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Memórias sociais de juventude entre quilombolas do norte do Espírito Santo

Youth social memories among quilombolas from the north of Espírito Santo

Resumos

Buscando um conjunto etário que tivesse vivido sua juventude entre as populações remanescentes de quilombos do norte do Estado do Espírito Santo e ainda na presença da Mata Atlântica, esta pesquisa teve como objetivo principal identificar as memórias sociais de juventude nessas comunidades, relacionando as representações desse passado compartilhado às mudanças ambientais e sociais que recentemente impactaram a sua região. Foram entrevistadas 11 pessoas, homens e mulheres, com idade entre 40 e 61 anos. Os dados, trabalhados através da técnica de análise de conteúdo, demonstraram um hiato na relação dos participantes com as gerações mais novas que não havia sido experimentado com relação aos seus ascendentes; bem como as implicações dessa transformação socioambiental que, ao atuar em estruturas arcaicas de constituição territorial e temporal das comunidades, funcionou como agente primordial tanto do distanciamento entre as gerações quanto da seleção das formas mnêmicas mais relevantes.

memória social; juventude; populações tradicionais


Searching for an age group who lived their youth among populations remnant of former runaway slave communities in the northern Espírito Santo State (Brazil) and also at the Atlantic Rainforest, this research had the main objective of identifying the social memories of younger days in these communities, relating the representations of this past and the environmental and social changes that recently impacted their region. Eleven men and women were interviewed, with ages varying from 40 to 61 years. The data, processed by content analysis technique, demonstrated a hiatus at the relation of the participants with younger generations which had not been experienced with respect to their ascendants; as well as the implications of this social-environmental transformation that, while acting on the communities archaic structures of territorial and temporal constitution, worked as a prime agent both in the distancing between generations, and on the selection of the more relevant mnemic shapes.

social memory; youth; traditional populations


Memórias sociais de juventude entre quilombolas do norte do Espírito Santo* * Agências de Financiamento : CAPES e CNPq

Youth social memories among quilombolas from the north of Espírito Santo

Renata Valentim, Zeidi Araújo Trindade e Maria Cristina Smith Menandro

Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, Brasil

RESUMO

Buscando um conjunto etário que tivesse vivido sua juventude entre as populações remanescentes de quilombos do norte do Estado do Espírito Santo e ainda na presença da Mata Atlântica, esta pesquisa teve como objetivo principal identificar as memórias sociais de juventude nessas comunidades, relacionando as representações desse passado compartilhado às mudanças ambientais e sociais que recentemente impactaram a sua região. Foram entrevistadas 11 pessoas, homens e mulheres, com idade entre 40 e 61 anos. Os dados, trabalhados através da técnica de análise de conteúdo, demonstraram um hiato na relação dos participantes com as gerações mais novas que não havia sido experimentado com relação aos seus ascendentes; bem como as implicações dessa transformação socioambiental que, ao atuar em estruturas arcaicas de constituição territorial e temporal das comunidades, funcionou como agente primordial tanto do distanciamento entre as gerações quanto da seleção das formas mnêmicas mais relevantes.

Palavras-chave: memória social; juventude; populações tradicionais.

ABSTRACT

Searching for an age group who lived their youth among populations remnant of former runaway slave communities in the northern Espírito Santo State (Brazil) and also at the Atlantic Rainforest, this research had the main objective of identifying the social memories of younger days in these communities, relating the representations of this past and the environmental and social changes that recently impacted their region. Eleven men and women were interviewed, with ages varying from 40 to 61 years. The data, processed by content analysis technique, demonstrated a hiatus at the relation of the participants with younger generations which had not been experienced with respect to their ascendants; as well as the implications of this social-environmental transformation that, while acting on the communities archaic structures of territorial and temporal constitution, worked as a prime agent both in the distancing between generations, and on the selection of the more relevant mnemic shapes.

Keywords: social memory; youth; traditional populations.

Introdução

Estudos sobre o tempo como "categoria organizadora do conhecimento" não são recentes. Entretanto, nas últimas duas ou três décadas do século 20 (Nascimento & Menandro, 2005; Sá, 2005; Valencia, 2005), as questões que rondam as formas particulares dessa organização têm sido alvo de intensa investigação e, de forma cada vez mais consensual, a memória tem se imposto como uma atividade que se realiza e determina de modo social e coletivo.

Na demarcação do que virá a ser conhecido como memória social/coletiva, um campo de pesquisa ainda não estabilizado (Viaud, 2003) ou homogêneo (Jedlowski, 2001), que tem por objeto o conjunto de representações majoritariamente partilhadas, resultado de práticas seletivas, exercidas de maneira implícita ou explícita em um dado grupo social (Vidal-Beneyto, 2003) e que se apresentam, dentre outras formas, nas comemorações, lembranças e tradições que são partilhadas nas comunicações e práticas cotidianas (Roussiau & Bonardi, 2002).

