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Pedagogia dos Possuídos: repensando o método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI) no ensino da dança no Brasil

Resumo:

Este trabalho15 15 Gary Wilkinson (2007), no título do artigo que debate os perigos do financiamento privado na educação pública da Inglaterra, usa o termo "possuído" como o oposto de "despossuído" (isto é, sem recursos). Eu utilizo o termo da mesma forma, mas também em referência à possessão espiritual ou religiosa. Os dois títulos, meu e de Wilkinson, derivam do já clássico livro Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire (2011), publicado pela primeira vez em 1970. propõe um questionamento dos princípios fundamentais do método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI) ensinado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no Brasil. A análise problematiza a suposição de que os alunos não têm consciência da sua própria brasilidade, a qual eles devem buscar através do BPI, e questiona uma metodologia coreográfica na qual alunos são ensinados a serem possuídos pela dança. O trabalho chama a atenção ao desequilíbrio de poder inerente na experiência de co-habitar do BPI, em que alunos pesquisam outros às margens da sociedade, que são entendidos como fonte de uma autêntica cultura brasileira. O trabalho convida alunos e professores de BPI a reconsiderar a ética dessa metodologia de pesquisa e a considerar a possibilidade de pesquisas coreográficas que sejam capazes de engajar mente e corpo de uma forma crítica e consciente.

Palavras-chave:
BPI; Alteridade; Dança; Coreografia; Pesquisa

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