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Inovação em Micro e Pequenas Empresas: Recursos e Capacidades

RESUMO

Objetivo:

o artigo buscou identificar os recursos relevantes para composição das capacidades gerencial e comercial no contexto das micro e pequenas empresas (MPEs).

Método:

por meio de uma revisão da literatura, foram identificados os recursos associados à inovação: liderança, gerenciamento de pessoas, informações e conhecimentos, relacionamento com clientes, fornecedores e sociedades, e resultados. Os recursos foram coletados e mensurados por meio de um questionário estruturado disponibilizado pelo programa Agente Local de Inovação, aplicado a 447 MPEs do estado de Pernambuco, entre 2015 e 2017. Utilizou-se análise fatorial confirmatória para verificar como esses recursos contribuem para composição das capacidades.

Resultados:

verificou-se que a capacidade gerencial é composta pelo relacionamento com a sociedade e fornecedores, a liderança, o compartilhamento de informações e conhecimentos, e o gerenciamento de pessoas. A capacidade comercial é composta pelo relacionamento com os clientes e os resultados obtidos pela firma. Conclusões: apesar de as MPEs contarem com restrições ao acesso de tecnologias, seus recursos organizacionais parecem contribuir para o desenvolvimento da capacidade de inovação e para obtenção de vantagem competitiva.

Palavras-chave:
inovação; capacidades dinâmicas; teoria dos recursos; micro e pequenas empresas

ABSTRACT

Objective:

the article aims to identify the relevant resources for the composition of managerial and transactional capabilities in the context of micro and small enterprises (MSEs).

Method:

through a literature review, the resources associated with the innovation were identified: leadership, people management, information and knowledge, relationships with clients, suppliers, and society, and results. The resources were collected and measured using a structured questionnaire made available by the Local Agent for Innovation program, applied to 447 MSEs in the state of Pernambuco, between 2015 and 2017. Confirmatory factor analysis was used to verify how these resources contribute to the composition of capabilities.

Results:

the results demonstrate that the managerial capability is composed of the relationship with society and suppliers, leadership, the sharing of information and knowledge, and people management. Transactional capability is made up of the relationship with customers and the results obtained by the firm.

Conclusions:

although MSEs have restrictions on access to technologies, their organizational resources seem to contribute to the development of innovation capability and to obtain competitive advantage.

Keywords:
innovation; dynamic capabilities; resource theory; micro and small enterprises

INTRODUÇÃO

A inovação pode ser compreendida como impulsionadora do desempenho econômico de setores produtivos, que conduz ao desenvolvimento econômico das nações por meio de um processo de destruição criadora (Schumpeter, 1984Schumpeter, J. A. (1984). Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Zahar., 1988Schumpeter, J. A. (1988). A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo, SP: Nova Cultural.). Para tanto, a tecnologia e o acesso a recursos financeiros são fundamentais para inovar (Schumpeter, 1984Schumpeter, J. A. (1984). Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Zahar.; Pavitt, 1984Pavitt, K. (1984). Setorial patters of technical change: Towards a taxonomy and a theory. Research Policy, 13(6), p. 343-373. https://doi.org/10.1016/0048-7333(84)90018-0
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).

Por outro lado, Nelson e Winter (1982)Nelson, R. R., & Winter, S. G. (1982). An evolutionary theory of economic change. Cambridge: Belknap Press. compreendem a inovação como uma capacidade essencial e dinâmica das firmas para sua competitividade, entendida como as rotinas, capacidades, habilidades e experiências necessárias para inovar. Assim, ainda que a tecnologia seja importante, ela não é suficiente para promover a inovação, pois é resultado de um processo complexo que depende de um conjunto de recursos e habilidades (Teece, 2007Teece, D. J. (2007). Explicating dynamic capabilities: The nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, 28(13), 1319-1350. https://doi.org/10.1002/smj.640
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).

Nesta perspectiva, tem-se procurado compreender como a capacidade de inovação se desenvolve (Lawson & Samson, 2001Lawson, B., & Samson, D. (2001). Developing innovation capability in organizations: A dynamic capabilities approach. International Journal of Innovation Management, 5(3), 377-400. https://doi.org/10.1142/S1363919601000427
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; Raghuvanshi, Ghosh, & Agrawal, 2019Raghuvanshi, J., Ghosh, P., & Agrawal, R. (2019). Taxonomy of innovation capability framework with future directions. International Journal of Business Excellence, 17(3), p. 265-289. https://doi.org/10.1504/IJBEX.2019.10019304
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; Zawislak, Alves, Tello-Gamarra, Barbieux, & Reichert, 2012Zawislak, P., Alves, C., Tello-Gamarra, J., Barbieux, D., & Reichert, F. (2012). Innovation capability: from technology development to transaction capability. Journal of Technology Management & Innovation, 7(2), 14-27. https://doi.org/10.4067/S0718-27242012000200002
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). Apesar de não haver um consenso sobre sua operacionalização (Iddris, 2019Iddris, F. (2019). Innovation capability and product innovation performance: The case of low-tech manufacturing firms. European Business Review, 31(5), 646-668. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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), os estudos demonstram que a tecnologia é relevante; porém, a gestão organizacional também assume um importante papel. Zawislak, Alves, Tello-Gamarra, Barbieux e Reichert (2012)Zawislak, P., Alves, C., Tello-Gamarra, J., Barbieux, D., & Reichert, F. (2012). Innovation capability: from technology development to transaction capability. Journal of Technology Management & Innovation, 7(2), 14-27. https://doi.org/10.4067/S0718-27242012000200002
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, por exemplo, sugerem que a capacidade de inovação pode ser compreendida pelas capacidades tecnológicas e operacionais, mas também pelas capacidades gerenciais e comerciais.

Contudo, além da carência de evidências empíricas, a ênfase dos estudos está nas grandes organizações, que contam com uma estrutura de gestão superior e facilidades no acesso a tecnologias e economias de escala. As micro e pequenas empresas (MPEs), por outro lado, enfrentam limitações financeiras e estruturais, que se tornam entraves para desenvolver inovações (Kim, Park, & Paik, 2018Kim, M., Park, J., & Paik, J. (2018). Factors influencing innovation capability of small and medium-sized enterprises in Korean manufacturing sector: Facilitators, barriers and moderators. International Journal of Technology Management, 76(3-4), 214-235. https://doi.org/10.1504/IJTM.2018.10012461
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; Laforet & Tann, 2006Laforet, S., & Tann, J. (2006). Innovative characteristics of small manufacturing firms. Journal of Small Business and Enterprise Development, 13(3), 363-380. https://doi.org/10.1108/14626000610680253
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).

Como sugere Saunilla (2019)Saunila, M. (2019). Innovation capability in SMEs: A systematic review of the literature. Journal of Innovation & Knowledge. https://doi.org/10.1016/j.jik.2019.11.002
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, os estudos sobre a capacidade de inovação, muitas vezes, negligenciam o contexto das pequenas organizações. E, diante de suas restrições e peculiaridades, emerge a necessidade de redefinir o construto ‘capacidade de inovação’ e identificar os recursos acessíveis e relevantes ao seu contexto. Ainda que, diante das restrições tecnológicas, Zawislak et al. (2012)Zawislak, P., Alves, C., Tello-Gamarra, J., Barbieux, D., & Reichert, F. (2012). Innovation capability: from technology development to transaction capability. Journal of Technology Management & Innovation, 7(2), 14-27. https://doi.org/10.4067/S0718-27242012000200002
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e Zawislak, Fracasso e Tello-Gamarra (2018)Zawislak, P., Fracasso, E., & Tello-Gamarra, J. (2018). Technological intensity and innovation capability in industrial firms. Innovation & Management Review, 15(2), 189-207. https://doi.org/10.1108/INMR-04-2018-012
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ressaltem a relevância das capacidades gerencial e comercial para as pequenas empresas, não se identifica recursos pertinentes às MPEs que possam contribuir com estas habilidades.

Por outro lado, os estudos que partem da visão baseada em recursos (VBR) se propõem a analisar determinantes da inovação, identificando recursos que contribuem para o desenvolvimento da atividade, inclusive no contexto das pequenas empresas. Le e Lei (2019)Le, P., & Lei, H. (2019). Determinants of innovation capability: The roles of transformational leadership, knowledge sharing and perceived organizational support. Journal of Knowledge Management, 23(3), 527-547. https://doi.org/10.1108/JKM-09-2018-0568
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e Martínez-Román e Romero (2017)Martínez-Román, J., & Romero, I. (2017). Determinants of innovativeness in SMEs: Disentangling core innovation and technology adoption capabilities. Review of Managerial Science, 11(3), 543-569. https://doi.org/10.1007/s11846-016-0196-x
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ressaltam que a liderança e o compartilhamento de ideias podem auxiliar a promoção da inovação. Iddris (2019)Iddris, F. (2019). Innovation capability and product innovation performance: The case of low-tech manufacturing firms. European Business Review, 31(5), 646-668. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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, por sua vez, destaca o relacionamento com clientes e fornecedores. Contudo, os estudos são dispersos e incompletos, limitando-se a analisar a relação entre a inovação e uma perspectiva da gestão organizacional. Ademais, não demonstram como os recursos podem contribuir para a capacidade de inovação e para as habilidades da firma em gerenciar suas atividades e comercializar suas inovações.

Diante das lacunas verificadas nas abordagens, cabe indagar: como as MPEs podem se tornar capazes de inovar? Quais recursos elas podem obter para auxiliar o desenvolvimento da sua capacidade de inovação? Nessa perspectiva, este trabalho tem por objetivo identificar os recursos relevantes para composição das capacidades gerencial e comercial no contexto das MPEs. O estudo apresenta um framework que permite investigar o fenômeno da capacidade de inovação, demonstrando recursos que podem auxiliar as MPEs no gerenciamento e comercialização de novas ideias.

Assim, buscam-se contribuições empíricas e teóricas. Diante das restrições tecnológicas, os recursos gerenciais podem se tornar centrais para inovação nas MPEs, apesar de ainda serem vistos como ativos suplementares (Guan & Ma, 2003Guan, J., & Ma, N. (2003). Innovative capability and export performance of Chinese firms. Technovation, 23(9), 737-747. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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; Kim et al., 2018Kim, M., Park, J., & Paik, J. (2018). Factors influencing innovation capability of small and medium-sized enterprises in Korean manufacturing sector: Facilitators, barriers and moderators. International Journal of Technology Management, 76(3-4), 214-235. https://doi.org/10.1504/IJTM.2018.10012461
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). Busca-se, portanto, suplantar as limitações das MPEs no desenvolvimento de inovações, possibilitando que elas identifiquem habilidades e recursos gerenciais para inovar, e que possam adquiri-los, desenvolvê-los e reconfigurá-los. Permite-se ainda observar as dificuldades e fragilidades no uso desses recursos que podem ser sanadas por políticas de suporte.

