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Diagnóstico clínico e funcional da asma brônquica

DIRETRIZES EM FOCO

MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS

Diagnóstico clínico e funcional da asma brônquica

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

O diagnóstico da asma deve ser baseado em condições clínicas e funcionais.

Diagnóstico clínico 1(D)

• um ou mais dos seguintes sintomas: dispnéia, tosse crônica, sibilância, aperto no peito ou desconforto torácico, particularmente à noite ou nas primeiras horas da manhã;

• sintomas episódicos;

• melhora espontânea ou pelo uso de medicações específicas para asma (broncodilatadores, antiinflamatórios esteróides);

• diagnósticos alternativos excluídos.

Perguntas que devem ser feitas aos pacientes (ou pais) para o diagnóstico clínico de asma:

• tem ou teve episódios recorrentes de falta de ar?

• teve alguma crise ou episódios recorrentes de sibilância?

• tem tosse persistente, particularmente à noite ou ao acordar?

• acorda por tosse ou falta de ar?

• tem tosse, sibilância, aperto no peito após atividade física?

• apresenta tosse, sibilância ou desenvolve aperto no peito após exposição a alergênios como mofo, poeira de casa e animais ou irritantes como fumaça de cigarros e perfumes, ou após resfriados ou alterações emocionais como risada ou choro?

• usa alguma medicação quando os sintomas ocorrem? Com que freqüência?

• os sintomas são aliviados quando a medicação é usada?

Diagnóstico funcional

Espirometria

• obstrução das vias aéreas caracterizada por redução do VEF1 (inferior a 80% do previsto) e da relação VEF1/CVF (inferior a 75%);

• diagnóstico de asma é confirmado pela presença de obstrução ao fluxo aéreo que desaparece ou melhora significativamente após broncodilatador (aumento do VEF1 de 7% em relação ao valor previsto e 200 ml em valor absoluto, após inalação de beta-2 agonista de curta duração) 2(D).

Testes adicionais (quando a espirometria for normal)

• teste de broncoprovocação com agentes broncoconstritores (metacolina, histamina, carbacol) para demonstrar a presença de hiperresponsividade brônquica3(B);

• medidas de VEF1 antes e após o teste de exercício, demonstrando-se após o esforço queda significativa da função pulmonar (acima de 10% a 15%) 4(B);

• medidas seriadas do pico do fluxo expiratório (PFE) auxiliam no diagnóstico de asma quando demonstra-se variabilidade aumentada nos valores obtidos pela manhã e à noite (acima de 20% em adultos e de 30% em crianças) 3(B).

Comentário

Utilizando-se de alguns dados obtidos no diagnóstico clínico e funcional, a asma pode ser classificada segundo sua gravidade (Quadro 1). Há variações na gravidade da asma, também correlacionadas à freqüência de uso de broncodilatador (B2), classe de medicação necessária para o controle, dose de corticóide inalatório utilizada, número de hospitalizações5(A).


Referências

1. Boushey HA. Clinical diagnosis in adults. In: Barnes PJ, Rodger IW, Thomson NC, editors. Asthma. Philadelphia: Lippincott-Raven; 1997.

2. Pereira CAC, Naspitz C. II Consenso Brasileiro de Manejo da Asma. J Pneumol 1998; 173-276.

3. Ribeiro M, Silva RCC, Pereira CAC. Diagnóstico de asma: comparação entre o teste de broncoprovocação e a variabilidade do pico de fluxo expiratório. J Pneumol 1995; 21:217-24.

4. Haby MM, Anderson SD, Peat JK, Mellis CM, Toelle BG, Woolcock AJ. An exercise challenge protocol for epidemiological studies of asthma in children: comparison with histamine challenge. Eur Respir J 1994; 7:43-9.

5. Ellman MS, Viscoli CM, Sears MR, Taylor DR, Beckett WS, Horwitz RI. A new index of prognostic severity for chronic asthma. Chest 1997; 112:582-90.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Jul 2004
  • Data do Fascículo
    Abr 2004
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