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CARPEAUX, LEITOR DE MACHADO

CARPEAUX, READER OF MACHADO

Resumo

Quando partiu rumo ao Brasil, em setembro de 1939, o intelectual austro-brasileiro Otto Maria Carpeaux fez o seu primeiro contato com a literatura brasileira por meio de um texto de Machado de Assis. Com esse primeiro contato, que se deu com uma tradução francesa, Carpeaux percebeu que valeria a pena aprender a língua portuguesa. Desde então, a sua relação com o Bruxo do Cosme Velho - como foi apelidado o autor de Dom Casmurro - e com a cultura brasileira tornou-se cada vez mais profunda. Carpeaux dedicou alguns ensaios à obra de Machado de Assis, entre os quais uma análise original de Memórias póstumas de Brás Cubas e um ensaio que se propunha a rebater as críticas pretensamente marxistas feitas por Octávio Brandão à obra machadiana. Diante desse corpus, este artigo se propõe a analisar os ensaios de Otto Maria Carpeaux dedicados a Machado de Assis, bem como contextualizar a importância do escritor brasileiro para as discussões literárias que se colocavam naquele momento, sobretudo do ponto de vista da análise sociológica.

Palavras-chave:
Machado de Assis; Otto Maria Carpeaux; marxismo; sociologia; Leopardi

Abstract

When he set off for Brazil in September 1939, the Austro-Brazilian intellectual Otto Maria Carpeaux had his first contact with Brazilian literature through a text by Machado de Assis. With this initial contact, which occurred through a French translation, Carpeaux realized that it would be worthwhile to learn the Portuguese language. Since then, his relationship with the "Wizard of Cosme Velho" - the nickname for the author of "Dom Casmurro" - and Brazilian culture became increasingly profound. Carpeaux dedicated several essays to Machado de Assis' work, including an original analysis of "Memórias póstumas de Brás Cubas" and an essay aimed at refuting the supposedly Marxist criticisms made by Octávio Brandão of Machado's work. In light of this body of work, this article aims to analyze Otto Maria Carpeaux's essays dedicated to Machado de Assis, as well as to contextualize the importance of the Brazilian writer for the literary discussions of that time, especially from the perspective of sociological analysis.

Keywords:
Machado de Assis; Otto Maria Carpeaux; marxism; sociology; Leopardi

Onde o diabo joga dama com o destino, estás sempre aí, bruxo alusivo e zombeteiro, que revolves em mim tantos enigmas.

Carlos Drummond de Andrade, "A um bruxo, com amor"

Machado de Assis surge na vida de Otto Maria Carpeaux antes de sua chegada à terra firme brasileira. Conforme narrado no capítulo "Recepção e presença de Otto Maria Carpeaux", há duas versões para esse primeiro contato: na primeira delas, o crítico descobriu o seu nome repentinamente, na Bélgica, em uma antologia de literatura brasileira traduzida para o francês por Victor Orban; a segunda versão, por sua vez, descreve um encontro com o autor de Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) não mais na Europa, mas no navio a caminho do Brasil, sobre o Atlântico, em um exemplar emprestado da biblioteca de bordo. Em todo caso, foi por meio de Machado de Assis que se estabeleceu o primeiro encontro entre o futuro crítico e as letras brasileiras.

Carpeaux jamais se desvinculou de Machado de Assis, pois essa relação não se limitava à dimensão meramente livresca de autor-leitor, havia um elemento a mais, um sentimento de natureza passional. De imediato, porque Machado significou, desde o início, o primeiro vínculo duradouro entre Carpeaux e o Brasil, pois foi por meio da crônica "O velho senado" (1898), lida e relida até que decorasse seu conteúdo, que ele percebeu que estava diante de um grande autor, e disso concluiu que era preciso aprender português (CARPEAUX, 1958CARPEAUX, Otto Maria. Depoimento machadiano. Correio da Manhã, 27 set. 1958, p. 2., p. 2). Machado de Assis, no entanto, não significou somente um ponto de partida ou mesmo uma finalidade nos estudos de Carpeaux com a literatura brasileira e a língua portuguesa: ele foi o meio pelo qual esse vínculo se fortaleceu e se aprofundou em raízes sólidas. Afinal, é o próprio Carpeaux (1958CARPEAUX, Otto Maria. Depoimento machadiano. Correio da Manhã, 27 set. 1958, p. 2., p. 2) quem conta, em seu "Depoimento machadiano", que aprendeu português sem aulas ou auxílio de professores, mas exclusivamente por meio da leitura literária, sobretudo dos textos de Machado, mestre por quem nutria não só uma sincera admiração, mas um forte sentimento de amor:

Nunca tive professor, nem aula. Apesar de meus estudos de música, minha memória é de tipo visual: aprendi o português exclusivamente por via de leitura. Li muito. E li muito Machado de Assis. E até hoje, tantos anos depois, não perdi o hábito de relê-lo. Não só admiro. Cheguei a amá-lo, assim como se ama "o vinho da verdade que embriaga.

