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A dificuldade de acesso ao tratamento da catarata senil em Aparecida de Goiânia – Goiás, Brasil

Resumo

Objetivo:

Identificar as dificuldades dos pacientes portadores de catarata senil no acesso a facectomia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Centro Médico e Diagnóstico (CEMED) de Aparecida de Goiânia.

Métodos:

Pesquisa transversal e observacional com coleta de dados a partir de questionário padronizado aplicado no momento pré-cirúrgico.

Resultados:

A amostra foi composta por 150 pacientes: 56% mulheres e 44% homens. A média de idade foi de 66,05±9,21 anos. A maioria (57,3%) possuía diagnóstico prévio de catarata e, destes, 56,7% não procurou tratamento anterior. Os motivos que impossibilitaram o tratamento prévio foram: dificuldade de acesso ao serviço de saúde (43,5%), medo da cirurgia (18,8%) e falta de condição clínica para a cirurgia (18,8%). 78,7% dos pacientes gostariam de realizar a cirurgia no mesmo dia em que são diagnosticados com catarata. 21,3% foram contra essa proposta, sendo o medo da cirurgia (65%) o principal motivo para a não realização imediata da facectomia. Quanto ao prejuízo nas atividades de vida diária (AVD), 20,6% não conseguiam ler revistas e jornais, em contrapartida, 20,6% não relataram prejuízo considerável em suas AVD.

Conclusão:

As principais dificuldades de acesso ao tratamento da catarata senil foram: dificuldade de acesso ao sistema de saúde especializado, medo do procedimento, falta de condição clínica para cirurgia. Assim, mostra-se necessária a realização de projetos que facilitem o diagnóstico e tratamento, que atuem na educação populacional, promovendo a conscientização da população e estimulando a procura pelo tratamento.

Descritores:
Catarata; Extração de catarata; Acesso aos serviços de saúde; Visão Ocular; Procedimentos cirúrgicos oftalmológicos; Serviços de saúde comunitária; Sistema Único de Saúde

Abstract

Objective:

To identify the difficulties of patients with senile cataract in the access to the facectomy by Unified Health System ( SUS – Sistema Único de Saúde) in the Medical and Diagnostic Center (CEMED) of Aparecida de Goiânia.

Methods:

Cross-sectional and observational research with data collection from a standardized questionnaire applied preoperatively.

Results:

The sample consisted of 150 patients: 56% women and 44% men. The average age was 66.05 ± 9.21 years. Most (57.3%) had a previous diagnosis of cataract and, of these, 56.7% did not seek previous treatment. The reasons that prevented previous treatment were: difficulty in accessing the health service (43.5%), fear of surgery (18.8%) and lack of clinical condition for surgery (18.8%). 78.7% of patients would like to have surgery on the same day they are diagnosed with cataract. 21.3% were against this proposal, and the fear of surgery (65%) was the main reason for not performing the facectomy immediately. Regarding the impairment in activities of daily living (ADL), 20.6% could not read magazines and newspapers, in contrast, 20.6% reported no significant impairment in their ADL.

Conclusion:

The main difficulties in accessing senile cataract treatment were: difficulty in accessing the specialized health system, fear of the procedure, lack of clinical condition for surgery. Thus, it is necessary to promote good quality and affordable surgery; carrying out projects that facilitate diagnosis and treatment, that act in population education, promoting population awareness and stimulating the search for treatment.

Keywords:
Cataract; Cataract extraction; Health Services Accessibility; Eye vision; Ophthalmologic surgical procedures; Community health services; Unified Health System

Introdução

A catarata é a principal causa de cegueira reversível do mundo, sendo responsável por aproximadamente 50% dos casos.(11 Domingues VO, Lawall AR, Battestin B, Lima FJ, Lima PM, Ferreira SH, et al. Catarata senil: uma revisão de literatura. Rev Med Saúde (Brasília). 2016,5(1):135-44,) É definida como a opacificação do cristalino, podendo ser de etiologia congênita ou adquirida, a qual acarreta prejuízos na visão. Dentre suas etiologias, a mais prevalente é a senil, o que torna a idade avançada o fator de risco isolado mais expressivo para o desenvolvimento da doença.(11 Domingues VO, Lawall AR, Battestin B, Lima FJ, Lima PM, Ferreira SH, et al. Catarata senil: uma revisão de literatura. Rev Med Saúde (Brasília). 2016,5(1):135-44,

2 Ávila M, Alves MR, Nishi M. As condições de saúde ocular no Brasil [Internet]. São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia; 2015. [citado 2019 Mai 10]. Disponível em: http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Condicoes_saude_ocular_IV.pdf
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3 Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Catarata: diagnóstico e tratamento. Projeto diretrizes - Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. São Paulo: CBO; 2003.