Por outro lado, ao fazer um recorte na perspectiva gerencial, o estudo traz a contribuição da VBR (Penrose, 1959Penrose, E. (1959). The theory of growth of firm. New York, NY: Oxford University Press.) para o estudo das capacidades dinâmicas (Dosi, Freeman, & Nelson, 1988Dosi, G., Freeman, C., & Nelson, R. (1988). Technical change and economic theory (Vol. 988). London: Printer.; Teece, Pisano, & Shuen, 1997Teece, D. J., Pisano G., & Shuen A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-533. https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(199708)18:7<509::AID-SMJ882>3.0.CO;2-Z
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; Teece, 2007Teece, D. J. (2007). Explicating dynamic capabilities: The nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, 28(13), 1319-1350. https://doi.org/10.1002/smj.640
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), fornecendo um framework que facilita a compreensão de como as capacidades podem ser desenvolvidas.

Na literatura, verificam-se estudos que partem da teoria dos recursos, e que analisam a relação entre os recursos gerenciais e a inovação (Kamasak, 2015Kamasak, R. (2015). Determinants of innovation performance: A resource-based study. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 195, 1330-1337. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2015.06.311
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; Kim et al., 2018Kim, M., Park, J., & Paik, J. (2018). Factors influencing innovation capability of small and medium-sized enterprises in Korean manufacturing sector: Facilitators, barriers and moderators. International Journal of Technology Management, 76(3-4), 214-235. https://doi.org/10.1504/IJTM.2018.10012461
https://doi.org/10.1504/IJTM.2018.100124...
; Le & Lei, 2019Le, P., & Lei, H. (2019). Determinants of innovation capability: The roles of transformational leadership, knowledge sharing and perceived organizational support. Journal of Knowledge Management, 23(3), 527-547. https://doi.org/10.1108/JKM-09-2018-0568
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; Martínez-Román & Romero, 2017Martínez-Román, J., & Romero, I. (2017). Determinants of innovativeness in SMEs: Disentangling core innovation and technology adoption capabilities. Review of Managerial Science, 11(3), 543-569. https://doi.org/10.1007/s11846-016-0196-x
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; Vasconcelos & Oliveira, 2018Vasconcelos, R. B. B., & Oliveira, M. R. G. (2018). Determinantes da inovação em micro e pequenas empresas: Uma abordagem gerencial. Revista de Administração de Empresas, 58(4), 249-364. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020180402
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), porém, não contemplam a análise das capacidades. Diferentemente, procura-se aqui observar como os recursos gerenciais podem efetivamente contribuir para a coordenação das atividades e para a habilidade de comercializar novas ideias, ou seja, para as capacidades gerenciais e comerciais que constituem a capacidade de inovação (Zawislak et al., 2012Zawislak, P., Alves, C., Tello-Gamarra, J., Barbieux, D., & Reichert, F. (2012). Innovation capability: from technology development to transaction capability. Journal of Technology Management & Innovation, 7(2), 14-27. https://doi.org/10.4067/S0718-27242012000200002
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).

Para tanto, estrutura-se a pesquisa em mais quatro seções. A seguir, são apresentadas as conceituações teóricas sobre a capacidade de inovação, a capacidade gerencial e comercial, e os recursos gerenciais analisados nesta pesquisa. A terceira seção contempla os procedimentos metodológicos utilizados, e a quarta apresenta os principais resultados encontrados no estudo. As conclusões, limitações e considerações sobre pesquisas futuras são apresentadas na última seção.

REFERENCIAL TEÓRICO

As capacidades dinâmicas das firmas se referem à habilidade de configurar e reconfigurar as competências internas e externas (Teece et al., 1997Teece, D. J., Pisano G., & Shuen A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-533. https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(199708)18:7<509::AID-SMJ882>3.0.CO;2-Z
https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(...
; Teece, 2007Teece, D. J. (2007). Explicating dynamic capabilities: The nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, 28(13), 1319-1350. https://doi.org/10.1002/smj.640
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). Sua relevância está em obter novas formas de vantagem competitiva, por meio de um conjunto de papéis da gestão estratégica que podem ser modificados diante das necessidades das mudanças ambientais (Teece et al., 1997Teece, D. J., Pisano G., & Shuen A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-533. https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(199708)18:7<509::AID-SMJ882>3.0.CO;2-Z
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).

Referem-se, portanto, à capacidade adaptativa de empresas para alcançar e sustentar vantagens competitivas diante de ambientes em constante mutação, marcados pelo dinamismo da globalização e de mudanças tecnológicas, sistêmicas e rápidas (Teece et al., 1997Teece, D. J., Pisano G., & Shuen A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-533. https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(199708)18:7<509::AID-SMJ882>3.0.CO;2-Z
https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(...
; Teece, 2007Teece, D. J. (2007). Explicating dynamic capabilities: The nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, 28(13), 1319-1350. https://doi.org/10.1002/smj.640
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).

Mais especificamente, a capacidade de inovação pode ser entendida como a capacidade de transformar continuamente conhecimentos e ideias em novos produtos, processos e sistemas para o benefício da empresa e stakeholders (Lawson & Samson, 2001Lawson, B., & Samson, D. (2001). Developing innovation capability in organizations: A dynamic capabilities approach. International Journal of Innovation Management, 5(3), 377-400. https://doi.org/10.1142/S1363919601000427
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). Contudo, não há consenso sobre sua definição e quais habilidades são necessárias para desenvolvê-la.

Visando a obter uma maior compreensão, Zawislak et al. (2012)Zawislak, P., Alves, C., Tello-Gamarra, J., Barbieux, D., & Reichert, F. (2012). Innovation capability: from technology development to transaction capability. Journal of Technology Management & Innovation, 7(2), 14-27. https://doi.org/10.4067/S0718-27242012000200002
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procuram identificar as capacidades necessárias que possibilitam a inovação, e percebem a capacidade de inovação por meio do processo de aprendizagem tecnológica e rotinas gerenciais e comerciais realizados pela firma.

A capacidade de inovação está relacionada à “capacidade de absorver, adaptar e transformar determinada tecnologia em gerenciamento específico, operações e rotinas de transações que podem levar uma empresa aos lucros schumpeterianos” (Zawislak et al., 2012Zawislak, P., Alves, C., Tello-Gamarra, J., Barbieux, D., & Reichert, F. (2012). Innovation capability: from technology development to transaction capability. Journal of Technology Management & Innovation, 7(2), 14-27. https://doi.org/10.4067/S0718-27242012000200002
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, p. 23), sendo vista a partir de um conjunto de capacidades guiadas pela tecnologia e pelo negócio, apresentadas na Figura 1.

Figura 1
Capacidade de inovação.

A capacidade guiada pela tecnologia é composta pelas capacidades tecnológica e operacional, que se referem, respectivamente, à capacidade de obter e aplicar novos conhecimentos e soluções de mercado, e à capacidade de realizar as operações com qualidade, flexibilidade, baixo custo, prazos de entrega, etc. (Alves, Barbieux, Reichert, Tello-Gamarra, & Zawislak, 2017Alves, A., Barbieux, D., Reichert, F., Tello-Gamarra, J. & Zawislak, P. (2017). Innovation and dynamic capabilities of the firm: Defining an assessment model. Revista de Administração de Empresas, 57(3), 232-244. https://doi.org/10.1590/s0034-759020170304
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). A capacidade guiada pelo negócio é formada pela capacidade gerencial, relacionada à coordenação de recursos e atividades (Alves et al., 2017Alves, A., Barbieux, D., Reichert, F., Tello-Gamarra, J. & Zawislak, P. (2017). Innovation and dynamic capabilities of the firm: Defining an assessment model. Revista de Administração de Empresas, 57(3), 232-244. https://doi.org/10.1590/s0034-759020170304
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), e pela capacidade comercial, referente à busca de informações no mercado para reduzir os custos de transação (Coase, 1937Coase, R. H. (1937). The nature of the firm. Economica, 4(16), 386-405. Retrieved from https://www.jstor.org/stable/2626876?seq=1
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; Williamson, 1985Williamson, O. (1985). The economic institutions of capitalism. New York, NY: Free Press.).

O framework desenvolvido por Zawislak et al. (2012)Zawislak, P., Alves, C., Tello-Gamarra, J., Barbieux, D., & Reichert, F. (2012). Innovation capability: from technology development to transaction capability. Journal of Technology Management & Innovation, 7(2), 14-27. https://doi.org/10.4067/S0718-27242012000200002
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propõe que as firmas detêm algum tipo de vantagem de conhecimento, que pode ser traduzida em tecnologia, novos produtos e processos, que podem ser transacionados pela organização. Para tanto, deve-se possuir rotinas e procedimentos estabelecidos para gerenciar a capacidade de operar esta tecnologia.

Assim, “para que a solução tecnológica possa se traduzir em um arranjo operacional deve ser eficientemente gerenciada para garantir a entrega do resultado esperado” (Zawislak et al., 2012Zawislak, P., Alves, C., Tello-Gamarra, J., Barbieux, D., & Reichert, F. (2012). Innovation capability: from technology development to transaction capability. Journal of Technology Management & Innovation, 7(2), 14-27. https://doi.org/10.4067/S0718-27242012000200002
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, p. 20), logo, as capacidades gerenciais são pertinentes para transformar a inovação em vantagem competitiva. Ainda que a tecnologia seja operacionalizada, é necessário conectar a empresa ao mercado, através das atividades comerciais de atendimento ao cliente, marketing e logística que orientam mudanças tecnológicas.

Raghuvanshi, Ghosh e Agrawal (2019)Raghuvanshi, J., Ghosh, P., & Agrawal, R. (2019). Taxonomy of innovation capability framework with future directions. International Journal of Business Excellence, 17(3), p. 265-289. https://doi.org/10.1504/IJBEX.2019.10019304
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apresentam um modelo diferente de Zawislak et al. (2012)Zawislak, P., Alves, C., Tello-Gamarra, J., Barbieux, D., & Reichert, F. (2012). Innovation capability: from technology development to transaction capability. Journal of Technology Management & Innovation, 7(2), 14-27. https://doi.org/10.4067/S0718-27242012000200002
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, porém também destacam a relevância dos aspectos relacionados à gestão organizacional, que constituem os pilares da capacidade. Guan e Ma (2003)Guan, J., & Ma, N. (2003). Innovative capability and export performance of Chinese firms. Technovation, 23(9), 737-747. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00...
também indicam que as capacidades tecnológicas não são suficientes para suportar um desempenho superior. Apesar de destacarem os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e manufatura para a competitividade das empresas, ressaltam as habilidades organizacionais e estratégicas como ativos suplementares, que possibilitam desempenho sustentável.

