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A combinação do balanço carga/força e da freqüência respiratória/volume corrente como preditores da evolução do desmame

PANORAMA INTERNACIONAL

EMERGÊNCIA E MEDICINA INTENSIVA

A combinação do balanço carga/força e da freqüência respiratória/volume corrente como preditores da evolução do desmame

O desmame da ventilação pulmonar mecânica (VPM) invasiva e não invasiva permanece como um desafio para a equipe multidisciplinar em intensivismo adulto e, principalmente, em pediatria1,2. Vassilakopoulos T. et al, em 20063, publicaram um estudo prospectivo avaliando 124 pacientes consecutivos de uma unidade de terapia intensiva para adultos, multidisciplinar e universitária, com o objetivo principal de verificar se a combinação de um índice de carga muscular ventilatória (FR/VC) e um de força muscular (PI/PiMáx) poderia dar informação prognóstica da evolução do desmame.

Foi avaliado o índice de resistência (balanço carga/força), calculado como a média da pressão inspiratória máxima (PI), durante a VPM controlada sobre a pressão inspiratória máxima (PiMáx). Os pacientes foram acompanhados por 48 horas e este índice foi comparado com o índice de respiração rápida superficial (IRS = FR/VC) e outros índices, para 75 pacientes pré-extubação. Os valores limiares dos índices foram validados prospectivamente em outro grupo de 45 pacientes consecutivos.

A análise discriminativa demonstrou que a relação PI/PiMáx e o IRS foram os únicos índices que permaneceram no modelo (função do modelo D=7.6228xPI/PiMáx = 0.0158 x IRS _ 2.374). No ponto de corte de D=0,5, obteve-se 94% de sensibilidade, 67% de especificidade e 87% de classificações corretas. Simplificando-se o modelo discriminativo (D=15xPI/PiMáx+0.03xIRS-5), no ponto de corte de D=1, os resultados foram semelhantes (sensibilidade 89%, especificidade 67% e 85% de classificações corretas).

Os autores concluíram que a combinação dos índices PI/PiMáx e IRS, em uma função discriminativa simplificada, é útil em predizer a evolução do desmame de adultos em até 48 horas após a extubação.

Comentário

A grande contribuição deste estudo3 é a demonstração de que a combinação do IRS com a PI/PiMáx apresenta boa acurácia para predizer a evolução do desmame de adultos em até 48 horas após a extubação, fornecendo informação prognóstica não oferecida por qualquer índice isolado. O IRS é considerado como uma resposta do controle respiratório para um aumento da carga da respiração4, e a combinação do IRS e da PI/PiMáx avalia a resposta à carga e à força muscular, ou seja, avalia a resistência da musculatura ventilatória.

O índice PI/PiMáx foi o único que permaneceu no modelo para pacientes que necessitaram de VPM prolongada (tempo VPM > 7 dias), que provavelmente são aqueles com endurance mais limitada; enquanto o IRS foi o único índice que permaneceu para pacientes com curto tempo de VPM (tempo VPM<7 dias).

Cíntia Johnston

Werther B. de Carvalho

Referências

1. Chang AT, Boots RJ, Brown MG, Paratz J, Hodges PW. Reduced inspiratory muscle endurance following successful weaning from prolonged mechanical ventilation. Chest 2005;128(2):553-9.

2. Noizet O, Leclerc F, Sadik A, Grandbastien B, Riou Y, Dorkenoo A, et al. Does taking endurance into account improve the prediction of weaning outcome in mechanically ventilated children? Crit Care 2005;9(6):798-807.

3. Vassilakopoulos T, Routsi C, Sotiropoulou C, Bitsakou C, Stanopoulos I, Roussos C, et al. The combination of the load/force balance and the frequency/idal volume can predict weaning outcome. Intensive Care Med 2006;32 (5):684-91.

4. McIntyre NR, Cook DJ, Ely EW Jr, Epstein SK, Fink JB, Heffner JE, et al. Evidence-based guedlines for weaning and discontinuing ventilatory support: a collective task force facillitated by American College of Chest Physicians, the American Association for Respiratory Care, and the American College of Critical Care Medice. Chest 2001;120(6 Suppl):375-95.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jul 2006
  • Data do Fascículo
    Jun 2006
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