FEAR PRECEDES THE CREATIVE ACT: THE PSYCHODRAMATIC ONLINE ACTUATION THROUGHOUT THE COVID-19 PANDEMIC

Guimarães, Luiza; Brito, Valéria Cristina de Albuquerque

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Revista Brasileira de Psicodrama

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Sumário

ARTIGO ORIGINAL • Rev. Bras. Psicodrama 31 • 2023 • https://doi.org/10.1590/psicodrama.v31.591 copy

FEAR PRECEDES THE CREATIVE ACT: THE PSYCHODRAMATIC ONLINE ACTUATION THROUGHOUT THE COVID-19 PANDEMIC

Authorship SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

ABSTRACT

The COVID-19 health emergency caused a sudden change in people’s lifestyles, both personally and professionally. In this scenario of fear and uncertainty, the demand for psychotherapy increased and was redirected to a virtual context. The present study aims to understand how a group of psychodrama therapists dealt with the atypical scenario of social isolation. Based on a psychodramatic group interview, it was possible to identify axes of meaning in the interactions between the participants and to discuss the concepts of spontaneity and cultural conservation in psychodramatic psychotherapy. It is concluded that the feeling of fear was an initiator for changes in the practices of the psychodramatists interviewed, confirming the Morenian adage: fear precedes the creative act.

KEYWORD
Psychotherapy psychodramatic; Online psychotherapy; Spontaneity; Cultural conserve

Eixo	Tópicos	Falas
Mudança de contexto	Sigilo	P2: “quando as situações são favoráveis, quando todo mundo tem acesso à internet, consegue um ambiente sigiloso, o sinal dos dois lados funciona bem, o paciente te vê, te ouve bem, conseguimos cria um vínculo melhor”
		P3: “ Muitas vezes o aquecimento do paciente, e o meu próprio como psicoterapeuta fica comprometido por causa da internet”
		P3: “Eu fico imaginando quais são as dificuldades que eles enfrentam, como por exemplo, dificuldade de acesso à internet, o local onde eles moram, a residência, a própria questão envolvendo a privacidade”
	Paciente como coterapeutas	P2: “Uso muito a ideia de concretização, de trabalhar com os pacientes essa ideia de coterapeutas, que Moreno traz, de que ele tem que me ajudar a organizar o ambiente, criar a iluminação, ter o som, a blindagem do som para não se distrair”
	Paciente como coterapeutas	P2: “Outra coisa que eu me lembrei aqui, o que tá me surpreendendo muito é a capacidade de adaptação dos pacientes, então eu tenho pacientes que vão para dentro do carro pra serem atendidos, porque dentro de casa não pode”
	Repensar o contrato terapêutico	P3: “Me ligam no fim de semana, ou 10h da noite, até 7h da manhã, sabe? Porque agora eles tem meu telefone pessoal, não mais o telefone da unidade onde trabalho. Então eles me procuram a qualquer momento”
	Repensar o contrato terapêutico	P1: “Eu tenho um paciente que sempre faz terapia surpresa, toda semana ele esquece o horário da terapia”
	Falta do desaquecimento	P3: “Até você se deslocar pro seu atendimento, você fica um tempo, depois você se desloca novamente. Você tem ali um período para se aquecer, pra você entrar no processo, e também para você sair do processo. E agora não, você sai de um, já entra em outro, sai de um, entra em outro”
Exaustão profissional	Responsabilidade de cuidar da saúde mental da família	P1: “Minha família está muito ansiosa com muito medo das pessoas que estão se contaminando, medo de morrer, e aqui em casa todo mundo é parte da população de risco, e isso gera grande ansiedade”
	Responsabilidade de cuidar da saúde mental da família	P1: “Acabo pegando um pouco pra mim essa responsabilidade de cuidar dos meus parentes, porque eu sou psicóloga”
	Exaustão das telas	P3: “Eu estou completamente esgotada. Isso tem trazido um adoecimento pra mim”
		P1: “Eu durmo e acordo cansada”
		P1: “a tela exige mais atenção, exige muito de mim”
		P2: “Aí eu saio daqui, e ainda tenho o celular, vou ali no instagram, no twitter para rir um pouco, ver vídeo de gatinho, mas não dá, é só tragédia, só coisa ruim”
		P2: “Quando eu escuto alguém vendo televisão, naquela série de tragédias, quando não é violência urbana, é COVID, eu já fico, ou eu me tranco, ou eu mando desligar a televisão”
		P1: “Me senti exigida”
	Ler, estudar, escrever e relaxar por meio da mesma tela	P1: “Então às vezes, eu fico 8h atendendo, aí quando eu tenho que sentar de novo pra ler, pra escrever, é na mesma tela!”
		P4: “Porque o nosso momento de lazer é um momento que precisa da tela”
		P3: “Na hora do meu lazer, de fazer uma videochamada, ou falar por telefone com os meus amigos, eu falo “gente, eu não quero!” Eu já estou de saco cheio, não quero saber videochamada, não quero saber de ligação telefônica” porque isso é o dia todo”
	Estar disponível todo o tempo	P1: “Na sala, na cozinha eu quero só falar besteira, me distrair, não quero ouvir problema. Aí chego lá e todo mundo está com aquela cara de ... [desespero]”
		P2: “Tem que estar disponível. Agora imagina você ter que estar disponível o tempo todo, disponível para os pacientes, aí daqui a pouco você estar disponível para a família, que está surtando!”
		P2: “E é um superaquecimento para estar disponível emocionalmente, tecnicamente para o outro, e acabamos esquecendo de estar aquecido pra gente”
		P3: “esse mundo virtual é o mundo que você pode fazer tudo, a qualquer hora, qualquer momento, não tem mais timing”
	Impacto no corpo	P3: “ Fico na hipervigilância, não consigo desligar”
		P3: “Se fico horas e horas no computador, [não consigo dormir], e aí que eu fico muito tempo no computador mesmo. E isso afeta o meu sono.”
		P1: “Estava com muito problema de apetite, aí emagreci, mas tem muito a ver com o meu processo de ansiedade”