A devoção ao maior de nossos escritores impunha a releitura constante de suas obras ao longo dos anos, pois a sensibilidade, tal como na metáfora utilizada por Carpeaux, precisa amadurecer como o "vinho da verdade que embriaga". Somente a releitura constante das obras de Machado permitiriam senti-lo e compreendê-lo efetivamente.

O sentimento de Carpeaux para com Machado era a repetição de uma lição humana fundamental: o romancista, por meio de seus textos, não transmitiu a Carpeaux apenas a sua lingua mater, mas o próprio sentimento do amor pela cidade do Rio de Janeiro. Em outras palavras, Carpeaux (1958CARPEAUX, Otto Maria. Depoimento machadiano. Correio da Manhã, 27 set. 1958, p. 2., p. 2) amava a Machado porque foi Machado quem o ensinou a amar o Rio de Janeiro, em particular, e o Brasil, como um todo, conforme nos relata o crítico:

Sendo eu homem pouco sensível aos esplendores da Natureza, foi nas páginas de Machado de Assis que aprendi a amar o Rio de Janeiro. Não posso passar pela praia de Botafogo sem me lembrar de Brás Cubas que ali achou o dinheiro; nem do conselheiro Aires e da sua profecia: "Vão, um dia, aterrar a Guanabara". E não posso passar perto do São João Batista sem me lembrar daquela misteriosa e consoladora semelhança de todos os cemitérios.

É curioso que Carpeaux tenha destacado o amor pela natureza, pelas paisagens e pelo ambiente urbano carioca como contribuição marcante do autor de Memórias póstumas de Brás Cubas para a formação de sua personalidade, pois um conhecido crítico contemporâneo de Machado de Assis, como Sílvio Romero (1897ROMERO, Sílvio. Machado de Assis: estudo comparativo de litteratura brasileira. Rio de Janeiro: Laemmert & C. Editores, 1897., p. 82), apontava justamente a ausência de natureza brasileira em suas obras como um problema que comprometia a qualidade das narrativas: "Em seus livros de prosa, como nos de versos, falta completamente a paisagem, falham as descrições, as cenas da natureza, tão abundantes em Alencar, e as da história e da vida humana, tão notáveis em Herculano e no próprio Eça de Queiroz".

Outra importante lição aprendida com Machado de Assis, como nos relata Carpeaux, diz respeito ao conhecimento das criaturas humanas. A implacável análise moral e psicológica a que o romancista submeteu o "homo brasiliensis" possibilitou ao crítico conhecer não somente o homem brasileiro, seu compatriota, mas vislumbrar o ser humano de uma maneira geral sob nova perspectiva, afinal foi com ele que Carpeaux (1958CARPEAUX, Otto Maria. Depoimento machadiano. Correio da Manhã, 27 set. 1958, p. 2., p. 2) diz ter descoberto que "as criaturas humanas são mesmo iguais sob todos os céus, em todos os meridianos". Como conclui o crítico, é preciso ler Machado de Assis, primeiramente, para saber como são os brasileiros, e, posteriormente, para saber que são assim mesmo os homens. Nisso repousa a ideia de que Machado foi, ao mesmo tempo, o mais universal e o mais brasileiro de nossos escritores, tese corroborada posteriormente por outros estudiosos da literatura machadiana, como Roberto Schwarz (1987SCHWARZ, Roberto. Que horas são?: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. , p. 169), que passaria a se referir a esse duplo movimento como "a dialética do local e do universal". Assim como a questão da paisagem nacional, também cabe observar que os traços de personalidade das criaturas machadianas, destacados por Carpeaux como fonte de aprendizado a respeito da psique do brasileiro e do homem como um todo, também foram criticados por Sílvio Romero. Para o crítico sergipano, autor de um dos primeiros estudos totalmente dedicados à obra de Machado de Assis,1 1 O livro Machado de Assis: estudo comparativo de literatura brasileira, de Sílvio Romero, foi publicado em 1897. o estilo do ficcionista carioca era notadamente pessoal, de modo que seus personagens não refletiam o brasileiro, mas ele próprio, "fotografia exata do seu espírito, de sua índole psicológica indecisa" (ROMERO, 1897ROMERO, Sílvio. Machado de Assis: estudo comparativo de litteratura brasileira. Rio de Janeiro: Laemmert & C. Editores, 1897., p. 82). Se, em seu "Depoimento machadiano", Carpeaux não poupou elogios ao homem Machado de Assis, Sílvio Romero, em seu livro, não deixou de fazer críticas aos personagens com a finalidade de atingir o escritor.

