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Enfermidades em bovinos associadas ao consumo de resíduos de cervejaria1 1 Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor, defendida na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Seropédica, RJ, Brasil

Cattle diseases associated with consumption of beer residues

Resumo:

A utilização de subprodutos de cervejaria na alimentação de bovinos tem crescido nos últimos anos como uma excelente alternativa na manutenção ou aumento da produtividade na bovinocultura, sobretudo na Região Sudeste. Entre os resíduos mais empregados estão o bagaço de malte oriundo da "cevada" e o "levedo de cerveja", um subproduto líquido que contém álcool, muito utilizado no Estado do Rio de Janeiro. O uso incorreto ou sem os devidos cuidados, bem como o armazenamento de forma inadequada, contudo, podem ser responsáveis por quadros de intoxicação por etanol, neurotoxicose por Aspergillus clavatus, acidose ruminal e botulismo. Esse trabalho tem por intuito alertar para a importância dessas condições como causa de sérios prejuízos econômicos à pecuária e fornecer subsídios para o estabelecimento do diagnóstico, diagnóstico diferencial e profilaxia das mesmas.

Termos de Indexação:
Enfermidades; subprodutos de cervejaria; bovinos

Abstract:

The use of brewery by-products in cattle feed has grown in recent years as an excellent alternative for maintenance or increase in cattle productivity especially in Southeastern Brazil. Among the most employed by-products are malted barley waste and brewer's yeast, a liquid by-product that contains alcohol and is widely used in the State of Rio de Janeiro. Careless or incorrect use of these products, as well as inadequate storage, can cause ethanol poisoning, neurotoxicosis by Aspergillus clavatus, ruminal acidosis and botulism. This paper highlights the importance of these conditions as causes of severe economic losses to livestock, and provides support for the establishment of diagnosis, differential diagnosis and prophylaxis.

Index Terms:
Diseases; beer residues; cattle

Introdução

Atualmente, o crescimento do consumo de bebidas alcoólicas pela população brasileira e mundial é notória, e essa demanda aumentada tem favorecido a instalação de grandes empresas do ramo, com geração de grande quantidade de resíduos. Por outro lado, a busca de alternativas alimentares que venham reduzir os custos na produção sem prejuízos à produtividade, tem sido primordial para a sobrevivência do setor pecuário.

Em diversas partes do mundo, a utilização de subprodutos gerados em destilarias ou cervejarias na dieta animal tem sido feita em larga escala, graças as suas características nutricionais e baixo custo, em especial, naquelas propriedades próximas a estabelecimentos produtores. Atualmente, o Brasil está entre os três maiores fabricantes de cerveja do mundo, com uma média anual em torno dos 13 bilhões de litros. No Estado do Rio de Janeiro, em função do grande número de indústrias cervejeiras, o uso de seus subprodutos tem sido uma prática comum, principalmente a utilização da cevada úmida e, há algum tempo, também do "levedo de cerveja", um subproduto líquido que contém álcool. Embora existam diversas vantagens na sua utilização, enfermidades como intoxicação por Aspergillus clavatus, acidose ruminal e botulismo, têm sido associadas ao consumo de cevada úmida, enquanto a intoxicação por álcool etílico ocorre pela ingestão direta de resíduo alcóolico obtido após a fermentação do mosto, conhecido na Região Sudeste como "levedo de cerveja".

O objetivo desse trabalho é descrever os aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos das principais enfermidades causadas pelo consumo de subprodutos de cervejaria na dieta de bovinos, no intuito de alertar para a importância dessas condições como causa de sérios prejuízos econômicos à bovinocultura e fornecer subsídios para o estabelecimento do diagnóstico, diagnóstico diferencial e profilaxia das mesmas.

Resíduos de Cervejaria

Diversos tipos de resíduos de cervejaria são formados durante as etapas de fabricação da cerveja (Santos & Ribeiro 2005Santos M.S. & Ribeiro F.M. 2005 Cervejas e refrigerantes. CETEB, São Paulo. 58p. Disponível em <http://www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/producao_limpa/documentos/cervejas_refrigerantes.pdf>
http://www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/p...
). A principal matéria prima utilizada pelas indústrias de cerveja no Brasil é o malte de cevada, acrescida de misturas de outros cereais como o milho e o arroz (Cabral Filho 1999Cabral Filho S.L.S.C. 1999. Avaliação do resíduo de cervejaria em dietas de ruminantes através de técnicas nucleares e correlatas. Dissertação de Mestrado em Ciências, Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP. 82p.). Entre os resíduos gerados durante a fabricação da cerveja, três têm sido mais empregados na alimentação de animais de produção: polpa ou grãos de cervejaria (GC) (Stengel 1991Stengel G. 1991. Brewer grains: the industry, p.86-89. In: Jordan E.R. (Ed.), Proceedings of the Alternative Feeds for Dairy and Beef Cattle Symposium, University of Missouri, Columbia., Westendorf & Wohlt 2002Westendorf M.L. & Wohlt J.E. 2002 Brewing by-products: their use as animal feeds. Vet. Clin. North Am., Food Anim. Pract. 18:233-252.), leveduras de cerveja (Stokes 1977Stokes P.T. 1977. Animal feeds and the brewering industry. Feedstuffs 49:8.) e "brewers condensed solubles" (Stengel 1991Stengel G. 1991. Brewer grains: the industry, p.86-89. In: Jordan E.R. (Ed.), Proceedings of the Alternative Feeds for Dairy and Beef Cattle Symposium, University of Missouri, Columbia., Westendorf & Wohlt 2002Westendorf M.L. & Wohlt J.E. 2002 Brewing by-products: their use as animal feeds. Vet. Clin. North Am., Food Anim. Pract. 18:233-252.). No Estado do Rio de Janeiro, o líquido residual rico em álcool etílico, obtido após a fermentação do mosto, é denominado "levedo de cerveja" e tem sido muito utilizado na alimentação de bovinos (Brust 2011Brust L.A.C. 2011. Intoxicação por etanol contido em "levedo de cerveja" em bovinos. Tese de Doutorado em Ciências Veterinárias, Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 68p., Peixoto et al. 2011Peixoto P.V., Brust L.A.C., Brito M.F., França T.N., Malafaia P. & Tokarnia C.H. 2011. Ethanol poisoning in cattle by ingestion of waste beer yeast in Brazil, p.494-498. In: Riet-Correa F., Pfister J., Schild A.L. & Wierenga T.L. (Eds.), Poisoning by Plants, Mycotoxins, and Related Toxins. CABI, London.) e, mais raramente, de ovinos e suínos (Aragão 2012Aragão A.P. 2012. Levedo de cerveja na alimentação de ovinos e suínos: intoxicações natural e experimental, margem de segurança e profilaxia. Tese de Doutorado em Ciências Veterinárias, Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 92p.).