De modo consensual (Jedlowski, 2001; Sá, 2005; Valencia, 2005; Viaud, 2003), no ponto de partida desse "tratamento social dos fenômenos da memória" (Sá, 2005, p. 63) iniciado durante a segunda metade do século 20 devem ser circunscritas,dentre outras, duas correntes pioneiras de pensamento: a sociológica, de tradição durkheimiana, de Halbwachs e a corrente psicossocial de Bartlett. Como fundo comum, a concepção da atividade mnêmica não apenas como "uma seqüência descontínua de momentos" ou tampouco a formalização impessoal das durações, mas "um tempo coletivo e social que abrangeria e ligaria todas as durações individuais uma a outra, em todas as suas partes, em sua própria unidade." (Halbwachs, 2008, p. 118). Memória que, segundo Barlett, codifica percepções e que é a expressão individual do pertencenimento a uma cultura ou a um grupo social, constituída e consolidada dentro das redes de relacionamentos sociais (Barlett citado por Jedlowski, 2001). Nas palavras de Viaud (2002), "uma leitura realizada pela introdução, a um nível simbólico, de um discurso sobre o passado e pela legitimação deste discurso pelas instâncias internas e externas ao grupo" (p. 22, tradução nossa).

No campo epistemológico que se delineia, deixa-se de lado a memória tanto como um objeto particular de investigação psicológica subjetiva quanto como um arquivo passível de recuperação voluntária, em que fatos estáticos e finitos localizados em um passado determinado funcionariam como agentes causais, definidores e explicativos, dos fatos do presente. Nas palavras de Jedlowski (2001, p. 30), o fim de um padrão que, anterior a Santo Agostinho, tinha por modelo a memória "as a 'store' of traces of the past", e que passa a defini-la como uma forma de construção discursiva onde está presente "a pluralty of interrelated forces" (Jedlowski, 2001, p. 30); onde o passado nunca retorna sempre o mesmo, mas é constantemente selecionado, filtrado e reestruturado pelas vicissitudes contemporâneas de uma dada comunidade (Jedlowski, 2005). Padrão reiterado ainda por Bosi e Valencia, que definem a atividade mnêmica como determinada pela "função social exercida aqui e agora pelo sujeito que lembra" (Bosi, 1987, p. 23); um "modelo de memória ativo, que se constrói com os elementos do presente e que será dinâmico por natureza" (Valencia, 2005, p. 102).

Dentro desse contexto teórico e desse alinhamento dialético entre continuidade e renovação - facetas complementares e interdependentes na composição da memória social (Roussiau & Renard, 2003) e da dinâmica que se estabelece entre as determinações exercidas pelo passado sobre o presente e a reescrita que este último é capaz de impor à história -, este trabalho teve como questão inicial o funcionamento dessas recriações mnêmicas no âmbito das chamadas "populações tradicionais" (Burity, 2006; Santos, 2005). São denominadas populações tradicionais as comunidades organizadas em torno de atividades econômicas primárias - como a criação, o cultivo ou a coleta-, fortemente marcadas por uma cultura própria, "local" (Souza-Santos, Meneses & Nunes, 2005), que se transmite oralmente através das gerações, e, presumivelmente, marginais em relação ao âmbito "global" de circulação de valores ou ideias. O interesse maior seria o de refletir sobre as narrativas construídas sobre seu passado em função de fatos que tenham marcado de forma definitiva essas comunidades, mais especificamente sobre as transformações tecnológicas e científicas das últimas décadas.

Esse interesse se tornou mais preciso através da possibilidade de contato com populações de quilombolas, habitantes uma região conhecida como "Sapê do Norte", que compreende hoje os municípios de Conceição da Barra e São Mateus, no norte do Estado do Espírito Santo.

Essa região, durante o período escravagista brasileiro, foi um polo de recebimento e distribuição de escravos africanos. O porto de São Mateus constituía-se como o centro dessa comercialização, abastecendo os latifúndios de cana de açúcar e, mais tarde, do café, quando, em algumas fazendas capixabas, chegava a haver quatrocentos trabalhadores (Silva & Carvalho, 2008; Novaes, s.d.). Em Conceição da Barra - ainda Vila da Barra de São Mateus - a presença do negro devia-se basicamente aos "fugitivos do sul da Bahia e das fazendas vizinhas que penetravam por terra, através de caminhos que eles mesmos faziam no meio do mato para se aquilombar ali" (Lima, 1995, p. 25).

