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O luto dos familiares de desaparecidos na Ditadura Militar e os movimentos de testemunho

Le deuil des proches des personnes disparues sous la dictature militaire et les mouvements de témoignage

El luto de los familiares de desaparecidos en la Dictadura Militar y los movimientos de testimonio

Resumo

Este artigo pretende compreender a forma como o processo de luto ocorreu entre os familiares de desaparecidos-mortos políticos durante a Ditadura Militar de 1964, que, valendo-se da Doutrina de Segurança Nacional, fez desaparecer militantes, ocasionando um hiato traumático no cerne das famílias, que precisaram lidar com o vazio próprio do desaparecido/desaparecimento. Sabendo que, para a elaboração do luto, se requer uma objetivação da morte - a identificação do corpo morto e os ritos de passagem da vida para a morte -, supomos haver dificuldade nessa possibilidade de elaboração do luto. Identificados com o trabalho freudiano Luto e melancolia, percorremos os dois caminhos por ele apresentados, sem intenção de abranger toda a complexidade humana no que tange às formas de sofrimento no luto, a saber: o luto e sua possibilidade de reinvestimento de libido; e os caminhos da melancolia, que paralisa o sujeito e impede que este faça novos investimentos pulsionais. Caminhando nos passos do pai da psicanálise, verificamos nos familiares de desaparecidos políticos que a melancolia paralisa o sujeito em um estado mortificante, enquanto no luto é possível algum movimento.

Palavras-chave:
luto; trauma; desaparecidos políticos

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