Formação dos Resíduos

Basicamente, a cerveja é obtida a partir da fermentação do mosto do malte de cevada, por ação de leveduras, que agem na conversão dos açúcares contidos nos grãos, em álcool (Santos & Ribeiro 2005Santos M.S. & Ribeiro F.M. 2005 Cervejas e refrigerantes. CETEB, São Paulo. 58p. Disponível em <http://www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/producao_limpa/documentos/cervejas_refrigerantes.pdf>
http://www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/p...
). Os grãos (sementes) de cevada limpos e selecionados são transformados em malte, processo em que o grão, após ser submetido a condições favoráveis de germinação, é interrompido tão logo emita as primeiras brotações; na etapa subsequente, os grãos são moídos e submetidos à maceração (Oliveira 2009Oliveira M.A.B. 2009. Cerveja: análise sensorial e fabricação. Noryam Editora, Cachoeiro de Itapemirim. 90p.). Ao final deste processo obtém-se o mosto, que nada mais é do que uma solução de açúcares oriunda da sacarificação do amido presente no malte (e adjuntos) por ação de enzimas (Santos & Ribeiro 2005Santos M.S. & Ribeiro F.M. 2005 Cervejas e refrigerantes. CETEB, São Paulo. 58p. Disponível em <http://www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/producao_limpa/documentos/cervejas_refrigerantes.pdf>
http://www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/p...
). Na etapa de clarificação, o mosto é filtrado e segue para a caldeira (Oliveira 2009Oliveira M.A.B. 2009. Cerveja: análise sensorial e fabricação. Noryam Editora, Cachoeiro de Itapemirim. 90p.); o resíduo sólido resultante constitui o bagaço de malte, um subproduto conhecido em nosso meio, simplesmente como "cevada". Algumas indústrias dispõem de técnicas para a extração do excesso de líquido, cuja parte sólida resultante é submetida a processos de secagem para a obtenção de grãos residuais na forma seca ("cevada seca"); o excesso de líquido extraído, forma outro subproduto denominado "brewer condensed solubles" (Westendorf & Wohlt 2002Westendorf M.L. & Wohlt J.E. 2002 Brewing by-products: their use as animal feeds. Vet. Clin. North Am., Food Anim. Pract. 18:233-252.), um subproduto não alcoólico utilizado em alguns países na alimentação animal. No estágio seguinte, o mosto é submetido a um processo de fermentação por meio da adição de leveduras da espécie Saccharomyces cerevisiae ou S. uvarum (S. carlsbergensis), que durante a fase aeróbica, multiplicam-se em até seis vezes sua quantidade inicial; posteriormente, na fase anaeróbica, há fermentação do mosto com a produção de álcool e CO2. Em função da perda de suas características e degeneração, o fermento não pode ser definitamente utilizado e por isso são descartadas a cada quatro ou seis baterias, quando um novo inóculo é preparado e utilizado (Oliveira 2009Oliveira M.A.B. 2009. Cerveja: análise sensorial e fabricação. Noryam Editora, Cachoeiro de Itapemirim. 90p.). Ao final desse processo, uma parte da grande quantidade de leveduras formada é descartada e aproveitada como um suplemento protéico na alimentação animal (Stengel 1991Stengel G. 1991. Brewer grains: the industry, p.86-89. In: Jordan E.R. (Ed.), Proceedings of the Alternative Feeds for Dairy and Beef Cattle Symposium, University of Missouri, Columbia.) e humana (Santos & Ribeiro 2005Santos M.S. & Ribeiro F.M. 2005 Cervejas e refrigerantes. CETEB, São Paulo. 58p. Disponível em <http://www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/producao_limpa/documentos/cervejas_refrigerantes.pdf>
http://www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/p...
). No fundo das dornas (tanques), o "levedo de cerveja", parte constituída pelas leveduras, é então drenada para que o líquido resultante do processo de fermentação, e já denominada "cerveja verde", possa ser maturada e filtrada antes de seu envase e pasteurização, quando finalmente pode ser comercializada como cerveja (Oliveira 2009Oliveira M.A.B. 2009. Cerveja: análise sensorial e fabricação. Noryam Editora, Cachoeiro de Itapemirim. 90p.). O "levedo de cerveja", como este composto é conhecido na Região Sudeste, é, portanto, um subproduto líquido formado não só por leveduras, mas também por parte da cerveja produzida durante a fermentação do mosto, e que por isso, contém concentrações variáveis de álcool (Brust 2011Brust L.A.C. 2011. Intoxicação por etanol contido em "levedo de cerveja" em bovinos. Tese de Doutorado em Ciências Veterinárias, Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 68p.).

Utilização de Subprodutos de Cervejaria na Dieta de Bovinos: Vantagens e Desvantagens

Grãos de cervejaria

São alimentos com alto teor de fibras estruturais, energia e, em especial, proteínas (Westendorf & Wohlt 2002Westendorf M.L. & Wohlt J.E. 2002 Brewing by-products: their use as animal feeds. Vet. Clin. North Am., Food Anim. Pract. 18:233-252.). No Brasil, esse subproduto recebe várias denominações, entre as quais bagaço de malte, resíduo úmido de cervejaria (RUC) ou simplesmente "cevada". Graças ao seu perfil nutricional singular, pode ser usado como o principal ingrediente quando combinado com cereais, forragens e suplementos protéicos, na formulação de dietas para crescimento, manutenção e lactação de espécies ruminantes e não ruminantes (Westendorf & Wohlt 2002Westendorf M.L. & Wohlt J.E. 2002 Brewing by-products: their use as animal feeds. Vet. Clin. North Am., Food Anim. Pract. 18:233-252.), inclusive como substitutos de outras fontes protéicas como farinha de soja (Polan et al. 1985Polan C.E., Herrington T.A., Wark W.A. & Armentano L.E. 1985. Milk production response to diets supplemented with dried brewers grains, wet brewers grain, or soybean meal. J. Dairy Sci. 68:2016-2026., Johnson et al. 1987Johnson C.O.L.E., Huber J.T. & King K.J. 1987. Storage and utilization of brewers grains in diets for lactating dairy cows. J. Dairy Sci. 70:98-107.) e farinha de glúten de milho (Cozzi & Polan 1994Cozzi G. & Polan C.E. 1994. Corn gluten meal or dried brewers grains as partial replacement for soybean in the diet of Holstein cows. J. Dairy Sci. 77:825-834.); particularmente, são ricos em proteína "by pass", com melhor aproveitamento para espécies ruminantes (Stengel 1991Stengel G. 1991. Brewer grains: the industry, p.86-89. In: Jordan E.R. (Ed.), Proceedings of the Alternative Feeds for Dairy and Beef Cattle Symposium, University of Missouri, Columbia.).

O principal emprego desses resíduos tem sido na alimentação de bovinos, especialmente vacas em lactação (Murdock et al. 1981Murdock F.R., Hodgson A.S. & Riley Jr E. 1981. Nutritive value of wet grains for lactating dairy cows. J. Dairy Sci. 64:1826-1832., Davis et al. 1983Davis C.L., Grenawalt D.A. & McCoy G.C. 1983. Feeding value of pressed brewers' grains for lactating dairy cows. J. Dairy Sci. 66:73-79., Stengel 1991Stengel G. 1991. Brewer grains: the industry, p.86-89. In: Jordan E.R. (Ed.), Proceedings of the Alternative Feeds for Dairy and Beef Cattle Symposium, University of Missouri, Columbia.) e em menor escala, nos rebanhos destinados à engorda (Preston et al. 1973Preston R.L., Vance R.D. & Cahill V.R. 1973. Energy evaluation of brewers grains for growing and finishing cattle. J. Anim. Sci. 37:174-178., Stengel 1991Stengel G. 1991. Brewer grains: the industry, p.86-89. In: Jordan E.R. (Ed.), Proceedings of the Alternative Feeds for Dairy and Beef Cattle Symposium, University of Missouri, Columbia.). Também há relatos de sua utilização na dieta de ovinos (Cabral Filho 1999Cabral Filho S.L.S.C. 1999. Avaliação do resíduo de cervejaria em dietas de ruminantes através de técnicas nucleares e correlatas. Dissertação de Mestrado em Ciências, Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP. 82p.), caprinos (Silva et al. 2010Silva V.B., Fonseca C.E.M., Morenz M.J.F., Peixoto E.L.T., Moura E.S. & Carvalho I.N.O. 2010. Resíduo úmido de cervejaria na alimentação de cabras. Revta Bras. Zootec. 39:1595-1599.), suínos (Braz 2008Braz J.M. 2008. Bagaço de cevada na dieta de suínos em fase de crescimento. Dissertação de Mestrado em Produção Animal, Instituto de Zootecnia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 27p.), eqüinos e aves (Westendorf & Wohlt 2002Westendorf M.L. & Wohlt J.E. 2002 Brewing by-products: their use as animal feeds. Vet. Clin. North Am., Food Anim. Pract. 18:233-252.). GC são comercializados tanto na forma úmida quanto seca, entretanto, os altos custos gerados durante o processo de secagem fazem do RUC a principal forma comercializada. Por outro lado, os gastos relacionados com o transporte e a sua rápida deterioração restringem seu uso apenas a propriedades rurais próximas às indústrias cervejeiras (Murdock et al. 1981Murdock F.R., Hodgson A.S. & Riley Jr E. 1981. Nutritive value of wet grains for lactating dairy cows. J. Dairy Sci. 64:1826-1832., Johnson et al. 1987Johnson C.O.L.E., Huber J.T. & King K.J. 1987. Storage and utilization of brewers grains in diets for lactating dairy cows. J. Dairy Sci. 70:98-107.). No Brasil, em função seu alto valor nutricional, dos custos com transporte e da sua disponibilidade quase constante ao longo do ano, o RUC tem sido bastante utilizado na alimentação de bovinos (Cardoso et al. 1982Cardoso R.M., Silva J.F.C., Mello R.P. & Motta V.A.F. 1982. Produção de leite de vacas alimentadas com silagem de sorgo suplementada com polpa úmida de cevada. Revta Soc. Bras. Zootec. 11:38-45., Cabral Filho 1999Cabral Filho S.L.S.C. 1999. Avaliação do resíduo de cervejaria em dietas de ruminantes através de técnicas nucleares e correlatas. Dissertação de Mestrado em Ciências, Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP. 82p., Simas et al. 2007Simas M.M.S., Botura M.B., Correa B., Sabino M., Mallmann C.A., Bitencourt T.C.B.S.C. & Batatinha M.J.M. 2007. Determination of fungal microbiota and mycotoxins in brewes grain used in dairy cattle in the State of Bahia, Brazil. Food Control 18:404-408.), principalmente em fazendas de exploração leiteira (Lima 1993Lima M.L.M. 1993. Resíduo de cervejaria úmido: formas de conservação e efeitos sobre parâmetros ruminais. Dissertação de Mestrado em Ciências, Faculdade de Ciência Animal e Pastagens, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP. 98p., Simas et al. 2007Simas M.M.S., Botura M.B., Correa B., Sabino M., Mallmann C.A., Bitencourt T.C.B.S.C. & Batatinha M.J.M. 2007. Determination of fungal microbiota and mycotoxins in brewes grain used in dairy cattle in the State of Bahia, Brazil. Food Control 18:404-408.) e naquelas propriedades próximas às empresas cervejeiras (Simas et al. 2007Simas M.M.S., Botura M.B., Correa B., Sabino M., Mallmann C.A., Bitencourt T.C.B.S.C. & Batatinha M.J.M. 2007. Determination of fungal microbiota and mycotoxins in brewes grain used in dairy cattle in the State of Bahia, Brazil. Food Control 18:404-408.). A grande oferta permite que esse resíduo, muitas vezes, seja adquirido a preços competitivos quando comparados a outras fontes protéicas mais comuns, como os farelos de soja e algodão (Lima 1993Lima M.L.M. 1993. Resíduo de cervejaria úmido: formas de conservação e efeitos sobre parâmetros ruminais. Dissertação de Mestrado em Ciências, Faculdade de Ciência Animal e Pastagens, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP. 98p.).

