publicado em 8 de outubro de 1865, Machado de Assis comparou o exercício da crítica com a atividade política e a prática legislativa, em defesa da necessidade de um ofício técnico, que fora além do "simples desejo de falar à multidão" (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] , p. 236). Sete anos depois, em 2 de julho de 1872, num extenso artigo do Jornal do Commercio, no qual revisa a obra poética de Guillermo Matta, destaca o papel devastador da crise política sobre os progressos da letra:

A poesia e a literatura das repúblicas deste continente que falam a língua de Cervantes e Calderón conta já páginas dignas de apreço e credoras de admiração. O idioma gracioso e enérgico que herdaram de seus pais adapta-se maravilhosamente ao sentimento poético dessas regiões. Falta certamente muita coisa, mas não era possível que tudo houvessem alcançado nações recém-nascidas e mal assentes em suas bases políticas. (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] , p. 408)

Machado pisa em território estrangeiro porque lida com assuntos do outro lado das incomensuráveis fronteiras do Brasil, onde falam outra língua (ou escrevem, melhor) os filhos da Espanha, não seus queridos ou rejeitados pais. Por isso, o crítico dosifica os elogios e começa avisando antes sobre uma carência do que sobre eventuais virtudes definitivas, nas que descrê. Machado começa por se confessar "não versado na língua" de Guillermo Matta (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] , p. 416), com o que evita possíveis réplicas. Já na citada nota de 1869, ele havia apontado como centro da questão: mais do que uma deficiência pessoal sua ou de qualquer um no conhecimento de uma ou outra obra, a grande falta estava no constante problema do desconhecimento mútuo das grandes áreas linguísticas e políticas da América. De outro modo, Machado de Assis seguia pensando que o bem-sucedido projeto modernizador isolou os estados nacionais latino-americanos e, em última instância, os religou à matriz europeia, para os reenviar na direção colonial da qual se acreditavam separados para sempre. Sair dessa insuficiência necessária era difícil e sem escapatória imediata, conforme avalia em 1869:

Os poetas da América espanhola são pouco conhecidos entre nós, do mesmo modo que os nossos são pouco conhecidos nas repúblicas do continente. Grande e recíproca vantagem seria, se houvesse relações íntimas entre as duas literaturas. Blest Gana, Matta, Palma, Cortes, Cisneros, apertariam gostosamente as mãos a Alencar, B[ernardo] Guimarães, Macedo, Varela e tantos. (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] [1869], p. 368)

Nessa nota de 1869, Machado afasta qualquer escritor do rio da Prata. De modo mais preciso ainda, ao longo do artigo publicado em julho de 1872, o cronista apresenta um problema de proporções maiores, quando reflete sobre a situação da língua na Espanha e nas antigas colônias. Em 1872, Domingo F. Sarmiento era presidente da República Argentina. Chegou ao cargo depois de Bartolomé Mitre, que acabou seu mandato constitucional em 1868. "[P]arece que a causa pública tem roubado muito talento às tarefas literárias; e sem falar no poeta argentino que há muito empunhava o bastão de primeiro magistrado do seu país" (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] [1872], p. 408). Assim, Machado convoca Mitre, sem nomeá-lo, e o deixa quieto, porque o que realmente lhe importa é a reconexão crítica entre vida política e vida literária com foco no Rio da Prata, onde a resistência à imposição linguística e literária da antiga metrópole tinha sido muito rigorosa desde a Revolução de Maio de 1810. No estilo de sempre, em que parece estar falando de outra coisa, Machado comenta esse núcleo que separa os europeizados e modernos americanos rio-platenses da Espanha tradicional, cujas elites monárquicas e conservadoras se empenhavam em legislar sobre a língua e impor seus modelos ao multiforme conjunto ultramarino:

[...] Os escritores europeus dizem que o idioma castelhano se modificou muito, ou antes que se corrompeu passando ao novo continente.

Nas mesmas repúblicas da América parece que há diferenças notáveis. Dizia-me um escritor do Pacífico que o castelhano que geralmente se escreve na região platina é por extremo corruto; e ali mesmo, há coisa de poucos anos, bradava um jornalista em favor da sua língua, que dizia inçada de escusados lusitanismos, graças à vizinhança do Brasil.