Do mesmo modo, Kim et al. (2018)Kim, M., Park, J., & Paik, J. (2018). Factors influencing innovation capability of small and medium-sized enterprises in Korean manufacturing sector: Facilitators, barriers and moderators. International Journal of Technology Management, 76(3-4), 214-235. https://doi.org/10.1504/IJTM.2018.10012461
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indicam que a habilidade de transformar os investimentos em P&D em produtos é relevante para a inovação, porém sua capacidade de comercializar e analisar a concorrência influencia a relação entre a inovação e o desempenho da firma. Verifica-se que as capacidades relacionadas à gestão organizacional podem exercer um papel importante na geração de inovações, e tornam-se ainda mais necessárias no contexto das MPEs, diante das dificuldades que enfrentam no acesso à tecnologia (Laforet & Tann, 2006Laforet, S., & Tann, J. (2006). Innovative characteristics of small manufacturing firms. Journal of Small Business and Enterprise Development, 13(3), 363-380. https://doi.org/10.1108/14626000610680253
https://doi.org/10.1108/1462600061068025...
).

Apesar de suas limitações, as MPEs representam parte significativa da economia de diversos países (Lee & Newton, 2000Lee, F., & Newton, K. (2000). Innovation of SMEs in the knowledge-based economy. Journal of Small Business & Entrepreneurship, 15(4), 2-31. https://doi.org/10.1080/08276331.2000.10593291
https://doi.org/10.1080/08276331.2000.10...
). No Brasil, os pequenos negócios representam 98,5% do total de empresas privadas e são responsáveis por cerca 30% da produção de riqueza do país e pela geração de 51% dos empregos (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas [Sebrae], 2020Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. (2020). Data SEBRAE. Retrieved from https://datasebrae.com.br/
https://datasebrae.com.br/...
).

São consideradas MPEs as empresas que obtêm receita bruta anual inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) (Lei n.º 155, 2016Lei Complementar n. 155, de 27 de outubro de 2016. (2016). Altera a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Retrieved from http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp155.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/lei...
). Porém, 88% referem-se a microempresas, cuja receita é inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), e sua maioria é composta por negócios familiares contemplando menos de 10 empregados, sendo voltados principalmente aos segmentos de comércio e serviço (Sebrae, 2020Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. (2020). Data SEBRAE. Retrieved from https://datasebrae.com.br/
https://datasebrae.com.br/...
).

Porém, como destacam Laforet e Tann (2006)Laforet, S., & Tann, J. (2006). Innovative characteristics of small manufacturing firms. Journal of Small Business and Enterprise Development, 13(3), 363-380. https://doi.org/10.1108/14626000610680253
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, as MPEs enfrentam dificuldades para acessar tecnologias e capital e obter economias de escala, dificultando as inovações. Contudo, apesar das dificuldades estruturais e tecnológicas, Vasconcelos e Oliveira (2018)Vasconcelos, R. B. B., & Oliveira, M. R. G. (2018). Determinantes da inovação em micro e pequenas empresas: Uma abordagem gerencial. Revista de Administração de Empresas, 58(4), 249-364. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020180402
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demonstram que as MPEs são capazes de inovar em produtos e serviços, nos canais de comunicação e arranjos organizacionais, apoiando-se nas capacidades guiadas pelo negócio.

A compreensão dessas capacidades, porém, exige a análise dos recursos que facilitam seu desenvolvimento. Como sugere Penrose (1959)Penrose, E. (1959). The theory of growth of firm. New York, NY: Oxford University Press., as firmas são como um feixe de recursos, marcadas pela heterogeneidade em combiná-los e utilizá-los. A teoria de recursos pode auxiliar a compreender como os processos estratégicos e organizacionais podem revelar a capacidade da organização em responder a mudanças ao alterar sua base de recursos e criar inovações, conforme Eisenhardt e Martin (2000)Eisenhardt, K. M., & Martin, J. A. (2000). Dynamic capabilities: what are they? Strategic Management Journal, 21(10-11), 1105-1121. https://doi.org/10.1002/1097-0266(200010/11)21:10/11<1105::AID-SMJ133>3.0.CO;2-E
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. Afinal, as decisões organizacionais podem reconfigurar as capacidades de inovação, promovendo novos arranjos que favorecem a manutenção da competitividade (Tometich, Fracasso, Zen, & Engelman, 2019Tometich, P., Fracasso, E., Zen, A., & Engelman, R. (2019). A decisão de inovar e o movimento das capacidades dinâmicas. Gestão & Produção, 26(2), e3627. http://dx.doi.org/10.1590/0104-530x-3627-19
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).

Zawislak et al. (2018)Zawislak, P., Fracasso, E., & Tello-Gamarra, J. (2018). Technological intensity and innovation capability in industrial firms. Innovation & Management Review, 15(2), 189-207. https://doi.org/10.1108/INMR-04-2018-012
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, por exemplo, identificam recursos associados às capacidades de inovação orientadas ao negócio. Segundo os autores, a capacidade gerencial está relacionada ao planejamento estratégico, recursos humanos e normas e procedimentos. Já a capacidade comercial é composta pelo relacionamento com o cliente, o poder de barganha e a gestão dos contratos com clientes e fornecedores. Porém, como salientam, a pesquisa apresenta limitações, sugerindo a realização de pesquisas quantitativas que possam ser aplicadas a um número maior de empresas em segmentos específicos.

Por outro lado, Bayarçelik, Tasel e Apak (2014)Bayarçelik, E., Taşel, F., & Apak, S. (2014). A research on determining innovation factors for SMEs. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150, 202-211. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.032
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, Karpak e Topcu (2010)Karpak, B., & Topcu, I. (2010). Small medium manufacturing enterprises in Turkey: An analytic network process framework for prioritizing factors affecting success. International Journal of Production Economics, 125(1), 60-70. https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2010.01.001
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, Le e Lei (2019)Le, P., & Lei, H. (2019). Determinants of innovation capability: The roles of transformational leadership, knowledge sharing and perceived organizational support. Journal of Knowledge Management, 23(3), 527-547. https://doi.org/10.1108/JKM-09-2018-0568
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, Martínez-Román e Romero (2017)Martínez-Román, J., & Romero, I. (2017). Determinants of innovativeness in SMEs: Disentangling core innovation and technology adoption capabilities. Review of Managerial Science, 11(3), 543-569. https://doi.org/10.1007/s11846-016-0196-x
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e Vasconcelos e Oliveira (2018)Vasconcelos, R. B. B., & Oliveira, M. R. G. (2018). Determinantes da inovação em micro e pequenas empresas: Uma abordagem gerencial. Revista de Administração de Empresas, 58(4), 249-364. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020180402
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apresentam fatores que contribuem para a capacidade de inovação e a performance inovadora das pequenas empresas, como a liderança, o relacionamento com clientes e a sociedade, a utilização de redes de conhecimento, etc., estabelecendo uma relação direta entre os recursos e a inovação ou a capacidade de inovação.

Contudo, este estudo sugere que a relevância desses recursos para a inovação pode se dar justamente por sua contribuição ao desenvolvimento das capacidades gerenciais e comerciais, o que requer uma análise desses recursos e relações.

Recursos relacionados à capacidade de inovação

Não existe uma estrutura geralmente aceita para investigar a capacidade de inovação, pois não há consenso na definição e operacionalização desta capacidade (Iddris, 2019Iddris, F. (2019). Innovation capability and product innovation performance: The case of low-tech manufacturing firms. European Business Review, 31(5), 646-668. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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). Assim, verificam-se na literatura estudos que abordam diferentes recursos associados à capacidade de inovar (Bayarçelik, Taşel, & Apak, 2014Bayarçelik, E., Taşel, F., & Apak, S. (2014). A research on determining innovation factors for SMEs. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150, 202-211. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.032
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; Iddris, 2019Iddris, F. (2019). Innovation capability and product innovation performance: The case of low-tech manufacturing firms. European Business Review, 31(5), 646-668. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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; Kamasak, 2015Kamasak, R. (2015). Determinants of innovation performance: A resource-based study. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 195, 1330-1337. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2015.06.311
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; Kim et al., 2018Kim, M., Park, J., & Paik, J. (2018). Factors influencing innovation capability of small and medium-sized enterprises in Korean manufacturing sector: Facilitators, barriers and moderators. International Journal of Technology Management, 76(3-4), 214-235. https://doi.org/10.1504/IJTM.2018.10012461
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; Le & Lei, 2019Le, P., & Lei, H. (2019). Determinants of innovation capability: The roles of transformational leadership, knowledge sharing and perceived organizational support. Journal of Knowledge Management, 23(3), 527-547. https://doi.org/10.1108/JKM-09-2018-0568
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; Rogers, 2004Rogers, M. (2004). Networks, firm size and innovation. Small Business Economics, 22(2), 141-153. https://doi.org/10.1023/B:SBEJ.0000014451.99047.69
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; Silva, Mainardes, Raposo, & Sousa, 2012Silva, M., Mainardes, E., Raposo, M., & Sousa, G. (2012). Determinantes internos e externos da capacidade inovadora das empresas de serviços portuguesas: Modelo logit. Revista de Gestão, 19(1), 39-54. https://doi.org/10.5700/rege450
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; Vasconcelos & Oliveira, 2018Vasconcelos, R. B. B., & Oliveira, M. R. G. (2018). Determinantes da inovação em micro e pequenas empresas: Uma abordagem gerencial. Revista de Administração de Empresas, 58(4), 249-364. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020180402
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).

De modo geral, tais estudos identificam determinantes para a capacidade da inovação e seu desempenho, utilizando diferentes contextos e abordagens. A revisão desses trabalhos possibilita identificar recursos que podem contribuir para as capacidades guiadas pelo negócio, apresentados na Tabela 1.

Tabela 1
Revisão da literatura.

A partir da revisão, é possível observar que os recursos relacionados ao desenvolvimento da inovação ainda são dispersos e incompletos. Isoladamente, cada estudo analisa uma perspectiva da inovação; porém, em conjunto, possibilitam identificar recursos que podem estar associados à capacidade gerencial e comercial.

Por meio desta revisão com o enfoque embasado pela teoria de recursos, identificaram-se sete construtos referentes aos recursos organizacionais, desenvolvendo as hipóteses referentes às capacidades gerencial e comercial. A seguir são apresentados os recursos analisados: (a) liderança; (b) informações e conhecimentos; (c) gerenciamento de pessoas; (d) relacionamento com a sociedade; (e) relacionamento com fornecedores; (f) relacionamento com clientes; (g) resultados.