Apesar das vantagens relacionadas com o uso de GC na produção de bovinos, sua utilização de forma indiscriminada na dieta de ruminantes tem sido responsável por numerosos casos de acidose ruminal (Krogh 1963Krogh N. 1963. Clinical and microbiological studies on spontaneous cases of acute indigestion in ruminants. Acta Vet. Scand. 4:27-40.) e laminite (Okwee-Acai & Acon 2005Okwee-Acai J. & Acon J. 2005. Claw lesions and lameness in zero-grazed cattle fed on brewer's grain in Uganda. Bull. Anim. Health Prod. Afr.53:107-112.), além de que a contaminação do bagaço de malte por fungos, especialmente por cepas de Aspergillus clavatus, tem sido associada a surtos em bovinos e ovinos, caracterizados por síndromes tremorgênicas (Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town.), inclusive no Brasil (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Bezerra Jr et al. 2009aBezerra Jr P.S., Santos A.S., Bandarra P.M., Pedroso P.M.O., Pavarini S.P., Spanamberg A., Ferreiro L. & Driemeier D. 2009a. Intoxicação experimental por Aspergillus clavatus em ovinos. Pesq. Vet. Bras. 29(3):205-210. bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.). Adicionalmente, quadros de botulismo associado ao consumo de subprodutos de cervejaria, mesmo que não seja uma fonte de intoxicação comum, podem ocorrer sob a forma de surtos (Haagsma 1991Haagsma J.1991. Botulism in cattle: a review. Tijdschr. Diergeneeskd. 116(13):663-669.).

"Levedo de cerveja"

Na região sul do Estado do Rio de Janeiro, esse subproduto composto por cerveja residual e leveduras descartadas no processo de fabricação da bebida, têm sido utilizado em larga escala, principalmente na dieta de bovinos destinados a engorda, com eventuais casos de intoxicação por álcool etílico, por vezes fatais (Brust 2011Brust L.A.C. 2011. Intoxicação por etanol contido em "levedo de cerveja" em bovinos. Tese de Doutorado em Ciências Veterinárias, Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 68p., Peixoto et al. 2011Peixoto P.V., Brust L.A.C., Brito M.F., França T.N., Malafaia P. & Tokarnia C.H. 2011. Ethanol poisoning in cattle by ingestion of waste beer yeast in Brazil, p.494-498. In: Riet-Correa F., Pfister J., Schild A.L. & Wierenga T.L. (Eds.), Poisoning by Plants, Mycotoxins, and Related Toxins. CABI, London.). Até o momento, não há referências sobre os valores nutricionais do "levedo" de cerveja disponibilizados para a alimentação animal nesta região (Brust 2011Brust L.A.C. 2011. Intoxicação por etanol contido em "levedo de cerveja" em bovinos. Tese de Doutorado em Ciências Veterinárias, Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 68p., Peixoto et al. 2011Peixoto P.V., Brust L.A.C., Brito M.F., França T.N., Malafaia P. & Tokarnia C.H. 2011. Ethanol poisoning in cattle by ingestion of waste beer yeast in Brazil, p.494-498. In: Riet-Correa F., Pfister J., Schild A.L. & Wierenga T.L. (Eds.), Poisoning by Plants, Mycotoxins, and Related Toxins. CABI, London.).

Enfermidades Diretamente Associadas à Ingestão de Subprodutos de Cervejaria

Intoxicação por álcool etílico contido em "levedo de cerveja"

A administração de "levedo de cerveja" a bovinos tem sido associada a casos esporádicos, por vezes fatais, de intoxicação por etanol no Sul do Estado do Rio de Janeiro (Brust 2011Brust L.A.C. 2011. Intoxicação por etanol contido em "levedo de cerveja" em bovinos. Tese de Doutorado em Ciências Veterinárias, Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 68p., Peixoto et al. 2011Peixoto P.V., Brust L.A.C., Brito M.F., França T.N., Malafaia P. & Tokarnia C.H. 2011. Ethanol poisoning in cattle by ingestion of waste beer yeast in Brazil, p.494-498. In: Riet-Correa F., Pfister J., Schild A.L. & Wierenga T.L. (Eds.), Poisoning by Plants, Mycotoxins, and Related Toxins. CABI, London.).

O resíduo é utilizado na maioria dos casos, em criações de gado de corte e eventualmente em animais produtores de leite. Em grande parte das propriedades visitadas, o "levedo" tem sido disponibilizado ad libitum para bovinos, em cochos coletivos e associado ao volumoso, que na maioria das vezes são pastos de Brachiaria sp, além de sal mineral e água à vontade; para animais destinados à engorda, a utilização do "levedo" tem início em média, 90 dias antes do abate. Aparentemente os surtos ocorrem em animais pouco habituados ao consumo, de forma que no início tendem a ingeri-lo em grandes volumes. O "levedo" quando recém-chegado, parece conter níveis mais elevados de álcool, o que contribuiria para a intoxicação tanto nos lotes de animais já habituados ao resíduo, mas principalmente naqueles durante a fase de adaptação; por fim, períodos que se seguem à escassez do produto parecem estimular um maior consumo do resíduo e consequentemente, a intoxicação.

