O objetivo deste artigo é analisar a composição e a significação do chamado "Consenso de Chicago", publicado em dois periódicos médicos em agosto de 2006. O "Consenso" recomenda o uso da nomenclatura "Disorders of Sex Development" (DSD) em detrimento da antiga classificação dos "Estados Intersexuais". Sugere, ainda, condutas em termos de diagnóstico e intervenção nessas situações. As análises apontam para o surgimento de novas terminologias, nas quais uma especialidade médica (a genética) ganha destaque, e para o esforço no sentido de uma classificação calcada em termos cada vez mais "técnicos" e com códigos muito complexos e específicos. O "Consenso" reafirma, assim, o papel fundamental ocupado pela genética e pela biologia molecular na discussão e na produção de conhecimento no interior do campo médico e biológico da "determinação e diferenciação sexual", bem como nas pesquisas e intervenções relacionadas com a intersexualidade. Nesse contexto, ressalta-se a emergência do "sexo-código", um sexo "revelado" no nível microscópico do corpo.
Intersexualidade; "Consenso de Chicago"; Classificações médicas; Antropologia da ciência; Sexo-código