Após a abolição da escravatura e da crise das culturas cafeeiras, aos primeiros "aquilombados" vêm-se juntar os egressos das antigas fazendas, que passam a se estabelecer em comunidades isoladas no meio da Mata Atlântica, sobrevivendo da coleta, de pequenas culturas e do comércio da farinha:

produzindo e reproduzindo seu patrimônio material e imaterial por meio da agricultura, dos etnosaberes ligados às práticas curativas, alimentação, artesanato, calendário religioso e festivo, bem como à preservação do patrimônio genético da mata atlântica. (Silva & Carvalho, 2008, p. 90)

Essa relação com a Mata Atlântica - de uso e de preservação de seus recursos - perdura nas comunidades até a segunda metade do século XX, quando podem ser identificados dois marcos de uma radical transformação do território: o primeiro entre as décadas de 1960 e 1970, quando se instala na região um mega polo celulósico agroexportador, derrubando a Mata Atlântica e fomentando os primeiros plantios extensivos de eucalipto que abasteceriam as fábricas; o segundo marco aconteceu nas décadas de 1970 e 1980 com a chegada, na região do sapê, de grandes investimentos do governo federal, tais como: a inauguração oficial da BR 101, rodovia que atravessa mais de dez estados do litoral do Brasil, entre eles o Espírito Santo, e a instituição do Sistema Único de Saúde, oficialmente demarcado a partir da constituição 1988.

O reconhecimento desses dois marcos é útil porque, a partir deles, pode ser delimitada a chegada de certa "modernidade" e das pressuposições básicas para sua instalação, ao menos no que se refere a seus aspectos econômicos. Nesse caso, os índices dessa chegada poderiam ser visualizados a partir das novas formas de apropriação e uso do território, que substituem a Mata Atlântica pela monocultura e pelo agronegócio de exportação e que inserem as comunidades e seus sistemas de saberes e crenças na cidade e nos meios massificados de difusão da cultura, da educação e da saúde.

Tendo em vista essas primeiras observações e buscando um conjunto etário que tivesse vivido sua juventude nessa região e ainda na presença da Mata Atlântica, a pesquisa teve como objetivo principal analisar os conteúdos representacionais evocados por homens e mulheres desse grupo específico, para verificar como significavam a "juventude" de hoje e de ontem. Procurou-se averiguar também se essas representações de juventude, sua seleção e relevância, suas possíveis relações e atualizações, estariam de alguma forma relacionadas à devastação ambiental e às modernas formas de produção e de organização do Estado que ocuparam esse território nas últimas décadas.

A decisão de limitar a questão do estudo a uma pesquisa sobre a juventude deve-se tanto à impossibilidade de quantificar a totalidade dos impactos sociais e culturais deflagrados por esse novo modo de ocupação do território em questão quanto a algumas particularidades desse conceito. A mais relevante para o estudo proposto é a noção de juventude como "construção social" e sua consequente maleabilidade e dinâmica na abordagem do objeto, em que o conhecimento necessariamente acompanha as diversas experiências, os diversos processos sociais e funcionais, múltiplos e convergentes, "através dos quais ocorre a cristalização social das idades" (Peralva, 1997, p. 16). Além disso, a noção de juventude pode variar muito em função de aspectos históricos característicos e em função das especificidades culturais de cada grupo social. Entendida como categoria social, "juventude" "torna-se uma concepção, criadora e sujeita a situações sociais" (Groppo, 2000, p. 7), indissociável de seu contexto de aparecimento (Menandro, 2004). No caso específico desta pesquisa, essa capacidade de contextualização e diversidade torna-se um instrumento teórico fundamental por dois motivos: em primeiro lugar, para a compreensão de modelos específicos de construção - ou mesmo de indeterminação - do que significa ser jovem nas diferentes culturas marginais. Em segundo lugar, para o espaço de análise comparativa dos dados, em que as diferenças passam a ser relativizadas e interpretadas com base em seu tempo e lugar de surgimento.

Os aspectos históricos e as especificidades culturais e sociais, que funcionam como cenário contextual das representações mnêmicas, são discutidos por Valencia (2005), que os distingue como sendo as bases - temporal e espacial - nas quais a "preservação de recordações do passado descansa em sua ancoragem e objetivação". (Valencia, 2005, p. 107). No caso do eixo temporal, esse recorte poderia ser identificado na história contada coletivamente, partindo dos mesmos registros, marcos geracionais comuns e interpretações que oferecem um passado compartilhado e relacionado aos eventos da vida atual em uma dada comunidade. No eixo espacial, esse recorte, segundo o autor, é material e poderia ser identificado nos lugares que "incorporam traços concretos do passado" (Valencia, 2005, p. 107). Este "lugar de memória" (Halbwachs, 1990), onde o passado toma corpo, não se limita a um espaço "objetivo", ele pode ser também a construção de um espaço simbólico de pertencimento, onde a recordação persiste e acaba por definir o território do grupo (Valencia, 2005), ou, como prefere Nora, "where memory crystallizes" (Nora, 1989, p. 7).

