rbgg
Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia
Rev. bras. geriatr.
gerontol.
1809-9823
1981-2256
Universidade do Estado do Rio Janeiro
OBJECTIVE:
To understand the perception and meanings that elderly give to their experiences
as related to prolonged use of benzodiazepines.
METHODS:
Using an anthropological qualitative methodology of qualitative approach, the
study was conducted among elderly participants in the Bambuí Project, a
population-based study on the health status of the elderly, in the city of Bambuí,
Minas Geraisstate, Brazil. Semi-structured interviews were conducted with 22
elderly without cognitive impairment and residents in Bambuí-MG, who reported use
of benzodiazepines.
RESULTS:
In the study group, the use of benzodiazepines was compatible with the definition
of "pattern of chronic use", ranging from 6 months to 40 years, and the most used
drug was Clonazepam. The collection and analysis were guided by the model of
signs, meanings and actions. These categories emerged: use of a "very good" drug;
the good medicine that "seems addictive"; (dis)obedience to the prescription; and
relief.
CONCLUSION:
The elderly respondents justify the chronic use of benzodiazepines as a
palliative to deal with existential difficulties arising from cultural, social and
family situations, which need to be addressed in the health services.
INTRODUÇÃO
Há mais de meio século, os benzodiazepínicos (BZD) figuram entre os medicamentos mais
consumidos em todo o mundo.¹ No entanto, estudos realizados a partir dos anos 1980
têm-lhes atribuído diversos efeitos indesejáveis, incluindo o risco de dependência,
especialmente em caso de uso crônico.2 Os BZD de
ação prolongada ou em altas doses, bem como seu uso crônico, foram considerados
impróprios e associados a resultados adversos em idosos, ficando restritos a indicações
clínicas específicas.3
Uma revisão sobre efetividade clínica, custo-benefício e diretrizes sobre o uso de BZD
em idosos concluiu que as evidências disponíveis sugerem maiores chances de eventos
cognitivos e psicomotores adversos entre os usuários de BZD,4 tais como quedas e fraturas. Nenhum trabalho avaliou com precisão
a segurança, eficácia clínica e custo-efetividade do uso de BZD no tratamento de
ansiedade ou problemas de comportamento em idosos. Apesar disso, a prevalência do seu
consumo nesse segmento etário mantém-se muito elevada - cerca de 30% -, muitas vezes
cronicamente, por muitos anos,5 sendo ainda maior
entre idosos mais velhos.6
,
7
No Brasil, pessoas idosas são consumidoras frequentes de BZD, como evidenciam estudos
epidemiológicos desenvolvidos em diferentes populações, sejam elas residentes em
comunidade, com prevalência estimada de 22%,8 ou
usuárias de serviços de saúde, cuja prevalência chega a 30%.9 Estudos qualitativos demonstram que usuários crônicos de BZD podem
desenvolver dependência física e psicológica, conferindo a esses medicamentos atributos
que suplantam aqueles decorrentes de sua ação farmacológica.10
Entretanto, esforços para interromper o uso de BZD permanecem abaixo do ideal,² sendo
necessária uma abordagem complementar para identificar outros fatores que possam
contribuir para que uma retirada gradual possa ocorrer.¹¹ Nesse sentido, é importante
considerar que as práticas em saúde, inclusive o uso crônico de BZD, sofrem influência
do contexto e da cultura em que a pessoa está inserida.12
Para Geertz,12 a cultura é um universo de
símbolos e significados que permite a um grupo interpretar sua experiência e guiar suas
ações. A experiência da doença e seu cuidado - inclusive o uso de medicamentos como os
BZD - não podem ser considerados simples reflexo do processo patológico no sentido
biomédico do termo, devendo ser concebidos como uma construção cultural que se expressa
em "maneiras específicas de pensar e agir".13 Os
profissionais, incluindo geriatras e gerontólogos, quase sempre se reportam ao saber
biomédico, enquanto a percepção da população estaria ligada a uma rede de símbolos,
articulando conceitos biomédicos e culturais.
Assim, o objetivo do presente estudo foi compreender a percepção e os significados que
os idosos atribuem a suas experiências relacionadas ao uso crônico de benzodiazepínicos.