4 Fundação Panamericana de Oftalmologia. Diretrizes para os programas de catarata na américa latina [Internet]. Fundação Panamericana de Oftalmologia; 2009 [citado 2019 Mai 10]; Disponível em: https://docplayer.com.br/9820329-Fundacao-panamericana-de-oftalmologia.html
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-55 Gomes BA, Biancardi AL, Netto CF, Gaffree FF, Junior HV. Perfil socioeconômico e epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia de catarata em um hospital universitário. Rev Bras Oftalmol . 2008;67(5):220-5.)

No mundo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) constatou cerca de 40 a 45 milhões de pessoas cegas e 135 milhões com limitações severas de visão.(33 Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Catarata: diagnóstico e tratamento. Projeto diretrizes - Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. São Paulo: CBO; 2003.) No Brasil, a catarata senil acomete aproximadamente 17,6% na população abaixo dos 60 anos de idade, valor que se eleva para 47,1% entre 65-74 anos e para 73,3% nos indivíduos acima de 75 anos.(22 Ávila M, Alves MR, Nishi M. As condições de saúde ocular no Brasil [Internet]. São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia; 2015. [citado 2019 Mai 10]. Disponível em: http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Condicoes_saude_ocular_IV.pdf
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)

A perda gradual da capacidade visual compromete a qualidade de vida dos pacientes, dificultando atividades de vida diárias (AVD), como a leitura, podendo ocasionar problemas psicológicos e provocar restrições ocupacionais, consequentemente, diminuir a renda familiar do indivíduo. Assim, para a sociedade, a catarata representa um grande impacto na força de trabalho, constituindo um grave problema de saúde pública.(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.,77 Zacharias LC, Graziano RM, Oliveira BF, Hatanaka M, Cresta FB, Kara-José N. A campanha da catarata atrai pacientes da clínica privada? Arq Bras Oftalmol . 2002;65(5):557-61.)

O tratamento mais efetivo é o cirúrgico e consiste em substituir o cristalino opaco por uma lente intra-ocular (LIO).(77 Zacharias LC, Graziano RM, Oliveira BF, Hatanaka M, Cresta FB, Kara-José N. A campanha da catarata atrai pacientes da clínica privada? Arq Bras Oftalmol . 2002;65(5):557-61.) Esse procedimento é indicado para pacientes cuja doença causa prejuízo na qualidade de vida.(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.) Assim, a facectomia possibilita a restauração da visão e favorece a reinserção do paciente na sociedade e o seu retorno às atividades laborais. Contudo, no Brasil e em outros países em desenvolvimento, o acesso à cirurgia de catarata é dificultado por barreiras socioeconômicas e culturais.

Além disso, o aumento da expectativa de vida da população elevou a incidência de catarata no país e, consequentemente, do número de facectomias necessárias. Dessa forma, o Sistema Único de Saúde (SUS) não consegue abranger toda a demanda do país, acumulando casos não operados.(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.,88 Kara-Júnior N, Dellapi R Jr, Espíndola RF. Dificuldades de acesso ao tratamento de pacientes com indicação de cirurgia de catarata nos Sistemas de Saúde Público e Privado. Arq Bras Oftalmol . 2011;74(5):323-5.)