Nos casos de intoxicação por "levedo de cerveja", o quadro clínico, segundo informações obtidas em todas as propriedades visitadas, tem início em até 30 minutos após o término da ingestão de grandes quantidades do resíduo (Fig.1) e se caracteriza por sinais de embriaguez (Fig.2 e 3) como tonteira, cambaleios, quedas, posições atípicas, decúbito, timpanismo e morte em minutos ou poucas horas, principalmente devido ao meteorismo. Em um caso espontâneo observado durante visita a uma propriedade, um bovino antes de se recuperar, apresentou ataxia, decúbito, incapacidade de levantar-se, obnubilação, tremores musculares, respiração profunda e taquipnéica. A administração do "levedo de cerveja" a cinco bovinos em doses de 38,46ml/kg a 137,09ml/kg foi responsável pelo desenvolvimento de quadros de intoxicação leve a grave; um animal morreu com 110,49ml/kg. Os sintomas foram semelhantes aos observados no caso natural e naqueles obtidos durante o levantamento epidemiológico, acrescidos por choque contra obstáculos, sonolência, movimentos pendulares com a cabeça, apoio da cabeça ao solo, aumento da frequência cardíaca, nistagmo e odor alcoólico no ar expirado. Quadros de timpanismos, que normalmente são relatados pelos produtores rurais como responsáveis pela morte de bovinos intoxicados, se apresentaram sem gravidade e não associados à causa mortis. Os achados de necropsia obtidos após a administração de "levedo" de cerveja a bovinos limitaram-se em um único animal, a edema gelatinoso e translúcido na parede do rúmen, conteúdo ruminal com odor característico de "levedo de cerveja" e espuma esbranquiçada na traqueia (Brust 2011Brust L.A.C. 2011. Intoxicação por etanol contido em "levedo de cerveja" em bovinos. Tese de Doutorado em Ciências Veterinárias, Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 68p.). A análise por cromatografia gasosa dos níveis de etanol nos animais que receberam o resíduo, revelou valores plasmáticos de 253,4mg/dL a 503,3mg/dL, e urinários de 104,2mg/dL a 137,6mg/dL. A quantificação de uma amostra do "levedo de cerveja" administrado em um dos experimentos demonstrou um teor alcoólico de 5%.

Fig.1:
Ingestão de "levedo de cerveja" por animais confinados, Distrito de Arrozal, Piraí, RJ.

Fig.2:
Intoxicação experimental por etanol contido em "levedo de cerveja". Incoordenação e sonolência.

Fig.3:
Intoxicação experimental por etanol contido em "levedo de cerveja". Quadro de torpor e sonolência.

Toxicose por Aspergillus clavatus

A utilização de malte e outros subprodutos da indústria de cervejas e destilados tem sido associada a surtos esporádicos de síndrome tremorgênica em bovinos e ovinos, determinados pela contaminação por cepas tóxicas de Aspergillus clavatus (Fig.4) e suas micotoxinas, durante o período de armazenamento (Humphreys 1988Humphreys D.J. 1988. Organic compounds, III: Miscellaneous, p.183. In: Humphreys D.J. (Ed.), Veterinary Toxicology. 3rd ed. Baillière Tindall, London. 356p., Gilmour et al. 1989Gilmour J.S., Inglis D.M., Robb J. & Maclean M. 1989. A fodder mycotoxicosis of ruminants caused by contamination of a distillery by-product with Aspergillus clavatus. Vet. Rec. 124:133-135., Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.). Intoxicações por Aspergillus clavatus em bovinos e ovinos já foram descritas em vários países (Gilmour et al. 1989Gilmour J.S., Inglis D.M., Robb J. & Maclean M. 1989. A fodder mycotoxicosis of ruminants caused by contamination of a distillery by-product with Aspergillus clavatus. Vet. Rec. 124:133-135., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town.). No Brasil, surtos de intoxicação em bovinos ocorreram durante a ingestão de subprodutos de cervejaria no Rio Grande do Sul (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.). Dois novos surtos foram detectados em agosto e outubro de 2012, respectivamente, nos municípios de Paty de Alferes (L.A.C. Brust, comunicação pessoal) e Valença (Oliveira 2012Oliveira G.R. 2012. Comunicação pessoal (Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária (SEAPC), Núcleo de Barra do Piraí, RJ.) no Estado do Rio de Janeiro. Relatos sobre surtos de intoxicação por Aspergillus clavatus em bovinos mostram que a morbidade pode se apresentar de forma bem variável, de 17 até 100%, assim como a letalidade, que incluindo os animais mortos espontaneamente e sacrificados, pode oscilar de 30 a 100%. O curso clínico da enfermidade pode variar de 2 ou 3 dias a duas semanas (Gilmour et al. 1989Gilmour J.S., Inglis D.M., Robb J. & Maclean M. 1989. A fodder mycotoxicosis of ruminants caused by contamination of a distillery by-product with Aspergillus clavatus. Vet. Rec. 124:133-135., Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.), mas alguns animais podem morrer após semanas de evolução (Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.).

Fig.4:
Cevada recoberta por bolor azul-esverdeado.

Em bovinos, os sinais clínicos relacionados à neurotoxina produzida por A. clavatus são caracterizados, de uma forma geral, por tremores musculares, hiperestesia, ataxia e paralisia progressiva (Gilmour et al. 1989Gilmour J.S., Inglis D.M., Robb J. & Maclean M. 1989. A fodder mycotoxicosis of ruminants caused by contamination of a distillery by-product with Aspergillus clavatus. Vet. Rec. 124:133-135., Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Colodel et al. 2004Colodel E.M., Schmitz M., Traverso S.D., Sanches E.M.C., Ferreiro F., Loretti A.P., Correa A.M.C., Seitz A.L. & Driemeier D. 2004. Aspectos clínicos e patológicos da doença neurológica de bovinos reproduzida pela administração de milho contaminado com Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 24(Supl.):16-17., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.). À primeira vista, animais acometidos podem se apresentar aparentemente normais, no entanto, quando excitados ou forçados a caminhar, os tremores tendem a se agravar (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Colodel et al. 2004Colodel E.M., Schmitz M., Traverso S.D., Sanches E.M.C., Ferreiro F., Loretti A.P., Correa A.M.C., Seitz A.L. & Driemeier D. 2004. Aspectos clínicos e patológicos da doença neurológica de bovinos reproduzida pela administração de milho contaminado com Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 24(Supl.):16-17., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.), principalmente nos flancos e membros (Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.). Alterações na locomoção são sinais predominantes (Gilmour et al. 1989Gilmour J.S., Inglis D.M., Robb J. & Maclean M. 1989. A fodder mycotoxicosis of ruminants caused by contamination of a distillery by-product with Aspergillus clavatus. Vet. Rec. 124:133-135., Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.), caracterizados por fraqueza muscular, incoordenação dos membros pélvicos (Fig.5) (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.), andar rígido com passos curtos, arrastar de pinças, emboletamento das patas posteriores (Gilmour et al. 1989Gilmour J.S., Inglis D.M., Robb J. & Maclean M. 1989. A fodder mycotoxicosis of ruminants caused by contamination of a distillery by-product with Aspergillus clavatus. Vet. Rec. 124:133-135., Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Colodel et al. 2004Colodel E.M., Schmitz M., Traverso S.D., Sanches E.M.C., Ferreiro F., Loretti A.P., Correa A.M.C., Seitz A.L. & Driemeier D. 2004. Aspectos clínicos e patológicos da doença neurológica de bovinos reproduzida pela administração de milho contaminado com Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 24(Supl.):16-17., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town.) e por vezes hipermetria (Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.). Alguns animais com dificuldade em se manter de pé, permanecem com os membros posteriores afastados e deslocados cranialmente e os membros torácicos, posicionados em direção caudal (Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.). Quedas são comuns (Gilmour et al. 1989Gilmour J.S., Inglis D.M., Robb J. & Maclean M. 1989. A fodder mycotoxicosis of ruminants caused by contamination of a distillery by-product with Aspergillus clavatus. Vet. Rec. 124:133-135., Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Colodel et al. 2004Colodel E.M., Schmitz M., Traverso S.D., Sanches E.M.C., Ferreiro F., Loretti A.P., Correa A.M.C., Seitz A.L. & Driemeier D. 2004. Aspectos clínicos e patológicos da doença neurológica de bovinos reproduzida pela administração de milho contaminado com Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 24(Supl.):16-17., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town.) em posição esternal (Gilmour et al. 1989Gilmour J.S., Inglis D.M., Robb J. & Maclean M. 1989. A fodder mycotoxicosis of ruminants caused by contamination of a distillery by-product with Aspergillus clavatus. Vet. Rec. 124:133-135., Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Colodel et al. 2004Colodel E.M., Schmitz M., Traverso S.D., Sanches E.M.C., Ferreiro F., Loretti A.P., Correa A.M.C., Seitz A.L. & Driemeier D. 2004. Aspectos clínicos e patológicos da doença neurológica de bovinos reproduzida pela administração de milho contaminado com Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 24(Supl.):16-17., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.) ou em posturas atípicas, com membros pélvicos em posição anormal sob o abdômen (Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town.), esticados para trás (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132.) ou em posição de cão sentado (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town.). Em decúbito esternal, a maioria continua alerta, consciente (Gilmour et al. 1989Gilmour J.S., Inglis D.M., Robb J. & Maclean M. 1989. A fodder mycotoxicosis of ruminants caused by contamination of a distillery by-product with Aspergillus clavatus. Vet. Rec. 124:133-135., Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.) e com apetite e dipsia presentes (Gilmour et al. 1989Gilmour J.S., Inglis D.M., Robb J. & Maclean M. 1989. A fodder mycotoxicosis of ruminants caused by contamination of a distillery by-product with Aspergillus clavatus. Vet. Rec. 124:133-135., Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.), mas tentativas de se levantar geralmente são frustradas (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132.). Outros sinais neurológicos observados incluem fraqueza, postura com membros abertos em base ampla, tremores de cabeça, perda de reflexo espinhal (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132.) e cutâneo (Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.), além de comportamento anormal como mania (Gilmour et al. 1989Gilmour J.S., Inglis D.M., Robb J. & Maclean M. 1989. A fodder mycotoxicosis of ruminants caused by contamination of a distillery by-product with Aspergillus clavatus. Vet. Rec. 124:133-135.) agressividade, inquietação e reações de medo a sombras, objetos e animais (Colodel et al. 2004Colodel E.M., Schmitz M., Traverso S.D., Sanches E.M.C., Ferreiro F., Loretti A.P., Correa A.M.C., Seitz A.L. & Driemeier D. 2004. Aspectos clínicos e patológicos da doença neurológica de bovinos reproduzida pela administração de milho contaminado com Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 24(Supl.):16-17.). Alguns animais podem ainda demonstrar queda na produção de leite (Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.), salivação (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town.), além de cansaço e dispneia após exercícios leves (Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.). Na fase terminal, os animais assumem decúbito lateral e fazem movimentos de pedalagem (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.), por vezes acompanhados de opistótono (Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.).