METODOLOGIA
População estudada
O estudo foi conduzido entre idosos participantes do Projeto Bambuí, estudo
prospectivo de base populacional desenvolvido na sede desse município, situado a
oeste de Minas Gerais. A coorte composta em 1997 totalizou 1.606 idosos (≥60 anos),
que correspondiam a 92% de toda a população nessa faixa etária. As entrevistas foram
realizadas com idosos participantes do sétimo segmento da coorte.
O principal objetivo da coorte é identificar preditores da mortalidade, da
hospitalização e da limitação física e cognitiva em idosos, o que possibilitará a
identificação de condições e/ou de idosos-alvo para atividades de prevenção. Nos
seguimentos anuais da coorte, acontecem entrevistas para coleta de informações; em
alguns anos, há coleta de material biológico, eletrocardiograma e medidas
antropométricas. Em todos os seguimentos, avaliaram-se o consumo de medicamentos
(confirmado pela prescrição e/ou embalagem da medicação em uso) e a condição
cognitiva da população idosa, por meio da aplicação do Mini-mental.14 Mais detalhes podem ser pesquisados em
Lima-Costa et al.15
À época do presente estudo, 1.113 idosos compunham a coorte, dos quais 25,2% estavam
em uso de BZD. Foram critérios de inclusão: ser participante do Projeto Bambuí,
relatar fazer uso de BZD e não apresentar comprometimento cognitivo à entrevista de
seguimento anual. O uso crônico de BZD foi definido pela utilização de pelo menos uma
dosagem do medicamento por cinco ou mais dias da semana, durante quatro meses ou
mais.16 Para regular o tamanho da amostra,
foi utilizado o critério de saturação, momento a partir do qual se identificam
fatores operacionais de redundância e repetição de dados, bem como fatores teóricos
de consistência e representatividade de elementos apresentados.17
Coleta e análise de dados
O modelo dos Signos, Significados e Ações, desenvolvido por Corin et al.,18 foi utilizado na coleta e análise dos dados,
buscando sistematizar os elementos do contexto que participam da construção da
maneira de pensar e de agir dos idosos com relação ao uso de BZD.
O modelo tem sua origem na definição geertziana da cultura e busca
identificar os diversos elementos do contexto que influenciam a concretização de
lógicas culturais.12 Parte do princípio de que
cada comunidade constrói de maneira específica seu universo de problemas, marcando
alguns, privilegiando esta ou aquela explicação e encorajando certos tipos de
reações. Esse modelo procura identificar os signos (comportamentos associados), os
significados (explicações privilegiadas frente a esses signos), como também as
reações que predominam no evento de saúde, o qual não é visto como um processo
biomédico, mas percebido como uma construção cultural.
Para reconstruir o universo de representações (maneira de pensar) e de ações
(maneiras de agir) associadas ao uso de BZD entre os idosos pesquisados, foram
realizadas entrevistas domiciliares após apresentação e assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. As entrevistas foram gravadas e posteriormente
transcritas. Foram iniciadas pela pergunta: "O(a) senhor(a) fez uso de alguma
medicação nos últimos três meses?" Em caso de resposta positiva,
seguiu-se a pergunta: "O(a) senhor(a) se lembra de quais foram essas
medicações? Pode me mostrar todas as receitas e/ou embalagens dos remédios que
você está usando?". Com base nas respostas dadas às perguntas iniciais e
as medicações identificadas, foram exploradas questões relacionadas ao uso e à
percepção do idoso em relação ao BZD.
As entrevistas foram lidas atentamente, por repetidas vezes, com o objetivo de
identificar unidades significativas e criar categorias analíticas, procedimento que
propiciou a construção de um esquema de codificação. Em seguida, os textos foram
marcados em função das categorias e subcategorias identificadas, sendo examinada a
interação entre elas. Dessa forma, foram identificados os signos e os significados
que os idosos atribuíam à utilização da medicação benzodiazepínica, bem como as ações
relativas a esse uso.
Aspectos éticos
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Pesquisa René
Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz, segundo o protocolo nº 18/2010 (CAAE:
0018.0.245.000-10).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Vinte e dois idosos foram entrevistados, sendo 18 mulheres e quatro homens. Todos os
homens e a maioria das mulheres (10) estavam em uso de Clonazepam. Entre as mulheres
também foram mencionados Bromazepam, Lorazepam e Diazepam. Todos eram usuários crônicos
de BZD, sendo o tempo mínimo de consumo de seis meses e o máximo de quase 40 anos.