De acordo com a OMS, são necessárias 3.000 cirurgias de catarata/milhão de habitantes por ano em determinada região ou país para eliminar a cegueira devido à catarata.(99 Medina NH, Muñoz EH. Atenção à saúde ocular da pessoa idosa. Bepa. 2011;8(85):23-8.) No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve atingir pelo menos 390 mil cirurgias de catarata/ano, atendendo 65% da população para eliminar a cegueira instalada. Enquanto para a prevenção, seriam necessárias 720 mil cirurgias/ano.(22 Ávila M, Alves MR, Nishi M. As condições de saúde ocular no Brasil [Internet]. São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia; 2015. [citado 2019 Mai 10]. Disponível em: http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Condicoes_saude_ocular_IV.pdf
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)

A necessidade da realização de exames pré-operatórios eleva a quantidade de retornos ao hospital até o dia da cirurgia, tornando-se uma barreira para a efetividade do tratamento. A redução desses impedimentos, de acordo com seu contexto, permite um acesso mais facilitado à facectomia, promovendo a saúde e prevenindo, assim, a cegueira por catarata.(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.)

O objetivo deste estudo é identificar as dificuldades dos pacientes portadores de catarata senil no acesso ao tratamento cirúrgico pelo SUS no Centro Médico e Diagnóstico (CEMED) de Aparecida de Goiânia.

Metodos

Foi realizada uma pesquisa de abordagem observacional transversal, com coleta de dados no período de novembro de 2018 a fevereiro de 2019. A amostra do estudo foi composta por pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que realizaram a cirurgia de catarata no Centro Médico e Diagnóstico (CEMED) de Aparecida de Goiânia (Goiás, Brasil) Os indivíduos do estudo foram abordados aleatoriamente no momento pré-cirúrgico, na sala de espera, esclarecidos quanto ao objetivo da pesquisa e convidados a responder verbalmente ao questionário de forma voluntária.

Foram considerados critérios de inclusão: ser paciente do SUS, ter diagnóstico de catarata senil, realizar a cirurgia no CEMED de Aparecida de Goiânia e responder de imediato o questionário. Foram excluídos da pesquisa pacientes particulares, com outro diagnóstico de patologias oculares, aqueles que recusaram a participação, que não responderam de imediato o questionário ou que não assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

A coleta de dados ocorreu por meio da aplicação de um questionário padronizado(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.,88 Kara-Júnior N, Dellapi R Jr, Espíndola RF. Dificuldades de acesso ao tratamento de pacientes com indicação de cirurgia de catarata nos Sistemas de Saúde Público e Privado. Arq Bras Oftalmol . 2011;74(5):323-5.,1010 Suner IJ, Lee PP, Bressler NM, Colman S, Dolan C, Ward J. National Eye Institute Visual Function Questionnaire-25 (VFQ) Reading Items Improved Following Ranibizumab Treatment in MARINA and ANCHOR. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2009;50(13):3767.,1111 Ferraz EV, Lima CA, Cella W, Arieta CE. Adaptação de questionário de avaliação da qualidade de vida para aplicação em portadores de catarata. Arq Bras Oftalmol . 2002;65(3):293-8.) (Figura 1), composto por doze questões objetivas relacionadas a aspectos socioeconômicos, ao processo de diagnóstico e tratamento da catarata; e duas questões discursivas, as quais buscam justificar duas questões objetivas. Os participantes responderam verbalmente o questionário de modo voluntário, assinando o TCLE. Foi realizado um estudo a partir dos dados obtidos através dos questionários.

Figura 1
Questionário padrão

Os dados foram analisados utilizando o pacote estatístico SPSS 23 (Statistical Package for Social Science). A descrição do perfil dos pacientes foi realizada por meio de frequência absoluta (n) e relativa (%), média e desvio padrão. A normalidade dos dados foi verificada utilizando o teste de Shapiro-Wilk. A associação do tempo que começou a diminuir a visão com a idade, sexo e uso de óculos foi realizada utilizando o teste do Qui-quadrado de Pearson e Kruskal-Wallis. O nível de significância adotado foi de 5% (p < 0,05).

Resultados

A amostra foi composta por 150 pacientes: 84 (56%) mulheres e 66 (44%) homens. A idade variou de 38 a 89 anos, com uma média de 66,05±9,21 anos (Figura 2). A maioria dos pacientes era procedente de Senador Canedo (50%). Quanto à escolaridade, a maior parte dos indivíduos cursou até o ensino fundamental (66%). Cerca de 62% dos pacientes não trabalhavam e, dentro dessa parcela, a maioria era aposentada por idade (53,8%) (Figura 3). Ademais, grande parte da amostra não mora sozinha (77,3%) (Tabela 1).