Fig.5:
Intoxicação natural por Aspergillus clavatus. Incoordenação e queda, Município de Paty de Alferes, RJ.

Lesões macroscópicas são observadas, em parte dos animais, principalmente na musculatura esquelética dos membros pélvicos e torácicos, particularmente próxima a suas inserções e origens, e se caracterizam por áreas de coloração esbranquiçada ou ocasionalmente pálida (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Colodel et al. 2004Colodel E.M., Schmitz M., Traverso S.D., Sanches E.M.C., Ferreiro F., Loretti A.P., Correa A.M.C., Seitz A.L. & Driemeier D. 2004. Aspectos clínicos e patológicos da doença neurológica de bovinos reproduzida pela administração de milho contaminado com Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 24(Supl.):16-17., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.), nítidas em animais severamente afetados e naqueles que demonstram sinais clínicos por períodos prolongados (Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.).

Ao exame histopatológico, as lesões mais significativas encontradas em bovinos, são muitas vezes bilaterais e relativamente simétricas e estão presentes, sobretudo, nos cornos ventrais da medula espinhal e núcleos da medula oblonga, do tronco encefálico e tálamo (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.) além de gânglios nervosos espinhais, do trigêmio, estrelado e celíaco. Os neurônios acometidos encontram-se tumefeitos e, em várias instâncias, revelam diferentes estágios de cromatólise, caracterizada por citoplasma eosinofilico, pálido e com grânulos de Nissl rarefeitos ou ausentes. Muitos dos núcleos de neurônios degenerados ou necróticos encontram-se situados excentricamente e estão picnóticos ou ausentes (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.). Lesões na musculatura esquelética observadas, em geral, nos grupos musculares dos membros, caracterizam-se principalmente por degeneração e necrose focal (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Colodel et al. 2004Colodel E.M., Schmitz M., Traverso S.D., Sanches E.M.C., Ferreiro F., Loretti A.P., Correa A.M.C., Seitz A.L. & Driemeier D. 2004. Aspectos clínicos e patológicos da doença neurológica de bovinos reproduzida pela administração de milho contaminado com Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 24(Supl.):16-17., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.), por vezes acompanhadas de calcificação distrófica (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132.).

Acidose ruminal

Quadros de acidose ruminal causados pela ingestão de grãos de cervejaria foram relatados por Krogh (1963)Krogh N. 1963. Clinical and microbiological studies on spontaneous cases of acute indigestion in ruminants. Acta Vet. Scand. 4:27-40.. Ingestão excessiva de bagaço de malte, como causa de acidose ruminal típica com laminite (Fig.6), foi observada por Caldas (2011)Caldas S.A. 2011. Comunicação pessoal (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ). no Estado do Rio de Janeiro. As manifestações clínicas da acidose ruminal são variáveis de acordo com o tipo e quantidade de alimento ingerido, o intervalo de tempo decorrido desde o consumo do alimento (Underwood 1992aUnderwood W.J. 1992a. Rumen lactic acidosis. I. Epidemiology and pathophysiology. Compend. Contin. Educ. Pract. Vet. 14:1127-1334.), a fase da enfermidade, o grau de acidose ruminal e com as modificações locais e reabsortivas resultantes (Dirksen 1981Dirksen G. 1981. Indigestiones en el bovino. Schnetztor-Verlag, Konstantz. 79p.). Em casos de acidose ruminal aguda, os sintomas tornam-se mais evidentes em 12 a 24 horas (Dirksen 2005Dirksen G. 2005. Enfermedades de los órganos digestivos y la pared abdominal, p.25-631. In: Dirksen G., Gründer H. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirurgía del Bovino. Vol.1. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires.) e incluem inapetência, anorexia, incoordenação, intranquilidade, tremores musculares, sinais de cólicas, gemidos, ranger de dentes e queda ou interrupção da produção de leite além de marcada depressão e decúbito permanente. A desidratação acompanhada por enoftalmia e toxemia, e poliúria que progride para anúria (Dirksen 1981Dirksen G. 1981. Indigestiones en el bovino. Schnetztor-Verlag, Konstantz. 79p., 2005Dirksen G. 2005. Enfermedades de los órganos digestivos y la pared abdominal, p.25-631. In: Dirksen G., Gründer H. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirurgía del Bovino. Vol.1. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires., Krogh 1963Krogh N. 1963. Clinical and microbiological studies on spontaneous cases of acute indigestion in ruminants. Acta Vet. Scand. 4:27-40., Underwood 1992bUnderwood W.J. 1992b. Rumen lactic acidosis. II. Clinical signs, diagnosis, treatment, and prevention. Compend. Contin. Educ. Pract. Vet. 14:1265-1270.). Há leve timpanismo ruminal com motilidade reduzida ou ausente e sons metálicos à auscultação. As fezes inicialmente amolecidas, depois diarreicas, com coloração amarelo-esverdeada e odor agridoce; com a evolução do quadro tornam-se fétidas e espumosas ou tingidas de sangue (Underwood 1992bUnderwood W.J. 1992b. Rumen lactic acidosis. II. Clinical signs, diagnosis, treatment, and prevention. Compend. Contin. Educ. Pract. Vet. 14:1265-1270.). O quadro resulta em acidose metabólica descompensada, choque e morte em 24 a 48 h nos animais gravemente acometidos e sem tratamento (Dirksen 1981Dirksen G. 1981. Indigestiones en el bovino. Schnetztor-Verlag, Konstantz. 79p., Underwood 1992bUnderwood W.J. 1992b. Rumen lactic acidosis. II. Clinical signs, diagnosis, treatment, and prevention. Compend. Contin. Educ. Pract. Vet. 14:1265-1270.).

Fig.6:
Laminite aguda associada à acidose ruminal por consumo excessivo de cevada (cortesia Prof. Saulo Caldas).