Nenhum dos entrevistados teve a primeira prescrição e/ou posteriores em consulta com
psiquiatra. A cidade também não dispunha de geriatras ou gerontólogos. Os prescritores
foram clínicos, generalistas, cardiologistas ou neurologistas (neste caso, eles
consultavam em outra cidade, de maior porte).
Na análise emergiram as seguintes categorias relativas à utilização do benzodiazepínico:
a utilização crônica de um remédio "muito bom"; o remédio bom que "parece que
vicia"; a (des)obediência à prescrição médica; e o alívio.
A utilização crônica de um remédio "muito bom"
Nesta categoria, os participantes fizeram uma avaliação positiva sobre os BZD,
sintetizada no excerto: "É melhor ficar sem o arroz que ficar sem ele (BZD)". (F16)
Muitos idosos, embora fizessem uso crônico do remédio, desconheciam o nome do
produto, identificando-o como "aquele de tarja preta", "o que precisa da receitinha
azul", necessitando buscar a caixa de remédios ou da ajuda de terceiros. Alguns
usaram mais de um tipo ao longo da vida; outros usavam o mesmo há décadas. Apenas uma
mulher afirmou ter lido a bula e descoberto que a medicação seria inadequada, mas
ainda assim continuou a utilizá-la. Uma entrevistada reconheceu: "Por que eu tomo? Eu
não sei por que eu tomo. Porque o médico é que receitou". (F6)
Embora a introdução do medicamento se desse por indicação médica, nota-se o
desconhecimento da sua indicação terapêutica, semelhante àquela demonstrada em estudo
que avaliou o nível de conhecimento sobre a hipertensão arterial e a adesão ao
tratamento entre idosos hipertensos de Bambuí-MG. Cerca de um quarto dos idosos
desconhecia ser hipertenso; enquanto mais de um terço dos hipertensos não seguia o
tratamento.19
No entanto, como o BZD somente é obtido mediante prescrição médica, uma mulher
explicou como conseguia a receita:
Quando preciso de uma receita, eu nem vou lá (ao serviço de saúde). Ela
[funcionária do serviço] já sabe. Eu telefono, ele entrega para a secretária dele,
uma senhora que mora bem aqui pertinho, ela traz pra mim e eu continuo. (F1).
Outra mulher reclamou: "Se tivesse outro farmacêutico (que vendesse o BZD) sem
consulta médica eu ia comprar dele. Eles não vendem" (F7).
Na maioria dos relatos, sequer houve necessidade de realizar consultas médicas
regulares, pois "qualquer um" fornecia a receita, estando o acesso à prescrição
dependente mais das relações pessoais e familiares e/ou da mediação de funcionárias
do próprio serviço de saúde.20 Por muito
tempo, o uso de psicofármacos pela população não foi adequadamente controlado pelas
autoridades sanitárias brasileiras, daí a incompreensão da exigência de prescrição
médica. Resultado semelhante foi observado junto a trabalhadores rurais
brasileiros.21
Tampouco foram observadas falas sugestivas de orientação médica no sentido de
utilizar BZD por um prazo definido ou de aconselhamento para reduzir e/ou interromper
seu uso. Essa questão reitera os resultados de Iliffe et al.,²² que investigaram
idosos londrinos e verificaram que nenhum profissional os alertou quanto aos riscos e
danos do uso continuado de BZD. Para Halme et al.,² resultados de intervenções
direcionadas para farmacêuticos e médicos visando interromper prescrições de BZD são
muito limitados. Explicariam tal fracasso: a percepção da questão como não sendo uma
prioridade clínica, pelos profissionais, e a minimização de seus efeitos adversos,
pelos consumidores, os quais transferem a responsabilidade dessa prescrição
exclusivamente para seus médicos.² Esta entrevistada justifica:
Ah, eu sou muito nervosa. Se eu ficar nervosa aí acabou eu não durmo. Tem dia que
a gente fica nervosa à toa, né? Outra hora a gente pensa muito assim na velhice da
gente, nos filhos esparramados, né? Uns tem uns problemas, outros, (têm) outros. A
gente se preocupa. (F13)
Para Anthierens et al.,23 talvez por
considerarem que a situação está fora de controle, os pacientes usam duas estratégias
para justificar o uso de BZD: maximizar seus problemas e minimizar seu uso
prolongado.
