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Editorial

EDITORIAL

O número 11 de Machado de Assis em linha chega ao público com as mesmas características que a vêm consagrando, desde 2008, trazendo para o leitor artigos e ensaios das mais variadas vertentes teóricas e críticas que compõem os estudos machadianos.

Da tradição crítica, há um texto de Helen Caldwell (pioneira dos estudos machadianos no exterior), em tradução de Hélio de Seixas Guimarães, que também faz a apresentação do ensaio, contextualizando-o para o leitor brasileiro. A importância da estudiosa norte-americana é inegável e, em grande medida, seu livro de 1960 sobre Dom Casmurro foi seminal para o estabelecimento da categoria, hoje bastante discutida, do "narrador não confiável" de Machado de Assis.

A destacar também o artigo do nosso ensaísta convidado, professor Alcides Villaça, que gentilmente nos permitiu publicar em Machado de Assis em linha seu texto originalmente estampado em 2009 no número 46 da Luso-Brazilian Review (a cujos editores agradecemos a licença para incluí-lo neste número), ainda inédito no Brasil.

Professora da Universidade de São Paulo, Cilaine Alves Cunha examina os dois triângulos amorosos que se desenham no romance Iaiá Garcia, os quais, justapostos, revelam a intricada relação entre código amoroso e dinâmica social em um meio escravocrata e sexista. Da Uninter, no Paraná, nos chegou o texto do professor Eugênio Vinci de Moraes, em que a intertextualidade, tão amplamente presente na ficção machadiana, é estudada em minúcia no que tange à presença de Dante em "O alienista".

Rodrigo Silva Trindade, mestrando em Literatura Brasileira na USP, elege uma das obras da chamada "primeira fase machadiana" e resgata em romances ingleses do primeiro Oitocentos a tipologia da personagem Mrs. Oswald, a poderosa e ameaçada governanta de A mão e a luva. Luciana Antonini Schoeps, doutoranda na mesma instituição, igualmente trata da interdiscursividade, buscando estabelecer relações entre a biblioteca concreta (ou aquilo que se sabe ter pertencido a ela) e a biblioteca imaginária, infinita e labiríntica de Machado de Assis.

Finalmente, da Universidade de Princeton vem a contribuição da jovem pesquisadora Flora Thomson-DeVeaux, que recém concluiu a graduação em Estudos Portugueses e Espanhóis e que com originalidade e competência se debruça sobre um dos capítulos mais interessantes de Dom Casmurro.

Eduardo de Assis Duarte, da Universidade Federal de Minas Gerais, e José Almino de Alencar, da Fundação Casa de Rui Barbosa, resenham duas obras que tratam da questão racial em Machado de Assis (Quase brancos, quase pretos: representação étnico-racial no conto machadiano, de Selma Vital; e Machado de Assis - multiracial identity and the Brazilian novelist, de G. Reginald Daniel, respectivamente), tópico que, até recentemente, era pouco contemplado na bibliografia machadiana e que agora se impõe não apenas como elemento integrante da obra do autor, mas também como polo de disputa no que diz respeito à sua recepção, permitindo enxergar um Machado de Assis afinado com as discussões atuais sobre raça e cidadania no Brasil.

Boa leitura!

Marta de Senna e Hélio de Seixas Guimarães

Rio de Janeiro / São Paulo, junho de 2013

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jul 2013
  • Data do Fascículo
    Jun 2013
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