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SCHMIDTKE. Ergonomia 2

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Kurt E. Weil

Ergonomia 2

Por Heinz Schmidtke, Gestaltung von Arbeitsplatz und Arbeitsumwelt, Heinz Schmidtke, editor, colaboradores. 126 gravuras, 330 p., bibliografia por capítulo, índice remissivo, Carl Hanser Verlag, Munique, 1974. Brochura, D. M. 36, importado.

Schmidtke é o editor de uma série de três volumes sobre as últimas pesquisas realizadas em ergonomia e já aprovadas em trabalhos práticos. O primeiro volume da obra contém os "princípios" da ergonomia. O segundo trata da "ecologia do local de trabalho". E o último é reservado a "teoria da informação e meios da ergonomia". O segundo volume, objeto desta resenha (e que pode ser adquirido separadamente), divide-se em duas partes. Seu conteúdo é o seguinte:

1.ª parte: Adaptação do trabalho ao homem

- Fundamentos da adaptação técnica

- Mesa de trabalho e assento

- Mesas de controle e acionamento

- Controles e informações

- Compatibilidade

- Métodos ergonométricos para o julgamento do sistema parcial "homem" do sistema "trabalho".

2.ª parte: Influência do meio ambiente (ecologia do trabalho) na eficácia humana

- Clima

- Medida do clima e avaliação das condições climáticas

- Barulho - o homem e seu ambiente acústico

- Medida e avaliação do barulho

- Vibrações, oscilações e impactos

- Medida e avaliação de impactos e vibrações

- Iluminação

- Medida e avaliação da iluminação

- Produtos químicos

- Radiações (inclusive atômicas) e dosimetria das radiações

- Pressão atmosférica e queda da pressão.

O livro tem um agradável aspecto gráfico, com figuras, desenhos e tabelas de fácil leitura, apesar de serem reproduzidos diretamente de um "manuscrito" a máquina de escrever. As poucas fotografias conseqüentemente têm o aspecto de uma reprodução/por xerox (genérico, não-éspecífico de marca).

O livro foi escrito por diversos autores, todos eles pesquisadores. É mérito de Schmidtke, como editor, ter conseguido uma unificação de linguagem entre médicos e engenheiros e um estilo agradável e claro. Não se pode falar portanto em crítica do livro, pois cada capítulo é um assunto pesquisado independentemente. É simplesmente possível descrever as principais pesquisas, numa resenha, e dizer também que todas as informações do livro são de imensa utilidade para médicos e engenheiros de fábrica, para administradores da produção e para os dirigentes de pessoal.

Como todo livro de ergonomia, também o de Schmidtke apresenta uma tabela de Fitts, sobre as vantagens e desvantagens do homem em relação à máquina. Esse resenhista em seus cursos costuma explicar uma tabela que trata simultaneamente de homem-máquina e computador. O interessante é que a tabela do alemão Walter Rohmert dá uma capacidade de trabalho de 0,3 PS (quase igual ao nosso CV, 76 em vez de 75kg) para um dia de 8 horas de trabalho, contra 0,2 HP (horse-power, 76kg) do livro de Singleton.

O capítulo sobre as mesas e assentos têm como eventual novidade um estudo sobre o cansaço e as dores nas pernas, devido ao posicionamento desagradável (para o corpo humano, não para a estética) dos pedidos do acelerador e do freio em automóveis.

A análise do multiposicionamento de alavancas e botões de acionamento é feita no terceiro desses capítulos, e outra vez é estudada a posição do acelerador em automóvel.

O quarto capítulo, da primeira parte, mostra os diferentes tipos de indicadores de controle, por exemplo, de cores múltiplas, quando em "funcionamento", em "perigo" e em "precaução" e "desligado". Como nos demais livros do assunto, estudam-se o tipo e o tamanho de letras e números para verificar a legibilidade. Novidade é a correlação entre precisão de leitura, tempo de leitura e unidade na escala, conforme a iluminação e outros fatores. O livro entra em detalhes de cálculos de divisão de escalas. Há um estudo comparativo entre os números que devem ser usados em indicadores, sendo melhor o uso de unidades consecutivas e pior o de valores irregulares ou fracionários.

A "compatibilidade", da qual trata o quinto capítulo, nada mais é do que a adequação da informação à possibilidade de regulação por meio de sistemas mecânicos acionados pelo homem. Compatibilidade pode ser explicada pelo fato de a direção do carro ser virada para a direita para o carro ir a direita. A dificuldade aparece quando um botão de controle movimenta-se em direção contrária ao ponteiro do indicador, para corrgir uma eventual posição desviada da "ótima".

No sexto capítulo uma sistemática muito interessante é apresentada para estudar o homem no trabalho - primeiro se divide o trabalho em físico e intelectual (primordialmente) e depois se aplicam os métodos tais como técnica de sistemas, medida de trabalho (REFA), engenharia industrial, biomecânica, antropometria, fisiologia, física, etc. Posteriormente se divide o método de medida de trabalho em estudo de movimento, estudo de tempo, estudo do lugar do trabalho e do roteiro. São apresentados dados e gráficos entre "isometris em segurar" e atividade muscular eletricamente medida. Finalmente o autor do capítulo trata da possibilidade de medir a fadiga por meio de, por exemplo, análise química do suor, da visão, da pressão e da pulsação do sangue, etc. O fim do capítulo é uma passagem para a segunda parte do livro.

O primeiro capítulo da segunda parte sobre o clima é de grande importância no Brasil, pelo relacionamento da temperatura do corpo com o trabalho, em diversos ambientes. Há gráficos de correlação de temperatura do corpo e trabalho, inclusive em mineração - em temperaturas elevadas - com ventilação e em trabalho intelectual. O terceiro capítulo nada apresenta de surpreendente ou novo sobre o barulho, enquanto o segundo e o quarto capítulos tratam da medida, respectivamente, do clima e do barulho, destinando-se a especialistas.

O quinto capítulo sobre vibrações e impactos tem interessante estudo sobre o sistema de orientação do homem, e como ele muda conforme a posição do indivíduo. Também aí é estudada a memória de vibrações do homem. O capítulo seguinte, sobre as medidas e a avaliação, é também dirigido a especialistas, inclusive com aprofundamento matemático sobre a aceleração e o impacto. Os capítulos sobre iluminação e o de produtos químicos, estes com dados sobre cancerígenos são comuns a muitos livros, enquanto o problema ergonométrico da radiação e dosagem da radiação constitui a novidade, que os brasileiros logo devem estudar, face à necessidade de manter monitores perto das intalações atômicas.

O resenhista conhece, por experiência própria o problema do trabalho em diferentes sistemas de pressão atmosférica, as dores de cabeça resultantes, etc, e lamenta que o capítulo destinado a isso seja tão reduzido.

Em resumo, o livro de Schmidtke é indispensável aos estudiosos da área, especialmente para aqueles que se destinam ao doutoramento.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Ago 2013
  • Data do Fascículo
    Out 1977
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