Entre os homens entrevistados, os signos relativos ao motivo de continuar utilizando
essa medicação estavam relacionados a problemas para dormir ou labirintite. Entre as
mulheres, foram identificados: dificuldades relativas ao sono, nervosismo, solidão,
sintomas depressivos ("não comia", "só pensava coisa ruim", "ruindade", "esgotei"),
preocupação com problemas familiares (alcoolismo de filhos, cuidado do marido com
câncer), existenciais, ou reação ao luto (perda de marido, de filhos e de
familiares).
Tal resultado confirma que fatores interpessoais, sociais e relacionados ao
desenvolvimento do sujeito podem contribuir para a cronicidade do uso e,
eventualmente, de dependência.20
No universo pesquisado, muitos entrevistados relataram opiniões de amigos, vizinhos e
familiares sobre o uso dessa medicação, como se observa nestas falas: "Porque muita
gente falava: esse remédio é muito bom para dormir". (F4).
Eles falam que às vezes ele (o BZD) pode até estar me fazendo mal [...] mas não é
dele não, gente. Tem muitos anos que eu tomo ele. Eu tenho vizinho que fala: 'às
vezes é mal desses remédios que você toma'". (F16).
Assim, conforme evidenciado na literatura, "o uso de benzodiazepínicos não se
restringe a uma relação biológica de seus efeitos, mas a uma interação com o cultural
e o social",11 não ficando restrito a uma
relação entre médico e paciente.24
Em Bambuí-MG, no entanto, as opiniões favoráveis aos BZD foram acolhidas, mas as
contrárias mostraram-se insuficientes para interromper seu uso. Perguntada se
deixaria de tomar a medicação, esta entrevistada afirmou: "Ah, não, eu não vou
deixar, não (de tomar). Acho que vou usar eternamente. Até morrer" (F16).
Se o início de uso se dá pela prescrição médica, continuar ou não utilizando deriva
do julgamento do medicamento por parte de quem o utiliza, com base na experiência,
positiva ou negativa, que obteve com ele. No presente trabalho, apenas uma mulher
afirmou ter interrompido o uso da medicação mediante a recusa das filhas em
adquiri-la, após considerarem a orientação do farmacêutico:
As meninas ainda falou assim: "Ih, mãe, aquele remédio da faixa preta?"' Eu falei:
"isso aí eu não sei não. Ele é?" [relata a opinião do homem da farmácia ao
contraindicar o uso do benzodiazepínico]. Ele até falou para a menina: "sua mãe é
de idade. É idosa". "Ela [a filha] só falou que não ia comprar mais, daí não
comprou mais não. (F7).
Ainda assim, a entrevistada deixou transparecer que a decisão de interromper o uso da
medicação não foi por recomendação médica, e sim das filhas. Quanto à razão para sua
continuidade, predominava o temor de que os sintomas retornassem, se intensificassem,
ou comprometessem o desempenho das atividades cotidianas. Essa senhora explicou sua
necessidade de continuar a usar a medicação:
[O filho alcoolista] parou de beber e eu melhorei. [...] Então eu queria
experimentar assim: se eu passar um dia sem tomar para ver se eu durmo. Mas eu
tenho [medo] só de pensar que eu não vou tomar, eu acho que eu não vou dormir
[...] como é que eu vou fazer? No outro dia eu tenho que trabalhar, fazer comida,
arrumar a casa. (F12).
De modo semelhante, significativa dependência psicológica, concomitante à
subestimação ou negação de potenciais efeitos colaterais dos BZD, também foi
observada em estudos realizados junto a idosos norte-americanos, com grande
resistência por parte deles, especialmente os mais velhos, à suspensão da
medicação.10
,
25
O remédio bom que "parece que vicia"
Esta categoria apresenta a avaliação que fazem sobre o uso crônico do remédio. Duas
entrevistadas reconheceram o uso prolongado, mas ponderaram:
[Por que a senhora continua usando?] Eu acho que esses remédios é tipo de uma
droga, porque a pessoa que fuma porque o cigarro é uma droga, eu nunca coloquei na
boca. O remédio eu acho que é a mesma coisa. Você 'vicia' naquele remédio.
(F9)
A pessoa acostuma e vicia. Talvez se tirasse poderia também nem fazer mal, fazer
bem. (F1)
Apesar de considerarem o "vício", não atribuem gravidade a esta condição, nem
acreditam que ela possa necessariamente ocorrer entre eles, como ilustrado na fala
deste homem:
Porque muita gente fala que está em dependência deste remédio. Eu não estou. Eu
não tomo ele e durmo a mesma coisa, não tem problema nenhum. (M2).
