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O ordinário, as culturas e a gestão: os processos de organizar do artesanato em Piúma (ES)

Resumo

O objetivo deste artigo é compreender a gestão ordinária enquanto resistência e forma de sobrevivência, organizada em práticas cotidianas que são em parte produto e produtoras da pluralidade cultural no campo do artesanato em Piúma. Dentro da perspectiva dos estudos baseados em práticas (Feldman & Orlikowski, 2011Feldman, M. S., & Orlikowski, W. J. (2011). Theorizing practice and practicing theory. Organization Science, 22(5), 1240-1253. doi:10.1287/orsc.1100.0612
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), articulamos teoricamente a abordagem da gestão ordinária (Carrieri, Perdigão & Aguiar, 2014Carrieri, A. P., Perdigão, D. A., & Aguiar, A. R. C. (2014). A gestão ordinária dos pequenos negócios: outro olhar sobre a gestão em estudos organizacionais. Rausp Management Journal, 49(4), 698-713. doi:10.5700/rausp1178
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), da produção artesanal (Sennett, 2009Sennett, R. (2009). O artífice (2a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Record.) e das contribuições certeaunianas voltadas para o reconhecimento dos jogos de relações de forças dentro de uma pluralidade cultural. Ao propor o foco nessa pluralidade, o artigo preenche uma lacuna, pois em estudos anteriores sobre a gestão ordinária essa pluralidade cultural não foi abordada de maneira específica. A proposição foi sustentada por uma pesquisa qualitativa, realizada por meio de coleta de documentos, observação participante e entrevistas não estruturadas com cinco artesãos de Piúma. Na análise dos dados articulamos a prática narrativa em De Certeau (1985)De Certeau, M. (1985). Teoria e método no estudo das práticas cotidianas: cotidiano, cultura popular e planejamento urbano. In M. I. Q. F. Szmrecsanyi (Coord.), Anais do encontro cotidiano, cultura popular e planejamento urbano (pp. 3-19). São Paulo, SP: FAU/USP. e a temporalidade narrativa em Ricoeur (1994)Ricoeur, P. (1994). Tempo e narrativa. Campinas, SP: Papirus .. Como resultados, identificamos diferentes redes de relações de forças nas quais os artesãos se inserem no organizar das práticas de gestão ordinária. Nelas as culturas se mostraram produções plurais, afastando-se da leitura de uma cultura popular externa às práticas cotidianas ou submissa a outras pressões externas. O artigo potencializa um olhar alternativo sobre a gestão ordinária do artesanato e de outros fazeres organizacionais baseados na pluralidade cultural.

Palavras-chave:
Gestão Ordinária; Práticas Culturais; Organizar; Artesanato

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