O convívio com a literatura machadiana deu a Carpeaux uma nova formação e, consequentemente, ajudou a inseri-lo no ambiente intelectual brasileiro. Além do fator emocional, que moldou a sensibilidade e o olhar austro-brasileiro do crítico, a originalidade dos escritos também reconfigurou o seu entendimento do fenômeno literário, conforme descrito em seu depoimento: "Aprendi em Machado que no Brasil existem duas literaturas distintas: uma, de importância como documento histórico; a outra, de importância como contribuição à literatura universal. É um fenômeno que exatamente assim talvez não se encontre em nenhum outro país" (CARPEAUX, 1958CARPEAUX, Otto Maria. Depoimento machadiano. Correio da Manhã, 27 set. 1958, p. 2., p. 2). Portanto, o crítico identifica nas obras de Machado de Assis duas tendências distintas, que também mantêm uma relação dialética entre o local e universal: uma, como contribuição da literatura brasileira para a literatura universal; a outra, como documento histórico da realidade brasileira, ponto sensível entre autores críticos a Machado, como o já citado Sílvio Romero e o marxista Octávio Brandão.

A propósito das críticas de Octávio Brandão à obra de Machado de Assis, o próprio Carpeaux encarregou-se de rebatê-las em um ensaio polêmico intitulado "Em torno de um monumento". Machado, que, segundo Carpeaux, representa para o Brasil aquilo que Shakespeare significa para os ingleses, ou Cervantes para os espanhóis, ou Dante para os italianos, ou Goethe para os alemães, é um assunto inesgotável. Por conta dessa riqueza, as obras do Bruxo do Cosme Velho2 2 Epíteto que se refere a Machado de Assis e que se popularizou por conta do poema "A um bruxo, com amor", de Carlos Drummond de Andrade, no qual há referência ao seu endereço na rua Cosme Velho, localizada no bairro de mesmo nome. já foram estudadas sob as mais diversas óticas, pelos mais distintos métodos e processos de interpretação, entre os quais o método de análise sociológica marxista que se arroga Octávio Brandão. Para deixar claro que as suas críticas ao livro O niilista Machado de Assis (1957) nada têm a ver com o suposto método marxista que o seu autor se propõe a empregar, Carpeaux (1978______. Reflexo e realidade. Rio de Janeiro: Fontana, 1978., p. 221) faz um elogio ao também crítico marxista Astrojildo Pereira, membro-fundador do Partido Comunista Brasileiro: "A um grande intelectual de convicções marxistas, a Astrojildo Pereira, devemos notável ensaio que, interpretando a Obra de Machado como expressão-documento da época do Segundo Reinado, chega a iluminar de maneira original essa expressão, a própria Obra". O ensaio a que Carpeaux se refere tão elogiosamente se chama "Romancista do segundo reinado". Publicado em abril de 1939, certamente foi um dos primeiros textos a analisar a obra de Machado de Assis sob a aplicação do método marxista e a refutar a ideia da indiferença em relação aos assuntos políticos e históricos do Brasil durante a segunda metade do século XIX.

Para afastar ainda mais qualquer suspeita de que as suas interpelações sejam movidas por razões de ordem política, Carpeaux (1978______. Reflexo e realidade. Rio de Janeiro: Fontana, 1978., p. 221) ressalta o seu respeito pessoal por Octávio Brandão e se solidariza de antemão com a sua condição de perseguido político: "O Sr. Octávio Brandão é, por causa de suas convicções políticas, um perseguido. Mesmo os que lhe rejeitam o credo, não podem, em boa consciência, aprovar a perseguição nem, muito menos, simpatizar com os que a perpetram".