Assim será, não sei. [...] (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] [1872], p. 416)

Ignoro quem foi esse indignado jornalista. Sei, sim, que se cruzando a fronteira para o outro lado do Prata, no Uruguai, por justificadas razões de unidade nacional, a própria reforma escolar se fundou numa dupla certeza. A primeira, a de que era necessário frear o avanço do português na fronteira com Brasil, em defesa da "língua nacional". A segunda, a de que só através da tradução poderia ser superado o atraso a que Espanha continuava reduzindo a América; isto é, que o pequeno país só prosperaria caso submergisse nas águas da cultura moderna. O projeto foi bem-sucedido. Sobre o primeiro ponto, vale citar um trecho de La legislación escolar, o livro fundamental que José Pedro Varela publicou em 1876 e no qual o reformador do ensino uruguaio assinala a relação indissociável entre o fato de que as terras uruguaias estavam caindo em mãos estrangeiras (isto é, brasileiras) e a presença cada vez maior dessa língua estrangeira, que facilitava uma nova modalidade colonial:

Brasil, depois de continuados e pacientes esforços, domina com seus súditos, que são proprietários das terras, quase todo o Norte da República: em toda essa área, até o idioma nacional quase se perdeu já, porque se fala português com mais generalidade. (VARELA, 1964______. Obras pedagógicas. La legislación escolar. Montevideo: Ministerio de Instrucción Pública y Previsión Social, 1964 [1876]. 2 v. Biblioteca Artigas, Colección de Clásicos Uruguayos. (Prólogo de Arturo Ardao.) [1876], p. 149, tradução nossa)

Sobre o segundo ponto, que também havia sido recorrente nos escritos de Sarmiento, durante seu exílio chileno, há uma anotação de Varela, de 1874, que Machado poderia subscrever, até certo ponto, se a tivesse conhecido:

Esta falta de livros em castelhano faz com que todos aqueles que desejam saber alguma coisa [...], fora de Don Quixote ou o que escreveu Calderón, estejam obrigados a estudar algum idioma estrangeiro. Para a comprovação dessa verdade, apelo à experiência própria de cada um. Quantos dos que me leem aprenderam o que sabem [...] puramente em livros espanhóis? Acaso não haverá um em mil [...]. (VARELA, 1964______. Obras pedagógicas. La legislación escolar. Montevideo: Ministerio de Instrucción Pública y Previsión Social, 1964 [1876]. 2 v. Biblioteca Artigas, Colección de Clásicos Uruguayos. (Prólogo de Arturo Ardao.) [1874], p. 42, tradução nossa)

Em síntese, a precedente observação de Machado não pode ser mais oportuna. Mais uma vez, ela prefigura as severas críticas de Borges, como as do seu artigo "Las alarmas del doctor Américo Castro", resenha elegante e feroz do estudo La peculiaridad linguística rioplatense y su sentido histórico, publicado em 1941. Borges vai contra a hipótese de "la corrupción del idioma español en el Plata" (BORGES, 1980______. El Congreso. In: Prosa completa. Barcelona: Bruguera, 1980, tomo II. [Originalmente em El libro de arena, 1975.], p. 155), uma luta dos cosmopolitas americanos contra os hispanistas a outrance que vinham do século XIX.

Machado conheceu muito bem essa querela, como mostra o artigo de 1872, mas não deu projeção às polêmicas e à pertinência dos poemas dos autores rio-platenses, já que só se ocupou brevemente de um livro menor do poeta romântico argentino Carlos Guido y Spano, sobre a invasão dos Estados Unidos ao México, num brevíssimo artigo de 1863 (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] , p. 149). De fato, informa sobre essas posições antípodas e, para atribuir verossimilitude a um tema algo abstrato para um leitor brasileiro, se insere como testemunha indireta da controvérsia. Apresenta-se como personagem de um relato, enquanto ouvinte da posição purista que lhe foi transmitida por um escritor americano. Para contrabalançar, Machado fecha sua informação com a frase "[a]ssim será, não sei", sentença que valida e deslegitima as duas opções. Nesse denso parágrafo, evoca a confusa imagem de um "escritor do Pacífico", personagem que lhe permite mostrar a face admiradora da Espanha. Para fingir indiferença com as duas cartas vistas, o escritor brasileiro expõe a dicotomia entre a pureza e a corrupção de uma língua. Entre os poetas que cita, há muitos que nasceram nas repúblicas americanas banhadas pelo Pacífico que poderiam partilhar dessa opinião. Mas há dois que podemos identificar. Primeiro, Guillermo Blest Gana, que dirigiu no Chile uma publicação chamada Revista del Pacífico; segundo, e mais do que ninguém, Ricardo Palma, que poderia reclamar esse espaço pró-hispânico, por sua atitude benévola com a Academia Espanhola, ligado a seu grande prestígio continental. Ricardo Palma, como anotou José Miguel Oviedo, era um casticista "veemente, empenhado na harmônica conjunção dos usos americanos [e] a pauta peninsular" (OVIEDO, 1977OVIEDO, José Miguel. Palma entre ayer y hoy. Prólogo a Cien tradiciones peruanas, Ricardo Palma. Caracas, Biblioteca Ayacucho, 1977, p. ix-xlv. (Prólogo, selección y cronología de José Miguel Oviedo.), p. xxvii, tradução nossa).