Liderança

Os líderes têm um importante papel ao promover mudanças organizacionais e definir projetos organizacionais (Teece, 2007Teece, D. J. (2007). Explicating dynamic capabilities: The nature and microfoundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, 28(13), 1319-1350. https://doi.org/10.1002/smj.640
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), podendo incentivar e compartilhar informações com seus stakeholders para promover inovações (Vasconcelos, Vieira, & Silveira, 2020Vasconcelos, R. B. B, Vieira, R. S., & Silveira, D. S. (2020). What’s the recipe to innovate? An analysis of the determinants of the degree of innovation in the gastronomy segment. International Journal of Innovation Management, 24(1), 2050005. https://doi.org/10.1142/S136391962050005X
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) e engajar pessoas para implementar as mudanças necessárias (Popadiuk, Luz, & Kretschmer, 2018Popadiuk, S., Luz, A., & Kretschmer, C. (2018). Dynamic capabilities and ambidexterity: how are these concepts related? RAC. Revista de Administração Contemporânea, 22(5), 639-660. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2018180135
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). Para Iddris (2019)Iddris, F. (2019). Innovation capability and product innovation performance: The case of low-tech manufacturing firms. European Business Review, 31(5), 646-668. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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, as inovações podem surgir da percepção dos empreendedores por meio do aprendizado interativo que mantêm com stakeholders.

Estudos empíricos sugerem que as experiências e conhecimentos das lideranças e seu estilo de gestão promovem inovações em grandes organizações (Le & Lei, 2019Le, P., & Lei, H. (2019). Determinants of innovation capability: The roles of transformational leadership, knowledge sharing and perceived organizational support. Journal of Knowledge Management, 23(3), 527-547. https://doi.org/10.1108/JKM-09-2018-0568
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), e em pequenas (Bayarçelik et al., 2014Bayarçelik, E., Taşel, F., & Apak, S. (2014). A research on determining innovation factors for SMEs. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150, 202-211. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.032
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; Karpak & Topcu, 2010Karpak, B., & Topcu, I. (2010). Small medium manufacturing enterprises in Turkey: An analytic network process framework for prioritizing factors affecting success. International Journal of Production Economics, 125(1), 60-70. https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2010.01.001
https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2010.01.0...
; Kim et al., 2018Kim, M., Park, J., & Paik, J. (2018). Factors influencing innovation capability of small and medium-sized enterprises in Korean manufacturing sector: Facilitators, barriers and moderators. International Journal of Technology Management, 76(3-4), 214-235. https://doi.org/10.1504/IJTM.2018.10012461
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; Martínez-Román & Romero, 2017Martínez-Román, J., & Romero, I. (2017). Determinants of innovativeness in SMEs: Disentangling core innovation and technology adoption capabilities. Review of Managerial Science, 11(3), 543-569. https://doi.org/10.1007/s11846-016-0196-x
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). Para Bayarçelik et al. (2014)Bayarçelik, E., Taşel, F., & Apak, S. (2014). A research on determining innovation factors for SMEs. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150, 202-211. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.032
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, o estilo de gestão do líder facilita a obtenção de informações externas e promove a experimentação e o empreendedorismo.

Observa-se que estratégias de gestão praticadas pela liderança, sua busca por conhecimentos e o compartilhamento de informações podem contribuir com o gerenciamento dos recursos e das atividades, ou seja, com a capacidade gerencial, propondo-se a seguinte hipótese:

H1. A capacidade gerencial está relacionada positivamente com a liderança.

Informações e conhecimentos

O estabelecimento de networks e o compartilhamento de conhecimentos entre empresas possibilitam adotar estratégias mais eficazes que melhoram o desempenho inovador (Kamasak, 2015Kamasak, R. (2015). Determinants of innovation performance: A resource-based study. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 195, 1330-1337. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2015.06.311
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; Laforet, 2011Laforet, S. (2011). A framework of organizational innovation and outcomes in SMEs. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 17(4), 380-408. https://doi.org/10.1108/13552551111139638
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; Le & Lei, 2019Le, P., & Lei, H. (2019). Determinants of innovation capability: The roles of transformational leadership, knowledge sharing and perceived organizational support. Journal of Knowledge Management, 23(3), 527-547. https://doi.org/10.1108/JKM-09-2018-0568
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). Ainda que seus efeitos possam variar segundo o tamanho e o setor da empresa (Rogers, 2004Rogers, M. (2004). Networks, firm size and innovation. Small Business Economics, 22(2), 141-153. https://doi.org/10.1023/B:SBEJ.0000014451.99047.69
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), a absorção de informações e conhecimentos pode conduzir a inovações radicais e sustentáveis (Bos-Brouwers, 2009Bos-Brouwers, H. (2009). Corporate sustainability and innovation in SMEs: Evidence of themes and activities in practice. Business Strategy and the Environment, 19(7), 417-435. https://doi.org/10.1002/bse.652
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).

Estudos empíricos com PMEs, realizados por Farace e Mazzotta (2015)Farace, S., & Mazzotta, F. (2015). The effect of human capital and networks on knowledge and innovation in SMEs. Journal of Innovation Economics, 16(1), 39-71. https://doi.org/10.3917/jie.016.0039
https://doi.org/10.3917/jie.016.0039...
, Kim et al. (2018)Kim, M., Park, J., & Paik, J. (2018). Factors influencing innovation capability of small and medium-sized enterprises in Korean manufacturing sector: Facilitators, barriers and moderators. International Journal of Technology Management, 76(3-4), 214-235. https://doi.org/10.1504/IJTM.2018.10012461
https://doi.org/10.1504/IJTM.2018.100124...
e Martínez-Román e Romero (2017)Martínez-Román, J., & Romero, I. (2017). Determinants of innovativeness in SMEs: Disentangling core innovation and technology adoption capabilities. Review of Managerial Science, 11(3), 543-569. https://doi.org/10.1007/s11846-016-0196-x
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, indicam que as redes de conhecimento contribuem positivamente para a capacidade de inovação, possibilitando acessar novos conhecimentos que podem ser utilizados na reavaliação dos processos. Os estudos sugerem que o compartilhamento de informações com os stakeholders pode contribuir para o desenvolvimento de processos, atividades e rotinas, de modo que se espera uma relação positiva com a capacidade gerencial.

H2. A capacidade gerencial está relacionada positivamente com as informações e conhecimentos compartilhados pela empresa.

Gerenciamento de pessoas

Farace e Mazzotta (2015)Farace, S., & Mazzotta, F. (2015). The effect of human capital and networks on knowledge and innovation in SMEs. Journal of Innovation Economics, 16(1), 39-71. https://doi.org/10.3917/jie.016.0039
https://doi.org/10.3917/jie.016.0039...
, Laforet (2011)Laforet, S. (2011). A framework of organizational innovation and outcomes in SMEs. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 17(4), 380-408. https://doi.org/10.1108/13552551111139638
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e Söllner (2010)Söllner, R. (2010). Human capital diversity and product innovation: a micro-level analysis. Jena Economic Research Papers, 27, 1-33. Retrieved from https://www.econstor.eu/bitstream/10419/32631/1/625854918.pdf
https://www.econstor.eu/bitstream/10419/...
destacam que a capacidade de inovação também depende das habilidades dos funcionários. Assim, a construção do ambiente propício à inovação deve começar pelo processo de recrutamento de mão de obra e incluir treinamentos e capacitações que estimulem a autonomia da equipe.

Söllner (2010)Söllner, R. (2010). Human capital diversity and product innovation: a micro-level analysis. Jena Economic Research Papers, 27, 1-33. Retrieved from https://www.econstor.eu/bitstream/10419/32631/1/625854918.pdf
https://www.econstor.eu/bitstream/10419/...
destaca que a diversidade do capital humano, de idades, de gêneros e de educação possibilita construir um ambiente criativo que estimula a geração de ideias. Já rigidez na definição e execução das tarefas pode reduzir este potencial (Vasconcelos & Oliveira, 2018Vasconcelos, R. B. B., & Oliveira, M. R. G. (2018). Determinantes da inovação em micro e pequenas empresas: Uma abordagem gerencial. Revista de Administração de Empresas, 58(4), 249-364. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020180402
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).

Verifica-se que as práticas relacionadas à gestão de pessoas tendem a auxiliar a coordenação das atividades e dos recursos, e contribuir para a capacidade gerencial, facilitando o desenvolvimento de inovações.

H3. A capacidade gerencial está relacionada positivamente com o gerenciamento de pessoas.

Relacionamento com a sociedade

De acordo com Karpak e Topcu (2010)Karpak, B., & Topcu, I. (2010). Small medium manufacturing enterprises in Turkey: An analytic network process framework for prioritizing factors affecting success. International Journal of Production Economics, 125(1), 60-70. https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2010.01.001
https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2010.01.0...
, as regulações e políticas criam condições para a prosperidade e desenvolvimento de inovações. Nidumolu, Prahalad e Rangaswami (2009)Nidumolu, R., Prahalad, C., & Rangaswami, M. (2009). Why sustainability is now the key driver of innovation. Harvard Business Review, Reprint R0909E. Retrieved from https://www.academia.edu/8421329/Why_Sustainability_Is_Now_the_Key_Driver_of_Innovation_The_Idea_in_Brief_the_core_idea_1_Article_Summary_3_Why_Sustainability_Is_Now_the_Key_Driver_of_Innovation
https://www.academia.edu/8421329/Why_Sus...
e Vasconcelos e Oliveira (2018)Vasconcelos, R. B. B., & Oliveira, M. R. G. (2018). Determinantes da inovação em micro e pequenas empresas: Uma abordagem gerencial. Revista de Administração de Empresas, 58(4), 249-364. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020180402
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destacam que as políticas e regulações, sejam econômicas, sejam sociais ou ambientais, podem estimular as atividades nas firmas, instigando-as a buscar soluções criativas e a se tornarem proativas diante das determinações do setor.

Assim, o atendimento às exigências legais, sociais e ambientais pode permitir que a empresa conheça seu ambiente e reavalie suas atividades e processos para adequá-los às necessidades e imposições, contribuindo com a capacidade gerencial.

H4. A capacidade gerencial está relacionada positivamente com o relacionamento com a sociedade.

Relacionamento com fornecedores

Kamasak (2015)Kamasak, R. (2015). Determinants of innovation performance: A resource-based study. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 195, 1330-1337. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2015.06.311
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salienta que a proximidade com fornecedores permite que as empresas obtenham acesso a novas ideias que podem se tornar vantagens frente aos concorrentes, destacando a relação de parceria com os fornecedores.

Iddris (2019)Iddris, F. (2019). Innovation capability and product innovation performance: The case of low-tech manufacturing firms. European Business Review, 31(5), 646-668. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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, inclusive, sugere que a inovação nas pequenas empresas é viabilizada pela colaboração com fornecedores de máquinas, equipamentos e insumos, que também auxiliam fornecendo capacitações e treinamentos necessários. Zawislak et al. (2018)Zawislak, P., Fracasso, E., & Tello-Gamarra, J. (2018). Technological intensity and innovation capability in industrial firms. Innovation & Management Review, 15(2), 189-207. https://doi.org/10.1108/INMR-04-2018-012
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, por outro lado, destacam a habilidade da firma de influenciar os termos e as condições do contrato, obtendo vantagens comerciais por meio do poder de barganha.

