Resumo
O artigo demonstra a dimensão heterotópica do olhar e do espaço próprios à pintura de Manet. O espaço, tal como concebido por Foucault, se constitui como poder-saber, e o olhar, tal como erigido pela pintura de Manet, visibiliza as heterotopias. A metodologia consistiu na seleção e análise crítica dos textos de Foucault sobre a pintura de Manet e a heterotopia acrescida de bibliografia de comentadores voltados para a análise da pintura, da arte e da heterotopia na obra do pensador. A raridade da reflexão sistemática acerca das considerações foucaultianas sobre a pintura e o espaço concebido como “espaço outro” faz com que a demonstração do entrelaçamento entre o espaço produzido pelas pinturas de Manet e a heterotopia configure novidade na literatura dedicada ao pensador. Concluímos indicando como as discussões estéticas estão indissoluvelmente ligadas às análises do poder. Neste caminho, Foucault indica, por exemplo, que a experiência da transgressão batailliana do olhar evidencia a condição da visualidade pictórica das telas de Manet. A visibilização dos efeitos políticos do espaço e seus outros assim como da produção artística pavimenta um caminho possível para esboçar novas compreensões das relações dos corpos com os enraizamentos espaciais e seus desdobramentos subjetivos singulares.
Palavras-chave:
Michel Foucault; Olhar; Espaço; Édouard Manet; Heterotopia