A principal relevância teórica dessa questão está na possibilidade de aprofundar a investigação em ao menos três pontos: no estudo das estruturas sociais e discursivas que se fazem e refazem como história e que permitem os "espaços simbólicos de pertencimento"; nas diversas esferas de identificação intra e inter grupais; e, finalmente, nas relações que se estabelecem entre memórias e as representações sociais mais contemporâneas, na "materialisation de la mémoire sociale au niveau des representations" (Roussiau & Bonardi, 2002, p. 44). No campo especificamente estudado, em como se constroem e reconstroem social e simbolicamente (Viaud, 2003) as representações do real frente às radicais transformações ambientais das últimas décadas. Em que níveis e onde se ancoram as representações oriundas das novas tecnologias e das novas formas de ocupação do território e, finalmente, como são reconstruídas as narrativas do passado a partir de dois parâmetros: por um lado, na análise da "manutenção do sistema de convenções sociais a que são solidários" (Bonardi, 2005, p. 44, tradução nossa). Por outro, na análise da absorção dos novos conteúdos e dos novos processos de reconstrução narrativa das recordações.

No campo social, essa relevância está na possibilidade tanto de investigar essas inserções espaço-temporais das memórias sociais quanto o litígio em andamento entre duas formas radicalmente diferentes de desenvolvimento e de ocupação cultural e coletiva de um mesmo território. Esse litígio de inserções, valores e culturas, que se dá localmente nas comunidades analisadas, acontece em circunstâncias paradigmáticas de um movimento contemporâneo mais geral, descrito por Burity (2001, p. 1) como de "crescente desconfiança ou recusa dos modelos modernizadores". Segundo o autor, nesse movimento, essas formas massificadamente globais e culturalmente indiferenciadas, características da modernidade, passam a ser contrapostas a novas formas de identificações coletivas: negros, mulheres, indígenas, pacifistas, religiosos, etc., que vão colocar em questão sua predominância e impor uma leitura diferenciada de seus processos. Ainda segundo Burity - em disposição também compartilhada por Bhabha (Bhabha, 2001) - esta busca de descentramento e de uma afirmação identitária grupal singularizada seria proporcional às investidas cada vez mais predominantes de uma ordem social mercadológica e tecnocrática, institucionalizada no "atual sistema de estados nacionais", que necessariamente se faz acompanhar por uma "potencialização da demanda por singularidade e espaço para a diferença e o localismo" (Burity, 2001, p. 2).

Nesse caso, a "demanda por singularidade", que está presente nas comunidades quilombolas, parece se confundir com a própria necessidade concreta de sobrevivência em dois planos distintos. Primeiro, o da sobrevivência real, da falta dos recursos naturais oriundos da Mata Atlântica, que antes da década de 70 do século XX estavam à disposição para sua subsistência. Segundo, o da sobrevivência simbólica, da necessidade de processar as novas formas de representação da realidade oferecidas pela modernidade.

A medida dessa necessidade pode ser observada em números que refletem o desaparecimento drástico dessas comunidades, seja pela falta de recursos, seja pelo isolamento em meio a quilômetros de eucaliptal, seja pela falta de água. Calcula-se que nessa área, antes da monocultura em larga escala, havia cerca de 12 a 15 mil famílias. Hoje são apenas 1200, divididas em 37 comunidades, tendo como única alternativa de renda o uso dos resíduos do eucalipto para a manufatura do carvão, além das subcontratações por empresas terceirizadas que prestam serviço ao complexo agroindustrial da celulose. Observando-se ainda as faixas etárias de sua população, percebe-se que esse esvaziamento é mais nítido entre a faixa dos 20 aos 59 anos (Koinonia, 2005), sujeitos em idade economicamente produtiva que, não encontrando alternativas de subsistência em suas comunidades, migram para as periferias de Vitória, São Mateus e Conceição da Barra.

No caso da sobrevivência simbólica, a questão se desdobra na incorporação, fatal e necessária, das novas formas de ocupação e representação do território e na sua relação com as formas tradicionais de alimentação, artesanato, moradia, entre inúmeras outras. No campo, isso pode ser observado na ambivalência que substitui as casas de estuque pelas de alvenaria, mantendo os fogões de lenha e as farinheiras e que tanto incorpora os remédios e alimentos industrializados quanto promove o beiju e as ervas medicinais.

A fim, então, de que essas questões pudessem ser investigadas, realizou-se uma pesquisa de cunho exploratório, que teve como objetivos principais: (a) circunscrever e delimitar as percepções de juventude dos quilombolas na perspectiva de um passado socialmente compartilhado; (b) identificar a relação que essas percepções estabelecem com a Mata Atlântica e os recursos naturais originais daquele lugar, bem como para com a juventude atual; e (c) discutir as possíveis influências das modificações territoriais na constituição dessas representações de juventude de ontem e de hoje.