De maneira geral, os estudos indicam que o relacionamento com fornecedores pode facilitar a comercialização e reduzir o custo de transação associado à capacidade comercial.

H5. A capacidade comercial está relacionada positivamente com o relacionamento com o fornecedor.

Relacionamento com clientes

A colaboração e a integração com os clientes podem impulsionar a inovação (Genis-Gruber & Öğüt, 2014Genis-Gruber, A., & Öğüt, H. (2014). Environmental factors affecting innovation strategies of companies: Customers and suppliers effect. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150(11), 718-725. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.033
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; Kamasak, 2015Kamasak, R. (2015). Determinants of innovation performance: A resource-based study. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 195, 1330-1337. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2015.06.311
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; Laforet, 2011Laforet, S. (2011). A framework of organizational innovation and outcomes in SMEs. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 17(4), 380-408. https://doi.org/10.1108/13552551111139638
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). Kamasak (2015)Kamasak, R. (2015). Determinants of innovation performance: A resource-based study. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 195, 1330-1337. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2015.06.311
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vê o conhecimento do cliente como impulsionador da inovação, sugerindo o envolvimento ativo dos clientes para obter sucesso nas inovações.

Segundo Bayarçelik et al. (2014)Bayarçelik, E., Taşel, F., & Apak, S. (2014). A research on determining innovation factors for SMEs. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150, 202-211. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.032
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, a proximidade das pequenas empresas com seus clientes e o mercado é um dos recursos centrais neste processo, pois novos produtos podem surgir das demandas específicas dos clientes ou de novas condições do mercado. Assim, percebe-se sua relação com a capacidade comercial, visto que os esforços em compreender as necessidades dos clientes e do mercado para desenvolver produtos podem facilitar sua comercialização.

H6. A capacidade comercial está relacionada positivamente com o relacionamento com clientes.

Resultados

Bayarçelik et al. (2014)Bayarçelik, E., Taşel, F., & Apak, S. (2014). A research on determining innovation factors for SMEs. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150, 202-211. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.032
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, Laforet (2011)Laforet, S. (2011). A framework of organizational innovation and outcomes in SMEs. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 17(4), 380-408. https://doi.org/10.1108/13552551111139638
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e Vasconcelos et al. (2020)Vasconcelos, R. B. B, Vieira, R. S., & Silveira, D. S. (2020). What’s the recipe to innovate? An analysis of the determinants of the degree of innovation in the gastronomy segment. International Journal of Innovation Management, 24(1), 2050005. https://doi.org/10.1142/S136391962050005X
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verificam associação entre a performance da firma e as inovações. Além de o aspecto financeiro ser necessário para desenvolver e operar a inovação (Bayarçelik et al., 2014Bayarçelik, E., Taşel, F., & Apak, S. (2014). A research on determining innovation factors for SMEs. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150, 202-211. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.032
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), as perspectivas de lucratividade e crescimento atuam como impulsionadores da inovação (Laforet, 2011Laforet, S. (2011). A framework of organizational innovation and outcomes in SMEs. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 17(4), 380-408. https://doi.org/10.1108/13552551111139638
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). Tais estudos são condizentes com a perspectiva de Schumpeter (1988)Schumpeter, J. A. (1988). A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo, SP: Nova Cultural., que coloca o crédito como condição necessária para inovar.

Vasconcelos et al. (2020)Vasconcelos, R. B. B, Vieira, R. S., & Silveira, D. S. (2020). What’s the recipe to innovate? An analysis of the determinants of the degree of innovation in the gastronomy segment. International Journal of Innovation Management, 24(1), 2050005. https://doi.org/10.1142/S136391962050005X
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destacam a relevância dos resultados não financeiros, que também representam o retorno pelo esforço de venda. Assim, espera-se que a capacidade comercial apresente uma relação positiva com os resultados, visto que possibilitam a redução dos custos de transação.

H7. A capacidade comercial está relacionada positivamente com os resultados obtidos.

Como se vê, o desenvolvimento das capacidades orientadas ao negócio pode ocorrer por meio do desenvolvimento dos recursos observados. Para tanto, faz-se necessário verificar as relações estabelecidas. Porém, apesar da classificação teórica, as capacidades estão intimamente relacionadas e contribuem de maneira conjunta para o desenvolvimento da inovação (Zawislak et al., 2012Zawislak, P., Alves, C., Tello-Gamarra, J., Barbieux, D., & Reichert, F. (2012). Innovation capability: from technology development to transaction capability. Journal of Technology Management & Innovation, 7(2), 14-27. https://doi.org/10.4067/S0718-27242012000200002
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), por isso, espera-se que as capacidades também apresentem relações positivas entre si.

H8. As capacidades gerencial e comercial estão positivamente relacionadas entre si.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta é uma pesquisa exploratória, que busca obter maior compreensão do fenômeno a ser estudado, e utiliza uma abordagem quantitativa com dados transversais. Para alcançar o objetivo central, tomou-se como população as MPEs participantes do programa Agente Local de Inovação (ALI) do Sebrae, localizadas em Pernambuco entre 2015 e 2017. Consideraram-se MPEs aquelas organizações enquadradas na lei n.º 155 (Lei n.º 155, 2016Lei Complementar n. 155, de 27 de outubro de 2016. (2016). Altera a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Retrieved from http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp155.htm
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).

Das 2.838 empresas participantes do programa, selecionou-se, aleatoriamente, uma amostra de 447 empresas, proporcionando erro de 4,25% e nível de confiança de 95%. Para seleção, priorizaram-se os segmentos com maior quantitativo de empresas: gastronomia, panificação, indústria de móveis, confecção, vestuário, materiais de construção e hotelaria e turismo. A amostra é composta por empresas de segmentos tradicionais, pouco intensivas em tecnologia.

Os dados da pesquisa foram obtidos de forma secundária por meio do acesso, concedido pelo Sebrae, à base de dados do programa ALI, que utiliza um instrumento de coleta para realizar o diagnóstico empresarial. O questionário utilizado pelo ALI é composto por 37 questões, aplicado ao empresário ou dirigente da MPE para avaliar a gestão organizacional. Neste estudo, foram consideradas apenas questões que refletiam os recursos contemplados, totalizando 32 perguntas.

Estudos conduzidos por Vasconcelos e Oliveira (2018)Vasconcelos, R. B. B., & Oliveira, M. R. G. (2018). Determinantes da inovação em micro e pequenas empresas: Uma abordagem gerencial. Revista de Administração de Empresas, 58(4), 249-364. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020180402
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e Vasconcelos et al. (2020)Vasconcelos, R. B. B, Vieira, R. S., & Silveira, D. S. (2020). What’s the recipe to innovate? An analysis of the determinants of the degree of innovation in the gastronomy segment. International Journal of Innovation Management, 24(1), 2050005. https://doi.org/10.1142/S136391962050005X
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também utilizaram parcialmente o questionário na avaliação dos recursos organizacionais, validando o instrumento de coleta. Para que as ações de intervenção realizadas pelo ALI não afetassem os resultados, os dados coletados se referem ao diagnóstico inicial realizado antes da efetiva participação das empresas no programa. A Tabela 2 apresenta os aspectos avaliados em cada recurso e os estudos relacionados à formação dos construtos.

Tabela 2
Recursos internos referentes à gestão organizacional.

Cada aspecto analisado se refere a uma pergunta do questionário, avaliada por meio de uma escala de 0 a 3 pontos, indicando desde a ausência da utilização do recurso (zero) até sua adoção consistente e formalizada (três). Os recursos foram mensurados por meio de um índice, obtido pelo somatório das pontuações registradas nas respectivas questões dividido pela pontuação máxima do construto. Dada a estratégia de coleta dos dados, não foram obtidos missing values na amostra e a análise dos resíduos padronizados não indicou a presença de outliers.

Análise fatorial confirmatória

Para alcançar o objetivo proposto no artigo, utilizou-se a análise fatorial confirmatória (AFC), que permite verificar como a variável latente é composta pelo conjunto de variáveis observadas a partir da análise das relações estabelecidas. Os recursos identificados na literatura compuseram as variáveis observadas no modelo, e as capacidades gerencial e comercial constituíram as variáveis latentes.

A AFC permitiu agrupar variáveis que compartilham características de variância e covariância em torno de fatores com perda mínima de informação (Brown, 2015Brown, T. (2015). Confirmatory factor analysis for applied research. New York, NY: The Guilford Press.), sendo utilizada para validar os recursos que contribuem para os construtos referentes às capacidades, conforme estabelecidos nas hipóteses da pesquisa.

A Figura 2 apresenta o modelo proposto a partir das construções teóricas. As setas indicam a direção das relações esperadas, formuladas segundo as hipóteses. O modelo sugere que as capacidades gerencial e comercial (elipses) são compostas pelo conjunto de recursos (retângulos).

Figura 2
Modelo da análise fatorial confirmatória.

As elipses representam as variáveis latentes, os retângulos representam as variáveis observáveis, e as setas representam a direção da relação. ε1 a ε7 indicam o erro de medida das variáveis observáveis. H1 a H8 indicam as hipóteses do modelo.


Como não se observou a normalidade das variáveis pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, utilizou-se o estimador de máxima verossimilhança. O ajuste do modelo foi verificado pelos índices de ajuste e modificação e da matriz de covariância dos resíduos, levando a alterações no modelo teórico original.

O χ2 foi utilizado para avaliar se o modelo estimado reproduz bem a matriz de covariância amostral. Também foram analisadas a raiz quadrada da média do erro de aproximação (RMSEA) robusta, que estimou se os parâmetros do modelo são capazes de reproduzir a covariância populacional, e a raiz padronizada do resíduo médio (SRMR), que verificou diferenças entre as covariâncias preditas e observadas.

Complementarmente, os índices robustos de ajuste comparativo (CFI) e Tucker-Lix (TLI) verificaram o ajuste do modelo comparando-o com um modelo padrão. O modelo foi ajustado pela análise das cargas fatoriais, adotando-se a exclusão de relações não significativas ou com carga inferior a 0,40, visto que não há evidências empíricas para sua manutenção no modelo, podendo afetar sua confiabilidade (Brown, 2015Brown, T. (2015). Confirmatory factor analysis for applied research. New York, NY: The Guilford Press.). As estimativas da AFC e dos índices de ajuste foram realizadas por meio do pacote lavaan do software R®.

A confiabilidade do modelo foi analisada por meio do alfa de Cronbach e do ômega de McDonald. A validade convergente foi mensurada pela variância média extraída (AVE), que representa a variância média entre as variáveis observadas e as latentes. Já a validade discriminante dos construtos foi calculada pelo teste de Heterotrait-Monotrait (HTMT), realizado por meio do pacote semTools do software R®. Por fim, efetuou-se um teste de robustez in-sample, por meio da seleção aleatória de cinco amostras formadas por 300 empresas.