Dada essa condição, Carpeaux julga necessário proceder em seu texto com uma maior boa vontade. Portanto, para não cometer qualquer injustiça, ele opta por expor detalhadamente as ideias e sugestões depositadas no livro O niilista Machado de Assis, tanto que todos os trechos comentados são citados rigorosamente entre aspas, com a indicação de suas respectivas páginas. Primeiramente, Carpeaux destaca algumas poucas páginas elogiosas àquilo que aparece como positivo: a descrença religiosa, o liberalismo na mocidade, o estilo sem falsa eloquência, certos elementos de realismo. Se os elogios partem unicamente de uma observação político-ideológica, as críticas também seguem esse critério. Assim como Sílvio Romero, Octávio Brandão mistura o autor e seus personagens ao tecer os seus comentários. Segundo ele, Machado de Assis sacrificou as suas poucas qualidades de escritor por conta do objetivismo apolítico que seria próprio de sua classe, isto é, os problemas presentes em sua obra teriam origem nas oscilações e contradições típicas do homem burguês.

Parte das objeções levantadas por Brandão ecoam as páginas de Sílvio Romero. Para ele, a obra de Machado, além de apolítica, "não tem substância nacional, não é genuinamente brasileira. Não refletem nela a beleza da Natureza brasileira nem o trabalho do homem brasileiro nem as virtudes da mulher brasileira. É um retrógrado. É um niilista" (BRANDÃO apudCARPEAUX, 1978______. Reflexo e realidade. Rio de Janeiro: Fontana, 1978., p. 222).

Para responder a esses apontamentos, Carpeaux armou-se dos próprios teóricos do marxismo a fim de provar que o livro de Brandão não se amparava em seus pressupostos teóricos, mas em equívocos de interpretação. Para se contrapor ao argumento da ausência do trabalhador brasileiro nos textos machadianos e à própria hostilidade de Brandão para com a literatura, Carpeaux (1978______. Reflexo e realidade. Rio de Janeiro: Fontana, 1978., p. 223) argumenta que

Se o marxismo fosse doutrina intrinsecamente hostil à literatura, o próprio Marx não teria sido leitor infatigável de Ésquilo e Shakespeare, Scott e Balzac. Quanto a este último, seu romancista preferido, não se escandalizou, parece, com um fato observado por E. Buttke: (...) na obra de Balzac, épico do capitalismo moderno, está ausente o proletariado.

Ou seja, a crítica supostamente marxista de Octávio Brandão censura a ausência do trabalhador brasileiro na ficção machadiana, ao passo que o próprio Marx não fazia qualquer objeção dessa natureza quanto às obras de Balzac, que não retratavam o proletariado francês. Diante dessa contradição, Carpeaux (1978______. Reflexo e realidade. Rio de Janeiro: Fontana, 1978., p. 223) deixa no ar uma pergunta carregada de ironia ferina e, poderíamos dizer, machadiana: "haveria, porventura, uma ligeira diferença entre o marxismo de Marx e o do Sr. Brandão?".

Para desfazer quaisquer equívocos que porventura ainda existam a respeito do tratamento dispensado pelos marxistas a esses aspectos da literatura, Carpeaux recorre a mais duas obras canônicas do marxismo: a Contribuição à crítica da economia política, do próprio Karl Marx, e A teoria do romance, de György Lukács. Da primeira, ele destaca a afirmação segundo a qual certos períodos do mais alto desenvolvimento da arte não estão necessariamente em relação direta com o desenvolvimento da sociedade e com a sua base material. Da segunda, destaca a distinção segundo a qual a forma de uma obra literária é determinada pela situação social de uma época, o que não significa que essa determinação vá se manifestar também no conteúdo, isto é, a face exterior da forma. Reiterando o exemplo dado por Lukács, Carpeaux (1978______. Reflexo e realidade. Rio de Janeiro: Fontana, 1978., p. 223) explica que a forma principal da época burguesa é o romance, e por isso mesmo Balzac escrevia romances; quanto ao conteúdo, os romances balzaquianos não tratavam do proletariado francês e tampouco escondiam suas ideias políticas reacionárias. Do mesmo modo, sendo Machado de Assis contemporâneo de uma época burguesa, escreveu romances.

Outra contradição explorada por Carpeaux diz respeito à noção de realismo defendida por Octávio Brandão. O marxista reprova a obra de Machado de Assis por ela supostamente reduzir a sociedade a "um balcão onde todas as virtudes eram e são pagas em moeda" (BRANDÃO apudCARPEAUX, 1978______. Reflexo e realidade. Rio de Janeiro: Fontana, 1978., p. 224), isto é, por mostrar que muitos homens vendem a sua consciência e dignidade por alguns vinténs. Diante dessa crítica, Carpeaux (1978______. Reflexo e realidade. Rio de Janeiro: Fontana, 1978., p. 224) argumenta que esse retrato faz jus precisamente ao traço mais característico da sociedade burguesa, de modo que, se Machado o atenuasse, estaria imprimindo a essa sociedade uma virtude e uma beleza de que ela não dispõe. É curioso que justamente um marxista não reconheça nesse retrato uma dura crítica à mercantilização das relações humanas.