Figura 2
Distribuição das faixas etárias dos pacientes

Figura 3
Descrição da profissão dos pacientes

Tabela 1
Descrição do perfil sociodemográfico

Em relação ao tempo de redução da acuidade visual, 66 indivíduos (44%) referiram o início da perda visual na faixa de 1 a 5 anos, enquanto 56 indivíduos (37,3%) relataram mais de 5 anos e apenas 28 (18,7%) em menos de um ano. O uso de óculos ocorreu em 53,3% dos pacientes. Quase a totalidade da amostra (97,2%) já havia feito algum exame oftalmológico prévio. A maioria (57,3%) possuía diagnóstico prévio de catarata e, destes, 56,7% não procurou tratamento anterior. O principal motivo que impossibilitou a intervenção terapêutica prévia foi a dificuldade de acesso ao serviço de saúde (43,5%), seguido por medo da cirurgia (18,8%) e falta de condição clínica para a cirurgia (18,8%). O tempo de espera para realizar a primeira consulta mais relatado foi de 1 a 3 meses (66%) (Tabela 2).

Tabela 2
Descrição dos fatores relacionados à visão, exame e tratamento

Quanto ao número de retornos ao centro clínico para realização de exames pré-operatórios, a grande maioria dos pacientes (92%) relatou de 1 a 3 vezes. O tempo entre o diagnóstico e a cirurgia mais mencionado foi de 1 a 3 meses (35,3%) e, em contrapartida, o segundo foi mais de 24 meses (30,7%). Quando os pacientes foram questionados sobre fazer cirurgia no mesmo dia em que são diagnosticados com catarata, a maioria (78,7%) foi favorável a essa hipótese. Entre os 21,3% que foram contra a proposta, o medo da cirurgia (65%) foi o principal motivo para a não realização imediata da facectomia (Tabela 3).

Tabela 3
Descrição dos exames pré-operatório, diagnóstico e cirurgia

Quanto ao prejuízo nas AVD, 20,6% dos pacientes não conseguiam ou relatavam intensa dificuldade em ler revistas e jornais, 13,4% apresentaram prejuízo ao assistir televisão e 10,7% não andam mais sozinhos na rua. Em contrapartida, 20,6% não relataram prejuízo considerável em suas AVD (Figura 4).

Figura 4
Distribuição do prejuízo nas atividades de vida diária dos pacientes

Discussão

No presente estudo, a prevalência na faixa etária de 60 a 79 anos e a média de idade de 66,05 ± 9,21 anos, estão em concordância com a literatura. O principal fator de risco para o desenvolvimento dessa doença é o envelhecimento.(22 Ávila M, Alves MR, Nishi M. As condições de saúde ocular no Brasil [Internet]. São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia; 2015. [citado 2019 Mai 10]. Disponível em: http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Condicoes_saude_ocular_IV.pdf
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,33 Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Catarata: diagnóstico e tratamento. Projeto diretrizes - Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. São Paulo: CBO; 2003.,44 Fundação Panamericana de Oftalmologia. Diretrizes para os programas de catarata na américa latina [Internet]. Fundação Panamericana de Oftalmologia; 2009 [citado 2019 Mai 10]; Disponível em: https://docplayer.com.br/9820329-Fundacao-panamericana-de-oftalmologia.html
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,1212 Almança AC, Jardim SP, Duarte SR. Epidemiological profile of the patient undergoing cataract surgery. Rev Bras Oftalmol . 2018;77(5):255-60.)

A maioria dos pacientes da amostra possuía baixa escolaridade e não era economicamente ativa, assim como foi demonstrado em outros trabalhos. Tal dado significa o elevado grau de carência da população assistida pelos hospitais públicos.(55 Gomes BA, Biancardi AL, Netto CF, Gaffree FF, Junior HV. Perfil socioeconômico e epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia de catarata em um hospital universitário. Rev Bras Oftalmol . 2008;67(5):220-5.)

Quanto a perda visual, foi apontado no estudo de Lima et al.,(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.) que 86,1% dos pacientes apresentaram uma redução da acuidade visual em menos de 5 anos, e que o tempo médio para conseguir a primeira consulta oftalmológica foi de 1,1±0,1 meses, o que corrobora com os achados deste estudo.