No campo do conhecimento biomédico, define-se a dependência de BZD em idosos como um
processo contínuo que pode causar problemas de gravidade variável no indivíduo, e que
depende das circunstâncias pessoais, interpessoais e sociais.26 Em adultos, a dependência de fármacos é definida pela presença
de um agrupamento de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos, decorrentes
do uso continuado de uma substância, que geralmente resulta em tolerância,
abstinência e comportamento compulsivo (DSM-IV-TR).27
Entre idosos ela seria pouco identificada, uma vez que muitos tendem a não relatar
seu uso e até 15% ocultam ou negam o uso de psicotrópicos.28 Nas lógicas conceituais subjacentes ao comportamento concreto
dos entrevistados associado ao uso prolongado do BZD, configura-se uma referência
amenizada ao termo "dependência", enquanto a palavra "vício" é utilizada apenas com o
sentido daquilo que é repetitivo.
Ademais, persistem dúvidas quanto aos fundamentos da natureza dessa dependência,26 pois muitos dos critérios utilizados para
caracterizá-la não se aplicam ao grupo etário idoso, em razão de mudanças decorrentes
do padrão de uso de medicamentos na velhice.
(Des)obediência à prescrição médica
Quanto à obediência à prescrição médica, quando do uso crônico de BZD, os idosos
respeitaram a dose prescrita; para reduzir, negociaram com o médico ou fizeram-no por
conta própria. Apenas quando relacionam o uso do BZD a um efeito indesejável
(exagerado) ou perigoso, a prescrição pode ser desobedecida. Tomando por base o
efeito e a potência da medicação - referindo-se ao número de miligramas do fármaco -,
uma mulher explicou por que, por conta própria e sem comunicar ao profissional,
decidiu reduzir a dose prescrita:
Era para mim tomar meio comprimido. Aí eu tomei, tomei meio, [clonazepam] mas eu
vi que não me fez bem. Eu dormi demais. [...] este aqui [bromazepam] eu vou te
mostrar o que eu fiz. Se duas miligramas (de clonazepam) estava muito forte, ele
receitou [o bromazepam] de três, mandou tomar um, olha o que eu fiz [...]. Ele
mandou tomar um deste [bromazepam] e um deste [amitriptilina]. Se eu tivesse
tomado estaria lá na cidade dos pés juntos. Que é o cemitério. [A senhora voltou
depois no médico ou não?] Não. Abandonei por minha conta. [E voltou para o
clonazepam?] É. Por minha conta eu dividi ele em quatro partes. Então são um
quarto de 2 mg. (F12)
Exceto para um entrevistado que referiu aumento pontual da dosagem do Clonazepam ao
se sentir muito nervoso, todas as alterações posológicas promovidas pelos idosos
foram de redução da dosagem. Nenhum uso abusivo do medicamento foi identificado.
Padrão semelhante foi observado em estudo que investigou o consumo de BZD na
população idosa residente em Diamantina-MG, em que nenhuma das posologias relatadas
pelos entrevistados se enquadrou nos critérios que definem a superdosagem.26
Uma mulher admitiu sua vontade de parar de tomar o BZD:
Eu tenho vontade [de reduzir a dose], já falei com ele: "doutor, eu não aguento
essa quantidade"... [o médico diz]. "Não estou te perguntando se tem ou não tem,
vai comprar o remédio e vai tomar". (F10).
Esta mulher descreve como conseguiu:
Eu também não sou de ouvir qualquer pessoa não. [...] ou eu vou pela minha
intuição, ou então eu vou no médico. Principalmente em sala de espera, você ouve
muito. Um receita pra um, receita pra outro. [...] Eu usei [clonazepam] durante
uns cinco anos seguidos, um médico que tratou me passou. Depois eu achei que
estava ficando muito desanimada, mal estar demais, aí eu interrompi. Mas, assim:
fui no médico. (F8).
Considerando que em cada ação médica "há um conduzir o doente, no qual o diálogo e a
comunhão desenvolvida pelo diálogo entre o médico e o paciente desempenham papel
decisivo",29 em Bambuí-MG, nem sempre o
profissional se dispôs a ouvir quem questionou sua prescrição. A obediência à
prescrição médica revela-se mais forte do que a percepção de que o medicamento não
seja mais necessário, como no extrato que se segue:
[...] eu posso estar louca de sono, mas eu vou lá, pego os remédios direitinho e
tomo direitinho. [...] tomo aquela quantidade certinha que o médico mandou tomar.