A análise demolidora que Carpeaux dispensa ao livro de Octávio Brandão se justifica. Não se trata apenas de uma divergência de interpretações, mas da correção de uma injustiça. A leitura que Brandão propõe confunde o autor com seus personagens e o responsabiliza pelas mazelas sociais que são descritas no enredo de suas obras. Como escreve Carpeaux (1978______. Reflexo e realidade. Rio de Janeiro: Fontana, 1978., p. 224), "Brandão não se esforça para explicar a Obra de Machado pela sociedade em que viveu; esforça-se para responsabilizar o escritor pela sociedade", tanto que o ataca por meio de seus personagens, afinal o livro O niilista Machado de Assis - cujo título, por si mesmo, adjetiva o autor em vez de sua obra - está repleto de insultos contra Brás Cubas, Rubião, Capitu e todos os demais personagens criados por Machado, como se todos eles vivessem na realidade. Tratar ficção por realidade e disso extrair conclusões a respeito de seu autor não constitui, de maneira nenhuma, o exercício da crítica literária, mas um equívoco e um ataque ad hominem.

Carpeaux também trata da questão política na obra de Machado de Assis em um ensaio intitulado "Machado e outros cariocas". Nesse texto, o crítico comenta que, a despeito da suposta ausência de elementos políticos na obra do romancista, há uma confusão entre a absorção do ambiente político nacional pela ficção e a agitação política explícita, ou seja, entre interesse pela vida pública e partidarismo. Segundo ele, a defesa das causas políticas é

[...] profissão do advogado, dever do polemista e direito da juventude e de quem nunca passou a amadurecer. Machado de Assis não defendeu causas; pelo menos deixou de fazê-lo depois de ter amadurecido como escritor. Desde então, limitou-se a focalizar os reflexos da política no comportamento humano (CARPEAUX, 1999______. Ensaios reunidos. Rio de Janeiro: TopBooks, 1999. v. 1., p. 892).

Ao afirmar que o romancista "limitou-se a focalizar os reflexos da política no comportamento humano", Carpeaux aponta como elemento central das obras machadianas o homem, que é retratado em toda a sua complexidade e em sua contradição. O ambiente político que permeia os enredos machadianos atravessa a sociedade em seus elementos mais íntimos, no egoísmo e nas paixões. Como exemplo de romance essencialmente político, Carpeaux cita Esaú e Jacó (1904), que constrói um símbolo da velha máxima segundo a qual "nada é mais parecido com um liberal do que um conservador, e vice-versa", pois o leitmotiv dessa obra gira em torno de uma moça que não consegue se decidir entre dois irmãos que a amam: um deles, monarquista; o outro, republicano.

O romance Esaú e Jacó, citado como exemplo por Carpeaux, sintetiza o sentido político na obra de Machado de Assis: trata-se de um romance escrito em torno de uma época de transição na política brasileira, quando o país deixava de ser uma monarquia para se tornar uma república. A argumentação do crítico austro-brasileiro apoia-se nas ideias expressas no já mencionado ensaio "Romancista do segundo reinado", de Astrojildo Pereira (2008PEREIRA, Astrojildo. Romancista do segundo reinado. In: ______. Machado de Assis, ensaios e apontamentos avulsos. Brasília: Fundação Astrojildo Pereira, 2008. p. 25-46., p. 30), segundo o qual as criaturas machadianas, "envolvidas na complicação e nos conflitos, que ele explorou nos seus livros, são a réplica literária de outras criaturas de carne e osso, que viveram em dado momento histórico num dado meio social". Ou seja, os momentos histórico e social aparecem na condição de pano de fundo para tramas, ora como conflito, como na dicotomia política entre os irmãos Pedro e Paulo, de Esaú e Jacó, ora como crítica às imposições patriarcais que regulavam a constituição da família, como no conto "Frei Simão", ou, ainda, como impasse moral, como no conto "Pai contra mãe". Em todo caso, a realidade política em constante transformação está presente na obra de Machado, a qual Carpeaux (1999______. Ensaios reunidos. Rio de Janeiro: TopBooks, 1999. v. 1., p. 889) define como "documento da época da qual saiu".