1. Método

Participaram do estudo 11 quilombolas, entre 40 e 61 anos, sendo seis mulheres e cinco homens, habitantes de seis comunidades quilombolas: Linharinho (três sujeitos), Roda d'água (dois sujeitos), Angelim 1 (dois sujeitos), São Jorge (dois sujeitos), São Domingos e Retiro. Como já foi dito, a escolha dos sujeitos obedeceu à busca de uma faixa etária que tenha experimentado a Mata Atlântica e as atividades a ela relacionadas.

Para a coleta de dados, foi utilizado um roteiro semiestruturado de entrevista contendo, além dos dados pessoais, questões que buscavam identificar o período em que se consideravam jovens e, com base nesse período, produzir relatos sobre o modo de vida daquela época, incluindo sua relação com a mata e eventos que consideravam marcantes para todos. Além disso, solicitou-se aos participantes que comparassem o modo como vivenciaram a juventude com o da juventude de hoje.

A abordagem dos participantes ocorreu em suas comunidades, obedecendo ao seguinte processo: em primeiro lugar, a pesquisa era apresentada como sendo relativa às memórias de juventude dos quilombolas que tiveram contato com a Mata Atlântica. Em seguida, as questões eram todas lidas e, mediante a compreensão e aceitação em participar do estudo, se iniciava a entrevista propriamente dita. Foram obedecidas todas as normas éticas vigentes.

Utilizando os pressupostos da análise de conteúdo, as entrevistas foram gravadas, transcritas e, conforme sugestão de Bardin (1979), lidas exaustivamente a fim de que pudessem ir sendo extraídas as "unidades de significação" que compuseram a apreciação do texto.

Estas "unidades temáticas", de "significação", que "se libertam de um texto analisado segundo certos critérios relativos à teoria que serve de guia à leitura" (Bardin, 1979, p. 105), foram delimitadas a partir das respostas que eram espontaneamente dadas às questões iniciais. Essa delimitação distribuiu-se em dois eixos básicos que serviram de guia à leitura e que foram denominados de "Tempo" e "Espaço".

No eixo do Tempo puderam ser circunscritas três unidades temáticas a partir das respostas: (a) o posicionamento frente à geração passada e frente à atual, suas rupturas e continuidades; (b) a chegada das empresas e do Estado na região; e (c) o calendário das festas e sua significação para um passado compartilhado.

No eixo que foi denominado de Espaço foram analisadas duas unidades temáticas: (a) as transformações ambientais e (b) o papel da Mata Atlântica como fonte de subsistência, transmissão de conhecimento e lazer.

Na análise dos dados foi sempre considerado o conjunto dos participantes, não havendo o anseio de circunscrever nenhum recorte particular, como o de gênero, principalmente. Essa delimitação foi destacada em apenas uma das questões de um dos eixos sem, entretanto, nenhuma pretensão de aprofundamento ou tentativa de estabelecer quaisquer relações de causalidade.

2. Resultados

Tendo em vista as características da memória como categoria social e das condições que devem ser consideradas nas narrativas mnêmicas para que essas sejam interpretadas, os resultados serão apresentados através dos dois eixos fundamentais para esta contextualização: o eixo do Tempo e o do Espaço (Valencia, 2005). Esta forma de apresentação circunscreve as unidades temáticas, obtidas através das respostas dadas às questões propostas aos entrevistados, e as organiza de modo a privilegiar os elementos de inserção dessas narrativas à história e à territorialidade do grupo.

Como forma de melhor ilustrar essas questões, as unidades temáticas e sua discussão virão acompanhadas de recortes das falas transcritas. Os (as) participantes virão identificados (as) sempre por um nome fictício, e a linguagem dos relatos será mantida em sua forma original.

É importante salientar que todas as entrevistas dos 11 participantes foram analisadas e contribuíram para a demarcação das unidades temáticas. Como critério de escolha dos recortes, foi considerado então o grau de representatividade destas falas frente às unidades definidas. Esse critério fez com que certos participantes tivessem suas falas selecionadas em uma ou mais categorias, enquanto que os demais, apesar de terem suas falas avaliadas, não aparecessem.

Eixo 1: Tempo

(a) Posicionamento frente à geração passada e frente à atual: continuidades e rupturas:

Sobre as diferenças percebidas com relação à geração atual, todos declararam enfaticamente que ela é muito diferente da sua própria geração:

Vejo muita, muita diferença. Muita. Uma diferença muita, enorme. (Jesuína)

Segundo os (as) participantes, as formas de objetivação dessa diferença surgem como: ausência de respeito para com os mais velhos, excesso de liberdade, drogas, violência e maior conhecimento e acesso à "leitura" pelas novas gerações.

