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Followers of the new faith: culture change and the rise of protestantisme in Brazil and Chile

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Followers of the new faith: culture change and the rise of protestantisme in Brazil and Chile

FOLLOWERS OF THE NEW FAITH: CULTURE CHANGE AND THE RISE OF PROTESTANTISME IN BRAZIL AND CHILE. Por EMILIO WILLEMS. Nashville, Tennessee, Vanderbilt University Press, 1967, X+290 páginas, US$ 7.50.

Os estudos sobre religiões são importantes na medida em que ajudam a compreender a estrutura e os processos das sociedades onde tais religiões são encontradas.

Os estudos das religiões, no Brasil, podem ser classificados em três categorias principais:

Em primeiro lugar, há estudos orientados pelo caráter exótico dessas religiões. Em geral, são estudos de religiões afro-brasileiras e se preocupam com descrever essas religiões comparando-as, algumas vezes, com as africanas. Os estudos de NINA RODRIGUES e ARTUR RIBEIRO encontram-se nesta categoria.

Em segundo lugar, há estudos realizados por membros das religiões que se caracterizam por serem proselitistas, ou por se preocuparem em refutar tais religiões.

Finalmente, há uns poucos estudos realizados por cientistas sociais que se preocupam com estabelecer relações entre o fenômeno estudado e a sociedade mais ampla. O trabalho de WILLEMS está nesta última categoria.

WILLEMS procura demonstrar que os movimentos protestantes no Brasil e no Chile emergiram e se desenvolveram na medida em que as estruturas agrárias tradicionais desses países entraram em decadência, e processos de urbanização e industrialização adquiriram momento.

Esta tese é corroborada na medida em que WILLEMS demonstra que as maiores populações protestantes concentram-se nas áreas mais urbanizadas e industrializadas do Brasil e do Chile e que os membros dessas religiões pertencem às classes sociais, cuja formação e progresso são diretamente afetadas pelas mudanças estruturais provocadas pela ordem industrial emergente.

Essa relação entre movimentos protestantes, industrialização e urbanização é, segundo WILLEMS, uma relação funcional. Para êle, os movimentos religiosos protestantes fornecem uma visão do mundo e uma estrutura normativa que facilitam a adaptação criadora do homem nessa nova estrutura social. Eles são, portanto, manifestações organizacionais contrárias à velha ordem e conduzem a um comportamento humano moderno.

Ainda que a tese de WILLEMS possa ser verdadeira, nem sempre a maneira pela qual êle a corrobora convence o leitor mais crítico. Por exemplo, WILLEMS usa uma tipologia muito grosseira para analisar os movimentos protestantes. Êle trabalha com duas distinções básicas: igreja e seita de um lado e igrejas históricas e igrejas de massas de outro lado. Essas distinções nem sempre são suficientes para explicar variações nas igrejas históricas ou nas igrejas de massa.

Mas, o problema maior que percebemos na maneira como WILLEMS defende a sua tese está no próprio caráter funcionalista da tese. Em algumas passagens WILLEMS parece sugerir - como WEBER - que para se ter sucesso na nova estrutura urbano-industrial do Brasil e do Chile é necessário ser protestante; que o protestante é o bem sucedido ao passo que os membros de outras religiões não são assim tão bem sucedidos. Esse traço nitidamente proselitista surge aqui e ali no texto sem nunca ser totalmente explícito. O leitor o percebe e fica, algumas vezes, assustado com a ingenuidade da tese.

Finalmente, WILLEMS não cita e parece ignorar totalmente a pequena mas excelente literatura brasileira sobre sociologia da religião e por isso mesmo a sua tese central não acrescenta muito ao já realizado. Não há, por exemplo, uma única citação na obra de WILLEMS dos importantes trabalhos de CÂNDIDO PROCÓPIO FERREIRA DE CAMARGO. Mas, apesar dessas imperfeições, o livro de WILLEMS é rico de conteúdo e de informações sobre a realidade. Trata-se, portanto, de importante contribuição ao conhecimento científico da realidade brasileira.

MANOEL TOSTA BERLINCK

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Maio 2015
  • Data do Fascículo
    Mar 1970
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