Eixo	Tópicos	Falas
Exaustão profissional	Falta de privacidade para extravasar	P4: “Essa adaptação passa por um cansaço e uma não possibilidade de extravasar isso”
	Falta de privacidade para extravasar	P2: “você não tem espaço pra ter insônia, não tem espaço pra chorar”
	Onipresença das abas	P2: “a sua atenção biológica se adapta à essa atenção virtual e gera um caos interno muito grande, um cansaço interno muito grande”
		P3: “Quando me dei conta de que agora eu sou onipresente e como isso é horrível, algo que antes eu queria tanto, poder estar ao mesmo tempo em vários lugares. Eu vi que não, não é possível estar, nem virtualmente é possível. Você acaba perdendo enquanto você está aqui na outra tela”
		P3: “ Eu posso estar em três coisas ao mesmo tempo ou mais!”
		P3: “Não quero ser onipresente, não quero estar envolvida em tantas coisas”

Eixo	Tópicos	Falas
Mudança de conceito	Impermanência	P1: “Impermanência, nessa questão de uma mudança que obriga. A impermanência é isso, independente da nossa vontade acontece, é uma necessidade de adaptação”
	“Novo normal”	P1: “Esse meu papel de ficar dizendo “Gente, tudo que acontece na Pandemia é normal, é tudo doido mesmo, é normal”, só que, que papel é esse? Que normal é esse? Que novo normal é esse?”
		P1: “ O que falo pros pacientes eu tento falar pra mim, não, tá tudo normal, é porque é uma pandemia, é um apocalipse, o mundo está acabando. É normal estar ansiosa, tem gente morrendo, estamos vivendo um desgoverno, ok ficar ansiosa”
		P4: ““novo normal” como um normal ansiogênico, como esse normal... Como está sendo encarar esse normal que não é saudável?”
		P3: “não tem nada de “normal” nessa realidade que a gente está vivendo, acho que é uma nova realidade.”
		P2: “ Temos que tomar cuidado para não normalizar os recursos de regulação emocional, então por exemplo, “ah, é normal as pessoas beberem mais”, “é normal tomar mais medicação”
	Corpo virtual	P2: “Essa virtualidade que está mais presente, que foi antecipada está sendo o recurso que a gente está utilizando para poder se adaptar e vai ser um novo contexto. A virtualidade está fazendo com que criemos um corpo virtual, uma mente virtual, uma série de comportamentos, uma atenção virtual, uma percepção virtual”
	Corpo virtual	P2: “a forma como essa atenção funcionou no presente, uma velocidade muito mais acelerada, a noção de tempo e de espaço é totalmente diferente nesse corpo virtual. Essas interações, o encontro virtual é totalmente diferente do encontro de dois corpos biológicos ali juntos naqueleespaço determinado”

