Acessibilidade / Reportar erro

Síndrome de risco cognitivo motor em pessoas idosas de um serviço de saúde do Distrito Federal: estudo transversal

Resumo

Objetivo

Verificar a prevalência da síndrome de risco cognitivo motor (SRCM) em pessoas idosas do Distrito Federal (DF), Brasil, que frequentaram os serviços de saúde de uma unidade de referência em Geriatria e Gerontologia, comparar os grupos de idosos com e sem a síndrome e investigar os possíveis fatores associados ao desenvolvimento dessa síndrome.

Método

Trata-se de estudo observacional transversal analítico, desenvolvido com idosos (idade ≥60 anos) com marcha independente e sem alterações cognitivas graves, que possuíam registro de dados sociodemográficos, avaliação cognitiva, capacidade funcional e velocidade de marcha em prontuários datados de 2017 a 2019. A análise dos dados foi expressa em média e desvio-padrão, frequência e percentual, e em odds ratios (OR) com intervalos de confiança de 95%. As comparações entre os grupos com e sem a SRCM foram feitas por meio dos testes: qui-quadrado, U de Mann-Whitney e t de Student.

Resultados

Não houve diferenças significativas na comparação das variáveis entre os grupos. A prevalência da SRCM na população estudada foi de 24%. Nenhum dos fatores analisados demonstrou associação com a presença da síndrome.

Conclusão

A prevalência da SRCM na amostra foi de 24% e mostrou-se mais alta na população do DF quando comparada as populações estudadas em outros países. Não houve diferenças entre os grupos de idosos com e sem a síndrome, e os fatores associados não foram encontrados. O rastreio da síndrome é de extrema relevância, pois a partir desses achados pode-se desenvolver mecanismos para a prevenção de demência em idosos.

Palavras-Chave:
Saúde do Idoso; Síndrome; Disfunção Cognitiva; Velocidade de caminhada; Demência

Abstract

Objective

To verify the prevalence of the motoric cognitive risk syndrome (MCR) in older adults from the Distrito Federal (DF), Brazil, who attended the health services of a reference unit in Geriatrics and Gerontology, compare groups of older adults with and without the syndrome and investigate the possible associated factors for the development of this syndrome.

Method

This is an observational cross-sectional analytical study, developed with older adults (age ≥ 60 years) with independent gait and without severe cognitive dysfunctions, who had a record of sociodemographic data, cognitive assessment, functional capacity and gait speed in medical records dated 2017 to 2019. Data analysis was expressed as mean and standard deviation, frequency and percentage, and odds ratios (OR) with 95% confidence intervals. Comparisons between groups with and without MCR were made using the chi-square, U Mann Whitney and t-student tests.

Results

There were no significant differences in the comparison of variables between groups. The prevalence of MCR in the studied population was 24%. None of the factors analyzed showed an association with the presence of the syndrome.

Conclusion

The prevalence of MCR in the sample was 24% and was shown to be higher in the population of the DF when compared to the populations studied in other countries. There were no differences between the groups of older adults with and without the syndrome, and the associated factors were not found. Screening for the syndrome is hugely relevant, as, from these findings, mechanisms can be developed to prevent dementia in old people.

Keywords
Health of the Eldely; Syndrome; Cognitive Dysfunction; Walking Speed; Dementia

INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento repercute em diversas alterações fisiológicas em todos os níveis nos sistemas do organismo, sendo a principal característica desse processo a diminuição da reserva fisiológica, com consequente declínio na capacidade funcional do idoso11 Organização Mundial da Saúde. Resumo: Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde [Internet]. Estados Unidos: OMS; 2015 [acesso em 06 out. 2019]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/186468/WHO_FWC_ALC_15.01_por.pdf;jsessionid= 9DB2B B89255CBBACF7B127016EFBEF79?sequence=6
https://apps.who.int/iris/bitstream/hand...
. A vulnerabilidade aos danos, decorrente das falhas que surgem nas moléculas, células e tecidos do corpo ao longo do processo de envelhecimento, pode favorecer a aquisição de doenças relacionadas à idade, sendo que estas tem potencial para gerar incapacidade e fragilidade22 Kirkwood TBL. A systematic look at an old problem. Nature. 2008;451(7):644-7..

Dentro desse processo de envelhecimento, merece destaque o envelhecimento cerebral, que é caracterizado pelo número de mudanças neurobiológicas, anatômicas, metabólicas, neuroquímicas e nos circuitos neuronais, repercutindo diretamente sobre as funções sensório motora e cognitiva dos idosos33 Li S, Dinse H. Aging of the brain, sensorimotor, and cognitive processes. Neurosci Biobehav Rev. 2002;26(7):729-32.,44 Sekhon H, Allali G, Launay CP, Barden J, Szturm T, Liu-Ambrose T, et al. Motoric cognitive risk syndrome, incident cognitive impairment and morphological brain abnormalities: systematic review and meta-analysis. Maturitas. 2019;123:45-54. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.maturitas.2019.02.006, sendo considerado um importante marcador em relação à capacidade funcional desse grupo55 Davis JC, Nagamatsu LS, Hsu CL, Beattie BL, Liu-ambrose T. Self-efficacy is independently associated with brain volume in older women. Age Ageing. 2012;41(4):495-501..