Em seu "Depoimento Machadiano", Carpeaux confessa que não se sentia à altura das obras de Machado de Assis para analisá-las em seu conjunto e em sua devida importância; mais que romances, ele considerava essas obras uma indispensável fonte de filosofia para a compreensão da natureza humana. De todo modo, Carpeaux dedicou ao menos um ensaio às ideias filosóficas que permeavam a obra do Bruxo do Cosme Velho. Intitulado "Uma fonte de filosofia em Machado de Assis", o texto propõe-se a fazer uma leitura comparada entre uma cena de Memórias póstumas de Brás Cubas e um dos diálogos presentes nos Opúsculos morais (1827), do poeta italiano Giacomo Leopardi.

Em seu ensaio, Carpeaux destaca a cena em que Brás Cubas, já moribundo, delira que está no deserto, frente a um "vulto imenso, figura de mulher" na qual reconhece a Natureza, sua mãe e inimiga, que lhe explica a lei terrível que rege o universo: "a onça mata o novilho porque o raciocínio é que ela deve viver" (ASSIS, 2021______. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Martin Claret, 2021., p. 33). Ao fim do pesadelo, o monstro que conduziu Brás Cubas àquele deserto transforma-se na figura familiar de seu gato. O trecho dos Opúsculos morais a que Carpeaux compara a cena do delírio de Brás Cubas descreve um cenário semelhante: um indivíduo encontra no deserto "um vulto grandíssimo, figura desmesurada de mulher", que revela uma impassibilidade cruel ao desfazer as ilusões de seu interlocutor quando questiona se ele acredita que este mundo tenha sido criado para ele. Esse mesmo vulto feminino, a quem ele se refere como Natureza, tal como em Memórias póstumas de Brás Cubas, também lhe explica a lei cruel que rege o universo: "la vita di quest'universo è un perpetuo circuito di produzione e distruzione" (LEOPARDI, 2014LEOPARDI, Giacomo. Operette morali. Roma: Newton Compton editori, 2014., p. 103). No texto de Leopardi, há também criaturas que por pouco não devoraram o infeliz interlocutor, que não escaparia se uma tempestade de areia não o tivesse encoberto e mumificado. Posteriormente, após ser encontrado por viajantes, o homem mumificado é levado à Europa e depositado em um museu cuja localização se ignora. Carpeaux sugere que exista nessa formulação uma fonte não só de inspiração estética para Machado, mas também de ordem filosófica. O vulto do "Dialogo della Natura e di un islandese" não se preocupa com o destino da múmia; basta a informação de que ela foi colocada "nel museo di non so quale città di Europa" (LEOPARDI, 2014LEOPARDI, Giacomo. Operette morali. Roma: Newton Compton editori, 2014., p. 103), pois, como observa Carpeaux (1999______. Ensaios reunidos. Rio de Janeiro: TopBooks, 1999. v. 1., p. 215), "todos os museus se parecem". O sentido que o crítico extrai do diálogo leopardiano não é gratuito; ele o relaciona diretamente a uma sentença de Machado de Assis na última frase de sua crônica "O velho senado", em que se afirma: "todos os cemitérios se parecem" (ASSIS, 2009ASSIS, Machado de. O velho senado. Estudos Avançados, [s. l.], v. 23, n. 67, p. 139-146, 2009. Disponível em: Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/10385 . Acesso em: 19 ago. 2022.
https://www.revistas.usp.br/eav/article/...
, p. 146).

Ainda que exista uma grande semelhança entre o trecho de Memórias póstumas de Brás Cubas e o dos Opúsculos morais, comparados por Carpeaux com bastante originalidade, o crítico ressalta que não há como saber se Machado de fato foi leitor de Leopardi. Sabe-se que o nome do poeta italiano já circulava no Brasil pelo menos desde 1830, quando o jornal Le messager, publicado no Rio de Janeiro, noticiava os seus passos (BIGNARDI, 2018BIGNARDI, Ingrid. Giacomo Leopardi na imprensa brasileira do século XX (1901 a 1930): tradução cultural. 2018. 269 f. Dissertação (Mestrado em Estudos de Tradução) - Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018. Disponível em: Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/ 123456789/193915/PGET0383-D.pdf Acesso em: 15 ago. 2022.
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, p. 27); todavia, Carpeaux sugere outro ponto de contato entre os dois autores: Machado foi assíduo leitor de Schopenhauer, que, por sua vez, foi grande admirador de Leopardi. É possível, portanto, que o romancista brasileiro tenha chegado aos textos de Leopardi por meio do filósofo alemão, dada a afinidade entre as duas obras, tal como observa Carpeaux (1978______. Reflexo e realidade. Rio de Janeiro: Fontana, 1978., p. 216): "O delírio de Brás Cubas é da mesma lucidez das Operette Morali, que são o documento principal da filosofia leopardiana".