RESULTADOS

Inicialmente, estão apresentadas informações sobre a composição da amostra do estudo, e as estatísticas descritivas das variáveis observadas. Na segunda etapa, estão apresentados os resultados da AFC.

Na Tabela 3, observa-se que a amostra apresenta uma maior concentração no segmento de panificação, com 71 empresas, e menor representação na indústria de móveis, com 53 MPEs. Entretanto, verifica-se um equilíbrio na distribuição quanto aos segmentos. Também se observa maior concentração (66,55%) na faixa de 5 a 20 anos, indicando que se trata de empresas mais maduras, que superaram os entraves das fases iniciais. A maioria das empresas conta com poucos funcionários: 66% da amostra possui até 10 funcionários e apenas 8,05% apresenta mais de 30 colaboradores, condizente com o perfil das MPEs brasileiras (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas [Sebrae], 2018Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. (2018). Perfil das microempresas e empresas de pequeno porte 2018. https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ro/artigos/perfil-das-microempresas-e-empresas-de-pequeno-porte-2018,a2fb479851b33610VgnVCM1000004c00210aRCRD?origem=tema&codTema=2
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). 73,60% estão localizadas na região metropolitana do Recife, enquanto 26,40% se encontram em outras localidades, como litorais norte e sul, agreste, sertão e zona da mata.

Tabela 3
Distribuição da amostra.

A Tabela 4 apresenta as médias das variáveis analisadas por cada segmento. O teste de Kruskal-Wallis verificou diferenças no uso dos recursos entre os segmentos, indicando que as empresas apresentam combinações distintas para responder às demandas ambientais, como sugere Penrose (1959)Penrose, E. (1959). The theory of growth of firm. New York, NY: Oxford University Press..

Tabela 4
Recursos por segmento de atuação.

Apesar das divergências, as Tabelas 4 e 5 indicam que as MPEs costumam se apoiar no relacionamento com a sociedade e fornecedores; em contrapartida, apresentam menor desempenho na utilização de resultados. O alto desvio-padrão e variância sugerem uma heterogeneidade entre as organizações, e o mínimo igual a zero indica a existência de empresas onde esses recursos são insipientes. Conforme demonstrado pelo Sebrae (Sebrae, 2018Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. (2018). Perfil das microempresas e empresas de pequeno porte 2018. https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ro/artigos/perfil-das-microempresas-e-empresas-de-pequeno-porte-2018,a2fb479851b33610VgnVCM1000004c00210aRCRD?origem=tema&codTema=2
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), as MPEs brasileiras apresentam dificuldades em desenvolver sua gestão, principalmente no que tange aos recursos financeiros, demandando políticas de suporte.

Tabela 5
Estatística descritiva.

Também foi realizada a análise da correlação entre as variáveis, conforme Tabela 6. As variáveis observadas apresentaram correlação positiva e moderada, o que é esperado, uma vez que o desenvolvimento de um recurso gerencial pode fomentar outro (Jong & Vermeulen, 2006Jong, J., & Vermeulen, P. (2006). Determinants of product innovation in small firms: A comparison across industries. International Small Business Journal, 24(6), 587-609. https://doi.org/10.1177/0266242606069268
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).

Tabela 6
Análise de correlação das variáveis.

Resultados da análise fatorial confirmatória

A AFC foi realizada, primeiramente, conforme o modelo definido na Figura 2. Contudo, a análise das cargas fatoriais, índices de ajuste e modificação sugeriu alterações no modelo original, identificando-se uma relação entre a capacidade gerencial e o relacionamento com fornecedores.

Os índices de ajuste do modelo reespecificado atenderam os valores de referências, conforme a Tabela 7. O χ2 de 26,66 com p = 0,014 indicou boa reprodução da matriz de covariância amostral. A RMSEA robusta igual a 0,053 indicou uma reprodução adequada da covariância da população e a SRMR igual a 0,024 demonstrou bom ajuste do modelo.

Tabela 7
Resultado das métricas do modelo.

Os índices robustos CFI = 0,991 e TLI = 0,985 também indicaram bom ajuste do modelo. Por fim, foram realizadas as análises de confiabilidade e validade. O alfa de Cronbach (α = 0,897) e ômega de McDonald (ωt = 0,912) demonstraram que o modelo apresenta confiabilidade satisfatória, a AVE = 0,626 indicou validade convergente e o HTMT = 0,87 indicou a validade divergente do modelo, conforme Gana e Broc (2019)Gana, K., Broc, G. (2019). Structural equation modeling with lavaan. London: John Wiley & Sons.. A Tabela 7 apresenta os resultados das métricas do modelo, comparando-os com o valor de referência.

A Figura 3 apresenta o diagrama do modelo com os resultados da análise fatorial, onde é possível observar a relação entre os recursos analisados e as capacidades, detalhados na Tabela 8.

Figura 3
Coeficientes padronizados do modelo.

As elipses representam as variáveis latentes e os retângulos representam as variáveis observáveis, avaliadas por meio dos aspectos apresentados na Tabela 2.


Tabela 8
Resultado dos testes de hipótese.

A Figura 3 e a Tabela 8 apresentam as relações estabelecidas entre os recursos e as capacidades gerencial e comercial. Os resultados indicam que os recursos se mostraram significativos para representar as capacidades orientadas ao negócio.

Os coeficientes obtidos pela AFC sugerem que a Capacidade Gerencial é composta, principalmente, pelo papel da liderança na formulação e na condução das estratégias (coeficiente = 0,883), o compartilhamento de informações e conhecimentos com os stakeholders (coeficiente = 0,823), o relacionamento com a sociedade (coeficiente = 0,611) e o gerenciamento das pessoas (coeficiente = 0,780), confirmando as hipóteses levantadas na pesquisa. Porém, os resultados revelam ainda que o relacionamento com fornecedores também contribui para a capacidade da empresa em gerenciar seus ativos, apresentando relação positiva e moderada com a capacidade gerencial (coeficiente = 0,797).

Zawislak et al. (2018)Zawislak, P., Fracasso, E., & Tello-Gamarra, J. (2018). Technological intensity and innovation capability in industrial firms. Innovation & Management Review, 15(2), 189-207. https://doi.org/10.1108/INMR-04-2018-012
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sugerem que a capacidade gerencial é composta por três elementos centrais: planejamento estratégico, recursos humanos e normas e procedimentos. Os resultados aqui obtidos corroboram os dos autores, porém também indicam a relevância de outros recursos no contexto das MPEs.

De maneira geral, os resultados vão ao encontro da literatura. Diversos autores discutem o papel do empreendedor como figura central no desenvolvimento da inovação (Bayarçelik et al., 2014Bayarçelik, E., Taşel, F., & Apak, S. (2014). A research on determining innovation factors for SMEs. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150, 202-211. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.032
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; Kim et al., 2018Kim, M., Park, J., & Paik, J. (2018). Factors influencing innovation capability of small and medium-sized enterprises in Korean manufacturing sector: Facilitators, barriers and moderators. International Journal of Technology Management, 76(3-4), 214-235. https://doi.org/10.1504/IJTM.2018.10012461
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; Le & Lei, 2019Le, P., & Lei, H. (2019). Determinants of innovation capability: The roles of transformational leadership, knowledge sharing and perceived organizational support. Journal of Knowledge Management, 23(3), 527-547. https://doi.org/10.1108/JKM-09-2018-0568
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; Martínez-Román & Romero, 2017Martínez-Román, J., & Romero, I. (2017). Determinants of innovativeness in SMEs: Disentangling core innovation and technology adoption capabilities. Review of Managerial Science, 11(3), 543-569. https://doi.org/10.1007/s11846-016-0196-x
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; Vasconcelos & Oliveira, 2018Vasconcelos, R. B. B., & Oliveira, M. R. G. (2018). Determinantes da inovação em micro e pequenas empresas: Uma abordagem gerencial. Revista de Administração de Empresas, 58(4), 249-364. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020180402
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). Este estudo verifica uma relação positiva entre a liderança e a capacidade gerencial, permitindo aceitar a H1. O resultado destaca a relevância da figura do líder para a capacidade de as MPEs coordenarem suas atividades, facilitando o surgimento de inovações. Verifica-se que sua habilidade em definir as estratégias, aplicar e compartilhar conhecimentos e incentivar a participação dos funcionários auxilia na coordenação no desenvolvimento de novas ideias.

A pesquisa demonstra que a capacidade gerencial também é composta pelo compartilhamento de informações e conhecimentos; o relacionamento significativo entre as variáveis permite aceitar a H2. Kim et al. (2018)Kim, M., Park, J., & Paik, J. (2018). Factors influencing innovation capability of small and medium-sized enterprises in Korean manufacturing sector: Facilitators, barriers and moderators. International Journal of Technology Management, 76(3-4), 214-235. https://doi.org/10.1504/IJTM.2018.10012461
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, Le e Lei (2019)Le, P., & Lei, H. (2019). Determinants of innovation capability: The roles of transformational leadership, knowledge sharing and perceived organizational support. Journal of Knowledge Management, 23(3), 527-547. https://doi.org/10.1108/JKM-09-2018-0568
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, Martínez-Román e Romero (2017)Martínez-Román, J., & Romero, I. (2017). Determinants of innovativeness in SMEs: Disentangling core innovation and technology adoption capabilities. Review of Managerial Science, 11(3), 543-569. https://doi.org/10.1007/s11846-016-0196-x
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e Vasconcelos e Oliveira (2018)Vasconcelos, R. B. B., & Oliveira, M. R. G. (2018). Determinantes da inovação em micro e pequenas empresas: Uma abordagem gerencial. Revista de Administração de Empresas, 58(4), 249-364. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020180402
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já haviam demonstrado que as redes de conhecimento colaboram para a promoção de inovações, possibilitando o acesso a novos conhecimentos. Os resultados obtidos corroboram os anteriores, indicando que a relação entre as redes de conhecimento e a inovação pode ser explicada por sua contribuição à capacidade gerencial.

Os resultados sugerem que as redes de conhecimento possibilitam que as MPEs obtenham informações que promovem novas habilidades e atividades. As informações comparativas dos concorrentes podem facilitar a identificação de oportunidades de melhorias. Já o registro de lições aprendidas e o compartilhamento de informações com a equipe podem auxiliar na execução de atividades e novas rotinas. Verifica-se, portanto, que o compartilhamento de informações facilita o gerenciamento de conhecimentos e habilidades, possibilitando o alcance de objetivos com maior eficiência.