Outro importante marcador da capacidade funcional de idosos diz respeito à velocidade da marcha, que atua como um marcador da função motora e das funções cognitivas. Em idosos saudáveis, a velocidade da marcha apresenta relações significativas com a pontuação em testes de avaliação cognitiva66 Fitzpatrick AL, Buchanan CK, Nahin RL, Dekosky ST, Atkinson HH, Carlson MC, et al. Associations of Gait Speed and Other Measures of Physical Function With Cognition in a Healthy Cohort of Elderly Persons. J Gerontol Med Sci. 2007;62(11):1244-51., sendo que a redução da velocidade da marcha tem sido demonstrada como fator preditivo do declínio cognitivo nessa população66 Fitzpatrick AL, Buchanan CK, Nahin RL, Dekosky ST, Atkinson HH, Carlson MC, et al. Associations of Gait Speed and Other Measures of Physical Function With Cognition in a Healthy Cohort of Elderly Persons. J Gerontol Med Sci. 2007;62(11):1244-51.99 Cohen JA, Verghese J. Gait and dementia. In: Handbook of clinical neurology [Internet]. Vol. 167. [Sem local]: Elsevier; 2019 [acesso em 09 set. 2019]. Chapter 22. p. 419-27. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-12-804766-8.00022-4
http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-12-8047...
.

Neste contexto, a síndrome de risco cognitivo motor (SRCM) surge como uma alternativa para a detecção precoce do risco de desenvolvimento de demência e disfunções/incapacidades, sendo definida como a presença de queixas cognitivas e lentidão da marcha em idosos que não possuam diagnóstico de demência ou incapacidade de mobilidade1010 Verghese J, Wang C, Lipton RB, Holtzer R. Motoric cognitive risk syndrome and the risk of dementia. J Gerontol Ser A Biol Sci Med Sci. 2013;68(4):412-8.,1111 Verghese J, Annweiler C, Ayers E, Bennett DA, Stephanie A, Buchman AS, et al. Motoric cognitive risk syndrome: multicountry prevalence and dementia risk. Neurology. 2014;83(8):718-26.. O rastreio dessa síndrome é de extrema relevância, pois sua presença tem sido associada a fatores de risco frequentes na população brasileira, como doenças cardíacas, doenças crônicas e deficit visual1212 Allali G, Ayers EI, Verghese J. Motoric Cognitive Risk Syndrome Subtypes and Cognitive Profiles. J Gerontol Ser A Biol Sci Med Sci. 2016;71(3):378-84.1515 Callisaya ML, Ayers E, Barzilai N, Ferrucci L, Guralnik JM, Lipton RB, et al. Motoric Cognitive Risk Syndrome and Falls Risk: A Multi-Center Study. J Alzheimers Dis. 2016;53(3):1043-52., além de ter se mostrado como preditiva do desenvolvimento de demências, risco de quedas, disfunções/incapacidades e mortalidade em idosos1616 Chhetri JK, Chan P, Vellas B, Cesari M. Motoric cognitive risk syndrome: Predictor of dementia and age-related negative outcomes. Front Med. 2017;4:1-8.,1717 Doi T, Shimada H, Makizako H, Tsutsumimoto K, Verghese J, Suzuki T. Motoric Cognitive Risk Syndrome: association with Incident Dementia and Disability. J Alzheimer’s Dis. 2017;59(1):77-84.

Além disso, o Brasil encontra-se como o segundo país com maior prevalência de demência a nível global1818 Nichols E, Szoeke CEI, Vollset SE, Abbasi N, Abd-Allah F, Abdela J, et al. Global, regional, and national burden of Alzheimer’s disease and other dementias, 1990–2016: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. Lancet Neurol. 2019;18(1):88-106., o que favorece a hipótese de que a SRCM pode ser mais prevalente na nossa população de idosos. Assim, o presente estudo teve por objetivo verificar a prevalência da SRCM em pessoas idosas do Distrito Federal (DF) que frequentaram os serviços de saúde de uma unidade de referência em Geriatria e Gerontologia, comparar os grupos de idosos com e sem a síndrome e investigar os possíveis fatores associados ao desenvolvimento dessa síndrome na população descrita.

MÉTODO

O presente estudo foi desenvolvido como uma pesquisa do tipo observacional, de caráter transversal e analítico utilizando dados secundários provenientes de prontuários médicos.

O estudo foi realizado por meio de uma amostra de conveniência, sendo que os dados foram coletados dos prontuários de pacientes que foram encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região e admitidos no serviço de acolhimento de idosos de uma unidade de referência em Geriatria e Gerontologia (nível secundário), entre os anos de 2017 a 2019.

A Figura 1 apresenta o fluxograma dos usuários que foram acolhidos na unidade de referência em Geriatria e Gerontologia e sua distribuição de acordo com os critérios de inclusão e exclusão.

Figura 1
Fluxograma de captação da amostra. Taguatinga, DF, 2017 a 2019.