A análise comparatista estabelecida por Carpeaux resistiu ao tempo e mostrou-se sólida, pois ainda hoje é objeto de estudos nas universidades. Em um ensaio intitulado "Machado de Assis e Giacomo Leopardi: la natura e l'uomo", publicado em 2003, a pesquisadora italiana Francesca Barraco Torrico (2003TORRICO, Francesca Barraco. Machado de Assis e Giacomo Leopardi: la natura e l´uomo. Revista de Italianística, [s. l.], n. 6-7, p. 113-123, 2003. doi: 10.11606/issn.2238-8281.v0i6-7p113-123. Disponível em: Disponível em: https://www.revistas.usp.br/italianistica/ article/view/88005 . Acesso em: 15 ago. 2022.
https://www.revistas.usp.br/italianistic...
, p. 116) parte do texto pioneiro do crítico austro-brasileiro para estabelecer um estudo comparativo entre Machado e Leopardi, sem deixar de destacar, logo nas primeiras linhas, que foi Carpeaux quem, pela primeira vez, observou a enorme semelhança entre as duas obras: "Il primo a notare le somiglianze tra il Delírio di Machado e il Dialogo di Leopardi fu Otto Maria Carpeaux". Uma década depois, esse ensaio foi aprofundado e publicado em livro sob o título Machado de Assis: presença italiana na obra de um escritor brasileiro (BARRACO, 2013BARRACO, Francesca. Machado de Assis: presença italiana na obra de um escritor brasileiro. São Paulo: Nova Alexandria, 2013.).

Leitor aplicado das obras de Machado de Assis, Carpeaux sempre esteve atento também à sua fortuna crítica. No ensaio "Várias histórias", de 1958, escrito a propósito do cinquentenário da morte do Bruxo do Cosme Velho, o ensaísta percorre a vasta gama de textos dedicados à obra do mestre. Além das reedições, como os então já conhecidos livros de Afrânio Coutinho e José Maria Bello, A filosofia de Machado de Assis (1940) e Retrato de Machado de Assis (1952), respectivamente, Carpeaux destaca as novas publicações que lhe pareciam mais relevantes. Entre elas, os estudos de Franklin de Oliveira, J. Galante de Sousa, Francisco Pati, Brito Broca, Raimundo Magalhães Júnior, Eugênio Gomes, Lúcia Miguel Pereira e Augusto Meyer, todos devidamente descritos e elogiados segundo as suas qualidades. Não obstante, Carpeaux (2005______. Ensaios reunidos. Rio de Janeiro: TopBooks, 2005. v. 2., p. 454) não reservou o seu ensaio apenas aos textos que julgou valiosos: fez críticas a Tempo e memória de Machado de Assis (1958), de Wilton Cardoso, ao discurso de Levi Carneiro na Academia Brasileira de Letras, que classificou como "de pobreza franciscana", e ao já comentado livro de Octávio Brandão, o autor que, "pretendendo denunciar o niilismo de Machado de Assis, apenas conseguiu demonstrar seu próprio niilismo literário". A diversidade do debate em torno da obra do Bruxo do Cosme Velho, meio século após a sua morte, justifica-se pelo caráter inesgotável de seus escritos, definição própria daquilo que é clássico, como pontua Carpeaux (2005______. Ensaios reunidos. Rio de Janeiro: TopBooks, 2005. v. 2., p. 452) ao destacar a vivacidade de seus personagens: "Os personagens de Machado de Assis vivem entre nós. Não perderam seus hábitos característicos. Agem conforme os mesmos motivos. Ainda não conseguiram resolver seus problemas. Eis um escritor tão vivo que mal convém comemorar-lhe a morte".

Essa constatação, que se choca contra algumas das mais violentas críticas à obra de Machado, só se tornou possível devido à sua vivência no Brasil, o que moldou a sua percepção e permitiu a absorção de uma série de elementos da cultura nacional sem os quais não seria possível tatear o sentido mais profundo das grandes obras brasileiras. Diante disso, quase duas décadas após a sua chegada ao Brasil, Carpeaux (2005______. Ensaios reunidos. Rio de Janeiro: TopBooks, 2005. v. 2., p. 453) já se mostrava imbuído do "sexto sentido" sobre o qual falava Afrânio Coutinho em um texto que o crítico austro-brasileiro tomou para si como lição. Esse "sexto sentido" consistia em "tirocínio, experiência, prática e saber acumulado" (COUTINHO, 1958COUTINHO, Afrânio. Espírito profissional em literatura. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 23 nov. 1958., p. 3), características que, em maior parte, se desenvolviam mais pela sensibilidade e pela vivência do que propriamente pela acumulação erudita. Afinal, foi o próprio Carpeaux (2005______. Ensaios reunidos. Rio de Janeiro: TopBooks, 2005. v. 2., p. 455) quem disse, ecoando José Veríssimo, que sem o saber da vida "não é possível entender uma linha de Machado de Assis".