Do mesmo modo, a AFC também demonstra que a gestão das pessoas contribui para a capacidade gerencial da MPE, sendo aceita a H3. Como sugere Penrose (1959)Penrose, E. (1959). The theory of growth of firm. New York, NY: Oxford University Press., a firma é uma coleção de recursos produtivos, e os recursos humanos, assim como os físicos, são importantes para o crescimento organizacional. E os resultados do estudo indicam que a definição de funções e tarefas, a capacitação do funcionário e os programas de bem-estar permitem que o funcionário desenvolva habilidades e autonomia para promover novas ideias e modificar suas atividades e tarefas, traduzindo-se em inovações.

Da mesma forma, verifica-se que a capacidade gerencial também é composta pelo relacionamento com a sociedade, sendo aceita a H4. O resultado sugere que o atendimento aos aspectos regulatórios e sociais facilita a coordenação das atividades que contribuem para a inovação. As exigências sociais, ambientais e regulatórias demandam uma coordenação de esforços que impulsionam as MPEs a repensar suas atividades e processos, como sugerem Vasconcelos e Oliveira (2018)Vasconcelos, R. B. B., & Oliveira, M. R. G. (2018). Determinantes da inovação em micro e pequenas empresas: Uma abordagem gerencial. Revista de Administração de Empresas, 58(4), 249-364. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020180402
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.

Diferentemente do esperado, o relacionamento com fornecedores não manteve relação com a capacidade comercial, sendo rejeitada a H5. Zawislak et al. (2018)Zawislak, P., Fracasso, E., & Tello-Gamarra, J. (2018). Technological intensity and innovation capability in industrial firms. Innovation & Management Review, 15(2), 189-207. https://doi.org/10.1108/INMR-04-2018-012
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destacam a seleção criteriosa dos fornecedores e a imposição de condições de negociação como elemento importante para a capacidade comercial. Contudo, a ausência desta relação pode ser resultado do baixo poder de negociação que as MPEs têm sobre seus fornecedores, dificultando a obtenção de vantagens comerciais.

Por outro lado, verifica-se relação significativa com a capacidade gerencial, enfatizando a relevância das parcerias estabelecidas com fornecedores para melhoria dos processos produtivos, como sugerido por Iddris (2019)Iddris, F. (2019). Innovation capability and product innovation performance: The case of low-tech manufacturing firms. European Business Review, 31(5), 646-668. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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e Kamasak (2015)Kamasak, R. (2015). Determinants of innovation performance: A resource-based study. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 195, 1330-1337. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2015.06.311
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. Ademais, os processos de seleção e avaliação dos fornecedores e o mapeamento e controle dos processos podem contribuir para a reformulação das atividades e rotinas, facilitando o desenvolvimento de práticas inovadoras.

Por sua vez, a capacidade comercial, ou seja, a capacidade de minimizar os custos de transação, é composta pelo relacionamento mantido com os clientes (coeficiente = 0,892) e os resultados obtidos pela organização (coeficiente = 0,613). A importância do relacionamento com o cliente para a promoção da inovação é discutida por diversos autores (Bayarçelik et al., 2014Bayarçelik, E., Taşel, F., & Apak, S. (2014). A research on determining innovation factors for SMEs. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150, 202-211. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.032
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; Genis-Gruber & Öğüt, 2014Genis-Gruber, A., & Öğüt, H. (2014). Environmental factors affecting innovation strategies of companies: Customers and suppliers effect. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150(11), 718-725. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.033
https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09...
; Iddris, 2019Iddris, F. (2019). Innovation capability and product innovation performance: The case of low-tech manufacturing firms. European Business Review, 31(5), 646-668. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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; Kamasak, 2015Kamasak, R. (2015). Determinants of innovation performance: A resource-based study. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 195, 1330-1337. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2015.06.311
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; Silva et al., 2012Silva, M., Mainardes, E., Raposo, M., & Sousa, G. (2012). Determinantes internos e externos da capacidade inovadora das empresas de serviços portuguesas: Modelo logit. Revista de Gestão, 19(1), 39-54. https://doi.org/10.5700/rege450
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; Vasconcelos & Oliveira, 2018Vasconcelos, R. B. B., & Oliveira, M. R. G. (2018). Determinantes da inovação em micro e pequenas empresas: Uma abordagem gerencial. Revista de Administração de Empresas, 58(4), 249-364. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020180402
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), que apontam que esta proximidade auxilia as empresas a compreender suas necessidades e a desenvolver novos produtos e serviços.

Neste estudo, verifica-se que o relacionamento contribui mais especificamente com a capacidade comercial das MPEs, uma vez que se verifica uma relação positiva e significativa entre o recurso e a capacidade, sendo aceita a H6. Enquanto o desconhecimento sobre os hábitos de consumo dos clientes é apontado como fator relevante para a mortalidade das empresas (Sebrae, 2018Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. (2018). Perfil das microempresas e empresas de pequeno porte 2018. https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ro/artigos/perfil-das-microempresas-e-empresas-de-pequeno-porte-2018,a2fb479851b33610VgnVCM1000004c00210aRCRD?origem=tema&codTema=2
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), os esforços em analisar suas expectativas e avaliar suas reclamações e satisfações auxiliam o desenvolvimento de inovações, como propõem Bayarçelik et al. (2014)Bayarçelik, E., Taşel, F., & Apak, S. (2014). A research on determining innovation factors for SMEs. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150, 202-211. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.032
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, Kamasak (2015)Kamasak, R. (2015). Determinants of innovation performance: A resource-based study. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 195, 1330-1337. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2015.06.311
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, Iddris (2019)Iddris, F. (2019). Innovation capability and product innovation performance: The case of low-tech manufacturing firms. European Business Review, 31(5), 646-668. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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e Vasconcelos e Oliveira (2018)Vasconcelos, R. B. B., & Oliveira, M. R. G. (2018). Determinantes da inovação em micro e pequenas empresas: Uma abordagem gerencial. Revista de Administração de Empresas, 58(4), 249-364. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020180402
http://dx.doi.org/10.1590/s0034-75902018...
. Além disso, também facilitam a fidelização e retenção dos clientes, possibilitando reduzir custos de transação, conforme Zawislak et al. (2018)Zawislak, P., Fracasso, E., & Tello-Gamarra, J. (2018). Technological intensity and innovation capability in industrial firms. Innovation & Management Review, 15(2), 189-207. https://doi.org/10.1108/INMR-04-2018-012
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.

A AFC ainda indica que os resultados obtidos pelas MPEs também contribuem para a capacidade comercial, permitindo aceitar a H7. Ainda que tenham limitações na disponibilidade de recursos financeiros, como apresentado na Tabela 4, verifica-se que seus resultados são relevantes para que consigam comercializar seus produtos. Tal proposição vai ao encontro de Bayarçelik et al. (2014)Bayarçelik, E., Taşel, F., & Apak, S. (2014). A research on determining innovation factors for SMEs. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 150, 202-211. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2014.09.032
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e Vasconcelos et al. (2020)Vasconcelos, R. B. B, Vieira, R. S., & Silveira, D. S. (2020). What’s the recipe to innovate? An analysis of the determinants of the degree of innovation in the gastronomy segment. International Journal of Innovation Management, 24(1), 2050005. https://doi.org/10.1142/S136391962050005X
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, que indicam a relevância dos resultados financeiros e não financeiros para as inovações.

Verifica-se ainda relação positiva e significativa entre a capacidade gerencial e a comercial, confirmando a H8. Como propõem Zawislak et al. (2012)Zawislak, P., Alves, C., Tello-Gamarra, J., Barbieux, D., & Reichert, F. (2012). Innovation capability: from technology development to transaction capability. Journal of Technology Management & Innovation, 7(2), 14-27. https://doi.org/10.4067/S0718-27242012000200002
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, as capacidades orientadas ao negócio estão relacionadas e contribuem de maneira conjunta para a inovação. Apesar da correlação moderada, o teste de HTMT apontou a validade divergente dos construtos, reforçando sua distinção.

Por fim, buscou-se analisar a robustez do modelo por meio de sua replicação em novas amostras, o que pode ser realizado pela abordagem out-of-the sample ou in-sample. No teste out-of-the sample, os resultados são comparados com dados externos, sendo considerado, por isso, mais confiável (Inoue & Kilian, 2005Inoue, A., & Kilian, L. (2005). In-sample or out-of-sample tests of predictability: Which one should we use? Econometric Reviews, 23(4), 371-402. https://doi.org/10.1081/ETC-200040785
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). Contudo, enfrenta limitações, visto que pode exigir uma ampla amostra para lidar com as dimensionalidades das relações.

Neste estudo, por exemplo, as limitações no acesso à base de dados inviabilizaram a obtenção de uma amostra adicional com tamanho suficiente para realizar a validação do modelo. Desta forma, utilizou-se a abordagem in-sample, replicando o modelo em cinco amostras aleatórias com 300 empresas, retiradas da amostra inicial.

Para Inoue e Kilian (2005)Inoue, A., & Kilian, L. (2005). In-sample or out-of-sample tests of predictability: Which one should we use? Econometric Reviews, 23(4), 371-402. https://doi.org/10.1081/ETC-200040785
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, a utilização da abordagem in-sample não reduz a confiabilidade dos resultados e permite que se obtenham insights teóricos sobre o modelo. Ademais, deve-se destacar que também foram realizados testes complementares, como de alfa de Cronbach, ômega de McDonald, AVE e HTMT, atestando a confiabilidade e as validades convergentes e divergentes do modelo e das subamostras.

Procedendo-se a análise, verifica-se que os coeficientes das relações se mantiveram significativos, obedecendo ao intervalo de confiança do modelo original. É possível observar que o teste de χ2 das amostras 4 e 5 não foi significativo, contudo, seu resultado é sensível ao tamanho da amostra e à não normalidade dos dados (Tanaka, 1993Tanaka, J. (1993). Multifaced conceptions of fit in strucutural equation models. In K. A. Bollen, & J. S. Long (Eds.), Testing structural equation models (pp. 10-39). Newbury Park: Sage Publications.), sugerindo uma análise complementar pelos índices de ajuste e confiabilidade, cujos resultados atendem as especificações, indicando a robustez e a confiabilidade do modelo.

Tabela 9
Comparação dos resultados das amostras.

Por fim, efetuou-se a estimativa das variáveis latentes, cuja dispersão está apresentada na Figura 4. É possível observar uma relação linear entre as capacidades de inovação orientadas ao negócio, corroborando os resultados da AFC.

Figura 4
Dispersão das empresas pelas capacidades de inovação.

O gráfico apresenta a dispersão das empresas por meio das estimativas das variáveis latentes, o eixo x indica a capacidade gerencial e o eixo y indica a capacidade comercial, identificadas pelo segmento de atuação. Os segmentos de material de construção e panificação apresentam uma concentração de empresas com baixa capacidade comercial e gerencial, enquanto a indústria de móveis apresenta maior concentração de empresas com capacidades mais elevadas.