Em quadros graves, os animais podem ser encontrados em decúbito esternal com a cabeça voltada para o flanco; apresentam-se apáticos ou comatosos, com enoftalmia, temperatura subnormal, frequência cardíaca elevada e dispneia. Sem tratamento, as mortes podem ocorrer em até 12 horas Animais sobreviventes podem apresentar complicações como ruminites e abscessos hepáticos. laminite e polioencefalomalácia (Brent 1976Brent B.E. 1976. Relationship of acidosis to other feedlot aliments. J. Anim. Sci. 43:930-935., Underwood 1992bUnderwood W.J. 1992b. Rumen lactic acidosis. II. Clinical signs, diagnosis, treatment, and prevention. Compend. Contin. Educ. Pract. Vet. 14:1265-1270., Dirksen 2005Dirksen G. 2005. Enfermedades de los órganos digestivos y la pared abdominal, p.25-631. In: Dirksen G., Gründer H. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirurgía del Bovino. Vol.1. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires.).

Acidose ruminal subaguda ou crônica-latente caracteriza-se por alteração na proporção dos ácidos graxos produzidos e aumentos temporários de ácido láctico, de modo que o pH oscila entre 5.5 e 5.0 durante breves períodos, mas que se repetem de forma regular, subclínica, durante semanas ou meses e cursa com lesões na mucosa pré-estomacal, fígado e cascos (Dirksen 1981Dirksen G. 1981. Indigestiones en el bovino. Schnetztor-Verlag, Konstantz. 79p., 2005Dirksen G. 2005. Enfermedades de los órganos digestivos y la pared abdominal, p.25-631. In: Dirksen G., Gründer H. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirurgía del Bovino. Vol.1. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires.). Por sua vez, proporções elevadas de propionato e butirato estimulam o crescimento das papilas ruminais, tornando-as hiperplásicas, paraqueratóticas e hiperparaqueratóticas. Essa ruminite crônica hiperplásica permite a colonização por bactérias que ganham a circulação porta e no fígado, promovem a formação de múltiplos abscessos; a invasão bacteriana até outros órgãos raramente ocorre. Por fim, o ácido butírico em excesso é transformado através do acetoacetato na parede ruminal, em b-hidroxibutirato e ambos os corpos cetônicos podem determinar quadros de cetose subclínica (Dirksen 2005Dirksen G. 2005. Enfermedades de los órganos digestivos y la pared abdominal, p.25-631. In: Dirksen G., Gründer H. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirurgía del Bovino. Vol.1. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires.). Em Kampala, distrito de Uganda, a alta prevalência de laminites observada em bovinos foi intimamente associada ao consumo indiscriminado de grãos úmidos de cervejaria; deformações do casco, úlcera de sola, doença da linha branca, sola dupla, entre outras, foram algumas das lesões diretamente relacionadas a laminites (Okwee-Acai & Acon 2005Okwee-Acai J. & Acon J. 2005. Claw lesions and lameness in zero-grazed cattle fed on brewer's grain in Uganda. Bull. Anim. Health Prod. Afr.53:107-112.).

Lesões macro e microscópicas em animais com acidose ruminal aguda, de uma forma geral se resumem a conteúdo líquido e ácido nos pré-estômagos e intestino, além de papilas ruminais hiperêmicas e friáveis que desprendem-se facilmente da camada inferior, especialmente no saco ventral. Degeneração hidrópica e necrose coagulativa do epitélio ruminal são acompanhadas por influxo de neutrófilos (Gelberg 2007Gelberg H.B. 2007. Alimentary system, p.301-392. In: McGavin M.D. & Zachary J.F. (Eds), Pathologic Basis of Veterinary Disease. 4th ed. Elsevier, Missouri.). Quadros de ruminite latente-crônica por sua vez caracterizam-se por ulcerações superficiais e profundas e zonas com reepitalização, incluindo áreas cicatriciais lisas e despigmentadas; as papilas ruminais podem se apresentar com coloração mais escura, espessadas e comprimidas (Dirksen 1981Dirksen G. 1981. Indigestiones en el bovino. Schnetztor-Verlag, Konstantz. 79p., 2005Dirksen G. 2005. Enfermedades de los órganos digestivos y la pared abdominal, p.25-631. In: Dirksen G., Gründer H. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirurgía del Bovino. Vol.1. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires.). Histologicamente observam-se espessamento do epitélio ao nível do estrato córneo e espinhoso, papilas em regeneração e tecido de granulação na submucosa acompanhado frequentemente por eosinófilos, linfócitos e macrófagos Úlceras e deslocamento de abomaso, dilatação do ceco e polioencefalomalacia, podem eventualmente se manifestar como sequelas da acidose ruminal crônica (Dirksen 2005Dirksen G. 2005. Enfermedades de los órganos digestivos y la pared abdominal, p.25-631. In: Dirksen G., Gründer H. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirurgía del Bovino. Vol.1. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires.).

Botulismo

Casos de botulismo tipo B, associados ao consumo de cevada caracterizam-se por excitação, incapacidade de deglutir, língua flácida e parcialmente paralisada, sialorréia intensa, tosse e regurgitação de saliva, água e conteúdo ruminal pela boca e narinas. A capacidade de movimentação encontra-se apenas restrita, em geral com o lombo arqueado e tônus da cauda reduzido, o que não os impede de levantar com facilidade, embora possam permanecer deitados por prolongado período de tempo; a morte nestes casos ocorre em até uma semana devido à desidratação e pneumonia por falsa via (Stöber 2005aStöber M. 2005a. Botulismo, p.1007-1011. In: Dirksen G., Gründer H.D. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirugía del Bovino. Vol.2. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires.). Na Holanda, surtos de botulismo tipo B em bovinos foram diagnosticados em 20 propriedades rurais que utilizavam cevada úmida na dieta dos animais. (Haagsma & Ter Laak 1978Haagsma J. & Ter Laak E.A.1978. Atypiche gevallen van botulismus type B bij runderen, verrorzaakt door de bijvoedering van bierbostel. Tijdschr. Diergeneeskd. 103(6):312-325.).

O diagnóstico da intoxicação botulínica baseia-se principalmente nos aspectos clínico-patológicos e epidemiológicos, uma vez que a comprovação laboratorial tem suas limitações práticas (Tokarnia et al. 2010Tokarnia C.H., Brito M.F., Barbosa J.D., Peixoto P.V. & Döbereiner J. 2012. Parte geral, p.5-26. In: Tokarnia C.H., Brito M.F., Barbosa J.D., Peixoto P.V. & Döbereiner J. (Eds), Plantas Tóxicas do Brasil. 2ª ed. Helianthus, Rio de Janeiro.). A toxina pode ser detectada ainda em restos cadavéricos, alimentos suspeitos e água superficial, contudo em alguns não é detectada em nenhuma das amostras por ter sido absorvida ou degradada por bactérias (Dutra et al. 2005Dutra I.S., Döbereiner J. & Souza A.M. 2005. Botulismo em bovinos de corte e leite alimentados com cama de frango. Pesq. Vet. Bras. 25:115-119.).

Diferenciação das Enfermidades Causadas pela Ingestão de Subprodutos de Cervejaria

Pode ser problemático o estabelecimento do diagnóstico diferencial entre essas condições, principalmente pelo quadro neurológico.

Intoxicação por etanol contido em "levedo de cerveja"