O acolhimento era realizado por uma equipe multidisciplinar composta por um enfermeiro, um fisioterapeuta, um nutricionista e um assistente social ou psicólogo. Essa equipe era responsável por realizar uma anamnese baseada nos critérios da avaliação geriátrica ampla (AGA)1919 Saraiva LB, Oliveira FA, de Almeida ANS, de Jesus Moreira DJ, Barbosa RGB. Avaliação geriátrica ampla e sua utilização no cuidado de enfermagem a pessoas idosas. J Health Sci. 2017;19(4):262-7. e por realizar testes de rastreio da função cognitiva2020 Brucki SMD, Nitrin R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arq Neuropsiquiatr. 2003;61(3 B):777-81., capacidade funcional2121 Katz S, Ford AB, Moskowitz RW, Jackson BA, Jaffe MW. Studies of Illness in the Aged. The Index of ADL: a Standardized Measure of Biological and Psychosocial Function. JAMA. 1963;185(12):914-9.2525 Torres GV, dod Reis LA, dos Reis LA. Assessment of functional capacity in elderly residents of an outlying area in the hinterland of Bahia/Northeast Brazil. Arq Neuropsiquiatr. 2010;68(1):39-43. e de vulnerabilidade social/psicológica, sendo que após a realização dessa avaliação, a equipe definia se o usuário seria admitido nesta unidade ou se seria feita a contrarreferência para a UBS de origem.

Os resultados dessas avaliações realizadas durante o acolhimento eram registrados em planilhas, por meio de um programa de computador, e nos prontuários dos idosos, sendo que a coleta dos dados utilizados neste estudo (e descritos a posteriori) foi feita por meio desses registros do acolhimento.

Foram incluídos neste estudo os dados dos prontuários de pessoas idosas com idade igual ou superior a 60 anos, capazes de deambular por meio de marcha independente e que realizaram os testes de avaliação da velocidade da marcha e do desempenho cognitivo, assim como de independência para a realização das atividades de vida diária1010 Verghese J, Wang C, Lipton RB, Holtzer R. Motoric cognitive risk syndrome and the risk of dementia. J Gerontol Ser A Biol Sci Med Sci. 2013;68(4):412-8..

Adotou-se como critérios de exclusão: idosos com disfunção motora grave já instalada, com diagnóstico prévio de síndrome demencial, ainda que a doença estivesse em seu estágio inicial1010 Verghese J, Wang C, Lipton RB, Holtzer R. Motoric cognitive risk syndrome and the risk of dementia. J Gerontol Ser A Biol Sci Med Sci. 2013;68(4):412-8.,1111 Verghese J, Annweiler C, Ayers E, Bennett DA, Stephanie A, Buchman AS, et al. Motoric cognitive risk syndrome: multicountry prevalence and dementia risk. Neurology. 2014;83(8):718-26., além de outras afecções do sistema nervoso (ex. sequelas de Acidente Vascular Encefálico, Doença de Parkinson, entre outras) e amputações. Também foram excluídos do estudo os dados de prontuários que não estavam totalmente preenchidos e que as informações perdidas não puderam ser resgatadas.

Em relação aos critérios diagnósticos da SRCM, para que sua presença fosse reconhecida, o idoso precisava apresentar quatro características: I) queixas cognitivas avaliadas em testes neuropsicológicos, II) lentidão da marcha, caracterizada como velocidade de marcha um desvio-padrão ou mais abaixo do previsto, de acordo com a idade e o sexo, III) capacidade preservada para a realização das suas atividades de vida diária (AVD), e IV) ausência do diagnóstico de demência1010 Verghese J, Wang C, Lipton RB, Holtzer R. Motoric cognitive risk syndrome and the risk of dementia. J Gerontol Ser A Biol Sci Med Sci. 2013;68(4):412-8..

Nesse estudo, para detectar a presença da SRCM, a função cognitiva foi mensurada por meio do Miniexame do Estado Mental (MEEM), que avalia a presença de alterações cognitivas. Os pontos de corte adotados para a existência de alterações no MEEM foram: para idosos analfabetos, escore no teste menor do que 18 pontos; para idosos com até quatro anos de estudo, escore no teste menor do que 24 pontos; para idosos com até oito anos de estudo, escore no teste menor do que 26 pontos; e para idosos com escolaridade maior ou igual a nove anos de estudo, escore no teste menor do que 27 pontos de um total de 30 pontos, sendo avaliados os domínios cognitivos de orientação temporal, orientação espacial, memória imediata, atenção e cálculo, e evocação e linguagem2020 Brucki SMD, Nitrin R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arq Neuropsiquiatr. 2003;61(3 B):777-81..

A detecção de lentidão na marcha foi feita por meio do teste de velocidade habitual da marcha (VHM). Em um corredor de aproximadamente 10 metros de comprimento, os participantes foram orientados a caminhar em uma velocidade confortável a distância referida, sendo excluídos os primeiros três e os últimos quatro metros de deslocamento. O tempo para a execução do teste foi cronometrado e o valor da VHM foi determinado pela divisão da distância percorrida pelo tempo obtido no cronômetro, sendo adotado como pontuação de corte o valor de 0.8 metros/segundo2424 Nakano MM. Versão Brasileira da Short Physical Performance Battery - SPPB: Adaptação cultural e estudo da confiabilidade [Dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação; 2007 [acesso em 09 set. 2019]. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/252485,2626 Patrizio E, Calvani R, Marzetti E, Cesari M. Physical Functional Assessment in Older Adults. J Frailty Aging [Internet]. 2021;10(2):141-9. Disponível em: http://dx.doi.org/10.14283/jfa.2020.61.

