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Mortalidade infantil e envolvimento religioso materno no Brasil

O crescimento do Protestantismo no Brasil tem sido associado a mudanças em variáveis de mortalidade e saúde. Estudos recentes sugerem que a afiliação com igrejas Protestantes pode positivamente influenciar o bem-estar de seus membros a partir: 1) do ensinamento de diretrizes morais; 2) da criação de sanções formais e informais; e 3) da promoção de redes sociais e de suporte. Este trabalho utiliza dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) de 1996 e 2006 e modelos de risco proporcional de Cox para examinar a associação entre mortalidade infantil e envolvimento religioso da mãe. Resultados bivariados mostram que as diferenças nas razões de risco da mortalidade infantil por envolvimento religioso materno são consideráveis e estatisticamente significativas. Ao controlar por variáveis demográficas e socioeconômicas na amostra de 1996, esta associação inicial desaparece, o que corrobora a hipótese de seletividade. Resultados usando a PNDS de 2006 mostram, no entanto, que os diferenciais na mortalidade infantil por participação em cultos religiosos ou missas ainda são observados no modelo multivariado. Tal constatação sugere que a associação entre envolvimento religioso materno e mortalidade infantil no Brasil é mais forte em 2006 do que era em 1996. Este trabalho deve encorajar novos estudos sobre a relação entre religião e variáveis de saúde no Brasil. Este tema merece maior consideração dos demógrafos no Brasil não somente porque este país tem passado por profundas mudanças religiosas, mas também porque a religião pode afetar o comportamento e o estilo de vida de seus fiéis, o que, por sua vez, pode influenciar o bem-estar e a saúde destes indivíduos.

Religião; Mortalidade infantil; Modelo de risco proporcional de Cox; Brasil


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