Casos de intoxicação por etanol iniciam-se de forma rápida, em geral 30 minutos (Peixoto et al. 2011Peixoto P.V., Brust L.A.C., Brito M.F., França T.N., Malafaia P. & Tokarnia C.H. 2011. Ethanol poisoning in cattle by ingestion of waste beer yeast in Brazil, p.494-498. In: Riet-Correa F., Pfister J., Schild A.L. & Wierenga T.L. (Eds.), Poisoning by Plants, Mycotoxins, and Related Toxins. CABI, London.) a duas horas (Wijayasinghe et al. 1984Wijayasinghe M.S., Miranda M., Smith N.E., Baldwin R.L., Wijayasinghe C. & Har S.A. 1984. A yeast related ethanol intoxication syndrome in experimental calves: prevention with nystatin. Can. Vet. J.25:251-253.) após sua ingestão e caracterizam-se por embriaguez e demais sinais neurológicos já descritos (Stöber 2005bStöber M. 2005b. Intoxicación con alcohol etílico, p.1024. In: Dirksen G., Gründer H.D. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirugía del Bovino. Vol.2. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires.). A avaliação de níveis de etanol no sangue mostrarão obviamente aumento naqueles animais expostos ao resíduo, entretanto se tomarmos por base os valores encontrados nos animais fatalmente intoxicados pelo etanol contidos em subprodutos de cervejaria, esses podem variar de 280 mg/dL (Wijayasinghe et al. 1984Wijayasinghe M.S., Miranda M., Smith N.E., Baldwin R.L., Wijayasinghe C. & Har S.A. 1984. A yeast related ethanol intoxication syndrome in experimental calves: prevention with nystatin. Can. Vet. J.25:251-253.) a 630mg/dL (Hibbs et al. 1986Hibbs C.M., Smith G.S., Hallford D.M., Thilsted J.P., Robb J., Trujillo P. & Anspaugh V. 1986. Accidental and experimental ethanol toxicosis in cattle. Kongr. Weltges. Buiatrik 14:733-737.). Os achados patológicos são inconsistentes para fins de diferenciação com outras doenças. O odor alcoólico no conteúdo dos pré-estômagos comprovaria apenas a ingestão do produto, mas não que esta seria a causa mortis. (Brust 2011Brust L.A.C. 2011. Intoxicação por etanol contido em "levedo de cerveja" em bovinos. Tese de Doutorado em Ciências Veterinárias, Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. 68p.). Informações sobre a data do início da administração e manejo para a adaptação dos animais ao resíduo ou se houve algum período de escassez do "levedo" exatamente antes do início das mortes devem ser investigadas (Peixoto et al. 2011Peixoto P.V., Brust L.A.C., Brito M.F., França T.N., Malafaia P. & Tokarnia C.H. 2011. Ethanol poisoning in cattle by ingestion of waste beer yeast in Brazil, p.494-498. In: Riet-Correa F., Pfister J., Schild A.L. & Wierenga T.L. (Eds.), Poisoning by Plants, Mycotoxins, and Related Toxins. CABI, London.).

Toxicose por Aspergillus clavatus

A intoxicação por Aspergillus clavatus, em geral cursa com evolução mais longa e caracteriza-se principalmente por tremores musculares, distúrbios locomotores, sobretudo nos membros posteriores e áreas pálidas ou de coloração esbranquiçada na musculatura esquelética, além de lesões degenerativo-necróticas, relativamente características, em neurônios dos cornos ventrais da medula espinhal, núcleos da medula oblonga, tronco encefálico, tálamo e gânglios nervosos (Loretti et al. 2003Loretti A.P., Colodel E.M., Driemeier D., Corrêa A.M., Bangel Jr. J.J. & Ferreiro L. 2003. Neurological disorder in dairy cattle associated with consumption of beer residues contamined with Aspergillus clavatus. J. Vet. Diagn. Invest. 15:123-132., Kellerman et al. 2005Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. 2005. Central Nervous System, p.63-113. In: Kellerman T.S., Coetzer J.A.W., Naudé T.W. & Botha C.J. (Eds), Plant Poisonings and Mycotoxicoses of Livestock in Southern Africa. 2nd ed. Oxford University Press. Cape Town., Bezerra Jr et al. 2009bBezerra Jr P.S., Raymundo D.L., Spanamberg A., Corrêa A.M., Bangel Jr J.J., Ferreiro L.& Driemeier D. 2009b. Neurotoxicose em bovinos associada ao consumo de bagaço de malte contaminado por Aspergillus clavatus. Pesq. Vet. Bras. 28(3):210-218.).

Acidose ruminal

Quadros graves de acidose ruminal aguda em geral cursam com incoordenação, andar cambaleante, depressão profunda, decúbito permanente com morte em poucas horas e (Dirksen 1981Dirksen G. 1981. Indigestiones en el bovino. Schnetztor-Verlag, Konstantz. 79p., 2005Dirksen G. 2005. Enfermedades de los órganos digestivos y la pared abdominal, p.25-631. In: Dirksen G., Gründer H. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirurgía del Bovino. Vol.1. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires., Underwood 1992bUnderwood W.J. 1992b. Rumen lactic acidosis. II. Clinical signs, diagnosis, treatment, and prevention. Compend. Contin. Educ. Pract. Vet. 14:1265-1270.); por vezes, animais enfermos são descritos como se estivessem "bêbados" (Eddy 2008Eddy R.G. 2008. Doenças do sistema digestório, p.724-759. In: Andrews A.H., Blowey R.W., Boyd H., Eddy R.G. (Eds), Medicina Bovina: doenças e criação de bovinos. 2ª ed. Rocca, São Paulo.). A diferenciação, entretanto, não apresenta maiores problemas já que bovinos com essa forma de acidose manifestam ainda desidratação grave, enoftalmia e hemoconcentração, fezes amolecidas ou diarreicas com odor agridoce ou fétidas e alterações específicas no exame do suco ruminal (Dirksen 1981Dirksen G. 1981. Indigestiones en el bovino. Schnetztor-Verlag, Konstantz. 79p., 2005Dirksen G. 2005. Enfermedades de los órganos digestivos y la pared abdominal, p.25-631. In: Dirksen G., Gründer H. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirurgía del Bovino. Vol.1. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires.). À necropsia observam-se ainda conteúdo pré-estomacal e intestinal de odor ácido, hiperemia e edema das papilas ruminais e, por vezes, desprendimento da mucosa do rúmen (Dirksen 2005Dirksen G. 2005. Enfermedades de los órganos digestivos y la pared abdominal, p.25-631. In: Dirksen G., Gründer H. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirurgía del Bovino. Vol.1. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires., Gelberg 2007Gelberg H.B. 2007. Alimentary system, p.301-392. In: McGavin M.D. & Zachary J.F. (Eds), Pathologic Basis of Veterinary Disease. 4th ed. Elsevier, Missouri.). Alguns sinais associados à indigestão como redução ou atonia ruminal, timpanismo leve a moderado e grande volume de líquido no rúmen (Dirksen 1981Dirksen G. 1981. Indigestiones en el bovino. Schnetztor-Verlag, Konstantz. 79p., 2005Dirksen G. 2005. Enfermedades de los órganos digestivos y la pared abdominal, p.25-631. In: Dirksen G., Gründer H. & Stöber M. (Eds), Medicina Interna y Cirurgía del Bovino. Vol.1. 4ª ed. Inter-Médica, Buenos Aires., Underwood 1992bUnderwood W.J. 1992b. Rumen lactic acidosis. II. Clinical signs, diagnosis, treatment, and prevention. Compend. Contin. Educ. Pract. Vet. 14:1265-1270.), associados ao quadro neurológico podem trazer certa semelhança com a intoxicação por "levedo de cerveja", mas o exame de suco ruminal e os outros achados descritos acima esclarecem qualquer dúvida.

Ainda com relação à acidose ruminal, cabe lembrar que outra enfermidade neurológica pode estar a ela associada, a polioencefalomalacia (PEM). Entre outros sinais neurológicos, a cegueira total ou parcial e o opistótono estão presentes na maioria dos quadros de PEM; a resposta ao tratamento com tiamina reforça a suspeita (Lemos & Nakazato 2001Lemos R.A.A. & Nakazato L. 2001. Polioencefalomalacia, p.547-553. In: Riet-Correa F., Schild A.L., Mendez M.C. & Lemos R.A.A. (Eds), Doenças de Ruminantes e Equídeos. Vol.2. 2ª ed. Varela, São Paulo. ). As alterações anatomopatológicas caracterizadas por edema e achatamento das circunvoluções cerebrais, às vezes com deslocamento caudal do cerebelo e consequente necrose laminar no córtex cerebral (Lemos & Nakazato 2001Lemos R.A.A. & Nakazato L. 2001. Polioencefalomalacia, p.547-553. In: Riet-Correa F., Schild A.L., Mendez M.C. & Lemos R.A.A. (Eds), Doenças de Ruminantes e Equídeos. Vol.2. 2ª ed. Varela, São Paulo. ), permitem seu diagnóstico e sua diferenciação de outras enfermidades associadas à ingestão de subprodutos de cervejaria.