(F11).
Atitude semelhante diante da autoridade médica emergiu em outro estudo sobre a
percepção da saúde e incapacidade na velhice, em que se observa que os idosos agem
como se o médico conhecesse melhor suas necessidades de saúde do que eles próprios,
permanecendo a prática médica inquestionável.30
O alívio
Para os entrevistados, o BZD representa um suporte para lidar com as
dificuldades da vida e com os medos na velhice:
Porque para gente velho, um tranquilizante, a gente suporta melhor as dores, os
problemas [...]. Não é que eu seja nervosa, é que eu tenha necessidade. (F8).
É, tem dias que a gente tá contrariada. Aí eu tomo um (comprimido de clonazepam) é
a mesma coisa que jogar água no fogo. [...] porque família dá problema. (F19).
Vou comprar ele [o remédio] que eu tomo, não penso e durmo. (F4).
Por trás do "não pensar" nos problemas existenciais que os incomodam, está o desejo
de dormir uma noite de sono que lhes amortecerá os sentidos e tornará a realidade
menos angustiante ou mais suportável. Dormir é uma necessidade fisiológica: para a
pessoa que dorme, a noite dura apenas um momento. Meadows31 insiste no fato de que o sono não é uma "inação social", mas
um tempo de interação, fruto de uma negociação entre seus próprios desejos,
expectativas e papéis sociais e aqueles dos outros.
Pode-se perguntar - como fazem os médicos - se é a dimensão fisiológica da noite que
provoca uma alteração do estado físico ou se é sua dimensão simbólica, pois a noite
altera nosso estado de consciência e de vigília.32 A noite também possui uma dimensão cultural fortemente demarcada,33 ao contrapor notadamente o comportamento de
pessoas vivendo a juventude e a velhice.
Na juventude, a noite é vivida no espaço de fora, em grupo, assumindo comportamentos
arriscados - momento especial da transgressão, que serve para o alívio do estresse, a
compensação e, portanto, um papel de reparação, de coesão social e para possibilitar
ao jovem encontrar um equilíbrio entre racionalidade e irracionalidade. Na velhice, a
noite é um tempo vivido não em grupo, nem no exterior, mas na solidão da própria casa
ou em instituição.
Assim, usualmente, a noite está proibida aos mais velhos como tempo de vida, pois não
visa à transgressão, mas prenuncia a morte. Nessa hora, a noite leva-os a lidar com
questões dolorosas, acompanhada por vezes de pensamentos tristes ou de preocupações
que aparecem quando o velho não consegue achar o sono e frequentemente vê-se relegado
à solidão, à angústia e ao sofrimento.33
Uma idosa afirmou:
Esta noite depois das três horas que eu tive insônia, não dormi um segundo. Não
sei por quê. Não sei se é porque eu fico pensando assim a vida, a gente fica
sozinha, tem dia que não aparece uma pessoa aqui para conversar comigo! Quando
aparece, tem vez que é pra amolar. (F11).
Portanto, bem mais interessante para o estudo antropológico, é a noite que nunca
termina, não a noite escura de sono, mas a noite em claro da insônia,31 pois, como lembra Gadamer,29 "uma das grandes forças curativas da vida é o
fato de, todas as noites, entregarmo-nos ao sono curativo do esquecer. Não poder
esquecer é um sofrimento pesado". Como fazer para esquecer ou não pensar nas
dificuldades cotidianas da vida, para as quais não há qualquer previsão de solução
próxima ou futura?
Um homem esclareceu: "Ainda dá esse desatino, mas no espaço de meia hora, ele já faz
efeito". (M4)
Ao discutir o caráter oculto da saúde, Gadamer29 afirma que "toma-se algo para combater a doença e, então ela
desaparece". Porém, no que tange à saúde mental, esse autor acredita que os
psicofármacos possam introduzir uma forma de agressão totalmente nova, ao retirar da
pessoa suas próprias indisposição e perturbação mais profundas.
Na cultura local, percebe-se que o BZD representa uma alternativa para lidar com os
problemas da vida, legitimamente avalizada pelo saber biomédico, com a garantia do
alívio rápido - "em meia hora" -, de apagar o incêndio - "jogar água
no fogo" - e possibilitar no sono, o esquecimento. Há que se considerar que as
palavras da noite têm um peso diferente daquelas do dia.33 Afinal, não se estará acordado para lidar com as questões da
velhice, dos filhos; do medo da morte, do estresse cotidiano, da solidão, das dores e
problemas. Talvez essa não seja a melhor nem a mais adequada ou a menos arriscada
maneira de lidar com essas questões, mas aquela possível.