Além disso, a redução da acuidade visual causa perdas na área socioeconômica, na saúde mental e na qualidade de vida. Portanto, a catarata acarreta uma limitação laboral e social do paciente, tornando-o cada vez mais dependente e inseguro.(22 Ávila M, Alves MR, Nishi M. As condições de saúde ocular no Brasil [Internet]. São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia; 2015. [citado 2019 Mai 10]. Disponível em: http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Condicoes_saude_ocular_IV.pdf
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,77 Zacharias LC, Graziano RM, Oliveira BF, Hatanaka M, Cresta FB, Kara-José N. A campanha da catarata atrai pacientes da clínica privada? Arq Bras Oftalmol . 2002;65(5):557-61.,1313 Kara-José N, Temporini ER. Cirurgia de catarata: o porquê dos excluídos. Pan Am J Public Health. 1999;6(4):242-8.,1414 Santana TS, Ávila MP, Isaac DL, Tobias GC, Paranaguá TT. Impacto da facectomia na qualidade de vida de idosos atendidos em campanha assistencial de catarata. Rev Eletr Enf. 2017;19:35. https://doi.org/10.5216/ree.v19.39498.
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) Essas informações são comprovadas neste estudo, em que 77,3% dos pacientes não moram sozinhos e 62,7% não trabalham. Destes, 53,8% dos pacientes já se aposentaram.

Atualmente, a facectomia é uma das cirurgias mais realizadas no mundo, único tratamento curativo da catarata, de elevada efetividade e favorável custo-benefício (cerca de 230 dólares, com implante de LIO). (88 Kara-Júnior N, Dellapi R Jr, Espíndola RF. Dificuldades de acesso ao tratamento de pacientes com indicação de cirurgia de catarata nos Sistemas de Saúde Público e Privado. Arq Bras Oftalmol . 2011;74(5):323-5.,1212 Almança AC, Jardim SP, Duarte SR. Epidemiological profile of the patient undergoing cataract surgery. Rev Bras Oftalmol . 2018;77(5):255-60.) No presente estudo, a principal barreira para a realização desse tratamento foi a dificuldade de acesso ao serviço público de saúde. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, o número de cirurgias de catarata no Brasil é historicamente baixo.(22 Ávila M, Alves MR, Nishi M. As condições de saúde ocular no Brasil [Internet]. São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia; 2015. [citado 2019 Mai 10]. Disponível em: http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Condicoes_saude_ocular_IV.pdf
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) Esse número aumentou de 90 mil, na década de 90, para 250 mil por ano em 2000. No entanto, nos anos 2000, já se estimava a necessidade de 450 mil cirurgias por ano para atender a demanda do país.(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.)

Considera-se que, no Brasil, aproximadamente 350.000 indivíduos estão cegos por catarata e a incidência da doença aumenta em 20% a cada ano do observado de prevalência.(22 Ávila M, Alves MR, Nishi M. As condições de saúde ocular no Brasil [Internet]. São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia; 2015. [citado 2019 Mai 10]. Disponível em: http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Condicoes_saude_ocular_IV.pdf
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) Além disso, o aumento da expectativa de vida dos brasileiros aumentou o número de casos novos de catarata no país e, consequentemente, o número de facectomias necessárias.(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.

7 Zacharias LC, Graziano RM, Oliveira BF, Hatanaka M, Cresta FB, Kara-José N. A campanha da catarata atrai pacientes da clínica privada? Arq Bras Oftalmol . 2002;65(5):557-61.
-88 Kara-Júnior N, Dellapi R Jr, Espíndola RF. Dificuldades de acesso ao tratamento de pacientes com indicação de cirurgia de catarata nos Sistemas de Saúde Público e Privado. Arq Bras Oftalmol . 2011;74(5):323-5.)

A OMS determina que, para eliminar a cegueira devido à catarata senil, deve-se realizar no mínimo 3.000 cirurgias de catarata/milhão de habitantes por ano em determinada região ou país.(99 Medina NH, Muñoz EH. Atenção à saúde ocular da pessoa idosa. Bepa. 2011;8(85):23-8.) O Brasil, com aproximadamente 202 milhões de habitantes, deveria garantir a realização de 390 mil cirurgias de catarata/ano pelo SUS, uma vez que o sistema é responsável pelo atendimento de 65% da população.(22 Ávila M, Alves MR, Nishi M. As condições de saúde ocular no Brasil [Internet]. São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia; 2015. [citado 2019 Mai 10]. Disponível em: http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Condicoes_saude_ocular_IV.pdf
http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/C...
) No entanto, o SUS ainda não consegue abranger toda a demanda do país acumulando casos não operados.(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.