Botulismo

Surtos de botulismo cursam com evolução muito variável, e os sintomas, de ordem neuromuscular, caracterizam-se por dificuldade de locomoção e de permanecer em estação, paralisia dos músculos da mastigação, deglutição e, especialmente, paralisia progressiva da língua; sensório inalterado até próximo à morte. No que diz respeito ao quadro clínico, parece haver uma marcada diferença entre casos de botulismo associados à toxina tipo B e àquelas envolvendo os tipos C e D: no primeiro, os sintomas são basicamente de ordem digestiva, caracterizados principalmente por regurgitação e salivação intensa, além da ausência de sinais de fraqueza muscular ou paralisia dos músculos da locomoção, estes por sua vez, são bem marcados nos surtos associados às toxinas C e D (Breukink et al. 1978Breukink H.J., Wagenaar G., Wensing T.H., Notermans S. & Poulos P.W. 1978. Voedselvergiftiging bij runderen veroorzaakt door het eten van bierbostel besmet met Clostridium botulinum type B. Tijdschr. Diergeneesk. 103(6):303-311., Haagsma & Ter Laak 1978Haagsma J. & Ter Laak E.A.1978. Atypiche gevallen van botulismus type B bij runderen, verrorzaakt door de bijvoedering van bierbostel. Tijdschr. Diergeneeskd. 103(6):312-325.).

Outras enfermidades

Além das enfermidades citadas anteriormente, outras tipicamente neurológicas devem ser diferenciadas. Em função do quadro clínico neurológico e principalmente, por ser uma das mais importantes causas de mortes em bovinos no Brasil (Tokarnia et al. 2012Tokarnia C.H., Peixoto P.V., Barbosa J.D., Brito M.F. & Döbereiner J. 2010. Deficiências minerais em animais de produção. Helianthus. Rio de Janeiro. 200p.), a raiva deve estar sempre incluída no diagnóstico diferencial dessas enfermidades. A raiva, que de uma forma geral, acomete também animais de outras espécies, classes e todas as idades, apresenta sempre um desfecho letal após uma evolução variável entre dois e 15 dias. O teste de imunofluorescência acusa positividade e a avaliação histopatológica do sistema nervoso central revela encefalite não-purulenta e presença de corpúsculos de Negri (Fernandes 2001Fernandes C.G. 2001. Raiva, p.149-162. In: Riet-Correa F., Schild A.L., Mendez M.C. & Lemos R.A.A. (Eds), Doenças de Ruminantes e Equídeos. Vol.1. 2a ed. Varela, São Paulo.). Manifestações de ordem neurológica como depressão ou hiperexcitabilidade, convulsões, desorientação, andar compulsivo e apoio da cabeça contra obstáculos são comuns em animais com quadros de encefalopatia hepática, muitas vezes causada por ingestão de plantas hepatotóxicas; as lesões hepáticas associadas edema cerebral, microcavitações e espongiose em partes do sistema nervoso central são características (Radostits et al. 2002Radostits O.M., Gay C.C., Blood D.C. & Hinchcliff K.W. 2002. Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9ª ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 1737p., Stalker & Hayes 2007Stalker M.J. & Hayes M.A. 2007. Liver and biliary system, p.297-388. In: Maxie M.G. (Ed.), Jubb, Kennedy, and Palmer's Pathology of Domestic Animals. Vol.2. 5th ed. Saunders Elsevier, Philadelphia. 771p.).

Considerações Finais e Profilaxia

Dados os diversos problemas/enfermidades que podem ser decorrentes da utilização de resíduos de cervejaria na alimentação de animais, poder-se-ia pensar que o melhor fosse simplesmente a não recomendação do seu emprego. Todavia, em virtude do seu baixo custo e manutenção, além do aumento nos níveis de produção, somos da opinião que a sua utilização na dieta de bovinos deve ser incentivada, desde que se respeitem alguns cuidados básicos quanto à quantidade administrada, armazenamento e manejo desses subprodutos. Entre as medidas capazes de impedir a ocorrência dessas doenças temos:

Intoxicação por etanol contido em "levedo de cerveja"

O conhecimento por parte dos criadores de bovinos quanto aos cuidados necessários a sua implementação e manejo, parece ser o fator mais importante na prevenção desses casos. Durante a fase de adaptação dos animais ao "levedo", a adição de água ao resíduo parece reduzir os riscos de intoxicação uma vez que dilui a concentração de álcool nele contido. Outro aspecto importante está em evitar a falta do produto, mesmo que por alguns dias; nessas situações, as intoxicações decorrem de uma maior ingestão do resíduo após restabelecido o seu fornecimento. Nos casos em que não se pode evitar a escassez do "levedo", os animais devem ser readaptados ao consumo, com acesso controlado ao produto diluído em água.

Toxicose por Aspergillus clavatus

Casos de intoxicação por Aspergillus clavatus no Brasil, tem ocorrido pela ingestão de bagaço de malte, porém de forma muito esporádica, levando-se em consideração a utilização bastante difundida desse subproduto na dieta de bovinos. É importante ter em mente que a contaminação do resíduo pelo fungo pode ocorrer não somente durante o seu armazenamento na propriedade como sua proliferação ainda na fase de germinação do grão ou produção do malte para a fabricação da cerveja. Dessa forma, a redução do tempo de estocagem da cevada na propriedade assim como condições de armazenamento que favoreçam sua drenagem podem permitir o uso mais seguro desse alimento, já que níveis menores de contaminação pelo fungo têm sido encontrados nessas situações (Simas et al. 2007Simas M.M.S., Botura M.B., Correa B., Sabino M., Mallmann C.A., Bitencourt T.C.B.S.C. & Batatinha M.J.M. 2007. Determination of fungal microbiota and mycotoxins in brewes grain used in dairy cattle in the State of Bahia, Brazil. Food Control 18:404-408.); a utilização desse subproduto dessecado poderia ser uma alternativa viável (Barros et al. 2006Barros C.S.L., Driemeier D., Dutra I.S. & Lemos R.A.A. 2006. Doenças do Sistema Nervoso de Bovinos no Brasil. AGNS Gráfica e Editora, São Paulo. 207p.).

Acidose ruminal

O controle da acidose ruminal láctica se baseia principalmente no manejo: mudanças bruscas da dieta devem ser evitadas e realizadas de forma gradual através da substituição da forragem por concentrados, além do monitoramento cuidadoso dos animais submetidos à dietas ricas em grãos (Essig et al. 1993Essig H.W., Huntington G.B., Emerick R.J. & Carlson J.R. 1993. Problemas nutritivos relacionados con el tracto gastro-intestinal, p.539-566. In: Church C.D. (Ed.), El Rumiante: fisiología digestiva y nutrición. Acribia, Zaragoza.); alimentos concentrados devem ser administrados em quantidades diárias inferiores a 0,3% do peso corporal durante 2 a 4 dias, até o máximo de 1% ao longo de três semanas, período mínimo necessário para a adaptação da flora microbiana (Schild 2006Schild A.L. 2006. Acidose, p.335-339. In: Riet-Correa F., Schild A.L., Mendez M.C. & Lemos R.A.A. (Eds), Doenças de Ruminantes e Equídeos. Vol.2. 2ª ed. Varela, São Paulo. ). A adição de antibióticos ionóforos ou tamponantes como o bicarbonato de sódio a 2% à dieta pode promover alguma proteção contra a enfermidade (Radostits et al. 2002Radostits O.M., Gay C.C., Blood D.C. & Hinchcliff K.W. 2002. Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9ª ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 1737p.). Há ainda que se investigar quanto às características organolépticas, nutricionais, macro e microelementos do "levedo de cerveja".

Botulismo

Em um dos poucos relatos de intoxicação botulínica associada ao consumo de subprodutos de cervejaria, as medidas de controle são limitadas e se resumem apenas a cuidados por parte das fábricas cervejeiras no fornecimento de resíduos isentos de Clostridium botulinum (ou ligeiramente contaminados) e nas propriedades rurais, em se evitar a multiplicação do agente durante o seu período de armazenamento (Haagsma & Ter Laak 1978Haagsma J. & Ter Laak E.A.1978. Atypiche gevallen van botulismus type B bij runderen, verrorzaakt door de bijvoedering van bierbostel. Tijdschr. Diergeneeskd. 103(6):312-325.). De qualquer maneira, a vacinação dos animais contra a enfermidade é citada como uma medida profilática importante (Radostits et al. 2002Radostits O.M., Gay C.C., Blood D.C. & Hinchcliff K.W. 2002. Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9ª ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 1737p.).

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo suporte financeiro.

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  • 1
    Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor, defendida na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Seropédica, RJ, Brasil

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2015

Histórico

  • Recebido
    25 Maio 2015
  • Aceito
    26 Nov 2015
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