A avaliação da habilidade dos idosos para a realização das suas AVD foi feita por meio de dois instrumentos: o índice de Katz, para mensurar o grau de independência para as atividades básicas de vida diária (ABVD)2121 Katz S, Ford AB, Moskowitz RW, Jackson BA, Jaffe MW. Studies of Illness in the Aged. The Index of ADL: a Standardized Measure of Biological and Psychosocial Function. JAMA. 1963;185(12):914-9., e o questionário de Lawton & Brody, para avaliar o grau de independência para as atividades instrumentais de vida diária (AIVD)2222 Lawton M, Brody E. Assessment of older people: self maintaining and instrumental activities of daily living. Gerontologist. 1969;9:1979-86..

Os participantes foram classificados como independentes para as ABVD quando apresentaram escore no teste igual a 0, necessitam de assistência para as ABVD quando apresentaram escores no teste variando entre 1 e 5 pontos, e totalmente dependentes para as ABVD quando apresentaram escore no teste igual a 6 pontos2121 Katz S, Ford AB, Moskowitz RW, Jackson BA, Jaffe MW. Studies of Illness in the Aged. The Index of ADL: a Standardized Measure of Biological and Psychosocial Function. JAMA. 1963;185(12):914-9.,2323 Lino VTS, Pereira SRM, Camacho LAB, Ribeiro Filho ST, Buksman S. Adaptação transcultural da Escala de Independência em Atividades da Vida Diária (Escala de Katz). Cad Saúde Pública. 2008;24(1):103-12.. Já para as AIVD, os participantes foram considerados independentes quando apresentaram escore no teste igual a 27 pontos, necessitam de assistência quando apresentaram escores no teste variando entre 18 e 26 pontos, e totalmente dependentes quando apresentaram escores no teste variando entre 9 e 17 pontos2525 Torres GV, dod Reis LA, dos Reis LA. Assessment of functional capacity in elderly residents of an outlying area in the hinterland of Bahia/Northeast Brazil. Arq Neuropsiquiatr. 2010;68(1):39-43..

Uma vez por semana, os dois pesquisadores envolvidos no estudo acessaram o sistema de registro de dados dos pacientes da unidade de referência em Geriatria e Gerontologia (DF) e recolheram os dados necessários para a pesquisa, sendo que essa coleta ocorreu entre os meses de março e maio de 2020.

Os dados foram analisados descritivamente utilizando medidas de tendência central (média e mediana) e de variabilidade (desvio padrão e amplitude interquartil [percentis 25% e 75%]) para dados contínuos e medidas de frequência absoluta e relativa para dados categóricos. A distribuição dos dados contínuos foi analisada por meio do teste Kolmogorov-Smirnov. A comparação dos dados categóricos entre os grupos de idosos com e sem a SRCM foi analisada utilizando o teste qui-quadrado, e dos dados numéricos contínuos utilizando o teste U de Mann-Whitney (dados não paramétricos) e teste t de Student independente (dados paramétricos). Os valores dos índices de w foram calculados como medidas dos tamanhos de efeito entre os grupos, sendo considerado efeito pequeno (d=0,20–0,49 e w=010–0,29), efeito médio (d=0,50–0,79 e w=0,30–0,49) e efeito grande (d≥0,80 e w≥0,50). Foi utilizada a regressão logística univariada para determinar associações entre as características investigadas com a identificação da SRCM. As odds ratios (OR) com intervalo de confiança de 95% foram calculadas para cada variável independente. O nível de significância de 5% foi considerado.

Respeitando os aspectos éticos abordados nas Resoluções nº 466/2012 e nº 510/2016, esta pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) (Parecer 4.198.150/2020). A coleta de dados foi realizada com base em pesquisa de prontuário, havendo dispensa da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos participantes.

RESULTADOS

As características clínicas e sociodemográficas dos idosos que compuseram a amostra deste estudo estão apresentadas na Tabela 1. As análises indicaram que houve maior predomínio de idosos do sexo feminino na amostra (71,4%). Além disso, a maioria (76,0%) dos idosos apresentou baixa escolaridade (analfabetismo ou ensino fundamental), polifarmácia (68,5%) e independência para a realização das atividades básicas (75,7%) e instrumentais de vida diária (57,5%).

Tabela 1
Características clínicas e sociodemográficas da amostra (N=346). Taguatinga, DF, 2017 a 2019.

Neste estudo, 24% dos idosos investigados apresentaram a SRCM. Os critérios identificados e analisados em cada grupo estão apresentados na Tabela 2. Entre o grupo sem a SRCM, o critério para a síndrome mais prevalente foi a independência para as ABVD, seguido do deficit cognitivo e da lentidão da marcha. Todos os critérios apresentaram diferença significativa (p<0,001) na comparação entre os grupos de idosos com e sem a SRCM.

Tabela 2
Critérios diagnósticos para a presença da síndrome de risco cognitivo motor investigados (N=346). Taguatinga, DF, 2017 a 2019.

Nenhum dos fatores examinados demonstrou diferença entre os grupos de estudo. A comparação desses fatores entre os grupos está apresentada na Tabela 3.

Tabela 3
Comparação das variáveis em estudo entre os idosos com e sem a síndrome de risco cognitivo motor (N=346). Taguatinga, DF, 2017 a 2019.

Na análise de regressão logística univariada, nenhum dos fatores analisados mostrou-se como fator associado à presença da SRCM. Esse resultado está apresentado na Tabela 4.

Tabela 4
Análise de regressão logística univariada para identificar os fatores associados à síndrome de risco cognitivo motor na amostra (N=346). Taguatinga, DF, 2017 a 2019.