Como escreveu Erwin Gimenez (2020GIMENEZ, Erwin Torralbo. Duas ou três ideias de Carpeaux sobre Machado de Assis: estilo e sociedade. Teresa - Revista de Literatura Brasileira, n. 20, p. 50-62, 2020.), Carpeaux, em inúmeros ensaios, esforçou-se para trazer novos conceitos à crítica e à historiografia literária brasileira, tal como se observa no texto "Problemas da história literária brasileira" (1959), em que o crítico propõe que as obras sejam avaliadas segundo três categorias: obras cuja importância se relaciona primordialmente à alma do brasileiro; obras que se produzem segundo a escola em voga; e obras que atingem um grau de originalidade a ponto de contribuírem com a literatura universal. É a essa última categoria que Carpeaux inclui Machado, autor profundamente nacional e, ao mesmo tempo, universal. Para o europeu Carpeaux, os tipos humanos brasileiros retratados pelo romancista possibilitavam que se compreendessem os homens de outras partes do mundo, pois o realismo machadiano era sobretudo psicológico, traço raro de um "conhecedor incomparável dos homens e da vida", como definiu em um verbete.3 3 Essa definição é feita por Carpeaux no verbete "Romantismo", publicado no Pequeno dicionário de literatura brasileira: biográfico, crítico e bibliográfico, organizado por Massaud Moisés e José Paulo Paes (1980, p. 369). Se a obra de Machado de Assis era original e poderia dar ao mundo novas contribuições, era preciso organizá-la segundo a sua importância no âmbito ocidental, corte adotado por Carpeaux em sua obra magna, a História da literatura ocidental. Desse modo, o estudioso estrangeiro capaz de ler em língua portuguesa passou a dispor de uma história da literatura que não apresentava a obra de Machado tão somente no âmbito da literatura brasileira, como sempre foi feito nas histórias da literatura publicadas no Brasil, mas em perspectiva comparada no panorama ocidental como um todo.

Curiosamente, ao passo que setores do governo brasileiro dificultavam a projeção do nome de Machado de Assis para além de nossas fronteiras, pois os estrangeiros não deveriam saber que o maior de nossos escritores era mulato (CARPEAUX, 2005______. Ensaios reunidos. Rio de Janeiro: TopBooks, 2005. v. 2., p. 363), um crítico estrangeiro emigrado deu a essa obra a possibilidade de se inserir no panorama da literatura euro-americana ao lado de grandes nomes do cânone ocidental, como Shakespeare e Goethe, que significavam, em seus respectivos países, o que Machado significou para o Brasil.

Por fim, cabe ressaltar, mais uma vez, que os textos aqui analisados, bem como os próprios depoimentos fornecidos por Carpeaux, deixam claro que, do mesmo modo que ele transformou a crítica brasileira por meio de seus ensaios críticos, foi ele próprio intimamente transformado pela torrente da literatura brasileira, em particular por Machado de Assis, que, parafraseando Bródski, lhe deu a língua e, com ela, a sua sensibilidade.

Referências

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    » https://doi.org/10.11606/issn.2238-8281.v0i6-7p113-123» https://www.revistas.usp.br/italianistica/ article/view/88005
  • 1
    O livro Machado de Assis: estudo comparativo de literatura brasileira, de Sílvio Romero, foi publicado em 1897.
  • 2
    Epíteto que se refere a Machado de Assis e que se popularizou por conta do poema "A um bruxo, com amor", de Carlos Drummond de Andrade, no qual há referência ao seu endereço na rua Cosme Velho, localizada no bairro de mesmo nome.
  • 3
    Essa definição é feita por Carpeaux no verbete "Romantismo", publicado no Pequeno dicionário de literatura brasileira: biográfico, crítico e bibliográfico, organizado por Massaud Moisés e José Paulo Paes (1980MOISÉS, Massaud; PAES, José Paulo (Orgs.). Pequeno dicionário de literatura brasileira: biográfico, crítico e bibliográfico. São Paulo: Cultrix, 1980., p. 369).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jun 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    24 Mar 2024
  • Aceito
    16 Abr 2024
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