7 Zacharias LC, Graziano RM, Oliveira BF, Hatanaka M, Cresta FB, Kara-José N. A campanha da catarata atrai pacientes da clínica privada? Arq Bras Oftalmol . 2002;65(5):557-61.
-88 Kara-Júnior N, Dellapi R Jr, Espíndola RF. Dificuldades de acesso ao tratamento de pacientes com indicação de cirurgia de catarata nos Sistemas de Saúde Público e Privado. Arq Bras Oftalmol . 2011;74(5):323-5.)

Outros fatores que implicam na insuficiência de cirurgias são a falta de interesse de grande parte dos oftalmologistas em realizar o procedimento pelo SUS e, principalmente, a restrição quantitativa de cirurgias imposta pelas autoridades de saúde, devido à limitação dos recursos financeiros. Estima-se que, com o modelo atual de acesso à cirurgia, 90% dos deficientes visuais por catarata não seriam reabilitados, e que apenas 10% se submetem à cirurgia de catarata.(1313 Kara-José N, Temporini ER. Cirurgia de catarata: o porquê dos excluídos. Pan Am J Public Health. 1999;6(4):242-8.)

A demora pela procura do tratamento, ocorre devido às dificuldades individuais e/ou barreiras do próprio sistema de saúde.(1313 Kara-José N, Temporini ER. Cirurgia de catarata: o porquê dos excluídos. Pan Am J Public Health. 1999;6(4):242-8.) O fator mais apontado pelos pacientes foi a dificuldade de acesso para realização da facectomia.(88 Kara-Júnior N, Dellapi R Jr, Espíndola RF. Dificuldades de acesso ao tratamento de pacientes com indicação de cirurgia de catarata nos Sistemas de Saúde Público e Privado. Arq Bras Oftalmol . 2011;74(5):323-5.) Outros motivos foram a falta de percepção da perda visual pelo próprio paciente, acreditando que a baixa visual seja um processo natural do envelhecimento.(22 Ávila M, Alves MR, Nishi M. As condições de saúde ocular no Brasil [Internet]. São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia; 2015. [citado 2019 Mai 10]. Disponível em: http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Condicoes_saude_ocular_IV.pdf
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), e o medo da realização da cirurgia.(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.)

Além disso, também foram mencionadas a falta de conhecimento das opções de cirurgia ocular (22 Ávila M, Alves MR, Nishi M. As condições de saúde ocular no Brasil [Internet]. São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia; 2015. [citado 2019 Mai 10]. Disponível em: http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Condicoes_saude_ocular_IV.pdf
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) e de recursos financeiros para realizar todos os exames pré-operatórios.(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.,1313 Kara-José N, Temporini ER. Cirurgia de catarata: o porquê dos excluídos. Pan Am J Public Health. 1999;6(4):242-8.) Desse modo, a realização de campanhas de triagem e tratamento e a otimização da capacidade cirúrgica dos serviços especializados são estratégias essenciais para compensar esse obstáculo de acesso a cirurgia pelo SUS.(88 Kara-Júnior N, Dellapi R Jr, Espíndola RF. Dificuldades de acesso ao tratamento de pacientes com indicação de cirurgia de catarata nos Sistemas de Saúde Público e Privado. Arq Bras Oftalmol . 2011;74(5):323-5.)