Tinha um grande respeito um com o outro, não usava as coisa que maltratava as família ... a juventude de hoje é muito violenta. (Antônio)

não é igual nós criemo. Criemo sem viver a escola. (Cida)

Esta sensação de estranhamento e de ruptura com relação aos descendentes não é extensiva à relação com as gerações mais velhas. Nenhum dos participantes, ao falar sobre o modo como foi criado, demonstrou qualquer tipo de ressentimento, sendo, inclusive, mencionada uma gratidão pelos esforços dos pais em criá-los e a percepção da obediência como um "direito" e uma "liberdade".

Era um direito que a gente tinha de obedecer os pais. Por isso eu agradeço. (José)

Não tem aquela liberdade, né, de tratar os pais bem, é tudo assim. (Cida)

(b) A chegada das empresas e do Estado na região:

De todos os participantes entrevistados, apenas um apontou as mudanças ocorridas no território como benéficas, elogiando a chegada do "governo federal", que é associada à irrigação e à tecnologia. Os demais reclamam de dois tipos de perda com a chegada das empresas e do Estado: a primeira é a perda dos recursos naturais, que também implicou a perda da liberdade dentro de seu próprio território e a sensação de estar sendo sempre vigiado, "imprensado":

Hoje a gente é o prejudicado, vive aqui imprensado, quer tirar uma varinha e o Ibama vem aqui e diz que você não pode tirar, que tá atingindo a natureza, mas hoje é que eles tá vendo isso, né? Antes eles não via, quando as grandes empresa fizeram isso. (José)

E aí entra em cana, igual aconteceu com a mulher da Itaúnas. Pegaram a pobre da mulher dentro de casa, porque tinha uma banda de tatu ... de primeira tinha tanto... a gente quase todo o dia recebia um tatu. Não tinha ninguém que proibia, não tinha ninguém que vigiava a gente a caçar, não tinha ninguém que vigiava a gente a pescar. É tanta proibição, tanta proibição... (Domingas)

A segunda é a perda do controle sobre a educação dos próprios filhos:

E eu fico besta com as autoridades que quando os filhos fazem erro nas ruas, eles vêm cobrar dos pais. E quando os pais vêm cuidar dos filhos, eles vêm cobrar dos pais. Os pais não têm direito nenhum de cuidar dos filhos. Pra qualquer momento, os pais são culpados. Ficou uma lei que os pais não têm saída. Eles [os jovens] não são punidos. (José)

(c) O calendário das festas e comemorações e sua significação para um passado compartilhado:

Com relação aos acontecimentos marcantes para a geração entrevistada, o calendário das festas inter ou intra comunitárias, religiosas ou não, aparece como uma importante delimitação temporal. É interessante notar que esta forma cíclica de marcação do tempo surge como um campo majoritariamente feminino, sendo mencionado por todas as mulheres entrevistadas.

Como já foi dito, não está entre os objetivos desta pesquisa o aprofundamento das questões de gênero que porventura possam ser suscitadas. Entretanto, é interessante salientar que mesmo nas comunidades quilombolas é possível identificar os traços da mesma distribuição usual dos papéis femininos e masculinos, em que as mulheres se restringem ao espaço doméstico, tendo nas festas comunitárias a chance de arranjar namoro e casamento, e os homens estão engajados nas atividades de subsistência que se dão fora do âmbito da casa:

Eu vou lembrar. Eu vou lembrar. Festa de janeiro, que era todo o ano, né comadre? Todo o ano, festa de janeiro... todo ano... (Cida)

Então, aquela juventude, a gente tinha muita festa. Meu pai, todo ano ele fazia festa de N. S. da Aparecida. (Rosa)

No caso dos homens, a marcação de um tempo de juventude relaciona-se a atividades ligadas de algum modo ao trabalho e à subsistência:

Ah, lembra. Nós montava a cavalo, andava o Sapê do Norte, nós montava, nós ia pra beira do rio pescar, nós era tudo unido, igual como se fosse irmão. (Benedito)

A minha geração, eu lembro muito quando a gente andava de cavalo, a gente pegava lenha, vendia a cento de lenha. Os jovens de minha idade, quando a gente se encontra, é o que falam, falam muito de animal e da vendeção de lenha ... tinha um ponto de apoio, lá na Barra, que a gente chamava "amarrador de cavalo", então a gente se encontrava todo mundo das comunidades ... quando a gente se encontra a gente se alembra desses momentos. (Pedro)

Eixo 2: Espaço.

(a) As transformações ambientais:

As transformações territoriais relatadas pelos participantes aparecem para a maioria como intrinsecamente ligadas às alterações ambientais das últimas décadas e à chegada das empresas e do agronegócio na região. Foram citadas três empresas, que serão denominadas de Empresa A, Empresa B e Empresa C.