A Figura 4 demonstra uma concentração de MPEs no centro para o quadrante inferior e esquerdo, de baixa capacidade comercial e gerencial, revelando dificuldades enfrentadas no desenvolvimento dos recursos. A figura também apresenta diferenças nas distribuições entre os segmentos analisados. As MPEs de material de construção e panificação, por exemplo, apresentam-se concentradas no quadrante de baixa capacidade comercial e gerencial, sugerindo que podem enfrentar maiores barreiras no desenvolvimento da inovação. A indústria de móveis e vestuário apresenta maior concentração no quadrante de alta capacidade comercial e gerencial, indicando que o segmento tem maior facilidade em desenvolver os recursos e as habilidades necessárias para inovar.

Tais resultados são reforçados pelo teste de Kruskal-Wallis, que indica as diferenças das capacidades entre os segmentos de atuação. Como observado na Tabela 10, material de construção apresenta menor desempenho médio dentre os segmentos para ambas as capacidades, enquanto as indústrias de móveis e vestuários apresentaram os melhores resultados. Apesar de os segmentos de gastronomia e panificação também registrarem baixa capacidade, a Figura 4 demonstra que há uma maior dispersão das empresas, indicando que algumas MPEs conseguem superar os entraves e desenvolver seus recursos gerenciais.

Tabela 10
Capacidade comercial e gerencial por segmento de atuação.

De maneira geral, os resultados indicam a existência de uma heterogeneidade nas capacidades de inovação referentes às MPEs, diferentemente de Zawislak et al. (2018)Zawislak, P., Fracasso, E., & Tello-Gamarra, J. (2018). Technological intensity and innovation capability in industrial firms. Innovation & Management Review, 15(2), 189-207. https://doi.org/10.1108/INMR-04-2018-012
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, o que pode ser causado pelas barreiras e dificuldades que cada segmento enfrenta. Diante desses contrapontos, as MPEs procuram estruturar diferentes arranjos para desenvolver suas habilidades e promover inovações, o que requer esforços e suportes específicos voltados a suas necessidades.

CONCLUSÕES

Teece et al. (1997)Teece, D. J., Pisano G., & Shuen A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, 18(7), 509-533. https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(199708)18:7<509::AID-SMJ882>3.0.CO;2-Z
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propõem que a formulação de estratégias em excesso pode levar ao desinvestimento nas capacidades dinâmicas. Contudo, o presente artigo sugere que a formulação de estratégias eficientes de inovação pode ocorrer por meio dos investimentos nas capacidades dinâmicas e nos recursos gerenciais. Todavia, ainda se constitui como desafio identificar e mensurar as capacidades dinâmicas e, deste modo, a pesquisa constitui-se como um esforço em demonstrar como a capacidade de inovação pode ser operacionalizada nas MPEs, dadas as limitações que enfrentam no acesso e uso das tecnologias.

Ainda que a tecnologia seja relevante para inovar (Dosi et al., 1988Dosi, G., Freeman, C., & Nelson, R. (1988). Technical change and economic theory (Vol. 988). London: Printer.), os resultados demonstram que as habilidades gerenciais não são apenas recursos suplementares, como indicam Guan e Ma (2003)Guan, J., & Ma, N. (2003). Innovative capability and export performance of Chinese firms. Technovation, 23(9), 737-747. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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, mas se tornam ativos centrais para a inovação em empresas pouco intensivas em tecnologias. Além de demonstrar a relevância das capacidades comercial e gerencial, o estudo também demonstra como estas capacidades são constituídas e operacionalizadas, o que pode apresentar uma contribuição relevante para a literatura, visto que não há consenso sobre o tema (Iddris, 2019Iddris, F. (2019). Innovation capability and product innovation performance: The case of low-tech manufacturing firms. European Business Review, 31(5), 646-668. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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).

Estudos anteriores já analisaram os recursos como determinantes da capacidade de inovação, porém partem de uma relação direta e individualizada. Kim et al. (2018)Kim, M., Park, J., & Paik, J. (2018). Factors influencing innovation capability of small and medium-sized enterprises in Korean manufacturing sector: Facilitators, barriers and moderators. International Journal of Technology Management, 76(3-4), 214-235. https://doi.org/10.1504/IJTM.2018.10012461
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, Le e Lei (2019)Le, P., & Lei, H. (2019). Determinants of innovation capability: The roles of transformational leadership, knowledge sharing and perceived organizational support. Journal of Knowledge Management, 23(3), 527-547. https://doi.org/10.1108/JKM-09-2018-0568
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e Martínez-Román e Romero (2017)Martínez-Román, J., & Romero, I. (2017). Determinants of innovativeness in SMEs: Disentangling core innovation and technology adoption capabilities. Review of Managerial Science, 11(3), 543-569. https://doi.org/10.1007/s11846-016-0196-x
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, por exemplo, destacam a relevância de liderança e da rede de conhecimentos no desenvolvimento de inovações; Iddris (2019)Iddris, F. (2019). Innovation capability and product innovation performance: The case of low-tech manufacturing firms. European Business Review, 31(5), 646-668. https://doi.org/10.1016/S0166-4972(02)00013-5
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e Kamasak (2015)Kamasak, R. (2015). Determinants of innovation performance: A resource-based study. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 195, 1330-1337. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2015.06.311
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salientam o relacionamento com fornecedores e clientes; já Vasconcelos et al. (2020)Vasconcelos, R. B. B, Vieira, R. S., & Silveira, D. S. (2020). What’s the recipe to innovate? An analysis of the determinants of the degree of innovation in the gastronomy segment. International Journal of Innovation Management, 24(1), 2050005. https://doi.org/10.1142/S136391962050005X
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enfatizam a contribuição de aspectos financeiros.

Este estudo, contudo, parte de uma perspectiva mais ampla e contempla as interações entre os recursos gerenciais tratados na literatura. Os resultados aqui encontrados corroboram os estudos anteriores ao demonstrar a pertinência desses recursos para a inovação nas MPEs. Porém, traçam uma relação indireta entre os recursos e a inovação, demonstrando que sua relevância se dá pela contribuição às capacidades gerenciais e comerciais.

Assim, verifica-se que a capacidade gerencial é composta pelo relacionamento com a sociedade e fornecedores, a liderança, o compartilhamento de informações e conhecimentos, e o gerenciamento de pessoas. E a capacidade comercial é composta pelo relacionamento com os clientes e os resultados obtidos pela firma.

Ao partir da perspectiva da teoria dos recursos, o framework amplia o modelo proposto por Zawislak et al. (2018)Zawislak, P., Fracasso, E., & Tello-Gamarra, J. (2018). Technological intensity and innovation capability in industrial firms. Innovation & Management Review, 15(2), 189-207. https://doi.org/10.1108/INMR-04-2018-012
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, evidenciando novos recursos (liderança, informações e conhecimentos e resultados) e configurações para as capacidades de inovação. Diferentemente dos autores, observa-se que o relacionamento com fornecedores não mantém relação com a capacidade comercial, o que pode ser resultado do baixo poder de barganha dos pequenos negócios, dificultando a negociação de preços, prazos e condições de entrega. Porém, verifica-se forte relação com a capacidade gerencial, sugerindo que ainda que não se obtenha vantagens comerciais, promovem-se melhorias das atividades e processos internos, conforme sugerido por Kamasak (2015)Kamasak, R. (2015). Determinants of innovation performance: A resource-based study. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 195, 1330-1337. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2015.06.311
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.

As diferenças nas configurações dos recursos e capacidades reforçam a necessidade de uma análise particular das MPEs. Diferentemente de Zawislak et al. (2018)Zawislak, P., Fracasso, E., & Tello-Gamarra, J. (2018). Technological intensity and innovation capability in industrial firms. Innovation & Management Review, 15(2), 189-207. https://doi.org/10.1108/INMR-04-2018-012
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, verifica-se que as capacidades não são homogêneas, e que as firmas procuram desenvolver e combinar os recursos de acordo com as demandas e restrições ambientais, como proposto por Penrose (1959)Penrose, E. (1959). The theory of growth of firm. New York, NY: Oxford University Press.. A fim de superar barreiras, podem ser desenvolvidos programas e políticas que forneçam instruções, assessorias e consultorias para que as MPEs consigam superar os gargalos nos usos dos recursos.

Ainda que o artigo represente uma pequena contribuição ao estudo das capacidades dinâmicas e apresente uma perspectiva limitada do modelo de Zawislak et al. (2012)Zawislak, P., Alves, C., Tello-Gamarra, J., Barbieux, D., & Reichert, F. (2012). Innovation capability: from technology development to transaction capability. Journal of Technology Management & Innovation, 7(2), 14-27. https://doi.org/10.4067/S0718-27242012000200002
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, concentrando-se nas capacidades guiadas ao negócio, ele se constitui em um esforço em identificar os recursos atrelados às capacidades inovadoras nas MPEs, permitindo que tais organizações se empenhem para desenvolvê-los a fim de obter lucros extraordinários advindos da inovação (Schumpeter, 1988Schumpeter, J. A. (1988). A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo, SP: Nova Cultural.). Não se busca, contudo, limitar ou esgotar a contribuição dos recursos, e sim demonstrar a relevância para o desenvolvimento da inovação.

Por fim, destaca-se que o modelo apresentado demonstra boa especificação e robustez, conforme evidenciado pelos índices de confiabilidade e validade e pela replicação do modelo em amostras in-sample. Contudo, destaca-se que a limitação no acesso aos dados inviabilizou a replicação do modelo em amostras out-of-sample. Ademais, os dados revelam a percepção do gestor sobre a empresa, e não necessariamente a realidade organizacional e, como sugerem Tometich, Fracasso, Zen e Engelman (2019)Tometich, P., Fracasso, E., Zen, A., & Engelman, R. (2019). A decisão de inovar e o movimento das capacidades dinâmicas. Gestão & Produção, 26(2), e3627. http://dx.doi.org/10.1590/0104-530x-3627-19
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, as capacidades de inovação são reconfiguradas pelas decisões organizacionais. Por isso, sugere-se o desenvolvimento de novos estudos que utilizem dados longitudinais e que analisem as capacidades guiadas pela tecnologia. Também se sugere a aplicação em outros segmentos, que utilizem níveis diferentes de tecnologias, o que pode revelar novas configurações.

  • Classificação JEL: M13, O3, O54.
  • Pareceristas: Michele Nascimento Jucá (Universidade Presbiteriana Mackenzie, Brasil) https://orcid.org/0000-0002-8610-6193
    Rodrigo Gava (Universidade Federal de Viçosa, Brasil) https://orcid.org/0000-0002-1855-5034
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Editado por

Editor-chefe: Wesley Mendes-Da-Silva (Fundação Getulio Vargas, EAESP, Brasil) https://orcid.org/0000-0002-5500-4872

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    12 Mar 2019
  • Revisado
    25 Jun 2020
  • Aceito
    26 Jun 2020
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