Ademais, outra barreira significativa encontrada nesse estudo foi o medo do procedimento, indicando a falta de conhecimento dos pacientes quanto à cirurgia.(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.,99 Medina NH, Muñoz EH. Atenção à saúde ocular da pessoa idosa. Bepa. 2011;8(85):23-8.) As angústias quanto ao tratamento se concentram no receio de complicações e cegueira.(55 Gomes BA, Biancardi AL, Netto CF, Gaffree FF, Junior HV. Perfil socioeconômico e epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia de catarata em um hospital universitário. Rev Bras Oftalmol . 2008;67(5):220-5.) No estudo de Kara-José e Temporini, 22% dos pacientes manifestaram receio quanto à cirurgia e, destes, 66% mencionaram a possibilidade de ficar cego como causa do medo, superando o temor de morte durante o procedimento.(22 Ávila M, Alves MR, Nishi M. As condições de saúde ocular no Brasil [Internet]. São Paulo: Conselho Brasileiro de Oftalmologia; 2015. [citado 2019 Mai 10]. Disponível em: http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Condicoes_saude_ocular_IV.pdf
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)

O receio por parte da população é reflexo da deficiência nos planos governamentais educativos. Em 1998, foi implantada a Campanha Nacional de Catarata, que, através do Projeto Catarata, buscava romper as barreiras de acesso ao tratamento da catarata. O projeto abrange programas educativos para a população. Contudo, em 2006 o Governo Federal descontinuou o repasse e desestimulou sua realização.(88 Kara-Júnior N, Dellapi R Jr, Espíndola RF. Dificuldades de acesso ao tratamento de pacientes com indicação de cirurgia de catarata nos Sistemas de Saúde Público e Privado. Arq Bras Oftalmol . 2011;74(5):323-5.) Barreiras educacionais são superadas por meio da divulgação das características da doença e da importância do seu diagnóstico e tratamento.(1313 Kara-José N, Temporini ER. Cirurgia de catarata: o porquê dos excluídos. Pan Am J Public Health. 1999;6(4):242-8.)

A falta de condição clínica também foi evidenciada como fator dificultante para o acesso a cirurgia. No último estudo nacional, essa barreira levou à suspensão de 4,50% das cirurgia no país.(1515 Lira RP, Nascimento MA, Temporini ER, Kara-José N, Arieta CE. Suspensão de cirurgia de catarata e suas causas. Rev Saude Publica. 2001;35(5):487-9.) No estudo de Magri et al., esse foi o principal motivo (86,9%) de cancelamento de facectomias. As condições clínicas desfavoráveis são comorbidades descompensadas ou mal controladas, como diabetes e hipertensão.(1616 Magri MP, Espíndola RF, Santhiago MR, Mercadante EF, Kara Júnior N. Cancelamento de cirurgias de catarata em um hospital público de referência. Arq Bras Oftalmol . 2012;75(5):333-6.).

No presente estudo, 78,7% dos pacientes concordariam com a possibilidade de realização da cirurgia no mesmo dia do diagnóstico. A maioria desses afirmou que a facilidade no tratamento imediato era a razão para apoiar a proposta. A cirurgia ambulatorial de pequeno e médio porte diminuem os gastos operacionais do procedimento e o desgaste do paciente em retornos para exames e espera para cirurgia, o que permite um maior acesso da população ao tratamento.(66 de Lima DM, Ventura LO, Brandt CT. Barreiras para o acesso ao tratamento da catarata senil na Fundação Altino Ventura. Arq Bras Oftalmol . 2005;68(3):357-62.) Entre os 21,3% que foram contra a proposta, o medo da cirurgia (65%) foi o principal motivo para a não realização imediata da facectomia, uma barreira de acesso à cirurgia.

Conclusão

De acordo com este estudo, as principais dificuldades de acesso ao tratamento da catarata senil foram dificuldade de acesso ao sistema de saúde especializado, medo do procedimento e falta de condição clínica para tratamento cirúrgico. Essas barreiras são consequências das deficiências do SUS em educar, diagnosticar e tratar a população brasileira. O Brasil, historicamente, não consegue realizar o número de cirurgias de catarata necessárias para compensar a demanda.

Essa deficiência se dá pela falta de conhecimento quanto à doença e a efetividade do seu tratamento cirúrgico criando receios na população, além da deficiência dos recursos governamentais, limitando o número de facectomias realizadas.

Assim, mostra-se necessário a realização de projetos que facilitem o diagnóstico e tratamento, que atuem na educação populacional, promovendo a conscientização da população e estimulando a procura pelo tratamento.

  • Instituição: Faculdade Alfredo Nasser

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Jun 2020
  • Data do Fascículo
    Mar-Apr 2020

Histórico

  • Recebido
    15 Out 2019
  • Aceito
    26 Fev 2020
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