DISCUSSÃO

Este estudo se propôs a avaliar a prevalência, comparar os grupos de idosos com e sem a SRCM e investigar os fatores associados a sua ocorrência, que tem se mostrado como preditiva de demência em idosos de outros países1010 Verghese J, Wang C, Lipton RB, Holtzer R. Motoric cognitive risk syndrome and the risk of dementia. J Gerontol Ser A Biol Sci Med Sci. 2013;68(4):412-8.,1111 Verghese J, Annweiler C, Ayers E, Bennett DA, Stephanie A, Buchman AS, et al. Motoric cognitive risk syndrome: multicountry prevalence and dementia risk. Neurology. 2014;83(8):718-26.,1414 Maguire FJ, Killane I, Creagh AP, Donoghue O, Kenny RA, Reilly RB. Baseline Association of Motoric Cognitive Risk Syndrome With Sustained Attention, Memory, and Global Cognition. J Am Med Dir Assoc. 2018;19(1):53-8. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jamda.2017.07.016,1616 Chhetri JK, Chan P, Vellas B, Cesari M. Motoric cognitive risk syndrome: Predictor of dementia and age-related negative outcomes. Front Med. 2017;4:1-8.,1717 Doi T, Shimada H, Makizako H, Tsutsumimoto K, Verghese J, Suzuki T. Motoric Cognitive Risk Syndrome: association with Incident Dementia and Disability. J Alzheimer’s Dis. 2017;59(1):77-84,2727 Semba RD, Tian Q, Carlson MC, Xue QL, Ferrucci L. Motoric cognitive risk syndrome: Integration of two early harbingers of dementia in older adults. Ageing Res Rev. 2020;58:e101022. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.arr.2020.101022.

A nossa hipótese consistia em uma prevalência maior da síndrome nos idosos brasileiros, quando comparados aos idosos do exterior, devido as condições socioeconômicas da população do país, especificamente do Distrito Federal. Os achados do presente estudo corroboram essa hipótese, sendo que na amostra dessa pesquisa encontrou-se uma prevalência de 24% de idosos com a SRCM, enquanto que em estudos anteriores, realizados em outros países, a prevalência da síndrome variou entre 2,65 a 12,8% da amostra1313 Doi T, Verghese J, Shimada H, Makizako H, Tsutsumimoto K, Hotta R, et al. Motoric Cognitive Risk Syndrome: prevalence and Risk Factors in Japanese Seniors. J Am Med Dir Assoc. 2015;16(12):21-5. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.jamda.2015.09.003,1414 Maguire FJ, Killane I, Creagh AP, Donoghue O, Kenny RA, Reilly RB. Baseline Association of Motoric Cognitive Risk Syndrome With Sustained Attention, Memory, and Global Cognition. J Am Med Dir Assoc. 2018;19(1):53-8. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jamda.2017.07.016,2828 Shim H, Kim M, Won CW. Motoric cognitive risk syndrome using three-item recall test and its associations with fall-related outcomes: the korean frailty and aging cohort study. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(10):1-16.,2929 Zhang L, Feng BL, Wang CY, Zhang Y, Lin P, Zhang YL, et al. Prevalence and factors associated with motoric cognitive risk syndrome in community-dwelling older Chinese: a cross-sectional study. Eur J Neurol. 2020;27(7):1137-45..

Entretanto, ressalta-se que essa maior taxa de prevalência da SRCM nos idosos deste estudo pode estar relacionada com a seleção de uma amostra por conveniência, utilizando dados de prontuários de idosos que frequentavam serviços de saúde, o que pode indicar uma amostra mais frágil e vulnerável, uma vez que esse grupo apresenta doenças que exigem maior complexidade de assistência à saúde, tendo sido encaminhados para um serviço de referência. Ademais, esse perfil de idosos (idosos que necessitam de serviços de saúde) se caracteriza por apresentar menor renda, baixa escolaridade, não praticar atividade física regularmente e apresentar risco elevado para a ocorrência de doenças cardiovasculares e metabólicas, por exemplo3030 Guimarães HPN, Simões MC, Pardi GR. Perfil sociodemográfico, condições de saúde e hábitos alimentares de idosos acompanhados em ambulatório geriátrico. Rev Fam Ciclos Vida Saúde Contexto Soc. 2019;7(2):186-99., o que pode favorecer ainda mais a incapacidade funcional e outros agravos à saúde.

Além disso, em relação aos critérios diagnósticos da SRCM, no presente estudo, os idosos que apresentaram a síndrome tiveram pior desempenho no teste cognitivo e eram mais lentos para a marcha do que os idosos que não tinham a SRCM. Para explicar a diferença no desempenho cognitivo entre os idosos com e sem a síndrome, Maguire et al.1414 Maguire FJ, Killane I, Creagh AP, Donoghue O, Kenny RA, Reilly RB. Baseline Association of Motoric Cognitive Risk Syndrome With Sustained Attention, Memory, and Global Cognition. J Am Med Dir Assoc. 2018;19(1):53-8. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jamda.2017.07.016 avaliaram alguns domínios da função cognitiva e constataram que os idosos com a SRCM tinham pior desempenho nos testes de memória, cognição global e atenção sustentada que os idosos sem a síndrome. Já em relação as diferenças na velocidade da marcha de idosos com e sem a SRCM, Ayers e Verghese3131 Ayers E, Verghese J. Gait Dysfunction in Motoric Cognitive Risk Syndrome. J Alzheimer’s Dis. 2019;71(Suppl1):95-103. analisaram os parâmetros da marcha e detectaram que os idosos com a síndrome apresentaram menor comprimento da passada e menor tempo da fase de balanço quando comparados aos idosos sem a SRCM.