Pouco antes do comentário de Machado, em 1870, a Real Academia havia aprovado as bases para instalar academias correspondentes na América. Em 1873, a instituição com sede em Madri divulgou um documento sincero de suas intenções colonialistas. A Academia pretendia "realizar fácilmente lo que para las armas y aun para la misma diplomacia es ya completamente imposible. Va la Academia a reanudar los violentamente rotos vínculos de fraternidad entre americanos y españoles" (apud SÜSELBECK, 2014SÜSELBECK, Kirsten. Las Academias correspondientes de la lengua en la Hispanoamérica del siglo XIX. In: CARRERAS, S.; ZEITER, K. Carrillo (Eds.). Las ciencias en la formación de las naciones americanas. Madrid-Frankfurt: Iberoamericana-Verveut, 2014, p. 271-294., p. 273).

Em 1875, o grande intelectual portenho Juan María Gutiérrez recebeu o convite para integrar-se à Academia. Sua célebre resposta negativa se baseava no fato de que, na sua cidade, ele conhecia muito mais pessoas familiarizadas com as bibliotecas francesa, italiana e até alemã, do que com uma espanhola. Falar para essas pessoas "de pureza y elegancia de la lengua, les tomaría tan de nuevo, como les causaría sorpresa recibir una visita vestida con la capa y el sombrero" (GUTIÉRREZ, 2003GUTIÉRREZ, Juan María; VILLERGAS, Juan Martínez. Cartas de un porteño. Polémicas en torno al idioma y a la Real Academia Española. Buenos Aires: Taurus, 2003 [1875-1876]. (Prólogo de Jorge Myers.), p. 7-9).

Machado estava atento a esse grande laboratório verbal que era a América de colonização espanhola. Como diz em "Instinto de nacionalidade", sentia-se longe dos que "destroem as leis da sintaxe e a essencial pureza da linguagem" (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] , p. 440). Admitia acompanhar a voz popular, sempre "depurando a linguagem do povo e aperfeiçoando-lhe a razão" (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] , p. 440). Isso explicaria por que na segunda e última época da Revista de Lima, que se publicou em 1873, Ricardo Palma deve ter facilitado a tradução, que não está assinada, de "Instinto de nacionalidade". Lembremos que este texto apareceu em 24 de março de 1873, e na revista peruana saiu menos de seis meses depois, em 1º de setembro do mesmo ano.

Essa política da língua era ótima para a poética de Palma. Até aí, o encontro era possível. Do outro lado, para a geração rio-platense de 1840, antes dos clássicos importam os contemporâneos, sobretudo os franceses. Machado acreditava nos modernos, sentia-se um deles. Até aí vai a possível conexão. Mas a condição moderna podia se construir para ele desde os clássicos. Machado simpatizava com a expressividade popular e normativa de Palma, como se pode verificar em suas crônicas, mas se afastava dela, quando essa literatura se aderia à literatura de costumes. Só "com os haveres" de clássicos e modernos "é que se enriquece o pecúlio comum" (ASSIS, 2013______. Crítica literária e textos diversos. Organização de Sílvia Maria Azevedo, Adriana Dusilek e Daniela Mantarro Callipo. São Paulo: Unesp, 2013. [Artigos citados: "Sobre Carlos Guido y Spano (1º/IX/1863), "Ideal do crítico" (8/X/1865), "Poesia" (19/IX/1869), "Guillermo Matta" (2/VII/1872) e "Instinto de nacionalidade" (24/III/1873), "Literatura realista (Romance do sr. Eça de Queirós)" (30/IV/1878).] [1873], p. 440-441). Em outras palavras, falamos disso que João Cezar de Castro Rocha chamou de "técnica da emulação", que "supõe partir da imitação consciente de um modelo prévio, com o objetivo de acrescentar-lhe dados novos. Desse modo, o resgate deliberadamente anacrônico da técnica da imitatio e da aemulatio transforma a secundidade da condição periférica em fator potencialmente produtivo" (ROCHA, 2013ROCHA, João Cezar de Castro. Machado de Assis: por uma poética da emulação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013., p. 107).

Ninguém no Rio da Prata - Sarmiento, o mais próximo de todos, nem o gauchesco Hilario Ascasubi nem, pouco depois, Lucio V. Mansilla - podia soldar essas duas linhas aparentemente inconciliáveis. Quiçá tenha se aproximado disso na época W.H. Hudson, com os seus contos e romances, com histórias que acontecem no Pampa, mas esse argentino-anglo escreveu sempre em inglês. Seria necessário esperar várias décadas para que Borges convocasse e promovesse essa união dos contrários, para selar finalmente a assincronia complementar entre as duas grandes línguas literárias europeias na América.

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    Revisão da tradução por Débora Restom

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Ago 2020
  • Data do Fascículo
    May-Aug 2020

Histórico

  • Recebido
    07 Fev 2020
  • Aceito
    22 Jun 2020
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