Isso tudo aqui era mata, tudo mata. A Empresa A mandou o correntão em tudo aí. A Empresa A, a Empresa B e a Empresa C ... botava o correntão de cem metros, um de lá outro pra cá e só ia arrebentando tudo, só ia deitando, isso era demais aqui. Fazia dó, os bichinhos, os passarinhos gritando, fazia dó. (José)

Tá, hoje tá diferente. Que aqui tinha muito peixe, muita caça, tinha muita mata, tinha o cipó. (Cida)

Porque a gente tinha muita água, tinha peixe, tinha caça, pegava caça. Tinha vez que pegava caça todos os dias lá em casa, assim pra banda do pântano... E depois que veio a "Empresa A", que acabou as mata. (Domingas)

(b) O papel da mata atlântica como fonte de subsistência, transmissão de conhecimento e lazer:

Essas transformações territoriais e ambientais também aparecem como relacionadas à distância que se estabeleceu entre a geração entrevistada e a juventude atual. Na primeira, objetivada pela perda concreta de seu espaço de transmissão de conhecimento e de formas de subsistência. Na segunda, pela impossibilidade de ter a mesma experiência do espaço.

A juventude hoje não conhece mais. Eu fico bobo meus filho, eles não conhece nome de nada, entendeu? Enquanto que se você me pergunta eu sei o nome de tudo quanto é bichinho, tudo quanto é passarinho, tudo o que é caça, sei o nome de tudo, você chega numa mata, pergunta o nome de uma madeira, eu sei o nome, sei o nome do jequitibá, sei o nome do parajú, duma jerana, de uma dindiba, de um pequi...e os meninos não conhece o nome de nada, nada. Não viram nada disso. (José)

Então, a juventude não tem aquele conhecimento, e a gente tinha uma grande relação com a mata, um grande conhecimento da mata, a gente vivia dela, através do artesanato, e hoje o jovem nem sabe mais fazer artesanato, por quê? Não tem a mata mesmo pra estar tirando a matéria pra fazer o artesanato. (Pedro)

As mata, os bichos, eu sei, eu digo que hoje eu tenho neto de 4 anos... 5 anos tem meu neto, ele não conhece caça! Não conhece turulinha, não conhece aracoã, não conhece o que é um pavão. Não conhece nada. Não conhece uma capivara, uma paca, uma anta, não conhece tatu, quati, não conhece nada disso. (Jurema)

Eles nem conhecem. Antigamente, a gente tava falando, antigamente os colchão, era tudo de um capim, que tinha. E hoje eles diz tudo que não conhece esse capim. Não existe também pra gente mostrar pra eles, acabou. (Maria)

3. Discussão

É notória a contribuição que os estudos sobre a memória podem oferecer, não apenas na área da psicologia social como também a outras disciplinas comprometidas com a análise das relações sociais, como a antropologia, a história, ou a filosofia, dentre outras. No caso desta pesquisa, de cunho exploratório, o objetivo principal foi identificar as memórias sociais de juventude entre remanescentes de quilombos residentes no norte do Estado do Espírito Santo, relacionando as representações desse passado compartilhado às mudanças ambientais e sociais que recentemente atravessaram a sua região. A hipótese inicial era a de que essas representações da juventude, sua seleção, relevância e atualizações estariam intrinsecamente relacionadas à devastação ambiental e às modernas formas de produção e de organização do Estado que ocuparam esse território nas últimas décadas.

Os resultados encontrados apontam algumas diferenças entre as representações do que é ser jovem ontem e hoje para os quilombolas entrevistados. Tendo limitado os participantes à faixa dos que possuem de 40 a 60 anos, pode-se perceber, através de suas narrativas, um hiato na relação com as gerações mais novas que não havia sido experimentado com relação aos seus ascendentes. Essa distância vai ser a princípio vista de modo ambivalente, sendo positiva, como o aumento da escolaridade; ou negativa, como a violência, a falta respeito, a prostituição ou o uso de drogas. Entretanto, se provocados um pouco mais nesse sentido, os participantes identificam uma série de fatores, para além das relações imediatas com a nova geração, que, ao atuarem em estruturas arcaicas de constituição territorial e temporal das comunidades, também funcionaram como agentes desse distanciamento. Exemplos disto foram as violentas e repentinas modificações ambientais na região, o fim da cadeia de transmissão oral de saberes que acompanhava há muito as comunidades, bem como a impossibilidade das mesmas vivências de subsistência ou lazer.

Esses resultados apontam para ao menos dois aspectos teóricos relacionados à memória, que se sobressaem e podem ser mais desenvolvidos em estudos posteriores: o primeiro diz respeito ao campo das dinâmicas psicossociais, que operam tanto no nível dos processos individuais, permitindo a atuação em sociedade e arranjando o modo pelo qual "os indivíduos organizam sua experiência com o meio ambiente" (Doise, 2002, p. 28) quanto no das dinâmicas sociais, "particularmente as interacionais, posicionais ou de valores e crenças gerais" (Doise, 2002, p. 28), que formam e orientam o funcionamento desses processos individuais.