Na comparação entre os grupos de idosos com e sem a SRCM, deste estudo, não houve diferenças significativas entre os grupos para as variáveis baixa escolaridade, presença de doenças crônicas, polifarmácia, excesso de peso e inatividade física, o que diverge dos achados de pesquisas anteriores que demonstraram diferenças significativas para a presença dessas variáveis entre os grupos1313 Doi T, Verghese J, Shimada H, Makizako H, Tsutsumimoto K, Hotta R, et al. Motoric Cognitive Risk Syndrome: prevalence and Risk Factors in Japanese Seniors. J Am Med Dir Assoc. 2015;16(12):21-5. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.jamda.2015.09.003,3232 George CJ, Verghese J. Motoric Cognitive Risk Syndrome in Polypharmacy. J Am Geriatr Soc. 2020;68(5):1072-7..

Em acréscimo, estudos anteriores que analisaram os fatores associados à presença da SRCM encontraram que a prática de atividade física1212 Allali G, Ayers EI, Verghese J. Motoric Cognitive Risk Syndrome Subtypes and Cognitive Profiles. J Gerontol Ser A Biol Sci Med Sci. 2016;71(3):378-84.,3333 Doi T, Verghese J, Shimada H. Motoric Cognitive Risk Syndrome : Prevalence and Risk Factors in Japanese Seniors. J Am Med Dir Assoc. 2015;16(12):21-5., o excesso de peso1212 Allali G, Ayers EI, Verghese J. Motoric Cognitive Risk Syndrome Subtypes and Cognitive Profiles. J Gerontol Ser A Biol Sci Med Sci. 2016;71(3):378-84.,1414 Maguire FJ, Killane I, Creagh AP, Donoghue O, Kenny RA, Reilly RB. Baseline Association of Motoric Cognitive Risk Syndrome With Sustained Attention, Memory, and Global Cognition. J Am Med Dir Assoc. 2018;19(1):53-8. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jamda.2017.07.016,2828 Shim H, Kim M, Won CW. Motoric cognitive risk syndrome using three-item recall test and its associations with fall-related outcomes: the korean frailty and aging cohort study. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(10):1-16.,3333 Doi T, Verghese J, Shimada H. Motoric Cognitive Risk Syndrome : Prevalence and Risk Factors in Japanese Seniors. J Am Med Dir Assoc. 2015;16(12):21-5., a depressão1212 Allali G, Ayers EI, Verghese J. Motoric Cognitive Risk Syndrome Subtypes and Cognitive Profiles. J Gerontol Ser A Biol Sci Med Sci. 2016;71(3):378-84.,1414 Maguire FJ, Killane I, Creagh AP, Donoghue O, Kenny RA, Reilly RB. Baseline Association of Motoric Cognitive Risk Syndrome With Sustained Attention, Memory, and Global Cognition. J Am Med Dir Assoc. 2018;19(1):53-8. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jamda.2017.07.016,3333 Doi T, Verghese J, Shimada H. Motoric Cognitive Risk Syndrome : Prevalence and Risk Factors in Japanese Seniors. J Am Med Dir Assoc. 2015;16(12):21-5., as doenças cardiovasculares (como a hipertensão arterial sistêmica)3434 Beauchet O, Sekhon H, Launay CP, Gaudreau P, Morais JA, Allali G. Relationship between motoric cognitive risk syndrome, cardiovascular risk factors and diseases, and incident cognitive impairment: results from the “NuAge” study. Maturitas. 2020;138:51-7. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.maturitas.2020.05.007, as alterações musculoesqueléticas (osteoporose) e a polifarmácia3333 Doi T, Verghese J, Shimada H. Motoric Cognitive Risk Syndrome : Prevalence and Risk Factors in Japanese Seniors. J Am Med Dir Assoc. 2015;16(12):21-5., influenciam na ocorrência da síndrome, o que diverge dos achados do presente estudo, que não demonstrou relação desses mesmos fatores investigados com a presença da SRCM. Tal resultado pode ser explicado pelo tamanho da amostra deste estudo, que não foi suficiente para gerar um tamanho de efeito (poder) adequado – 80% – para nenhuma das variáveis analisadas, e pela seleção dos participantes por meio de uma amostra de conveniência proveniente de um serviço de saúde de média complexidade, sendo estas limitações da pesquisa.

Apesar dessas limitações, este foi um estudo pioneiro na investigação da SRCM na população do Brasil, especificamente do Distrito Federal, sendo uma pesquisa relevante porque essa síndrome tem sido relacionada não somente com a evolução para o quadro de demência, como também para outros agravos à saúde, como disfunções cerebrais e musculoesqueléticas – que repercutem em alterações cognitivas e motoras que contribuem para a fragilidade no idoso3535 Lauretani F, Meschi T, Ticinesi A, Maggio M. “Brain-muscle loop” in the fragility of older persons : from pathophysiology to new organizing models. Aging Clin Exp Res. 2017;29(6):1305-11.; aumento do risco de queda e aumento da taxa de mortalidade1616 Chhetri JK, Chan P, Vellas B, Cesari M. Motoric cognitive risk syndrome: Predictor of dementia and age-related negative outcomes. Front Med. 2017;4:1-8..