Por se tratar de pesquisa qualitativa, os resultados não podem ser
generalizados,34 mas considera-se que os
resultados aqui apresentados permitem uma relevante compreensão acerca dos motivos
que sustentam a utilização crônica de BZD na visão dos idosos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No universo pesquisado, os idosos atribuem significados e interpretações culturalmente
associados a suas experiências quanto ao uso prolongado de benzodiazepínico, emergindo
lógicas distintas daquelas que descrevem a prescrição médica do fármaco, revelando a
maneira como percebem e interpretam essa experiência no seu cotidiano.
A falta de sono, que justifica o uso de benzodiazepínico, revela situações culturais,
sociais e familiares que precisam ser abordadas de forma coordenada nos serviços de
saúde. Cabe refletir se a prescrição do benzodiazepínico para fazer dormir e acalmar
pessoas idosas angustiadas, aflitas, solitárias, não estaria reduzindo a oportunidade de
escuta dos problemas existenciais por que passam essas pessoas, ou se representa em si
uma comodidade para o profissional diante das limitações do cuidado e do serviço.
O presente trabalho enfatiza a necessidade de abordar o uso prolongado e indiscriminado
de benzodiazepínico por idosos no serviço de saúde, junto aos profissionais e à
comunidade. Certamente, esta não é uma tarefa restrita apenas a uma profissão ou a um
contexto - social, familiar, profissional. Ela demanda o cuidado do profissional médico,
bem como intervenções psicológicas e sociais, incluindo buscar a valorização do sujeito
idoso, promover a compaixão diante da impotência que o ser humano experimenta ao longo
da vida, mas também proporcionar outras formas de alívio, de convívio, de esperança.
Isso passa pela criação de perspectivas para as condições de vida e de cuidado (dos
idosos) e das condições de trabalho (dos profissionais) que favoreçam a escuta e aliviem
o sofrimento de todos.
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Jussara Mendonça Alvarenga
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Antônio Ignácio de Loyola Filho
Fundação Oswaldo Cruz, Núcleo de Estudos em Saúde
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Fundação Oswaldo Cruz, Programa de Pós-graduação em
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Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de
Enfermagem, Departamento de Enfermagem Aplicada. Belo Horizonte, MG,
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Enfermagem, Departamento de Enfermagem Aplicada. Belo Horizonte, MG,
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Karla Cristina Giacomin
Fundação Oswaldo Cruz, Núcleo de Estudos em Saúde
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de Saúde, Coordenadoria de Atenção à Saúde do Idoso. Belo Horizonte, MG,
BrasilPrefeitura de Belo HorizonteBrasilBelo Horizonte, MG, BrasilPrefeitura de Belo Horizonte, Secretaria Municipal
de Saúde, Coordenadoria de Atenção à Saúde do Idoso. Belo Horizonte, MG,
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Elizabeth Uchoa
Fundação Oswaldo Cruz, Núcleo de Estudos em Saúde
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Ciências da Saúde. Belo Horizonte, MG, BrasilFundação Oswaldo CruzBrasilBelo Horizonte, MG, BrasilFundação Oswaldo Cruz, Programa de Pós-graduação em
Ciências da Saúde. Belo Horizonte, MG, Brasil
Josélia Oliveira Araújo Firmo
Fundação Oswaldo Cruz, Núcleo de Estudos em Saúde
Pública e Envelhecimento. Belo Horizonte, MG, BrasilFundação Oswaldo CruzBrasilBelo Horizonte, MG, BrasilFundação Oswaldo Cruz, Núcleo de Estudos em Saúde
Pública e Envelhecimento. Belo Horizonte, MG, Brasil
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Ciências da Saúde. Belo Horizonte, MG, BrasilFundação Oswaldo CruzBrasilBelo Horizonte, MG, BrasilFundação Oswaldo Cruz, Programa de Pós-graduação em
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Brasil
Universidade do Estado do Rio JaneiroRua São Francisco Xavier, 524 - Bloco F, 20559-900 Rio de Janeiro - RJ Brasil, Tel.: (55 21) 2334-0168 -
Rio de Janeiro -
RJ -
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