Eixo	Tópicos	Falas
Sintomas	Aumento da demanda	P2: “Surgiu um aumento grande de pacientes tanto antigos quanto novos idosos, com muita ansiedade”
		P2: “Muitos pacientes que eu atendia uma vez por semana, eu estou atendendo duas.”
		P2: “Os que não aderiram são os narcísicos, os pacientes que não conseguiram ficar sem se olhar. Aí eu acabei utilizando essa dificuldade deles como forma de técnica também. Então esses macetes a gente vai pegando.”
	Sintomas despersonalização e desrealização	P2: “Percebo muitos movimentos de despersonalização e desrealização da ansiedade. Eu achei que ia ser mais pânico, mas na verdade está vindo mais despersonalização e desrealização, exatamente por conta dessa dificuldade dos papéis, dos corpos, o virtual, o biológico, o psicológico.”
	Aumento do uso de substancias	P2: “ O Álcool, a medicação, a automedicação, a procura por um psiquiatra para se medicar está aumentando muito. Então assim, todo mundo está em busca da realidade suplementar para suportar uma realidade concreta e compartilhada que está difícil de processar”

Eixo	Tópicos	Falas
Instrumentos do psicodrama	Medo precede o ato criativo	P2: “Muitas vezes, quando a gente consegue ver que através do medo pode surgir a espontaneidade, pode surgir um ato criativo, vamos nos adaptando.”
	Compartilhar experiências	P1: “a gente vai procurando na literatura, vai vendo os colegas fazendo, vai assistindo as live Eu achei que, essa coisa do pessoal se ajudar no online, é live pra cá, live pra lá, ajudou bastante. Eu vi que é possível então vamos lá, vamos jogar!”
	Adaptação das técnicas	P3: “O psicodrama interno também tem sido uma técnica importante nesse trabalho para chamar um pouco para o psicodrama, mas ainda sim eu sinto que fica um comprometimento”
		P2: “Acho que, desde o começo dessa pandemia, eu tenho observado todo mundo usando esse recurso psíquico da realidade suplementar, para tentar acalmar a ansiedade”
		P1: “Vou ter que ensinar tudo pelo online. Fui na cara e na coragem e funciona!”
	Regulação por vínculo através do compartilhar desse grupo	P1: “Acho que foi bem mais aliviante”
		P1: “Foi muito bom saber que tem gente que está tão cansada quanto eu, que não é culpa minha. Que tem pessoas que estão passando pela mesma coisa! “
		P2: “Toda vez que eu pensava em falar com alguém, eu ficava “não, essa pessoa está mal, essa pessoa está ansiosa, essa pessoa está... ah, não vou ter com quem falar né”. Daí pensei “não, acho que é a oportunidade é agora”
		P2: “Falar sobre isso me ajudou a colocar as coisas no lugar, a aceitar, dar um alívio. Vivi uma regulação por vínculo aqui com vocês, emocional”
		P3: “acho que foi um espaço bacana para poder reforçar algumas coisas que eu já venho refletindo e tentando colocar em prática.”

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[1] *Autora correspondente: psi.luiza.guimaraes@gmail.com