CONCLUSÃO

Esta pesquisa verificou a prevalência, comparou dois grupos de idosos e analisou os possíveis fatores associados à síndrome de risco cognitivo motor, uma síndrome geriátrica preditiva de demência. Na amostra, selecionada por conveniência e de forma não probabilística, e proveniente de um serviço de saúde, a taxa de prevalência dessa síndrome mostrou-se mais alta do que as taxas registradas em outros estudos, mas não houve diferenças entre os grupos de idosos com e sem a síndrome para as variáveis em estudo, com exceção das variáveis diagnósticas, e os fatores associados a essa maior prevalência não foram encontrados. Entretanto, esses achados são de extrema relevância para a prática clínica, pois ao detectar a prevalência da síndrome, pode-se desenvolver mecanismos para a prevenção e controle do desenvolvimento de demência em pessoas idosas, uma vez que o quadro demencial repercute na capacidade funcional e na qualidade de vida desse grupo. Outras pesquisas com um maior número de participantes são necessárias para definir a taxa de prevalência da síndrome em caráter nacional e para permitir a verificação dos fatores associados ao desenvolvimento da síndrome de risco cognitivo motor.

  • Não houve financiamento para a execução deste trabalho.

REFERENCES

  • 1
    Organização Mundial da Saúde. Resumo: Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde [Internet]. Estados Unidos: OMS; 2015 [acesso em 06 out. 2019]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/186468/WHO_FWC_ALC_15.01_por.pdf;jsessionid= 9DB2B B89255CBBACF7B127016EFBEF79?sequence=6
    » https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/186468/WHO_FWC_ALC_15.01_por.pdf;jsessionid= 9DB2B B89255CBBACF7B127016EFBEF79?sequence=6
  • 2
    Kirkwood TBL. A systematic look at an old problem. Nature. 2008;451(7):644-7.
  • 3
    Li S, Dinse H. Aging of the brain, sensorimotor, and cognitive processes. Neurosci Biobehav Rev. 2002;26(7):729-32.
  • 4
    Sekhon H, Allali G, Launay CP, Barden J, Szturm T, Liu-Ambrose T, et al. Motoric cognitive risk syndrome, incident cognitive impairment and morphological brain abnormalities: systematic review and meta-analysis. Maturitas. 2019;123:45-54. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.maturitas.2019.02.006
  • 5
    Davis JC, Nagamatsu LS, Hsu CL, Beattie BL, Liu-ambrose T. Self-efficacy is independently associated with brain volume in older women. Age Ageing. 2012;41(4):495-501.
  • 6
    Fitzpatrick AL, Buchanan CK, Nahin RL, Dekosky ST, Atkinson HH, Carlson MC, et al. Associations of Gait Speed and Other Measures of Physical Function With Cognition in a Healthy Cohort of Elderly Persons. J Gerontol Med Sci. 2007;62(11):1244-51.
  • 7
    Bruce-keller AJ, Brouillette RM, Tudor-locke C, Foil HC, Gahan WP, Nye DM, et al. Relationship Between Cognitive Domains, Physical Performance, and Gait in Elderly and Demented Subjects. J Alzheimer’s Dis. 2012;30(4):899-908.
  • 8
    Mielke MM, Roberts RO, Savica R, Cha R, Drubach DI, Christianson T, et al. Assessing the Temporal Relationship Between Cognition and Gait: Slow Gait Predicts Cognitive Decline in the Mayo Clinic Study of Aging. J Gerontol Ser A Biol Sci Med Sci. 2013;68(8):929-37.
  • 9
    Cohen JA, Verghese J. Gait and dementia. In: Handbook of clinical neurology [Internet]. Vol. 167. [Sem local]: Elsevier; 2019 [acesso em 09 set. 2019]. Chapter 22. p. 419-27. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-12-804766-8.00022-4
    » http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-12-804766-8.00022-4
  • 10
    Verghese J, Wang C, Lipton RB, Holtzer R. Motoric cognitive risk syndrome and the risk of dementia. J Gerontol Ser A Biol Sci Med Sci. 2013;68(4):412-8.
  • 11
    Verghese J, Annweiler C, Ayers E, Bennett DA, Stephanie A, Buchman AS, et al. Motoric cognitive risk syndrome: multicountry prevalence and dementia risk. Neurology. 2014;83(8):718-26.
  • 12
    Allali G, Ayers EI, Verghese J. Motoric Cognitive Risk Syndrome Subtypes and Cognitive Profiles. J Gerontol Ser A Biol Sci Med Sci. 2016;71(3):378-84.
  • 13
    Doi T, Verghese J, Shimada H, Makizako H, Tsutsumimoto K, Hotta R, et al. Motoric Cognitive Risk Syndrome: prevalence and Risk Factors in Japanese Seniors. J Am Med Dir Assoc. 2015;16(12):21-5. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.jamda.2015.09.003
  • 14
    Maguire FJ, Killane I, Creagh AP, Donoghue O, Kenny RA, Reilly RB. Baseline Association of Motoric Cognitive Risk Syndrome With Sustained Attention, Memory, and Global Cognition. J Am Med Dir Assoc. 2018;19(1):53-8. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jamda.2017.07.016
  • 15