No campo estudado, seria interessante aprofundar as questões que envolvem essas construções psicossociais, de contínua reorganização cognitiva, que permitiram a sobrevivência das comunidades remanescentes. Essa necessidade é sugerida a partir da relação entre a seleção das lembranças mais fortes de juventude feita pelos participantes e as novas condições socioambientais da região. A hipótese é a de que a seleção e a sintaxe das marcas mnêmicas obedeceriam à necessidade de salvaguardar a sobrevivência psicossocial do grupo frente aos imperativos das novas realidades atuando em duas frentes. Por um lado, em um aspecto mais conservador, de manutenção dos registros organizadores e reguladores do grupo, reativando as marcas comuns e seu "tempo próprio" (Bonardi, 2005, p. 44) no ancoramento das novas representações. Explicitando, segundo Roussiau e Bonardi (2002, p. 34), a ligação manifesta entre memória e representação social, extraída, de uma parte, do fato de uma representação social se constituir sobre uma base de conhecimentos preexistentes e, de outra parte, da afirmação recorrente de uma "historicidade" das representações sociais e de seus processos de elaboração e transformação. Por outro lado, detectando o movimento e sendo flexível o suficiente para ser reconstruída e absorver de modo próprio a novidade: "toute mise em représentation du passe (histoire, tradition, patrimoine, etc.) puísse être également considerée comme une véritable reconstruction" (Bonardi, 2005, 44). Atuando de modo interconectado e contextualmente atualizado a outras formas culturais e sociais, tornando-se mais relevante e recorrente, justamente na medida em que se torne mais permeável a estas recriações "transtemporais" (Campos, 1997, p. 258) ou "híbridas" (Bhabha, 2001, p.26).

Um segundo aspecto teórico - intrinsecamente relacionado ao primeiro - é a presença da memória na construção de referências identitárias, tanto no plano interno, da coesão intragrupal, que envolve o processo psicológico subjetivo de pertencenimento e do sentimento que L. de Souza vai denominar "sentir-se identificado" (Souza, 2005, p. 132), quanto no plano das relações intergrupos, que envolvem os processos de inclusão e exclusão, bem como a determinação de uma alteridade, de um "outro".

No campo analisado, particularmente no que se refere ao conceito de juventude, seria útil o aprofundamento dessa questão em, ao menos, dois pontos: o primeiro diz respeito ao que é ser jovem para as novas gerações e como elas interagem e/ou reagem a essas lembranças e memórias de seus ascendentes. O segundo é como essas atuais representações de juventude se associam às representações do que é ser quilombola e onde estão ancoradas.

Em tempos globalizados, em que as formas de organização social se dispersam em formas identitárias diversas - gênero, raça, ruralidade/urbanidade, etc. - torna-se fundamental compreender a influência dessas recuperações mnêmicas (nada arbitrárias) nessa redefinição de "indivíduos, coletividades e territorialidades" (Sawaia, 2001, p. 119), construtores de "redes de significados que podem variar drasticamente conforme grupos, regiões ... com todos aqueles elementos vinculados às expressões culturais." (Trindade, 2005, p. 73). Torna-se fundamental também aderir ao questionamento de Bhabha (2001) sobre a extensão dessa influência na composição de culturas "híbridas", alinhavadas, por um lado, pela pluralidade das demandas, lutas e formas de articulação, e, por outro, através de construções discursivas atualizadas em formas "extraterritoriais" e "interculturais".

Nota

Recebido em : 26/02/2009

Revisão em : 07/10/2009

Aceite final em : 20/04/2010

Renata Valentim é doutoranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Endereço: Av. Fernando Ferrari, 514. Goiabeiras. Vitória/ES, Brasil. CEP :29075-910. Email: renatavalentim@click21.com.br

Zeidi Araujo Trindade é docente no Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo, é pós doutora pela USP e atualmente desenvolve pesquisas na área de saúde; paternidade; masculinidade e risco e memória social. Email: zeidi@uol.com.br

Maria Cristina Smith Menandro é docente do Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo, é doutora pelo mesmo programa e atualmente desenvolve pesquisas na área de juventude; paternidade; masculinidade e risco e memória social.Email: crismenandro@uol.com.br

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    Agências de Financiamento : CAPES e CNPq
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Out 2010
    • Data do Fascículo
      Ago 2010

    Histórico

    • Aceito
      20 Abr 2010
    • Revisado
      07 Out 2009
    • Recebido
      26 Fev 2009
    Associação Brasileira de Psicologia Social Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), Av. da Arquitetura S/N - 7º Andar - Cidade Universitária, Recife - PE - CEP: 50740-550 - Belo Horizonte - MG - Brazil
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