    Callisaya ML, Ayers E, Barzilai N, Ferrucci L, Guralnik JM, Lipton RB, et al. Motoric Cognitive Risk Syndrome and Falls Risk: A Multi-Center Study. J Alzheimers Dis. 2016;53(3):1043-52.
  • 16
    Chhetri JK, Chan P, Vellas B, Cesari M. Motoric cognitive risk syndrome: Predictor of dementia and age-related negative outcomes. Front Med. 2017;4:1-8.
  • 17
    Doi T, Shimada H, Makizako H, Tsutsumimoto K, Verghese J, Suzuki T. Motoric Cognitive Risk Syndrome: association with Incident Dementia and Disability. J Alzheimer’s Dis. 2017;59(1):77-84
  • 18
    Nichols E, Szoeke CEI, Vollset SE, Abbasi N, Abd-Allah F, Abdela J, et al. Global, regional, and national burden of Alzheimer’s disease and other dementias, 1990–2016: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. Lancet Neurol. 2019;18(1):88-106.
  • 19
    Saraiva LB, Oliveira FA, de Almeida ANS, de Jesus Moreira DJ, Barbosa RGB. Avaliação geriátrica ampla e sua utilização no cuidado de enfermagem a pessoas idosas. J Health Sci. 2017;19(4):262-7.
  • 20
    Brucki SMD, Nitrin R, Caramelli P, Bertolucci PHF, Okamoto IH. Sugestões para o uso do mini-exame do estado mental no Brasil. Arq Neuropsiquiatr. 2003;61(3 B):777-81.
  • 21
    Katz S, Ford AB, Moskowitz RW, Jackson BA, Jaffe MW. Studies of Illness in the Aged. The Index of ADL: a Standardized Measure of Biological and Psychosocial Function. JAMA. 1963;185(12):914-9.
  • 22
    Lawton M, Brody E. Assessment of older people: self maintaining and instrumental activities of daily living. Gerontologist. 1969;9:1979-86.
  • 23
    Lino VTS, Pereira SRM, Camacho LAB, Ribeiro Filho ST, Buksman S. Adaptação transcultural da Escala de Independência em Atividades da Vida Diária (Escala de Katz). Cad Saúde Pública. 2008;24(1):103-12.
  • 24
    Nakano MM. Versão Brasileira da Short Physical Performance Battery - SPPB: Adaptação cultural e estudo da confiabilidade [Dissertação]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação; 2007 [acesso em 09 set. 2019]. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/252485
  • 25
    Torres GV, dod Reis LA, dos Reis LA. Assessment of functional capacity in elderly residents of an outlying area in the hinterland of Bahia/Northeast Brazil. Arq Neuropsiquiatr. 2010;68(1):39-43.
  • 26
    Patrizio E, Calvani R, Marzetti E, Cesari M. Physical Functional Assessment in Older Adults. J Frailty Aging [Internet]. 2021;10(2):141-9. Disponível em: http://dx.doi.org/10.14283/jfa.2020.61
  • 27
    Semba RD, Tian Q, Carlson MC, Xue QL, Ferrucci L. Motoric cognitive risk syndrome: Integration of two early harbingers of dementia in older adults. Ageing Res Rev. 2020;58:e101022. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.arr.2020.101022
  • 28
    Shim H, Kim M, Won CW. Motoric cognitive risk syndrome using three-item recall test and its associations with fall-related outcomes: the korean frailty and aging cohort study. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(10):1-16.
  • 29
    Zhang L, Feng BL, Wang CY, Zhang Y, Lin P, Zhang YL, et al. Prevalence and factors associated with motoric cognitive risk syndrome in community-dwelling older Chinese: a cross-sectional study. Eur J Neurol. 2020;27(7):1137-45.
  • 30
    Guimarães HPN, Simões MC, Pardi GR. Perfil sociodemográfico, condições de saúde e hábitos alimentares de idosos acompanhados em ambulatório geriátrico. Rev Fam Ciclos Vida Saúde Contexto Soc. 2019;7(2):186-99.
  • 31
    Ayers E, Verghese J. Gait Dysfunction in Motoric Cognitive Risk Syndrome. J Alzheimer’s Dis. 2019;71(Suppl1):95-103.
  • 32
    George CJ, Verghese J. Motoric Cognitive Risk Syndrome in Polypharmacy. J Am Geriatr Soc. 2020;68(5):1072-7.
  • 33
    Doi T, Verghese J, Shimada H. Motoric Cognitive Risk Syndrome : Prevalence and Risk Factors in Japanese Seniors. J Am Med Dir Assoc. 2015;16(12):21-5.
  • 34
    Beauchet O, Sekhon H, Launay CP, Gaudreau P, Morais JA, Allali G. Relationship between motoric cognitive risk syndrome, cardiovascular risk factors and diseases, and incident cognitive impairment: results from the “NuAge” study. Maturitas. 2020;138:51-7. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.maturitas.2020.05.007
  • 35
    Lauretani F, Meschi T, Ticinesi A, Maggio M. “Brain-muscle loop” in the fragility of older persons : from pathophysiology to new organizing models. Aging Clin Exp Res. 2017;29(6):1305-11.

Editado por

Editado por: Maria Helena Rodrigues Galvão

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Maio 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    22 Set 2020
  • Aceito
    19 Mar 2021
Universidade do Estado do Rio Janeiro Rua São Francisco Xavier, 524 - Bloco F, 20559-900 Rio de Janeiro - RJ Brasil, Tel.: (55 21) 2334-0168 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revistabgg@gmail.com